[sempre de acordo com a antiga ortografia]

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Os emergentes da
Praia Pequena
*

Com natural espanto, só nos últimos dias me apercebi de que, na Praia Pequena, já é permitido estacionar o carro próprio junto do areal. Embora inacreditável, é tão verdade que, a comprová-lo, no passado fim de semana, lá estavam vários automóveis, a poucos metros dos refastelados proprietários.

Até há pouco tempo, aquela era uma cena impossível. Para todos os efeitos, o acesso não era autorizado, e reforçando a interdição, ao cimo da rampa, uma forte corrente entre dois pilares dissuadia qualquer condutor mais expedito ou habilidoso. Mas a irresponsabilidade e o regime de impunidade que os prevaricadores sentem existir, autorizaram a condenável remoção do referido dispositivo de vedação e, portanto, abrindo a porta para ir até lá abaixo, parquear e voltar, com muitos cães atrás, mais os respectivos acessórios e pertences.

As arribas são instáveis? Há probabilidade de desmoronamento? Parece que sim pois, se assim não fosse, não teriam sido colocados cartazes alertando quanto a essa possibilidade. De qualquer modo, lá continua a placa de trânsito proibido e, bem explícita, a mensagem que exceptua os veículos de emergência. Ignorando o perigo a que sujeitam pessoas e bens, um punhado de emergentes cidadãos faz o que lhe dá na real gana.

Opinam alguns que o facto de se tratar de uma praia sem vigilância poderá induzir tais comportamentos. Contudo, como conjugar este tipo de actuação, sem qualquer controlo nem sanção por parte das autoridades, com a recente requalificação da plataforma sobranceira ao oceano, através da instalação de vedações, resguardos com assentos, tudo em boa madeira e em perfeita adequação com o usufruto do fabuloso panorama que dali se alcança?

De que vale requalificar se, posteriormente, se autoriza a prática de tanta falta de civismo? Na verdade, é outro manifesto da tão perniciosa e indisfarçável cultura de desleixo, ou seja, e tão somente, mais uma questão de autoridade por resolver.

*Publicado JS, 31.07.09

2 comentários:

Artur Sá disse...

Caro Dr. Cachado,

Só posso dizer que admiro a sua paciência. O que o escreve ontem e hoje acerca do mesmo lugar é contra esta gente manhosa e ordinária que são os emergentes, cheios de dinheiro (ainda noutro dia vi ao fundo dessa rampa vários bons jeeps e um Porsh Cayenne). Mas as autoridades que não atuam e os funcionários e vereadores da CMS que estão por trás da berraria fazem parte do mesmo grupo pois estão uns para os outros.
Por isso admiro a sua paciência. Não há nada a fazer. Eles dão-se bem uns com os outros, estão nas tintas uns para os outros e o Dr. Cachado a maçar-se. Já tenho aqui escrito que gosto muito de ler as suas coisas mas duvido muito das consequências. Até os velhos ditados deixaram de funcionar porque caso contrário «água mole em pedra dura tanto dá até qure fura» já tinha resultado.
Um abraço com muita admiração do
Artur Sá

Paulo Rosado disse...

Como diz Artur Sá é gente ordinária. E pegando nas palavras do texto devem ser uns suburbanos desgraçados que não sabem separar o bem estar do stress e portanto vivem muito bem com a gritaria na praia porque estão habituados a isso nas suas vidas diárias. Eu que não gosto de gritaria vou para uma praia muito rural onde até vão pessoas de tractor.
Paulo Rosado