Eis a transcrição do artigo publicado na edição do 'Jornal de Sintra' da passada 6ª Feira, dia 23 de Janeiro, através do qual, me refiro à situação actual do MU.SA, instalado no Casino de Sintra. Apelo à vossa compreensão porque o texto não mantém os recursos gráficos do original.
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Sintra,
Cultura em 2015,
Expectativa moderada [I]
[facebook, 29.01.2015]
De facto, são muitas e especialmente desafiantes as questões cuja resolução depende da Câmara Municipal de Sintra. Espera-se que, durante este ano, se resolvam algumas delas e se inicie o desbloqueio de problemas que suscitaram desassossegos vários. Como as pessoas estão muito descrentes, a expectativa é quase nula ou apenas moderada. É compreensível. Acrescentemos que, consoante os casos, de tal modo a corda se foi esticando até ao limite que, agora, qualquer adiamento não deixará de ser interpretado como incapacidade ou incompetência.
Comecemos pelo Casino de Sintra, propondo uma visita comparada ao antes e agora. Sediado no Casino, paredes-meias com o Centro Cultural Olga Cadaval, dois edifícios traçados por Norte Júnior, um dos mais notáveis arquitectos portugueses do século vinte, o MU.SA faz parte de um dispositivo cultural com ímpares e invejáveis características no todo nacional.
A verdade é que, depois do entusiasmo inicial, coincidente com o período da inauguração, a solução ali vertida, indubitavelmente bem intencionada – qual seja a de expor a Coleção Municipal de Arte Contemporânea, incluindo zonas para Arte Fotográfica, Livraria Municipal e Galeria de exposições temporárias de artistas nacionais e estrangeiros – não está a surtir os benéficos efeitos que, a partir de condições tão favoráveis, era suposto colher.
Moro a escassos metros, conheço porque acompanho diariamente a situação, não posso tapar o Sol com a peneira e, interessado que estou na resolução do problema, o mais que tenho a fazer é ventilar, partilhar frontalmente a preocupação. Com muito escassa procura actual por parte do público e, perante a ausência de estratégia de promoção, inevitáveis são as comparações com o que ali acontecia até 2013. Naturalmente, não me dedicaria a qualquer exercício de cotejo, com previsíveis e tão desanimadores resultados em relação à actualidade, se o meu propósito não fosse, tão só, o de propiciar matéria de reflexão.
MU.SA vs SMAC
Uma vez que só pode e deve comparar-se o que é comparável, terei de pedir-vos que me acompanhem num regresso a 1997, altura em que a presidência do executivo municipal era assegurada por Edite Estrela, que teve o rasgo estratégico de fazer do edifício do Casino o Museu de Arte Moderna e Contemporânea-Colecção Berardo (SMAC), negociando com o Comendador Joe Berardo um Protocolo que vigoraria até 2013.
Não farei quaisquer considerações acerca da qualidade do acervo em exposição permanente que, se bem lembrados estão, enquanto parte de uma das mais famosas colecções de Arte do mundo, incluía peças dos mais notáveis artistas. Referir-me-ei, isso sim, às exposições temporárias que, durante quase década e meia, constituíram propostas que muito honraram Sintra, tanto a nível nacional como internacional.
Com dados bastante acessíveis, através de catálogos de belíssima qualidade geral, que guardo religiosamente, lembrarei alguns dos mais significativos sucessos, referindo os patrocínios sem os quais é impossível trabalhar com uma certa dignidade:
17.06.2000 a 30.09.2000 - Um olhar sobre a Colecção Berardo – Rui Sanches
15.10.2000 a 31.12.2000 – Durante o Fim – Rui Chafes (articulação Palácio da Pena e CMS)
08.04.2001 a 30.06.2001 – O Surrealismo na Colecção Berardo
10.11.2001 a 30.03.2002 – Living – Site Specific Wall Paintings - Michal Craig Martin
(com apoio da Robbialac e Tabaqueira
19.04.2002 a 15.09.2002 – Pop Arte & Compª na Colecção Berardo
08.05.2004 a 07.11.2004 – Pomar – Autobiografia
(com apoio Colecionadores privados e do Millenium BCP)
01.02.2004 a 27.03.2005 – A Fotografia na Colecção Berardo
05.05.2005 a 09.10.2005 – Geração Esquecida – Erich Kahn, Judeu Sobrevivente –
Expressionista Alemão
26.11.2005 a 30.04.2006 - Fernando Lemos e o Surrealismo
17.03.2007 a 14.10.2007 – Art Deco
17.04.2009 a 14.07.2009 – Rafael Bordalo Pinheiro - Da Caricatura à Cerâmica
(em articulação com a CMS e Museu Rafael Bordalo Pinheiro)
26.07.2009 a 27.09.2009 – Gao Xingjian – Depois do Dilúvio
(articulação com CMS, apoio Würth e Museu Würth La Rioja)
17.04.2010 a 31.10.2010 – Leal da Câmara – Retrospectiva
No meu diário, tenho registadas conversas com a Dra. Maria Nobre Franco, Directora do referido Museu, durante as quais aquela minha querida amiga me mostrou estatísticas das entradas de visitantes, por exemplo, cifrando-se na ordem média da centena por dia, em eventos culturais da maior repercussão, inclusive internacional.
