[sempre de acordo com a antiga ortografia]

terça-feira, 13 de janeiro de 2015



Grande Auditório Gulbenkian
9 de Janeiro 2015, 19.00
 
[facebook, 9.01.2015]
 
A perspectiva de um grande concerto em que a Orquestra Gulbenkian terá novamente David Afkham como dirigente. Mais uma vez, a Fundação traz Radu Lupu a Lisboa. Um dos pianistas cuja arte, permanentemente no registo do sublime, tenho dificuldade em adjectivar. Escrevi bastante acerca da sua prestação em alguns dos seus concertos e recitais em Lisboa e Salzburg, textos esses que prometo partilhar convosco logo que possível.
 
Em especial, para quem não poderá estar na Gulbenkian, e tendo em consideração que interpretará o Concerto No. 4 de Beethoven, aqui fica a gravação da integral dos concertos para piano do compositor, pelo grande pianista com a Orquestra Filarmónica de Israel, sob a direção de Zubin Mehta. E, ainda, um registo da outra obra em programa, a Sinfonia No. 4 de Anton Bruckner, aqui pela Orquestra Filarmónica de Munique dirigida pelo mítico Sergiu Celibidache.
 
 
Boa audição!
 

http://youtu.be/oRq9kEjfXZQ?list=RDoRq9kEjfXZQ [Beethooven, Radu Lupu]
http://youtu.be/LY7m119eOys [Bruckner, Celibidache]
 
 
 
 
 
 
 
 
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Efeméride mozartiana
- duas árias de concerto


[facebook, 8.01.2015]

Hoje, duas árias de concerto, com os respectivos recitativos. A primeira, " Popoli di Tessaglia! ... Io non chiedo, eterni Dei“, KV. 316, que tinha sido iniciada em Paris, foi completada em Munique, precisamente, no dia 8 de Janeiro de 1779. Em segundo lugar, datada do mesmo dia, 8 de Janeiro, mas de 1783, "Mia speranza adorata! ... Ah non sai qual pena sia“ KV. 416.
 
Estas duas conhecidíssimas peças foram ambas escritas a pensar numa mesma pessoa, Aloysia Weber que, tudo leva a crer, pode ter sido o grande amor da vida de Amadé. Há muitos musicólogos que, inequivocamente, dão a ligação como paixão assolapada. No entanto, julgo que, com maior cautela, deveremos considerar tal interesse.

De facto, a única carta do compositor, curiosamente escrita em italiano, que até nós chegou, dirigida a Aloysia, está datada de Paris aos 29 de Julho de 1778, é de uma tal formalidade e evidenciando tanta falta de intimidade que não deixa de causar certa estranheza. Como sabem, além de Sophie e Josepha Aloysia era uma das quatro irmãs Weber, família à qual Mozart ficaria indissociavelmente ligado através do casamento com Constanze.
 
Aloysia foi uma cantora de assinalável sucesso para quem Mozart escreveu nada mais nada menos do que sete árias de concerto dentre as quais as duas que hoje, mais uma vez, partilho convosco.
Datando de 1978, as gravações que vos proponho, com a Staatskappelle Dresden, sob a direcção de Bloomstedt, têm Edda Moser como intérprete, quando, aos quarenta anos, a cantora estava em pleno auge de uma estupenda carreira. Assim se canta Mozart.


Boa audição!


http://youtu.be/wiTel-yMJFA [Popoli di Tessaglia!...]
http://youtu.be/5a2uQFVpTGI [Mia speranza adorata!...]

 
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Hélder Moura Pereira

[facebook, 7.01.2014]

[No aniversário do poeta, um poema que eu teria escrito, tão a propósito dos meus meandros, se engenho e arte tivesse. Como ele tem.]


Escrevias pela Noite Fora
Escrevias pela noite fora. Olhava-te, olhava
o que ia ficando nas pausas entre cada
sorriso. Por ti mudei a razão das coisas,
faz de conta que não sei as coisas que não queres
que saiba, acabei por te pensar com crianças
à volta. Agora há prédios onde havia
laranjeiras e romãs no chão e as palavras
nem o sabem dizer, apenas apontam a rua
que foi comum, o quarto estreito. Um livro
é suficiente neste passeio. Quando não escreves
estás a ler e ao lado das árvores o silêncio
é maior. Decerto te digo o que penso
baixando a cabeça e tu respondes sempre
com a cabeça inclinada e o fumo suspenso
no ar. As verdades nunca se disseram. Queria
prender-te, tornar a perder-te, achar-te
assim por acaso no meu dia livre a meio
da semana. Mantêm-se as causas iguais
das pequenas alegrias, longe da alegria, a rotina
dos sorrisos vem de nenhum vício. Este abandono
custa. Porque estou contigo e me deixas
a tua imagem passa pelas noites sem sono,
está aqui a cadeira em que te sentaste
a escrever lendo. Pudesse eu propor-te
vida menos igual, outras iguais obrigações.
Havias de rir, sair à rua, comprar o jornal.


“De Novo as Sombras e as Calmas”
Contexto ed., Lisboa, 1990



Helder Moura Pereira

 


Clara Haskil


(7 de Janeiro de 1895 - 7 de Dezembro de 1960)

[facebook, 7.01.2014]


Em Inglês, um texto assinado por Peter Feuchtwanger, conhecido professor de piano, publicado por altura do cinquentenário do falecimento de Clara Haskil, talvez a maior pianista mozartiana do século vinte.
 
