[sempre de acordo com a antiga ortografia]

segunda-feira, 27 de outubro de 2014



Empréstimo excepcional

Eis que o precioso instrumento musical que é o cravo de Mozart sai da casa onde o compositor nasceu em Salzburg, na Getreidegasse, com destino a Viena, a título de empréstimo absolutamente excepcional. [5 fotos].

À guisa de ilustração, eis a Fantasia no.3 em Ré menor, KV 397, cravo [I] e ao piano, neste caso por Mitsuko Uchida.
Mozarts Clavichord wird ausnahmsweise aus Mozarts Geburtshaus nach Wien verliehen.


Salzburg,
Mozartwoche 2015
Cantata "Davide Penitente"



Mais divulgação acerca da grande produção da próxima edição da Mozartwoche em Janeiro/Fevereiro de 2015. Como já tenho tido oportunidade de partilhar convosco, trata-se de um extremamente ambicioso projecto do Maestro Marc Minkowsky, Director Artístico daquele que é o mais prestigiado Festival mundial dedicado a Mozart, ou seja, a apresentação da Cantata "Davidde Penitente", KV 469, envolvendo parelhas de cavalos e cavalei...ros da Academia Equestre de Versailles sob plano coreográfico do famoso Bartabas. [AT:accionar sobre miniatura para aceder à informação em revista equitação].

Estão mobilizados recursos cénicos absolutamente fora do comum no sentido de que o espectáculo no especial auditório que é a Felsenreitschule se transforme num acontecimento determinante e memorável. Haverá apenas três récitas e, pois claro, está tudo absolutamente esgotado embora alguns bilhetes ainda se encontrem disponíveis em agências que cobram «coro e cabelo»... Com a minha assinatura comprada desde 27 de Janeiro deste ano, lá estarei, se Deus quiser, sem problemas e, como sempre, a dar-vos conta do que se passar.

Para já, mais uma vez, uma estupenda e recomendável gravação da peça que, como já sabem, foi concebida a partir da Missa em Dó menor KV 427, adaptando um libreto em Italiano e com o acrescento de duas Árias, uma para Valentin Adamberger e outra para Caterina Cavalieri, respectivamente, datadas dos dias 6 e 11 de Março de 1785.

Eis as diversas partes de "Davidde penitente" (completa), com indicação das vozes e respectivos tempos:

- Coro e solo (Andante moderato) Alzai le flebili voci al Signor / SATB, Soprano I (0:00)
- Coro (Allegro vivace) Cantiam le glorie / SATB (6:53)
- Aria (Allegro aperto) Lungi le cure ingrate / Soprano II (9:19)
- Coro (Adagio) Si pur sempre benigno, oh Dio / SATB (14:14)
- Duetto (Allegro moderato) Sorgi, o Signore, e spargi / Sopranos I & II (15:29)
- Aria (Andante) A te, fra tanti affanni / Tenor (18:06)
- Coro (Largo) Se vuoi, puniscimi (25:34)
- Aria (Larghetto) Fra l'oscure ombre funeste / Soprano I (30:28)
- Terzetto (Allegro) Tutte le mie speranze ho / Sopranos I & II, Tenor (38:12)
- Coro e soli (Adagio) Chi in Dio sol spera / SATB, SST (41:41)


Intérpretes: Krisztina Laki & Nicole Fallien, sopranos; Hans Peter Blochwitz, tenor; coro
Nederlands Kamerkoor; La petite bande, sob a direcção Sigiswald Kuijken.

 
20 Jahre ist es her, dass der geniale französische Pferdetrainer und Erfinder des Reittheaters anlässlich...
pferderevue.at
 


"Winterreise",
Grosse Saal do Mozarteum

No âmbito da programação da Saisonkonzerte der Stiftung Mozarteum Salzburg, ou seja, da Temporada de Concertos da Fundação Internacional do Mozarteum de Salzburg, o barítono Simon Keenlyside e o pianista Emanuel Ax - que, deixem-me acrescentar à tradução que estou fazendo, são artistas do mais alto gabarito e muitos afectos «à casa» - vão apresentar "Winterreise". op.89 - D 911 de Franz Schubert na Grosse Saal, próxima Quinta-feira, dia... 30, pelas 19,30.

Tenho a certeza de que nem Emanuel Ax nem Simon Keelyside verão qualquer inconveniente em que vos proponha, como ilustração da notícia daquele recital, a leitura de Dietrich Fischer-Dieskau e de Gerald Moore.
 
