[sempre de acordo com a antiga ortografia]

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008


Lembrete
Ainda se lembram de que, até há poucos dias, aparentemente de pedra e cal, assegurava a pasta da Cultura do actual Governo, uma senhora de sobrenome Pires de Lima, vinda do Porto, para nos tratar dos problemas de um sector cujo peso no Orçamento Geral do Estado não chega a atingir 1% do PIB?

Pois, provavelmente terão uma pálida ideia de quem seja ou, então, já se esqueceram. Na realidade, salvo raríssimas excepções, sejam quais forem as consequências das suas atitudes, durante a passagem pelos lugares da decisão política, os governantes têm um poder tão fugaz e efémero que, mal se afastam, estão condenados ao imediato esquecimento.

No entanto, pelo menos no meu caso, esta senhora Pires de Lima - que nunca deveria ter saído do anónimo lugar onde agora terá regressado, para seu e nosso sossego – vai perdurar no meu arquivo da memória por mais uns tempos. A partir deste momento, e, por esta via, venho acicatar-lhes as desagradáveis lembranças de uma ministerial actuação que, na generalidade dos casos, foi de lesa cultura. Tenham paciência, mas estes desgostos devem ser partilhados já que todos fomos alvo do desconcerto…

Assim, de repente, mesmo sem consultar apontamentos, ocorrem-me os seguintes casos de controversos afastamentos de responsáveis que estavam dando excelente conta do recado que era a sua incumbência: António Lagarto, Director do Teatro Nacional D. Maria II; Paolo Pinamonte, Director do Teatro Nacional de São Carlos; Dalila Rodrigues, Directora do Museu Nacional de Arte Antiga.
Depois de tais afastamentos e subsequentes substituições, em nenhum dos casos, melhorou a situação. Pelo contrário. O que se passa actualmente no São Carlos é o absoluto descalabro com uma temporada que já está a dar que falar pelas piores razões. No entanto, se bem se lembram, também foi esta senhora Pires de Lima que, no golpe mais incompetente da sua desastrada actuação, acabou com a Festa da Música, acolitada por um Mega Ferreira, sempre à mão para salvar seja que situação for…

Entre muitas outras, lembraria apenas mais três polémicas, às quais deixa ligado o nome. Trata-se das ausências da ministerial figura das homenagens a Miguel Torga e a José Saramago e do funeral de Maria Helena de Sá e Costa, talvez a mais insigne pianista portuguesa de todos os tempos. Isto é o que me ocorre, repito, sem consultar papéis. Em tão pouco tempo de governação(!?!) é obra!

Torga, Saramago, Maria Helena de Sá e Costa serão nomes perenes para a História das Letras, da Música, da Arte deste país. Da tal senhora Pires de Lima, que o Primeiro Ministro quis ter ao lado na pasta da Cultura - dando prova de um altamente questionável critério de escolha - talvez a história, com agá pequeno, possa vir a registar uma linha, mas sempre pelas piores razões.

PS:

Mesmo assim, convém não esquecer…

2 comentários:

Anónimo disse...

Caro Dr. Cachado,

Desculpe mas desta vez não concordo consigo. O senhor já se esqueceu do governo do Dr. Santana Lopes?

Cumprimentos da

Rosário Peres

Sintra do avesso disse...

Sra. D. Rosário Peres,

Fico sem perceber a que se refere a sua discordância. É que, se bem reparou, eu escrevi umas linhas acerca da ex-ministra Pires de Lima e a senhora responde-me com um comentário que remete para o governo Santana Lopes...

Faça o favor de dar a entender se pretende comparar a Pires de Lima com a Bustorff ou se é coisa mais geral que ultrapasse a pasta da Cultura...

E não deixe de fazer o seu humor. Esta ministeriável gente é tão ridícula que lhe deve pagar com a mesma moeda.

Muito obrigado pela continuação do seu interesse no sintradoavesso.

Cumprimentos do

João Cachado