A finalizar, mais uma proposta de audição, essa 'assinada' pela própria Haskil, em gravação ao vivo, nada mais nada menos do que no famosíssimo Recital na Grosse Saal do Mozarteum de Salzburg em 8 de Agosto de 1957, com o seguinte programa:


● Mozart - Sonata No. 10 em Dó Maior, K. 330
00:00 ➢ Allegro moderato
06:13 ➢ Andante cantabile
11:39 ➢ Allegretto

● Beethoven - Sonata No. 18 em Mi bemol Maior, Op. 31, No. 3
15:40 ➢ Allegro
21:45 ➢ Scherzo. Allegretto vivace
26:29 ➢ Menuetto. Moderato e grazioso
30:21 ➢ Presto con fuoco

● Schubert - Sonata No. 21 em Si bemol Maior, D. 960
35:20 ➢ Molto moderato
48:40 ➢ Andante sostenuto
56:13 ➢ Scherzo: Allegro vivace con delicatezza - Trio
59:53 ➢ Allegro, ma non troppo - Presto


Boa audição!

http://youtu.be/E6zmR5BytWA


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 Never, even amongst my most illustrious colleagues, have I met with that incredible and disconcerting facility and pianistic ease, which manifested itself always with a spontaneous, uncalculated, natural flow of the music. That which others achieve by work, research and reflection, seems to come to Clara from Heaven without problems.'

Thus wrote Clara Haskil's close friend, Nikita Magaloff. Other colleagues and critics were no less enthusiastic: Dinu Lipatti described her playing as 'the sum of perfection on earth' whilst Rudolf Serkin, much to her embarrassment, nicknamed her 'the perfect Clara'. Despite such admiration from the twentieth-century's musicians, international fame came to Haskil late in her career due to a tragic life beset by ill health and adversity.

Born in Bucharest on January 7, 1895 of Sephardic Jewish parentage, Haskil's precocious musical talent was evident in early childhood. After the death of her father, her uncle brought her to the attention of a celebrated piano teacher in Vienna, Anton Door, who described meeting this girl in the Neue Freie Presse in 1902:
'This child is a miracle. She has never had any music lessons beyond being shown the value and names of the notes. More did not seem necessary, for every piece of music that is played to her she repeats by ear without mistake ... [and] ... in any key ... It seems incredible, for this early maturity of a human brain strikes one as uncanny.'

In 1903 she began piano studies, and soon created a stir in musical Vienna with a performance of Mozart's Concerto in A major, K488. In 1905 she entered the Paris Conservatoire, where she impressed the director, Fauré. Joining Cortot's class in 1907, she graduated three years later with the Premier Prix. She proceeded to give concerts in France, Switzerland, Italy and Bucharest. In Switzerland, the 16-year-old was heard by Busoni. Greatly taken by the young pianist's performance, he invited her to study with him in Berlin, but her mother declined the offer on the grounds that her daughter was too young. The first of many severe physical setbacks brought Haskil's concert career to an abrupt halt in 1913, when in an attempt to delay the onset of scoliosis (curvature of the spine), she was forced to spend the next four years in a plaster-cast.

Though acclaimed in later years as the foremost Mozart player of her generation, it was in such works as Islamey, The Great Gate of Kiev, Feux follets and the Brahms B flat Concerto (which she learned in two days!) that she excelled when she was young. She learned Feux follets by hearing Vlado Perlemuter play the piece at a private function: when she performed the work a few days later, she confessed afterwards that she had never seen the score!

From early childhood Haskil was very fond of the violin: the playing of Joseph Joachim had moved her almost to tears. Peter Rybar, the Swiss violinist, recalled an occasion in Winterthur in 1944 when, during a rehearsal break, Haskil picked up a violin and began playing the Mendelssohn Violin Concerto. Rybar could hardly believe his ears: the playing was perfect, with impeccable phrasing and Intonation and, above all, a most exquisite tone. Yet she claimed to have had barely three years of violin tuition and to have practised only on the day of her lesson! Throughout her career she partnered many great string players, amongst them Ysaye, Enesco, Casals and Grumiaux.

The outbreak of the Second World War once again interrupted Haskil's career. Shortly after a grueling escape from occupied Paris to the free zone in the south, she began to suffer from double vision, accompanied by severe headaches. A tumor pressing on the optic nerve was diagnosed. A doctor was smuggled out of Paris to perform an Operation which, against all odds, proved a success. When news came that the Germans were about to occupy the south, Haskil managed to escape to Switzerland with the help of influential admirers.

In the last ten years of her life Haskil, to her own astonishment, found herself in demand all over the world. 'Suddenly, everyone wants to hear me and I don't seem to play differently from before!' After hearing her play at the 1954 Salzburg Festival, Hans Keller wrote: 'Haskil played Mozart's great A major K 488 without showing off either her virtuosity or her lack of exhibitionism: the rarest of achievements in a solo artist.' When she performed the same Concerto in 1958 at the Royal Festival Hall in London, The Times critic observed that 'she simply expunged from the Concerto what was temporal and found instead what was eternal.' No one who heard her will forget how a hall fell into a hushed silence as her bowed figure approached the platform with almost floating step, how she crouched over the keyboard, and proceeded to coax from the instrument sounds of unearthly beauty.

Arriving in Brussels with her sister Lili, in December 1960, a few days alter partnering Arthur Grumiaux in a triumphant concert in Paris, Haskil lost her grip and tumbled down a steep stairway at the railway Station. Rushed to a hospital unconscious, doctors fought to save her life. Regaining consciousness briefly, she spoke to Lili and to her younger sister Jeanne, quickly summoned from Paris, asking them to tell Grumiaux how sorry she was not to be able to play with him the next day. Holing up her hands weakly, she whispered with a faint smile, 'At least, I didn't damage these!' In the early hours of December 7, 1960, Clara Haskil died.
 


Dia de Reis

[facebook, 6.01.2014]

Este é o coro inicial da parte da Oratória de Natal de J. S. Bach que se relaciona com a data que hoje celebramos. A proposta de audição que vos trago é de altísssima qualidade. E até o cenário da Frauenkirche da cidade de Dresden é verdadeiramente assombroso. Tudo para maior glória de Deus e para benefício de todos, mesmo dos ateus e agnósticos. Ouçamos e rejubilemos!