[-1 Gute Nacht 2 Die Wetterfanne 3 Gefrorene Tränen 4 Erstarrung 5 Der Lindenbaum 6 Wasserflut 7 Auf dem Flusse 8 Rückblick 9 Irrlicht 10 Rast 11 Frühlingstraum 12 Einsamkeit 13 Die Post 14 Der greise Kopf 15 Die Krähe 16 Letzte Hoffnung 17 Im Dorfe 18 Der stürmische Morgen 19 Täuschung 20 Der Wegweiser 21 Das Wirtshaus 22 Mut 23 Die Nebensonnen 24 Der Leiermann]

Boa audição!


http://youtu.be/c8UDOmUcxCk
Im Rahmen der Saisonkonzerte der Stiftung Mozarteum Salzburg geben der Bariton Simon Keenlyside und der Pianist Emanuel Ax- Official Page Schuberts Winterrreise... im Großen Saal! Donnerstag 30. Oktober 2014, 19:30 Uhr, Großer Saal Stiftung Mozarteum
Programm
Franz Schubert
Winterreise op. 89 - D 911


Efeméride musical
Domenico Scarlatti
26 de Outubro de 1685



[facebook, 26.10.2014]

Como sabem, 1685 foi o ano maravilha em que nasceram os três gigantes do Barroco, Johann Sebastian Bach, Georg Friedrich Händel e o «nosso» Domenico Scarlatti. Também sabem porque escrevi aquele possessivo entre aspas, razão pela qual me dispenso de entrar em detalhes acerca do aniversariante.

Das mais de quinhentas e cinquenta sonatas que compôs, a maior parte destinaram-se ao cravo, muito menos ao pianoforte e muito poucas ao órgão. Mas também escreveu para outros instrumentos como, por exemplo, esta verdadeira preciosidade que venho propor-vos. Para Cravo e viola d'Amore, em Ré menor, leva o número de catálogo, Kirkpatrick, 89.

A interpretação, por Valerio Losito (Vd'A) e Andrea Coen é de alto nível, aliás, em instrumentos primorosos.
 
Boa audição!

http://youtu.be/RfUi6qT0kng

Sintra
Intervenção cívica,
convívio e trabalhos preparatórios


[facebook, 26.10.2014]

[ À AT. de Gabriel Cruz, Fernando Cunha Cunha, Ricardo Duarte, etc]

Membros da recém constituída Canaferrim, Associação Cívica e Cultural, num momento de um jantar-reunião de trabalho preparatório da nossa intervenção cívica para o próximo futuro. Passo a transcrever parte do texto que hoje mesmo já aqui publiquei mas noutro contexto:

"(...) Se, quaisquer circunstâncias são propícias à demonstração de como nos sentimos irmanados, este preciso momento, em que a Câmara Municipal de Sintra, acaba de apresentar aos munícipes a sua perspectiva do «Estado do Concelho», é um desafio à nossa afirmação de presença atenta.

Finalmente, chegou a altura de a autarquia deixar a fase dos contactos informais com alguns de nós para passar à das consultas formais, a que está obrigada, no sentido de resolver problemas graves que, há demasiado tempo, afectam muito seriamente a qualidade de vida das populações locais.

Inevitavelmente, eis a hora de as associações cívicas e culturais, de o movimento cívico de Sintra, em geral, estar à altura dos seus melhores pergaminhos como, por exemplo, foi o caso da Volta do Duche. São os mesmos problemas de sempre, a mesma luta."
 
Ver mais


 

Voz autorizada põe pontos nos ii

[facebook, 26.10.2014] 

Uma entrevista, com imenso interesse, que me chega pela mão de minha amiga Elizabete Matos, grande soprano do actual canto lírico mundial.
 
Permitam que, do todo, destaque três perguntas e respectivas respostas. Faço-o porque nelas encontrei matéria totalmente coincidente com posições que há anos subscrevo acerca de certas atitudes de alguns directores de cena nos teatros de ópera por esse mundo fora, subsequentes à conquista de um polémico estatuto de importância que se lhes reconheceu, sabe Deus com que trabalho de poderosos lobbies...

“(…)
En el pasado se ha referido a menudo de manera muy clara y tajante acerca del 'Regietheater' y su distanciamiento con estos planteamientos. Sin embargo, ha trabajado con alguien como Tcherniakov, tan interesante como polemico. ¿Sigue pensando lo mismo?