Caso do World Press Cartoon
E, ainda neste contexto das exposições temporárias e temáticas, como não recordar, desde 2005, o êxito verdadeiramente estrondoso do World Press Cartoon, sob a coordenação de ANTÓNIO [António Moreira Antunes] o nosso maior cartoonista, ao longo de nove edições, no Centro Cultural Olga Cadaval e, a partir de 2008, também no Museu de arte Moderna? Como não entender que tal sucesso potenciou as mais-valias de outras exposições no passado e ainda o poderia continuar a fazer no futuro?
Lembro-me muito bem das razões invocadas pela Câmara Municipal de Sintra para deixar de apoiar a realização deste grande festival do cartoon – meio de comunicação e de expressão artística que ganhou tão trágico protagonismo na semana passada – mas, de todo em todo, não as consigo entender. Ou também eu deveria aceitar a ideia que para aí vai vingando segundo a qual o actual executivo assim teria decidido porque um tão grande êxito, transitado dos mandatos anteriores, constituiria marca demasiado impressiva?…
É que o alcance da iniciativa era imenso, verdadeiramente global, projectando Sintra em todas as latitudes, funcionando como extraordinária e requintada campanha publicitária que, assim encarada, resultava num investimento perfeitamente compatível, mesmo em tempos de austeridade. E já sabem para onde vai o World Press Cartoon? Pois, nem mais nem menos do que para Cascais!... Aqui bem ao lado, Cascais imediatamente entendeu o que, 'motu proprio', Sintra deixou escapar. Que ironia!
No mais alto nível
Estou absolutamente convicto de que ninguém deixará de partilhar comigo o sacrossanto princípio, comum a todos os domínios de actividade, nos termos do qual, uma vez atingido determinado patamar de qualidade superior, como aconteceu com o Sintra Museu de Arte Contemporânea, jamais se poderá retroceder para soluções que não estejam à altura do nível e sucesso alcançados, princípio particularmente crítico neste dificílimo e sofisticado terreno da disponibilização da Arte moderna e contemporânea.
Foi com base naquela ideia que, cessado o Protocolo entre a CMS e o Comendador Joe Berardo, tanto me bati pela solução de ali sediar a Colecção Bartolomeu Cid dos Santos que é o único acervo disponível com nível artístico idêntico ao das obras que as paredes do Casino tinham acolhido nos últimos anos.
Se assim tivesse acontecido, a CMS estaria capitalizando o investimento concretizado durante o precedente período em questão, durante o qual aquela casa passou a ser procurada, expressamente, por um público nacional e internacional conhecedor, interessado, que se tinha habituado a demandar este Museu como elemento da rede nacional e mundial da Arte Moderna. E sabem que, ainda hoje mesmo, continua a aparecer gente à procura do que ali existiu?
Já que acima aludi, permitam um parêntesis acerca da Colecção Bartolomeu Cid dos Santos que, na realidade, já é uma extraordinária mais-valia para Sintra. Em 2013, Maria Fernanda dos Santos, viúva do gravador da maior reputação mundial, cedeu o espólio à Câmara Municipal de Sintra mediante Protocolo que, há largos meses, está em vias de reformulação no sentido de garantir a máxima protecção dos interesses de ambas partes. Os juristas já se terão pronunciado pelo que estaremos em vias de conhecer decisões.