Boa audição!


 

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015



Efeméride mozartiana
Viena, aos 5 de Janeiro de 1791

Concerto em Si Maior para Piano e Orquestra, KV 595


O último dos vinte e sete concertos para este instrumento, no ano em que o compositor acabaria por falecer, tão precocemente. Longe de adivinhar que seria o seu último concerto para piano, Mozart apresenta uma proposta de serenidade, tão definitiva, que não há comentador que não ceda à tentação de o considerar na acepção de testamento pianístico.

Como proposta de partilha, a inolvidável Clara Haskil (7.1.1895 - 7.12.1960) com a Gürzenich-Orchester Koln, sob a direcção de Otto Klemperer, numa gravação de 9 de Setembro de 1956, ano em que se comemorou o ducentésimo aniversário de Mozart..Gostaria de vos dizer que, mais uma vez, estive a ouvir outras leituras deste mesmo concerto, em momentos chave dos vários andamentos e, não me sobra uma dúvida. Haskil é o paradigma. E a parceria com Klemperer é de uma cumplicidade tocante.

Aqui não há quaisquer truques. Mozart, Mozart, apenas Mozart, como estou habituado a ouvir, em excepcionais ocasiões. Sem quaisquer «rodriguinhos», sem 'arredondamentos' dos acordes. Uma verdade a que temos direito. De facto, nunca ouvi um melhor serviço a Mozart. Naturalmente, tenho em consideração os «gigantes» Brendel, Uchida, Schiff (este cada vez mais e mais) que estão na mesma galáxia...

Permitam que dedique esta proposta à minha querida amiga Maria Nobre Franco, que foi directora do Sintra Museu de Arte Moderna-Colecção Berardo. Tal como eu, a Maria é uma indefectível de Haskil. Partilhamos esta justíssima preferência que, cumpre assinalar, coincide com as melhores críticas do século vinte. Ainda hoje, em Salzburg, se chora por Haskil, a inultrapassável.


Boa audição!


http://youtu.be/241dlJB5wow [Allegro]
http://youtu.be/e8n7saeecAk   [Larghetto e Allegro]


Boa audição!

 


PARQUES DE SINTRA
EM SINTRA, O MELHOR DE SINTRA



- PARQUES DE SINTRA

- PROGRAMAÇÃO PRÓXIMAS SEMANAS

- ÚLTIMAS NOTICIAS


Passo a reproduzir a informação que acabo de receber. Enquanto membro do Concelho Científico da Parques de Sintra, é com muito gosto que partilho com os meus amigos e conhecidos as notícias acerca de actividades cuja concretização, em Sintra, em locais absolutamente privilegiados, tanto nos satisfaz e orgulha.
 

PARQUES DE SINTRA
EM SINTRA, O MELHOR DE SINTRA



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S. Valentim e Carnaval em destaque nas atividades dos parques e monumentos de Sintra

» Celebrar o S. Valentim no Chalet da Condessa d’Edla
» Celebrar o Carnaval no Palácio de Queluz
» Visitas sensoriais, com língua gestual e para pessoas com mobilidade condicionada
» Serão musical no Salão Nobre do Palácio da Pena
» Atividades com anfíbios e construção de comedouros para aves
» Descobrir “O Tesouro do Rei” no Palácio de Sintra

Sintra, 5 de janeiro de 2015 – A Parques de Sintra propõe celebrar o S. Valentim com uma visita guiada ao Chalet da Condessa d’Edla, no Parque da Pena. “S. Valentim: Celebrar o Romantismo na Pena” permite conhecer esta criação de caráter mais privado, menos histórico e com uma maior proximidade à Natureza, testemunho da relação amorosa entre D. Fernando e Elise Hensler. Já para celebrar o Carnaval, propõe-se a atividade “Carnaval no Palácio de Queluz”, na qual os inscritos participam num atelier de máscaras e são envolvidos num momento de música e dança setecentista num dos antigos salões de festas do Palácio Nacional de Queluz.
Propõem-se também outras atividades como o “Workshop de Comedouros para Aves”; o serão “D. Fernando e a sua Baviera” (integrado no ciclo “Serões Musicais no Palácio da Pena”); o passeio “Anfíbios: A Vida Entre Dois Mundos”; e a visita-jogo “O Tesouro do Rei”.
Sugerem-se igualmente visitas guiadas integradas no projeto “Parques de Sintra Acolhem Melhor” que permitem a fruição do património a visitantes cegos ou amblíopes, surdos e pessoas com mobilidade condicionada: “Jardins de Monserrate sem Barreiras”; “Património em Gestos” e “Sentir o Património”.
Prosseguem as sessões de “Horticultura Biológica”, com a quinta sessão de outono/inverno dedicada à importância de diversificar a horta.

PROGRAMAÇÃO

Workshop de Comedouros para Aves
Domingo, 8 de fevereiro, 10h30, Quintinha de Monserrate
Esta ação pretende dar a conhecer formas fáceis e divertidas de aumentar a disponibilidade de alimento para as aves. Serão disponibilizados vários tipos de materiais, adequados à faixa etária, e construídos vários tipos de comedouros, que depois se colocarão no espaço exterior.
- Destinatários: recomendado para famílias com crianças a partir dos 4 anos
- Duração de cada sessão: 2h00
- Tarifário por sessão: 8€/participante
- Requer inscrição e pagamentos prévios (comercial@parquesdesintra.pt ou +351 21 923 73 00)
- Nota: a realização da atividade depende de um número mínimo de participantes