----Completamente. Podemos hablar acerca de directores de escena que son artistas, como los cantantes y los músicos, o podemos hablar acerca de los directores de escena que creen estar creando algo. Son dos especies diferentes. Para mí el director de escena es un intérprete, como todos nosotros, al servicio de lo que escribió el compositor junto al libretista. Lo importante pues es su interpretación de una obra maestra, no sus genialidades y novedosos puntos de vista. Para mí no cabe invención alguna en esta materia. Mi problema con lo que genéricamente se ha llamado Regietheater tiene que ver con la tendencia de algunos de estos directores a sobreponer sus puntos de vista sobre la obra original con la que están trabajando. No es una cuestión de modernidad y clasicismo, de vanguardia o tradicionalismo. En absoluto. Se trata de un planteamiento estético. Muchos directores hoy en día están demasiado pendientes de generar un shock en el público con lo que ponen sobre la escena. Y otros muchos se afanan en contar su propia historia sobre la historia que ya tenemos. Pero no pasa nada. Cada uno es muy libre de hacer su trabajo, igual que yo soy muy libre de discrepar y decirlo. Hay muchos directores de escena con los que me siento cómodo e identificado trabajando. (…)”

¿Qué problemas encuentra hoy en el mundo de la ópera?

----No hay equilibrio. No me gustaría volver a los años cincuenta o sesenta en los que los cantantes eran auténticos dioses, esos tiempos de Callas, Corelli, etc. No me parece que ese sea el modelo ideal. Pero creo que el equilibrio entre el protagonismo de cantantes, directores musicales y directores de escena debería ser mayor hoy en día de lo que es. Ahora los directores de escena son las estrellas, como si fueran los únicos responsables de que una ópera se ponga en pie. Soy capricornio, me gusta el equilibrio, me gusta trabajar conjuntamente para que las cosas salgan bien. Hay demasiados directores de escena.

¿Demasiados?

----Demasiados, sí. ¿Qué puede aportar un joven de veinticinco o veintiséis años que apenas ha terminado sus estudios y ha tenido ocasión de asistir al teatro? Por supuesto que tiene derecho a trabajar en este mundo, pero no creo que tenga los avales suficientes para estrenar un producción propia en los grandes teatros de medio mundo, como hoy está sucediendo, con multitud de gente. Puede haber un genio o dos, puntualmente, pero convertir la excepción en norma, como es el caso ahora, no tiene ningún sentido.
(…)”

 

 

Sintra
Defender o património de Sintra é...

[facebook, 26.10.2014]

O Fernando Morais Gomes subscreve um óptimo texto que, não só é genuíno manifesto mas, para alguns de nós, também a confirmação de uma atitude de vida, por vezes, de dezenas de anos de intervenção cívica que, por muito nos honrar, não estamos dispostos a dar de barato.

Se, quaisquer circunstâncias são propícias à demonstração de como nos sentimos irmanados, este preciso momento, em que a Câmara Municipal de Sintra, acaba de apresentar aos munícipes a sua perspectiva do «Estado do Concelho», é um desafio à nossa afirmação de presença atenta.

Finalmente, chegou a altura de a autarquia deixar a fase dos contactos informais com alguns de nós para passar à das consultas formais, a que está obrigada, no sentido de resolver problemas graves que, há demasiado tempo, afectam muito seriamente a qualidade de vida das populações locais.

Inevitavelmente, eis a hora de as associações cívicas e culturais, de o movimento cívico de Sintra, em geral, estar à altura dos seus melhores pergaminhos como, por exemplo, foi o caso da Volta do Duche. São os mesmos problemas de sempre, a mesma luta.
 
reinodeklingsor.blogspot.nl|De Fernando Morais Gomes



 


Pablo Picasso,
25 de Outubro de 1881


[facebook, 25 de Outubro de 2014]

 
[AT: Este post tem 4 vídeos: dois anexos à Parte I, cujo acesso está devidamente indicado, e outros dois à Parte II bastando, neste último caso, acionar sobre a ilustração]

Parte I.

Comemorando o seu aniversário, recordemos uma das várias ocasiões em que se envolveu em projectos através dos quais a sua arte se articulava com a música e o bailado. Para o efeito, aí está “Parade”, bailado com música de Erik Satie e encenação de Jean Cocteau.
 
Trata-se de obra composta entre 1916 e 1917, para os Ballets Russes de Sergei Diaghilev, que subiu à cena em Paris, a 18 de Maio de 1917 no Théâtre du Chatelet. Pois bem, os figurinos e cenário eram de Pablo Picasso.
 
No pano de fundo, pintura de grandes dimensões, com cerca de cento e setenta metros, o pintor dispõe um grupo de saltimbancos em desfile, ambiente de festa, com o destaque, à esquerda, de um cavalo alado montado por uma rapariga também alada. Em plano mais distante, uma ruína no meio de um bosque.

Em plena Primeira Guerra mundial, era um universo poético de enorme coragem e subtileza. E ainda vem a propósito registar a curiosidade de o projecto inicial do pintor prever que seria ele próprio a figura representada montando o cavalo…

Proponho que não só acedam à versão da BBC National Orchestra of Wales bem como a um histórico e bem humorado e muito pertinente testemunho do grande Jean Cocteau. É só accionarem, respectivamente, os comandos [I] e [II].