Estou certo de que, dentre as várias opções em perspectiva, se encontrará o local mais adequado para acolher a obra e o centro de investigação que o Barto, meu querido e saudoso amigo, deixa a Sintra. A quem ainda possa desconhecer, cumpre esclarecer que o gabarito artístico de Bartolomeu Cid dos Santos é dos de maior abrangência, entre os melhores do mundo, por exemplo, como o de Paula Rego, de quem, aliás, foi amigo íntimo cá e em Londres.
Se, por desígnio do município vizinho, Paula Rego já está em Cascais – sempre a atenta e culta Cascais, constantemente a desafiar-nos com tão boas iniciativas no passado recente e na actualidade – então Barto, pela relação que manteve com Sintra, tem muitas mais e acrescidas razões para ficar entre nós, de acordo com o que estabelecerá o referido Protocolo. Assim saiba Sintra estar à altura de privilégio tão especial.
Findo o assunto que coube naquele parêntesis, volto à matéria com a qual está tão inequivocamente relacionado. Inconformado com o statu quo, recuso-me a aceitar a inevitabilidade daquele ambiente mais ou menos fúnebre do MU.SA. Há soluções de animação que urge operacionalizar. Não é fácil, bem sei, recuperar uma frequência média de cem visitantes por dia. Contudo, em 2015, o que fazer para atrair os visitantes? Que estratégia desenhar? Que pequenas exposições promover, v.g., Historia do Casino, História do Vinho de Colares, Historia do Foral de Sintra, História do Desporto em Sintra, Figuras importantes da História Sintrense etc?
Onde estão as pessoas, as instituições, entidades nacionais, ibéricas, europeias, às quais recorrer, através de convénios, parcerias? E os concursos, oficinas e outras iniciativas, bem publicitadas, atempadamente anunciadas, sob a coordenação e orientação de animadores bem conhecidos, para públicos infantis, juvenis e seniores? Há falta de recursos? Quais? Humanos, materiais, ambos? É o acervo que carece de uma outra abordagem, de diferentes diálogos e conotações temáticas interrelacionais, ou de uma outra estratégia com diferentes grelhas e linguagens expositivas? E que articulação ou articulações preferenciais com outros suportes culturais, Literatura, Música, etc?
Continuarei este artigo com referências à próxima edição do Festival de Sintra, recuperação do Hotel Netto e ao caso do funicular.
(Continua)
[João Cachado escreve de acordo com a antiga ortografia]
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Sintra,
Cultura em 2015,
Expectativa moderada [I]
[facebook, 29.01.2015]
De facto, são muitas e especialmente desafiantes as questões cuja resolução depende da Câmara Municipal de Sintra. Espera-se que, durante este ano, se resolvam algumas delas e se inicie o desbloqueio de problemas que suscitaram desassossegos vários. Como as pessoas estão muito descrentes, a expectativa é quase nula ou apenas moderada. É compreensível. Acrescentemos que, consoante os casos, de tal modo a corda se foi esticando até ao limite que, agora, qualquer adiamento não deixará de ser interpretado como incapacidade ou incompetência.
Comecemos pelo Casino de Sintra, propondo uma visita comparada ao antes e agora. Sediado no Casino, paredes-meias com o Centro Cultural Olga Cadaval, dois edifícios traçados por Norte Júnior, um dos mais notáveis arquitectos portugueses do século vinte, o MU.SA faz parte de um dispositivo cultural com ímpares e invejáveis características no todo nacional.
A verdade é que, depois do entusiasmo inicial, coincidente com o período da inauguração, a solução ali vertida, indubitavelmente bem intencionada – qual seja a de expor a Coleção Municipal de Arte Contemporânea, incluindo zonas para Arte Fotográfica, Livraria Municipal e Galeria de exposições temporárias de artistas nacionais e estrangeiros – não está a surtir os benéficos efeitos que, a partir de condições tão favoráveis, era suposto colher.
Moro a escassos metros, conheço porque acompanho diariamente a situação, não posso tapar o Sol com a peneira e, interessado que estou na resolução do problema, o mais que tenho a fazer é ventilar, partilhar frontalmente a preocupação. Com muito escassa procura actual por parte do público e, perante a ausência de estratégia de promoção, inevitáveis são as comparações com o que ali acontecia até 2013. Naturalmente, não me dedicaria a qualquer exercício de cotejo, com previsíveis e tão desanimadores resultados em relação à actualidade, se o meu propósito não fosse, tão só, o de propiciar matéria de reflexão.