S. Valentim: Celebrar o Romantismo na Pena
Sábado, 14 de fevereiro, 15h00, Jardim e Chalet da Condessa d’Edla
Elemento chave no contexto da Pena, o Chalet da Condessa d’Edla é testemunho não só da relação amorosa entre D. Fernando e Elise Hensler, sua segunda esposa, mas também de uma outra faceta do romantismo fernandino que nos presenteia com uma criação de caráter mais privado, menos histórico e com uma maior proximidade à Natureza, também ela típica do Romantismo. Esta visita guiada dá a conhecer o Jardim e Chalet da Condessa d’Edla, classificados como Imóvel de Interesse Público em 1993, integrando-se na Paisagem Cultural de Sintra, classificada pela UNESCO como Património Mundial da Humanidade desde 1995. Parcialmente destruído por um incêndio em 1999, este edifício de grande valor cultural, histórico e artístico, foi recuperado com o intuito de o devolver ao seu estado original e de requalificar a área envolvente e respetiva coleção botânica.
- Destinatários: todos
- Duração: 1h30
- Tarifário: 13,5€ (bilhete de entrada 8,5€ + suplemento de visita guiada 5€) – não inclui entrada no Palácio Nacional da Pena
- Requer inscrição prévia (comercial@parquesdesintra.pt ou +351 21 923 73 00)
- Nota: a realização da atividade depende de um número mínimo de participantes; a visita ao Jardim pode ser cancelada devido a condições meteorológicas adversas


Serão “D. Fernando e a sua Baviera”
Sábado, 14 de fevereiro, 21h00, Salão Nobre do Palácio Nacional da Pena
O último serão do ciclo “Serões Musicais no Palácio da Pena” conta com um concerto com a participação da soprano Ana Franco, da mezzosoprano Carolina Figueiredo, do baixo João Merino, do tenor Bruno Almeida e do pianista João Paulo Santos, que se juntam especialmente para oferecer um concerto único nesta noite especial. Incluirá interpretações de obras de Liszt, Meyerbeer, Rossini, Frondoni, Saint-Saëns, Gounod, Rubinstein, Verdi e Napoleão. Este concerto será antecedido de uma pequena conferência de introdução, com a musicóloga Luísa Cymbron.
- Destinatários: maiores de 6 anos
- Tarifário: 10€ (inclui conferência e concerto)
- Saber mais: www.parquesdesintra.pt/…/seroes-musicais-no-palacio-da-pena/
- Vídeo sobre o ciclo: www.youtube.com/watch?v=qv41c3iz4kk&feature=youtu.be


Carnaval no Palácio de Queluz
Domingo, 15 de fevereiro, 15h00, Palácio Nacional de Queluz
Num ambiente festivo e de grande criatividade, que transportará os participantes para o século XVIII, a celebração do Carnaval no Palácio Nacional de Queluz contará com um atelier de máscaras após o qual os participantes, acompanhados por personagens de época, serão envolvidos ativamente num momento de música e dança setecentista num dos antigos salões de festas do Palácio Nacional de Queluz.
- Destinatários: recomendado para famílias com crianças a partir dos 6 anos
- Duração: 2h00
- Tarifário: 9€/participante
- Requer inscrição e pagamento prévios (comercial@parquesdesintra.pt ou +351 21 923 73 00)
- Nota: a realização da atividade depende de um número mínimo de participantes


Anfíbios: A Vida Entre Dois Mundos
Sábado, 21 de fevereiro, 10h30, Parque da Pena
Sapos e rãs, tritões e salamandras são os pequenos animais que dão vida aos charcos e lagos do Parque da Pena. Este passeio é uma oportunidade para os conhecer, aprender a distingui-los, saber como vivem, o que os ameaça e também desmistificar as lendas associadas a este grupo de seres vivos.
- Destinatários: recomendado para famílias com crianças a partir dos 6 anos
- Duração: 2h30
- Tarifário: 8€/participante (não inclui entrada no Palácio Nacional da Pena e Chalet da Condessa d’Edla)
- Requer inscrição prévia (comercial@parquesdesintra.pt ou +351 21 923 73 00)
- Nota: a realização da sessão depende de um número mínimo de participantes. A visita poderá ser cancelada, caso as condições meteorológicas sejam adversas.


Jardins de Monserrate sem Barreiras
6ª feira, 27 de fevereiro, 10h30, Parque de Monserrate
Visita direcionada para pessoas com mobilidade condicionada que poderão percorrer os jardins com autonomia através de um equipamento que quebra a barreira da inclinação e facilita a mobilidade de cadeiras de rodas manuais. Contará com a exploração do Vale dos Fetos, Jardim do México, Roseiral, Relvado e Lagos.
- Destinatários: direcionada para visitantes com mobilidade condicionada
- Duração: 1h30
- Tarifário: 8,25€ (bilhete de entrada 3,25€ + suplemento de visita guiada 5€)
- Requer inscrição prévia: comercial@parquesdesintra.pt ou +351 21 923 73 00
- Nota: o visitante poderá trazer a sua própria cadeira de rodas ou utilizar a cadeira de rodas disponibilizada pela Parques de Sintra (sem custo acrescido). Aberto a acompanhantes. O equipamento de tração adapta-se à grande maioria das cadeiras de rodas. A visita poderá ser cancelada, caso as condições meteorológicas sejam adversas.


Património em Gestos – Parque e Palácio de Monserrate com Língua Gestual Portuguesa
Sábado, 28 de fevereiro, 10h30, Parque de Monserrate
Visita aos jardins e Palácio de Monserrate, com interpretação em Língua Gestual Portuguesa. A visita aos jardins, uma das mais belas criações paisagísticas do Romantismo em Portugal, que alberga mais de 3000 espécies de plantas de vários cantos do mundo, passa pelo Vale dos Fetos, Jardim do México, Roseiral e Relvado, terminando no Palácio de Monserrate.
- Destinatários: direcionada para visitantes surdos, mas aberta a todos os interessados
- Duração: 1h30
- Tarifário: 8,25€ (bilhete de entrada 3,25€ + suplemento de visita guiada 5€)
- Requer inscrição prévia (comercial@parquesdesintra.pt ou +351 21 923 73 00)

- Nota: Esta atividade conta com o apoio e a participação da APS – Associação Portuguesa de Surdos. Recomenda-se uso de calçado confortável e indumentária adequada às condições meteorológicas. A visita poderá ser cancelada, caso as condições meteorológicas sejam adversas, ou adaptada apenas ao interior do Palácio de Monserrate.