Boa Audição!

http://youtu.be/8wHeR2VFFFs [I] BBC National Orchestra of Wales
http://youtu.be/WATQDqjAOUc [II] Testemunho de Jean Cocteau

II.

´Parade'
O rideau de scène de Pablo Picasso


Entre 17 de Novembro de 2012 e 18 Março de 2013 o 'rideau de scène' do Bailado "Parade", que pertence ao acervo do Centre Pompidou de Paris, esteve em exposição no Centre Pompidou de Metz. Ao partilhar a notícia de um evento que já é passado, eis a possibilidade de vos propor a informação mais pertinente e ilustração adequada à peça em referência, portanto, o complemento que se impunha.
À la suite de l’exposition 1917, le rideau de scène du ballet « Parade », chef-d’œuvre de Pablo Picasso et prêt exceptionnel du Centre Pompidou, Musée national d’art moderne, fait l’objet d’une exposition au Centre Pompidou-Metz.
centrepompidou-metz.fr
 


Efemérides musicais
1. Georges Bizet,
25 de Outubro de 1838 (m. 1875)

[facebook, 25.10.2014]

"Don Procópio" é uma ópera cómica em dois actos que Georges Bizet compôs em Roma, em 1858, a partir de libreto de Carlo Cambiaggio. Don Andronico pretende casar Bettina, sua filha, com o amigo Don Procópio, intenção contrariada pelo irmão Ernesto que consegue favorecer o casamento com Odoardo, o homem que ama. Enfim, um argumento deveras original...

Comemorando o aniversário do compositor, aqui vos trago a Serenata, um belo momento da peça, na interpretação Mady Mesplé e Alain Vanzo.

Boa audição!

http://youtu.be/ESUl-2SAkCE

 
 
 
2. Johann Strauss II,
25 de Outubro de 1825 (m.1899)
 
Aniversário comemorado com valsas da sua autoria que, subordinadas ao tema das termas, tiveram um tal sucesso que surpreendeu o próprio compositor. Logo me lembrei de Bad Ischl, tão perto de Salzburg. A miniatura da gravação que vos proponho retrata a Kaiservilla daquela localidade.

Boa audição!


http://youtu.be/gVqjJWWoB1U

 
 
 
 
 
 
 


Palácio de Queluz,
encerramento do Ciclo de Outono

da Temporada 'Tempestade e Galanterie'

[facebook, 24.10.2014]

Reparem! É o próprio Risto Nieminen quem afirma:
 
"(...) o facto de podermos [nós, Orquestra Gulbenkian] encerrar a primeira Temporada em Queluz é uma grande honra para a nossa orquestra. Esta é uma Temporada de grande qualidade e acho interessante e importante o facto de ser uma Temporada com especialistas reconhecidos internacionalmente, que são uma referência para os agrupamentos e solistas portugueses”.

Risto Nieminen, Director Artístico da Gulbenkian, não precisa de andar por aí a distribuir galhardetes ou a fazer 'elogios baratos'... Quando afirma ser de grande qualidade a Temporada 'Tempestade e Galanterie' é, de facto, porque assim acontece, tanto aqui como em qualquer lugar civilizado onde se possa contar com intérpretes do nível que a Parques de Sintra, o Centro Português de Estudos de Música Setecentista e o Massimo Mazzeo conseguiram trazer até nós.

É com especial regozijo e com o enorme privilégio da amizade que tenho podido divulgar este estupendo programa musical. Houve eventos absolutamente marcantes e estou perfeitamente convencido de que, em futuras temporadas, serão mesmo alguns daqueles grandes artistas que connosco aqui estiveram, que pretenderão assegurar a sua presença. 'Tempestade e Galanterie' já é um sucesso!

Amanhã, portanto, no encerramento, mais uma festa da Música!
 
Ver mais
 

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Grande efeméride mozartiana
 
23 de Outubro de 1783
Missa em Dó menor KV.427
 
 
Procedente de Viena, a grande capital do Império onde já estava instalado havia dois anos, Wolfgang volta a Salzburg. Consigo vai Constanze, a mulher, que será apresentada à família, aos amigos, à cidade. De acordo com uma carta que remete ao pai em 4 de Janeiro daquele ano, esta Missa terá funcionado para o compositor, precisamente, como acção de graças pelo casamento.

Faz hoje 231 anos, ensaiava-se esta obra na igreja de São Pedro, em Salzburg. Igreja de São Pedro que, mais uma vez o recordo, escapava à jurisdição do Príncipe Arcebispo Conde de Coloredo, com quem se tinha incompatibilizado. Como principal destinatária e priviligiada intérprete, Constanze. Nem mais nem menos, num destaque de primeiríssima ordem.