MU.SA vs SMAC
Uma vez que só pode e deve comparar-se o que é comparável, terei de pedir-vos que me acompanhem num regresso a 1997, altura em que a presidência do executivo municipal era assegurada por Edite Estrela, que teve o rasgo estratégico de fazer do edifício do Casino o Museu de Arte Moderna e Contemporânea-Colecção Berardo (SMAC), negociando com o Comendador Joe Berardo um Protocolo que vigoraria até 2013.
Não farei quaisquer considerações acerca da qualidade do acervo em exposição permanente que, se bem lembrados estão, enquanto parte de uma das mais famosas colecções de Arte do mundo, incluía peças dos mais notáveis artistas. Referir-me-ei, isso sim, às exposições temporárias que, durante quase década e meia, constituíram propostas que muito honraram Sintra, tanto a nível nacional como internacional.
Com dados bastante acessíveis, através de catálogos de belíssima qualidade geral, que guardo religiosamente, lembrarei alguns dos mais significativos sucessos, referindo os patrocínios sem os quais é impossível trabalhar com uma certa dignidade:
17.06.2000 a 30.09.2000 - Um olhar sobre a Colecção Berardo – Rui Sanches
15.10.2000 a 31.12.2000 – Durante o Fim – Rui Chafes (articulação Palácio da Pena e CMS)
08.04.2001 a 30.06.2001 – O Surrealismo na Colecção Berardo
10.11.2001 a 30.03.2002 – Living – Site Specific Wall Paintings - Michal Craig Martin
(com apoio da Robbialac e Tabaqueira
19.04.2002 a 15.09.2002 – Pop Arte & Compª na Colecção Berardo
08.05.2004 a 07.11.2004 – Pomar – Autobiografia
(com apoio Colecionadores privados e do Millenium BCP)
01.02.2004 a 27.03.2005 – A Fotografia na Colecção Berardo
05.05.2005 a 09.10.2005 – Geração Esquecida – Erich Kahn, Judeu Sobrevivente –
Expressionista Alemão
26.11.2005 a 30.04.2006 - Fernando Lemos e o Surrealismo
17.03.2007 a 14.10.2007 – Art Deco
17.04.2009 a 14.07.2009 – Rafael Bordalo Pinheiro - Da Caricatura à Cerâmica
(em articulação com a CMS e Museu Rafael Bordalo Pinheiro)
26.07.2009 a 27.09.2009 – Gao Xingjian – Depois do Dilúvio
(articulação com CMS, apoio Würth e Museu Würth La Rioja)
17.04.2010 a 31.10.2010 – Leal da Câmara – Retrospectiva
No meu diário, tenho registadas conversas com a Dra. Maria Nobre Franco, Directora do referido Museu, durante as quais aquela minha querida amiga me mostrou estatísticas das entradas de visitantes, por exemplo, cifrando-se na ordem média da centena por dia, em eventos culturais da maior repercussão, inclusive internacional.
Caso do World Press Cartoon
E, ainda neste contexto das exposições temporárias e temáticas, como não recordar, desde 2005, o êxito verdadeiramente estrondoso do World Press Cartoon, sob a coordenação de ANTÓNIO [António Moreira Antunes] o nosso maior cartoonista, ao longo de nove edições, no Centro Cultural Olga Cadaval e, a partir de 2008, também no Museu de arte Moderna? Como não entender que tal sucesso potenciou as mais-valias de outras exposições no passado e ainda o poderia continuar a fazer no futuro?
Lembro-me muito bem das razões invocadas pela Câmara Municipal de Sintra para deixar de apoiar a realização deste grande festival do cartoon – meio de comunicação e de expressão artística que ganhou tão trágico protagonismo na semana passada – mas, de todo em todo, não as consigo entender. Ou também eu deveria aceitar a ideia que para aí vai vingando segundo a qual o actual executivo assim teria decidido porque um tão grande êxito, transitado dos mandatos anteriores, constituiria marca demasiado impressiva?…
É que o alcance da iniciativa era imenso, verdadeiramente global, projectando Sintra em todas as latitudes, funcionando como extraordinária e requintada campanha publicitária que, assim encarada, resultava num investimento perfeitamente compatível, mesmo em tempos de austeridade. E já sabem para onde vai o World Press Cartoon? Pois, nem mais nem menos do que para Cascais!... Aqui bem ao lado, Cascais imediatamente entendeu o que, 'motu proprio', Sintra deixou escapar. Que ironia!