Sentir o Património - Descobrir o Parque de Monserrate através das Sensações
Sábado, 28 de fevereiro, 11h00, Parque de Monserrate
Por entre ruínas românticas e cascatas, o visitante descobrirá os Jardins de Monserrate através do tato, audição e olfato. Será possível tocar na água da cascata, perceber variações de temperatura, e conhecer várias espécies botânicas, sentindo texturas e odores exóticos. Em redor do Palácio de Monserrate será possível conhecer todos os materiais que constituem as fachadas.
- Destinatários: direcionada para visitantes cegos ou com baixa visão mas aberta a todos os interessados
- Duração: 1h30
- Tarifário: 8,25€ (bilhete de entrada 3,25€ + suplemento de visita guiada 5€)
- Esta atividade conta com o apoio e a participação da ACAPO - Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal. Recomenda-se uso de calçado confortável e indumentária adequada às condições meteorológicas. A visita poderá ser cancelada, caso as condições meteorológicas sejam adversas, ou adaptada apenas ao interior do Palácio de Monserrate.


Sessão de Horticultura Biológica
Sábado, 28 de fevereiro, 9h30, Quintinha de Monserrate
Formadora: Graça Ribeiro, especialista em Horticultura Biológica
A decorrerem na Quintinha de Monserrate, as sessões de horticultura destinam-se a todos os interessados em aprender sobre o cultivo das espécies hortícolas próprias de cada estação. Durante 6 meses, de outubro a março, uma vez por mês, serão feitas as sementeiras próprias do outono/inverno, em viveiro ou diretamente na terra. As sessões terão uma componente teórica de cerca de 1h a 1h30, seguida da sessão prática, nas hortas da Quintinha de Monserrate. Para além do cultivo, em todas as sessões será feita a manutenção da horta, com a prática de mondas, sachas, amontoas e, se necessário, algumas regas. Serão também avaliados os eventuais problemas nas culturas instaladas, e enumeradas as hipóteses para a sua solução.
A 5ª sessão do outono/inverno será dedicada à importância de diversificar a horta (sementeira de viveiros de algumas hortícolas de primavera/verão; sementeira de viveiro de alhos-porros; sementeira de viveiros de alfaces; propagação de aromáticas, por estaca; colocação de tutores nas ervilhas de debulhar).
- Destinatários: público interessado em adquirir conhecimentos em Horticultura no Modo de Produção Biológico
- Duração de cada sessão: 4h30
- Tarifário por sessão: 20€/participante
- Requer inscrição e pagamento prévios (comercial@parquesdesintra.pt ou +351 21 923 73 00)


O Tesouro do Rei
Sábado, 28 de fevereiro, 15h00, Palácio Nacional de Sintra
Nesta atividade, os participantes são desafiados a viajar no tempo, para descobrirem o que aconteceu ao tesouro do rei que vinha na nau D. Leonor, assaltada por piratas há quase quinhentos anos. De pista em pista, descobrir-se-á se o tesouro está escondido no Palácio Nacional de Sintra. Nesta aventura revela-se a História e conquista-se conhecimento.
- Destinatários: recomendado para famílias com crianças a partir dos 6 anos
- Duração: 1h30
- Tarifário: 9€/participante
- Requer inscrição prévia (comercial@parquesdesintra.pt ou +351 21 923 73 00)
- Nota: a realização da sessão depende de um número mínimo de participantes


Exposição 180 anos da morte de D. Pedro IV
Todos os dias, 09h00 – 17h00, Palácio Nacional de Queluz
Projeto museológico do Quarto D. Quixote, no âmbito dos 180 anos da morte de D. Pedro d’Alcântara de Bragança. O objetivo deste projeto museológico consistiu em estudar e valorizar o Quarto D. Quixote e os espaços adjacentes, bem como a figura de D. Pedro IV, através de uma nova museografia e de vários suportes interpretativos, com destaque para os digitais. Foram reunidas peças do Palácio Nacional de Queluz e protocolados empréstimos com outras instituições: Museu Nacional de Arte Antiga, Palácio Nacional da Ajuda, Museu Nacional dos Coches, Museu Militar de Lisboa e Museu Nacional Soares dos Reis. Estão expostas 48 peças, incluindo 15 pinturas e miniaturas, 15 objetos pessoais de D. Pedro IV e 9 peças de mobiliário.
- Tarifário: bilhete para o Palácio Nacional de Queluz
- Saber mais: www.dpedroiv.parquesdesintra.pt


Exposição - Melhores Imagens do BIO+Sintra
Todos os dias, 10h00 – 17h00, Info Parques de Sintra e Palácio de Monserrate
Exposição das imagens premiadas pelo júri na sessão de Verão dos Concursos de Fotografia “Captar Sintra – A Biodiversidade das estações”, promovidos no âmbito do projeto BIO+Sintra. No espaço Info Parques de Sintra é possível ver os três vencedores da última sessão dos concursos e as quatro menções honrosas atribuídas pelo júri. Adicionalmente, estão expostas no Palácio de Monserrate todas as imagens vencedoras do 1º ano do “Captar Sintra”.
- Tarifário: bilhete para o Palácio de Monserrate


Documentário “A Sinfonia”
Sábados e domingos, 15h30 – 16h30, Info Parques de Sintra
Documentário "A Sinfonia", produzido no âmbito do projeto BIO+Sintra, em exibição no espaço Info Parques de Sintra, todos os sábados e domingos, com entrada livre. O documentário apresenta dez importantes valores naturais, pela voz de biólogos especialistas, conduzidos por João Rodil, conhecido escritor e historiador local. Pretende-se tornar pessoal e emocional o envolvimento do espetador na salvaguarda do equilíbrio dos ecossistemas da Serra de Sintra.
- Legendado em inglês
- Gratuito
- Saber mais: www.youtube.com/user/lifebiomaissintra