É com particular emoção, deixem que o expresse - porque a igreja abacial de São Pedro, em Salzburg, para mim, é um lugar de «grande encontro» - que penso em Amadé, nos seus vinte e sete anos, naquela quinta-feira, dirigindo os ensaios da Missa que se cantaria no domingo seguinte, dia 26.
Pequeno parêntesis para vos dar conta de que, hoje mesmo, já escrevi a uma grande amiga que, em Salzburg, a esta hora, está em St. Peters rezando por um grupo de amigos mozartianos no qual me incluo. Para nós, é mesmo uma das maiores e mais emotivas efemérides.

«Muitas vezes», ali tenho escutado os ecos da voz de Constanze. Comecemos por ouvir o Kyrie que, na voz da piquena, ainda por lá ressoa. Pois, da maneira possível, convosco partilho esta obra máxima do género sacro, numa estupenda leitura sob a direcção de John Elliot Gardiner. [Kyrie; Gloria 6:56; Credo 32:03; Sanctus 43:35].

Boa audição!

http://youtu.be/XA28lkQCdpg
 
 
 



Inadmissível!
 
 
É um horror! A propósito e para se ter em conta como este assunto já tem barbas, dir-vos-ei que, do movimento da noite no Bairro Alto, conheço eu os efeitos na qualidade de vida dos residentes. No fim dos anos 80, trabalhei nos serviços de Publicações do ICALP (mais tarde Instituto Camões) instalados num prédio da Travessa de São Pedro, uma das perpendiculares ao Jardim de São Pedro de Alcântara.
 
Ouvi queixas de inúmeros vizinhos que, durante o dia, partilhavam ...as mágoas de noites horríveis, ao longo de anos e anos de desassossego. A verdade é que uma «cidade que não pensa», claro que também não pensa neste problema... Portanto, quem não está bem, mude-se!... Aliás, um conselho coincidente com o teor de comentários a que vale a pena aceder para aquilatar do baixíssimo estrato dos anónimos monstros urbanos e suburbanos que nos acompanham o quotidiano.
 
 
 
 
SIC carregou um vídeo novo: Grande Reportagem.
Será Lisboa para quem cá vive?



Mozart, violino infantil
em andanças orientais
 
 
I. No passado dia 21, sempre a partir de informação dispensada pelo Mozarteum, partilhava eu convosco:
 
Violino de Mozart na Coreia

Um dos violinos de Mozart, mais especificamente o que ele tocou quando criança, está de visita à Coreia no âmbito de uma delegação económica em digressão por aquele país. Nestas fotos, o momento em que o próprio Presidente da Fundação Internacional do Mozarteum de Salzburg, Dr. Johannes Honsig-Erlenburg, ao piano, acompanha uma menina-prodígio local, de oito anos de idade. Que sorte a dela, de poder tocar numa peça patrimonial de valor inestimável!...

Lendo nas entrelinhas, imagina-se como tal evento de animação cultural sui generis, terá constituído mais-valia decisiva para o êxito da referida delegação. Negócios, ciência, cultura, num novelo de objectivos ao serviço da Áustria e da cultura europeia, em geral, bem como da cidade de Salzburg que fica sempre, sempre a ganhar...

Rematando, uma das primeiras peças de Wolfgang Mozart para Violino (e, naturalmente, teclas, cravo, neste caso), a KV 6 composta quando o miúdo teria entre 6 e 8 anos de idade.

Boa audição!

http://youtu.be/BNuo4OsOjVw
_____________________


II. Hoje, também procedente da mesma fonte, mas já 'filtrado' pela ORF, mais um documento muito interessante. Para acederem ao som, terão de 'clicar' sobre a foto. Aparecerá o texto da rádio austríaca que inclui uma gravação através da qual poderão aceder ao precioso momento em que o Presidente do Mozarteum ao piano, acompanha a menina prodígio de oito anos.
 
 
 
Auf einem Originalinstrument von Mozart musizieren: Welcher talentierte Musiker möchte das nicht? In der südkoreanischen Hauptstadt Seoul hatte am Montag die achtjährige SoHyun Ko die Ehre, auf Mozarts Kindergeige zu spielen.
salzburg.orf.at
 


Magnífico exemplo de intervenção

[facebook, 22.10.2014]

A notícia «fala» por si. Não carece de introdução nem de explicitação. Em linhas gerais, foi diagnosticado um problema em todas as suas vertentes e, depois de desenhada a respectiva estratégia de remediação, é possível passar à etapa de concretização das medidas adoptadas.
 