No mais alto nível
Estou absolutamente convicto de que ninguém deixará de partilhar comigo o sacrossanto princípio, comum a todos os domínios de actividade, nos termos do qual, uma vez atingido determinado patamar de qualidade superior, como aconteceu com o Sintra Museu de Arte Contemporânea, jamais se poderá retroceder para soluções que não estejam à altura do nível e sucesso alcançados, princípio particularmente crítico neste dificílimo e sofisticado terreno da disponibilização da Arte moderna e contemporânea.
Foi com base naquela ideia que, cessado o Protocolo entre a CMS e o Comendador Joe Berardo, tanto me bati pela solução de ali sediar a Colecção Bartolomeu Cid dos Santos que é o único acervo disponível com nível artístico idêntico ao das obras que as paredes do Casino tinham acolhido nos últimos anos.
Se assim tivesse acontecido, a CMS estaria capitalizando o investimento concretizado durante o precedente período em questão, durante o qual aquela casa passou a ser procurada, expressamente, por um público nacional e internacional conhecedor, interessado, que se tinha habituado a demandar este Museu como elemento da rede nacional e mundial da Arte Moderna. E sabem que, ainda hoje mesmo, continua a aparecer gente à procura do que ali existiu?
Já que acima aludi, permitam um parêntesis acerca da Colecção Bartolomeu Cid dos Santos que, na realidade, já é uma extraordinária mais-valia para Sintra. Em 2013, Maria Fernanda dos Santos, viúva do gravador da maior reputação mundial, cedeu o espólio à Câmara Municipal de Sintra mediante Protocolo que, há largos meses, está em vias de reformulação no sentido de garantir a máxima protecção dos interesses de ambas partes. Os juristas já se terão pronunciado pelo que estaremos em vias de conhecer decisões.
Estou certo de que, dentre as várias opções em perspectiva, se encontrará o local mais adequado para acolher a obra e o centro de investigação que o Barto, meu querido e saudoso amigo, deixa a Sintra. A quem ainda possa desconhecer, cumpre esclarecer que o gabarito artístico de Bartolomeu Cid dos Santos é dos de maior abrangência, entre os melhores do mundo, por exemplo, como o de Paula Rego, de quem, aliás, foi amigo íntimo cá e em Londres.
Se, por desígnio do município vizinho, Paula Rego já está em Cascais – sempre a atenta e culta Cascais, constantemente a desafiar-nos com tão boas iniciativas no passado recente e na actualidade – então Barto, pela relação que manteve com Sintra, tem muitas mais e acrescidas razões para ficar entre nós, de acordo com o que estabelecerá o referido Protocolo. Assim saiba Sintra estar à altura de privilégio tão especial.
Findo o assunto que coube naquele parêntesis, volto à matéria com a qual está tão inequivocamente relacionado. Inconformado com o statu quo, recuso-me a aceitar a inevitabilidade daquele ambiente mais ou menos fúnebre do MU.SA. Há soluções de animação que urge operacionalizar. Não é fácil, bem sei, recuperar uma frequência média de cem visitantes por dia. Contudo, em 2015, o que fazer para atrair os visitantes? Que estratégia desenhar? Que pequenas exposições promover, v.g., Historia do Casino, História do Vinho de Colares, Historia do Foral de Sintra, História do Desporto em Sintra, Figuras importantes da História Sintrense etc?
Onde estão as pessoas, as instituições, entidades nacionais, ibéricas, europeias, às quais recorrer, através de convénios, parcerias? E os concursos, oficinas e outras iniciativas, bem publicitadas, atempadamente anunciadas, sob a coordenação e orientação de animadores bem conhecidos, para públicos infantis, juvenis e seniores? Há falta de recursos? Quais? Humanos, materiais, ambos? É o acervo que carece de uma outra abordagem, de diferentes diálogos e conotações temáticas interrelacionais, ou de uma outra estratégia com diferentes grelhas e linguagens expositivas? E que articulação ou articulações preferenciais com outros suportes culturais, Literatura, Música, etc?
Continuarei este artigo com referências à próxima edição do Festival de Sintra, recuperação do Hotel Netto e ao caso do funicular.
(Continua)
[João Cachado escreve de acordo com a antiga ortografia]
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