Passeios a Cavalo e de Pónei
Todos os dias, Parque da Pena
Passeios a cavalo em que o visitante percorre, de uma forma diferente, os caminhos e trilhos do Parque da Pena. A duração dos passeios a cavalo pode variar entre os 30 e os 90 min., ou as 3h e as 6h. No programa mais longo existe a possibilidade de visitar outros polos sob gestão da Parques de Sintra e mesmo agendar um almoço em local a especificar. Todos os passeios são feitos mediante acompanhamento da tratadora dos cavalos, que guia os visitantes através do percurso.
A pensar nas crianças, a Parques de Sintra dispõe também de uma atividade que permite aos mais novos terem a sua primeira experiência a cavalo num pónei, treinado especialmente para o efeito e acompanhados sempre por um guia.
- Passeios a cavalo: 10€/30 min, 25€/90 min, 50€/3h, 100€/6h (acresce o bilhete de entrada no Parque da Pena)
- Passeios de pónei: 5€/15 min (acresce o bilhete de entrada no Parque da Pena)
- A realização do passeio depende das condições meteorológicas
- Saber mais: www.parquesdesintra.pt/experiencias-e-la…/passeios-a-cavalo/


Passeios de Charrete
Todos os dias, Parque da Pena
Os passeios de charrete no Parque da Pena proporcionam uma verdadeira viagem no tempo num percurso entre o Vale dos Lagos e o Chalet da Condessa d’Edla, passando pela Quinta da Pena e o Jardim da Condessa d’Edla. Este passeio pode ser livre ou acompanhado por um guia especializado. Conduz os visitantes à descoberta da história deste parque e dos seus criadores, das espécies botânicas e animais que surgem ao longo do percurso e dos edifícios históricos e recantos do jardim que se encontram no trajeto.
- O passeio pode incluir até 6 adultos ou 4 adultos e 4 crianças
- Duração: 1h
- Tarifário: 75€ (suplemento ao bilhete para o Parque da Pena)
- A realização da atividade depende das condições meteorológicas
- É necessário efetuar reserva prévia (comercial@parquesdesintra.pt ou +351 21 923 73 00)
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Exposição “Vitrais e Vidros: Um Gosto de D. Fernando II”
Todos os dias, Palácio Nacional da Pena
Exposição de um notável conjunto de vitrais dos séculos XIV a XIX, no qual se insere o mais antigo vitral conhecido em Portugal. Inclui também elementos da coleção de vidros do Palácio da Pena, uma das mais representativas coleções da história do vidro europeu existente no nosso país. Recentemente, passou também a englobar algumas peças que pertenceram à coleção de vidros do rei D. Fernando II e que são das reservas do Museu Nacional de Arte Antiga.
- Tarifário: bilhete para o Palácio Nacional da Pena

- Saber mais: www.parquesdesintra.pt/…/exposicao-vitrais-e-vidros-um-gos…/


 
 


Perguntas de Fernando Morais Gomes
- o caso de Barto
 

O Fernando Morais Gomes coloca questões da maior pertinência. Tanto ele como outros amigos em que me incluo, de tão envolvidos que estamos nalguns dos assuntos inerentes às perguntas, não podemos estar mais interessados nas respostas a que a Câmara Municipal de Sintra não pode furtar-se em 2015.
 
São 10 perguntas. Não acrescentaria mais uma mas, na formulação de alguma destas interrogações do Presidente da Alagamares Cultura , permitir-me-ia introduzir o caso da Colecção Bartolomeu Cid dos santos que, continuo insistindo, será uma extraordinária mais-valia para Sintra.

Lembremos que a cedência do espólio do grande artista, gravador da maior reputação mundial, foi objecto de Protocolo em 2013 o qual, há largos meses, está em vias de reformulação no sentido de sofisticar a protecção dos interesses das partes. Os juristas já se terão pronunciado pelo que estaremos em vias de conhecer decisões.

Estou certo de que, entre as várias opções em perspectiva, se encontrará o melhor local para acolher a obra e o centro de investigação que Barto, meu querido e saudoso amigo, vai deixar a Sintra. A quem desconhece, cumpre esclarecer que o gabarito artístico de Bartolomeu Cid dos Santos é perfeitamente abrangente na sua área de incidência e de aplicação, análogo ao de Paula Rego, de quem, aliás, foi amigo íntimo cá e em Londres.

Se, por desígnio da autarquia, Paula Rego «está» em Cascais, então Barto, pela relação que manteve com Sintra, tem razões acrescidas para «ficar» entre nós como, aliás, estabeleceu o referido Protocolo. Assim saiba Sintra estar à altura de privilégio tão especial.
 
 
 

Sintra,
Portela - Estefânea,
ponte metálica


[facebook, 04.01.2015]

Quando poderemos contar com a reposição da ponte metálica pedonal que permite o acesso expedito entre a Portela e a Estefânea? Durante os dias úteis, nos horários de trabalho, os transtornos não podem ser maiores. À noite, também tudo está comprometido porque não pode funcionar o parque de estacionamento adjacente ao edifício do Departamento do Urbanismo para efeito de alívio da procura dos utentes do Centro Cultural Olga Cadaval.
...
Tanto quanto se sabe a ponte está pronta para instalar. Parece que um sério diferendo opõe a Câmara Municipal de Sintra aos proprietários do terreno onde assentam as bases do referido equipamento. Há uns meses que ouvimos promessas e mais promessas acerca da devolução da estrutura à população tão prejudicada pela situação.