Apenas a saudar a atitude da Parques de Sintra. Estamos habituados a esta excelência de intervenção, incidindo quer no património natural quer no edificado a seu cargo. E,... impressionados com esta metodologia que é seu timbre, ficamos especialmente gratos pela superior qualidade da informação que a empresa partilha connosco, preocupada, dando-nos todas as satisfações possíveis.

Aproveitemos a oportunidade para acolher estas considerações sob a perpectiva de uma maior abrangência. É nesse sentido que podemos partilhar a convicção de assim ser possível trabalhar em todos os domínios, razão pela qual mantemos a esperança de que este paradigma de actuação se replique pelas mais diferentes instâncias, para que, em geral e efectivamente, melhore a qualidade de vida de todos.

Impressiona, de facto, que uma empresa cuja concreta e quotidiana actuação se pauta por padrões e parâmetros de tão elevado escopo, consiga tantos objectivos cumprir, sem que um cêntimo saia do bolso do cidadão contribuinte. Está por demais demonstrado que é este o modelo de gestão mais conveniente para os bens patrimoniais sob sua custódia.

Basta «andar por aí» e conversar. Felizmente, não faltam sinais concludentes. Paulatinamente, os cidadãos munícipes de Sintra vão-se apercebendo e regozijando com a excepcional mais-valia que, ao longo de anos de tanto e reconhecido sucesso nacional e internacional, o protagonismo da Parques de Sintra Monte da Lua tanto tem beneficiado esta terra. Não é pouco, convenhamos, no meio de tantas dúvidas e incertezas.

 
Ver mais
O Jardim da Rainha D. Amélia, no Parque da Pena, começou a revelar, há cerca de três semanas, sintomas de problemas fitopatológicos nas sebes de buxo (Buxus...


Intervenção cívica:
aí está o desafio
 
[facebook, 22.10.2014]
 
Como já se aperceberam, tendo estado e também intervindo nesta sessão da Assembleia Municipal, assisti à divulgação da notícia em apreço. Faço parte de associações cívicas que não podem estar mais interessadas no acesso a esta informação e que, naturalmente, pretendem participar activamente em todas as fases da apresentação, discussão, negociação de eventuais alternativas que vão acontecer antes da concretização de qualquer projecto.
...
Quando, há dias, tomei conhecimento destas notícias, ouvi garantias inequívocas quanto à necessidade e à vontade do executivo autárquico de audição dos cidadãos, em termos formais e informais, algo que não me poderia ter deixado mais tranquilo. E esta convicção é tanto mais pertinente quanto a anterior experiência de luta contra a concretização de um projecto de construção de um parque subterrâneo na Volta do Duche, em que, honrosamente, tantos de nós nos envolvemos, continua fornecendo indícios bastantes para que a autarquia só pise o terreno que mais convém a Sintra.
 
Dificilmente encontraríamos matéria mais mobilizadora para a empenhada intervenção dos cidadãos. O assunto é de tal modo sensível e crítico que não podemos transigir com quaisquer soluções que não se enquadrem na metodologia que temos proposto, ou seja, a de privilegiar a análise sistémica - por exemplo, quanto à articulação desta solução, anunciada pelo Dr. Basílio Horta, com a grande moldura dos parques periféricos, bem como com os transportes públicos, regime de cargas e descargas, condicionamento de trânsito em vias cruciais, etc, etc - análise aquela que, a jusante, permitirá a adopção das intervenções integradas que garantam a coerência de todo o grande dispositivo em que se inscrevem.
 
 

COMEMORAÇÔES DO ANIVERSÁRIO DE FRANZ LISZT [I]

[facebook, 22 de Outubro de 2014]

Liszt,
aniversário com Dante

Há dois anos, neste mesmo mural, em 31 de Julho (dia da morte de Franz Liszt), propus a audição de uma peça raramente escutada, "Eine Faust-Symphonie in drei Charakterbildern", a Sinfonia Fausto, com um coro final, composta entre 1854 e 1857.

Hoje, 22 de Outubro (dia do nascimento) - Raiding,1811-Bayreuth,1886 - gostaria de partilhar convosco a outra sinfonia programática de Liszt, “Eine Symphonie zu Dante Divina Commedia”, escrita entre 1855 e 1856 e estreada em 1857 cuja audição, nas salas de concerto talvez ainda seja mais rara do que a anterior.

O objectivo inicial de Liszt era compor a obra em três andamentos: um 'Inferno', um 'Purgatorio' e um 'Paradiso' em que os dois primeiros seriam puramente instrumentais e o último coral. Richard Wagner, seu genro, conseguiu convencê-lo de que nenhum compositor seria capaz de exprimir fielmente as alegrias do paraíso, com tais argumentos que Lizt desistiu do terceiro andamento não sem que tivesse acrescentado um ‘Magnificat’, com base em Lucas 1:46, no fim do segundo.

