[sempre de acordo com a antiga ortografia]

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Cascais e Sintra,
Complementares ou rivais



(Conclusão)

Os festivais de música

A governabilidade, a gestão de proximidade, a actuação dos decisores em tempo útil são factores determinantes da qualidade de vida que acabam por se traduzir em determinados produtos como, por exemplo, os festivais de música. A verdade é que o Festival do Estoril, com as suas conferências, tertúlias, as tradicionais master classes, os concursos de jovens intérpretes e, inegavelmente, no quadro de uma programação de irrepreensível coerência da responsabilidade de Piñeiro Nagy, apresenta salas cheias ou quase totalmente lotadas.

Num pequeno parêntesis poderia referir outros festivais nacionais. Póvoa de Varzim, excepcional, um sucesso absoluto sob a batuta de Rui Vieira Nery. Ou Óbidos que já é o mais sério caso dos festivais nacionais com componente pianística onde, há anos, se conta com a assídua presença de Vitaly Margulis e Paul Badura-Skoda, na sua qualidade de lendários intérpretes e de grandes pedagogos.

Sintomático, não é?... E, enfim, ainda continuando no parêntesis, importaria referir, para quem não está por dentro da realidade da vida musical, que os verdadeiros melómanos constituem um público, realmente muito restrito, sempre a mesma gente, que vai a todas… Vai à Gulbenkian, a São Carlos, à Culturgest, ao CCB, à Casa da Música, aos festivais nacionais e a alguns internacionais. E ninguém se queixa de falta de público quando a qualidade e a divulgação são inequivocamente capazes.
Há que conquistar novos públicos, é verdade, mas é preciso ter muito cuidado para não misturar alhos com bugalhos.

Há dezenas de anos, autarquias como Cascais e Sintra jogam no fomento de produtos culturais sofisticados como são os festivais de música, umas vezes com mais sucesso do que noutras. É natural que assim seja e que, portanto, se façam as avaliações indispensáveis. Tal como considero que Sintra e Cascais são concelhos complementares e interdependentes, também me parece que, ao nível da oferta específica dos respectivos festivais de música, tudo se ganharia numa estratégia de complementaridade e mesmo de interdependência.

Mas, no particular caso de Sintra, não estou nada, absolutamente nada convencido de que algum responsável tenha a coragem de fazer um tal percurso...

1 comentário:

Anónimo disse...

Rivais!