Mais recentemente, o Senhor Vereador Luís Patrício, com o pelouro da mobilidade urbana, em diálogo com Fernando Cunha Cunha, Vogal da União das Freguesia de Sintra, afirmava que o assunto ia ser mesmo despachado favoravelmente aos cidadãos, 'a bem ou a mal'... Naturalmente, quando tive conhecimento deste propósito do Senhor Vereador, fiquei muito bem impressionado porquanto a defesa dos interesses da comunidade só pode prevalecer sobre o de particulares.

Outras intenções

A Câmara está investida da autoridade democrática para o efeito. Vai sendo tempo de nos dar satisfações sobre o que está acontecer. É a resolução cabal e atempada de questões como a da recolocação da ponte sobre a linha férrea entre os dois bairros mais importantes da sede do concelho, que nos pode dar preciosas indicações quanto à capacidade de gestão da autarquia.

De boas intenções, como diz «o outro», está o inferno cheio... Da autoria do mesmo Senhor Vereador, lemos as suas intenções sobre o 'Quarteirão das Artes'. A verdade é que, até agora, na zona pedonal da Estefânea, que coincide com o tal quarteirão, ou seja, AV. Heliodoro salgado e Rua Cap. Mário Alberto Soares Pimentel - esta última com o pavimento perigosíssimo, ainda pior que o da precedente - nem um centímetro foi requalificado.
  
Também anunciou o projecto de instalação do teleférico, cuja manifesta controvérsia - se bem que, a breve trecho, pressuponha o maior envolvimento dos cidadãos sintrenses, em geral, e das suas associações cívicas em particular - de certeza absoluta, não nos vai distrair das matérias que, há meses e anos, estão por resolver.

O Senhor Vereador Luís Patrício sabe o apreço que por ele nutro. É por isso que, na justa medida das minhas limitadas possibilidades, e no respeito que lhe devo como autarca eleito, que não permitirei me decepcione e, se puder, evitando o seu incurso em erros previsíveis. Não tenha a mais pequena dúvida de que, no comum amor a Sintra, não posso estar mais ao seu lado, apesar de me bater por soluções que, diferentes das propostas por si, parece melhor defenderem os interesses da comunidade. Graças a Deus, nesta luta, sinto-me muito, muito bem acompanhado.


 


T. S. Elliot,
morte em 4 de Janeiro de 1965 (n. 1888)



[facebook, 04.01.2015]


Foi pelos meus dezassete anos, em 1965, no primeiro ano da Faculdade. Aluno de Teoria da Literatura, a cargo de Joaquim Fernandes Tomás Monteiro Grilo (poeta Tomaz Kim), por ele fui iniciado em T. S. Elliot, falecido naquele ano, nomeadamente, em "The Four Quartets", indubitavelmente, uma das peças mais geniais alguma vez escrita, longa reflexão acerca do Tempo, estruturada à volta das quatro estações e dos quatro elementos.

Relendo "Outras Canções" de Luís Filipe Castro Mendes – diplomata, excelente poeta, que tive o gosto de conhecer pessoalmente num círculo de amigos e colegas, entre os quais a sua mulher, Margarida Lages, e o saudoso Eduardo Prado Coelho – voltei a deparar com um pema cujo título, "Every Poem is an Epitaph", que passo a transcrever:

Desfiz meu corpo nas vivas marés
que os versos me traziam. Solidão
mil vezes retomada, sombra e pó,
palavras que nos doem mais de perto:
tudo desfez meu corpo e neste mar
um navegante encontra o seu deserto.


Pois bem, aquele título é extraído de 'Little Gidding', última parte, precisamente, da referida obra de Elliot.

Deixem que vos cite [para mais fácil reconhecimento, grafei em maiúsculas as palavras respectivas]:

“(…) And every phrase
And sentence that is right (where every word is at home
Taking its place to support the others
The word neither diffident nor ostentatious
An easy commerce of the old and the new
The common word exact without vulgarity
The formal word precise but not pedantic
The complete consort dancing together)
Every phrase and every sentence is an end and a beginning
EVERY POEM IS AN EPITAPHE. And any action
Is a step to the block, to the fire, down the sea's throat
Or to an illegible stone: and that is where we start
We die with the dying:
See, they depart, and we go with them
We are born with the dead:
See, they return, and bring us with them
The moment of the rose and the moment of the yew-tree
Are of equal duration. A people without history
Is not redeemed from time, for history is a pattern
Of timeless moments
(…)”


T. S. Elliot & Beethoven

Em 1931, depois de escutar uma gravação do "Quarteto para Cordas em Lá menor", op. 132 de Beethoven, Elliot escreveu uma carta a um amigo, o poeta Stephen Spender, em que considerava esta peça do compositor “quite inexhaustible to study.” É o único dos últimos quartetos de Beethoven que tem a estrutura de cinco andamentos do poema. Elliot continuava: “There is a sort of heavenly, or at least more than human, gaiety about some of his later things which one imagines might come to oneself as the fruits of reconciliation and relief after immense suffering; I should like to get something of that into verse before I die.”

Quem duvida de que tenha conseguido? Esta, entre muitas, apenas uma das articulações entre Literatura e Música suscitada pela efeméride. Dois poetas, dois poemas, um compositor, uma peça de câmara, na malha interminável de conotações. Naturalmente, para as conjecturar, preciso é conhecê-las. Neste como em tantos domínios, a bem prosaica ideia de que não se fazem omeletes sem ovos...


Não poderia deixar de rematar com o op. 132 de Beethoven que, para vosso gáudio, vos apresento numa interpreatação fabulosa do Végh Quartet, com Sándor Végh, primeiro violino, Sándor Zöldy, segundo violino, Georges Janzer, viola e Paul Szabo, violoncelo. Coloco esta leitura perfeitamente ao nível da do Quarteto Borodin.

