[sempre de acordo com a antiga ortografia]

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015



2015, Salzburg XXIV
Grosses Festspielhaus,
19.30, 28 de Janeiro

[facebook, 31.01.2015]

Novamente, Orquestra Filarmónica de Viena

Segundo concerto com a Orquestra Filarmónica de Viena, precedido por uma conversa muito esclarecedora entre Mathias Schulz – Director Artístico da Fundação Internacional do Mozarteum que, nestas circunstâncias, desempenha, aliás, muito bem, as funções de anfitrião – e o jovem Maestro colombiano Andrés Orozco-Estrada, acerca de quem gostaria de apresentar umas breves notas.

A sua vida e perspectivas mudaram radicalmente depois de, aos vinte anos, em 1997, ter vindo estudar para Viena na Academia de Música e de Artes Performativas, na classe de direcção de orquestra, com Uros Lajovic que, por sua vez, fora aluno do lendário Hans Swarowsky.

Com uma carreira fascinante, ainda na casa dos 30, já é Maestro Principal da Orquestra Sinfónica HR (Alta Renânia) de Frankfurt, Director Musical da Houston Symphony Orchestra, mantendo relação especial com as Filarmónicas de Viena e de Munique, Gewandhaus de Leipzig e Orquestra de Câmara Mahler, além de se ter estreado em 2014 na direcção de ópera, com “Don Giovanni”, em Glyndbourne.

Desta vez, inserindo-se no geral objectivo do Mozarteum de propiciar a audição integral da obra sinfónica de Franz Schubert, Orozco-Estrada veio apresentar a “Sinfonia No. 1 em Ré Maior” D 82, numa direcção muito eficaz, atenta, empolgante, à qual o público correspondeu com aplauso vibrante, também certamente tocado que foi pela nota patriótica de estar a ouvir a peça, em lugar tão especial como é o GF de Salzburg, obra de um grande compositor austríaco.

Um pequeno parêntesis lembrando que, para a «economia» dos aplausos nas salas de concerto austríacas, este factor ‘nacional’ não é despiciendo, vindo a propósito referir, de cor, uma dúzia de compositores tão famosos como Mozart, Haydn, Schubert, Bruckner, Mahler, Schönberg, Alban Berg, Webern, Biber, Hugo Wolf, os Strauss que, naturalmente, mexem muito com a disposição das audiências…

Seguidamente, referência ao “Concerto em Lá bemol para Violoncelo e Orquestra” de Schubert/Cassadó que resultou do arranjo da “Sonata em Lá bemol” D 821 – ‘Arpeggione’, na interpretação modelar de Gautier Capuçon. Bem, como sabem, é uma peça linda, linda de morrer. E não é que, na mudança de andamento, o público estava de tal modo ruidoso – de repente, até parecia que estava na Gulbenkian!... – que, com dificuldade em retomar, o maestro se voltou para trás dando a entender que não estava mesmo a compreender o que acontecia num auditório tão especial. Capuçon, estupendo, justamente aplaudidíssimo.

Tal como se tinha ouvido a primeira que Schubert escrevera aos 16, também se ouviu a primeira de Mozart, a “Sinfonia em Mi Maior” KV. 16, composta aos 8 anos. Um momento de perfeito encanto, com os músicos embevecidos. E, finalmente, de Elliot Carter, igualmente a sua Sinfonia No. 1, que me deixou a vontade de, cada vez mais, mergulhar na obra deste compositor americano.
 
Portanto, a estreia sinfónica de três gigantes da música de todos os tempos, na leitura de um grande senhor maestro, à frente de uma orquestra que, dispensando adjectivos, nos honra em Salzburg, durante a Mozartwoche, com três concertos. Privilégio? Não, quase um sonho!...


 
 

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