Será interessante terem em consideração que esta é uma sinfonia extremamente inovadora que propõe uma série de efeitos orquestrais e harmónicos tais como harmonias progressivas, experiências de atonalidade, 'tempi' flutuantes, interlúdios de música de câmara. Trata-se de uma das primeiras obras a utilizar a designada 'tonalidade progressiva', começando e terminando em tonalidades radicalmente diferentes, respectivamente de Ré menor e Si Maior, antecipando em cerca de quarenta anos a sua prática nas sinfonias de Gustav Mahler.

A estreia da peça ocorreu no Hoftheater de Dresden em 7 de Novembro de 1857. Foi um fiasco colossal devido a deficiências de ensaio e Liszt, que dirigiu a orquestra, sofreu uma humilhação pública. Contudo, não desanimou, mantendo a obra no concerto de 11 de Março de 1858, em Praga, juntamente com os seus poema sinfónico “Die Ideale” e segundo concerto para piano, em 11 de Março de 1858. Desta vez, a Princesa Carolyne zu Sayn-Wittgenstein, preparou um programa para o concerto que ajudaria o público a entender e a seguir a forma tão pouco comum da sinfonia.

Obra dedicada a Richard Wagner, a sinfonia está orquestrada para piccolo, duas flautas, dois oboés, corne inglês, dois clarinetes em Si bemol e em Lá, um clarinete baixo em Si bemol e Lá, dois fagotes, quatro trompas, dois trompetes em Si bemol e Ré, dois trombones tenor, um trombone baixo, uma tuba, dois pares de timpani (exigindo dois músicos) timbales, tambor baixo, duas harpas, cordas, e um coro feminino de sopranos e contraltos em que um dos sopranos deverá cantar uma parte solista.
A gravação que vos proponho é estupenda, com Giuseppe Sinopoli dirigindo a Staatskapelle de Dresden. Bom aniversário de Liszt!

Boa audição!

http://youtu.be/k8huOjLi2YE


___________________________________________


COMEMORAÇÔES DO ANIVERSÁRIO DE FRANZ LISZT [II]

No aniversário de Liszt,
do berço à cova

Como director musical em Weimar e aberto a novas experiências, Liszt transformou a Abertura num novo género, num único andamento, ou seja, o poema sinfónico. Quanto aos temas, consideraremos desde referências literárias e imagens até às experiências pessoais. Bem poderemos afirmar que se trata de ‘retratos sonoros’ cujo conteúdo, abarcando diferentes níveis de clareza, umas vezes, fazem a caracterização geral de um título, outras descem ao detalhe.

Assim sucedendo, dificilmente, se consegue demonstrar, em pormenor, o grau de influência do texto ou do conteúdo na economia geral da peça musical. Não obstante, há que ter presente a particularidade de todos os poemas sinfónicos serem construídos na base de uma estrutura livre e ao estilo da Fantasia.

Liszt escreveu os seguintes treze poemas sinfónicos: “Les Préludes”, (1848); “Ce qu’on entend sur la montagne” segundo Victor Hugo (1848-50); “Tasso” (1849); “Heroïde funèbre” (1849-50), extraído de uma “Sinfonia” para a revolução de 1830; “Prometheus” (1850), Abertura para o “Prometheus” de Herder; “Mezeppa”, também segundo Victor Hugo (1851); “Festklänge” (1853); “Orpheus” (1853-54); “Hungaria” (1854): “Hunnenschlacht”, inspirada num quadro de Kaulbach (1857); “Die Ideale”, segundo Schiller (1857); “Hamlet” (1858) e “Von der Wiege bis zum Grabe” (1881-82).

No âmbito desta música programática, além das obras mencionadas no parágrafo anterior, e, como tive oportunidade de já vos ter proposto a respectiva audição, ainda teremos de considerar as duas sinfonias “Eine Faust-Symphonie in drei Charakterbildern” (1854-57) e “Eine Symphonie zu Dante Divina Commedia (1855-56), esta última hoje mesmo «em cartaz» no meu mural.

Continuando a comemorar o aniversário do compositor (22.10.1811-31.07.1786), aqui vos trago o último dos poemas sinfónicos “Von der Wiege bis zum Grabe”, que poderia traduzir como “Desde o berço até ao túmulo”, ao fim e ao cabo, o percurso de uma vida, numa gravação histórica e interpretação paradigmática da NBC Symphony Orchestra, em concerto datado de 8 de Novembro de 1941, sob a direcção de Arturo Toscanini.