Eis a estrutura da obra, com indicação dos tempos na mudança de andamento:

I. Assai sostenuto — Allegro
II. Allegro ma non tanto (08:53)
III. "Heiliger Dankgesang eines Genesenen (17:45)
an die Gottheit, in der lydischen Tonart"
Molto adagio — Neue Kraft fühlend. Andante —
Molto adagio — Andante--Molto adagio.
Mit innigster Empfindung
IV. Alla Marcia, assai vivace (attacca) (32:14)
V. Allegro appassionato - Presto (34:32)



Boa audição!


http://youtu.be/NjXi4mwCGhc

 
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Gulbenkian, Grande Auditório
4 de Janeiro, 19.00 horas


[facebook, 04.01.2015]

 
Hoje, o primeiro de uma série de três recitais no Grande Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian em que András Schiff interpretará as três últimas sonatas para piano de Haydn, Beethoven, Mozart e Schubert. Esta tarde, pela ordem anterior dos compositores, interpretará a Sonata No. 60, em Dó Maior, Hob.XVI-50, de JH, Sonata No. 30, em Mi Maior, op.109, de LvB, Sonata No. 16, em Dó Maior, KV. 545 de WAM e Sonata em Dó menor, D. 958 de FS.

Consegui encontrar, exactamente pelo mesmo intérprete, as peças que hoje partilhará connosco em Lisboa. Ouviremos os primeiros andamentos das duas primeiras peças, portanto, de Haydn e de Beethoven, o terceiro da de Mozart e a peça completa de Franz Schubert. Sem qualquer ponta de presunção, não tenho a menor dúvida de vos proporcionar belíssimos momentos musicais.


PS: Em Janeiro e Fevereiro, não só em Lisboa mas também em Salzburg, terei oportunidade de assistir a outros recitais e concertos de András Schiff. Em especial, durante a Mozartwoche, tal como em anos anteriores, no contexto dos meus apontamentos diários, não deixarei de me referir à sua presença na Grosse Saal do Mozarteum onde sempre é acolhido com o maior carinho.

Boa Audição!

http://youtu.be/17Yiytvsg0E [Haydn]
http://youtu.be/LXF1Rvc0XnM [Beethoven]
http://youtu.be/HkcTkE91sC8?list=PLC8E48ADF2FB63B84 [Mozart]
http://youtu.be/RCNv78KWxmo [Schubert]


 


Efeméride mozartiana
3 de Janeiro de 1788
 
[facebook, 03.01.2015]
 
No seu catálogo pessoal, Mozart escreve: "em 3 de Janeiro de 1788, um Allegro e Andante para Piano solo". Trata-se da sua Sonata para Piano No. 15, em Fá Maior KV. 533, cujo primeiro andamento hoje vos proponho na interpretação de András Schiff.
 
Lembro que o pianista, um mozartiano de primeira água distinguido pelo Mozarteum com a sua Medalha de Ouro, estará amanhã na Gulbenkian para o primeiro de um ciclo de 3 recitais em que interpr...etará as últimas sonatas de Mozart, Beethoven, Haydn e Schubert.
 
 
 
 
 

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015


Sintra,
Hotel Central
- quem explica?


Eis o texto que a Canaferrim - Associação Cívica e Cultural publicou acerca do caso da fachada do Hotel Central.

Aproveito a oportunidade para que, com o maior destaque, cumprimente e felicite a Alagamares Cultura pela iniciativa de denúncia, cujo desenlace de embargo por parte da CMS, a todos muito nos anima.


Hotel Central,
- quem explica?


Em pleno centro histórico de Sintra, a fachada do Hotel Central é um segmento integrante e fundamental para a leitura e entendime...nto do Terreiro Rainha D. Amélia, a praça onde está implantado o Palácio Nacional de Sintra, uma das mais notáveis peças do património português.

Naturalmente, o enquadramento de uma unidade hoteleira com as características daquela, em local tão nobre e sofisticado, é um privilégio que, da parte do proprietário, pressupõe a aceitação de normas de procedimento relativas à utilização do espaço, que estão bem definidas em termos nacionais e internacionais.

Em qualquer contexto civilizado, seria inconcebível que tal pessoa, desde que minimamente informada e esclarecida, se atrevesse sequer a solicitar licença para ali montar uma esplanada fechada, sustentada numa pesada estrutura metálica com as características do caso vertente. Enfim, não em Sintra, cuja autarquia terá acolhido um pedido nesse sentido e autorizado a obra.
Se pressuponho tal procedimento é porque considero inimaginável que o dono do Hotel Central tivesse actuado ‘motu proprio’, como não faria em sua casa se pretendesse fechar uma varanda, obra que carece de licença… Todavia, em Sintra, habituados que estamos a confrontar-nos com inadmissíveis factos consumados, tudo é possível…

Reparem que a descarecterização da fachada é apenas um dos factores de análise do evento. Está em causa não só a peça que a fachada é, superfície azulejar dotada de singulares marcas de identidade, mas também, isso sim, o conjunto em que se integra. Ou seja, ter decidido alterar uma parte resultou na alteração do todo.

Uma nobre praça funciona como uma unidade inviolável. Quem não aprendeu e desconhece que assim é e, portanto, não tem esta perspectiva, pura e simplesmente não deveria assumir as funções técnicas em que está investido. Refiro-me ao perfil técnico, dos pareceres, conselhos e opiniões que estão a montante da decisão porque, competindo esta ao político, cumpre que se defenda para que não incorra em erros grosseiros que, ao fim e ao cabo, a instância técnica pode e deve obviar.

Muito bem actuou a Alagamares, através de protesto apresentado à Câmara Municipal de Sintra e à Comissão Nacional da Unesco, atitude em que contou com o aplauso da Canaferrim, Associação Cívica e Cultural. Perante os protestos gerais e a repercussão na imprensa, nomeadamente, no jornal ‘Público’, a autarquia emendou a mão, é verdade, mas os cidadãos - que não podem deixar de manifestar agrado por tão rápida actuação da Câmara depois do erro inicial – ainda têm direito a perceber como foi isto possível.