Boa audição!

http://youtu.be/gXzqOfc_LNw

 
_____________________________________________________


COMEMORAÇÕES DO ANIVERSÁRIO de FRANZ LISZT [III]

No aniversário de Liszt,
uma reflexão com Hamlet

Continuando a comemorar o aniversário do compositor (22.10.1811 - 31.07.1786), aqui vos trago "Hamlet" - tendo muito em consideração o profundo shakespeariano que é o Prof. Jose Luis De Moura a quem dedico esta proposta - numa leitura de Barnard Haitink dirigindo a London Philharmonic Orchestra.

Mais um poema sinfónico, outra peça de grande exaltação romântica, extremamente inspirada, muito sofisticada, da década central do século dezanove, que constituiu um dos mais fecundos períodos da produção lisztiana.

Boa audição!

http://youtu.be/UVXu8QBY6CU
 
 
 
_____________________________________
 
 
 
COMEMORAÇÕES DO ANIVERSÁRIO DE FRANZ LISZT [IV]

No aniversário de Lizt,
um testemunho de nacionalismo

Hoje, não há dúvida, é dia de perceber a cabeça e ganhar o favor dos poemas sinfónicos do aniversariante. Desta vez, com "Hungaria" (1854), eis a inflamada alma de uma voz eminente e saudavelmente nacionalista.

Não disponho de referências da gravação, circunstância que espero me relevem. De qualquer modo, basta ouvir com atenção, para perceber estarmos perante uma proposta extremamente séria, de excelente qualidade.

Boa audição!

http://youtu.be/by3PRfXV52s
http://youtu.be/mIIoUNi4Gps

 


________________________________________________


COMEMORAÇÕES DO ANIVERSÁRIO DE FRANZ LISZT [V]

PARTE A.
Há precisamente dois anos, no dia em que assinalava a efeméride, Emília Reis enviou-me, datado de 17 de Março de 1973, o poema que Jorge de Sena escreveu acerca de uma obra do compositor.
 
Mais uma vez, com o agradecimento devido à minha amiga, e, nas suas palvras "(...) Como nunca é de mais divulgar a obra dos nossos escritores e poetas, sobretudo aqueles que já partiram (...)", passo a transcrever:
 
A ULTIMA MÚSICA DE LISZT PARA PIANO
 
Debussy? Scriábine? Bartok?
Não. O velho Liszt sonhando ao piano
em longas pausas por entre seriais
meditações de solitários sons.
Sonhando o quê? Vivera e sonhara tudo,
e escondera mesmo em estrondos coloridos
este silêncio de não pensar nem ser
que o fascinara de terrores sentimentais.
Mas nisto não. Apenas sons e pausas
sem medo e sem fascínio -- mas também
(tamanha paz) nenhuma curiosidade
além do olhar os dedos repensados
pousados ou suspensos no piano
como os olhos se fecham sobre o já vivido
e o que não foi mas não valia a pena.

JORGE DE SENA - "Poesia - II"
Circulo de Poesia - Moraes Editores 19

______________________________

PARTE B.

No aniversário de Liszt,
uma heróica toada

 
Hoje, nada mais será preciso acrescentar para confirmar que o registo do meu mural se mantém nesta sintonia tão propícia da obra de Liszt.

“Hunnenschlacht” , em tradução literal, “Batalha dos Hunos”, é um poema sinfónico datado de 1857, inspirado numa tela que o pintor alemão Wilhelm von Kaulbach (1805–1874), pintou cerca de 1850. A quem já esteve na Neue Pinakothek de Munique, certamente que a obra não terá passado desapercebida.

Para o entendimento cabal da peça musical cumpre ter em consideração que o quadro representa uma batalha em que os espectros dos guerreiros abatidos se elevam no espaço onde continuam a lutar ainda com maior empenho. Em termos históricos, reporta-se à batalha dos hunos, comandados por Attila, contra as tropas dos romanos e visigodos, nos campos da Catalunha, no século V, mais precisamente, no ano de 451.

Não podendo descrever toda a peça, limitar-me-ei à segunda secção ‘Piu Mosso’, que começa com um grito de batalha nas trompas, que, logo de seguida é tomado pelas cordas. Em toda a secção o compositor utiliza a designada «escala cigana» à qual recorre sistematicamente em todas as obras de tema húngaro.

Farão o favor de reparar que os trombones tocam a antiga melodia em cantochão “Crux Fidelis”. Ainda curiosa, a descrição que o próprio Liszt fez desta secção: “(…) dois opostos raios de luz nos quais evoluem os Hunos e a Cruz (…)”. O tema da “Crux Fidelis” é mais adiante retomado pelas cordas, numa secção contrastante, calma, pacífica. Finalmente, aumenta a intensidade para terminar em triunfo.

Toca a Orquestra Sinfónica de Budapest sob a direcção de Arpad Joo.
Boa audição!

http://youtu.be/VZpXaxWp_1k
http://youtu.be/mqCoXmYNdfY