[sempre de acordo com a antiga ortografia]

quinta-feira, 11 de março de 2010


Correio de Sintra,
auspicioso primeiro número


Desde já me sinto obrigado a confessar um conflito de interesse. Ao escrever sobre este novo órgão da imprensa local e, simultaneamente, chamando a atenção para a necessidade da sua leitura, não posso deixar de informar que sou seu colaborador e, com imenso gosto, desde o primeiro número* que veio a público no dia 1 deste mês.

O noticiário concelhio, não mais opinativo do que deve, é muito interessante, verdadeiramente notável, em quantidade e qualidade, abrangendo um diversificado leque de interesses e cobrindo áreas tão distintas como a cultura, economia, ambiente, saúde, desporto e outras, não deixando de acolher a expressão das várias vozes partidárias, num saudável e equilibrado convívio.

Entre muitos outros factores de franco agrado, salientarei um pela raridade, nada despicienda, nos tempos que correm. Pois fiquem sabendo que, de facto, no Correio de Sintra, não se nota jeitinho algum ao poder local. Sabe muito bem folhear este jornal e não deparar – coisa bem corriqueira aí pela vizinhança – com prosa mais ou menos declaradamente laudatória, sub-reptícia mas veneradora e obrigada quanto baste, dos executivos da Câmara ou das freguesias.

Como sabem, a independenciazinha de um jornal é algo verdadeiramente precioso. O que eu mais quero para este Correio de Sintra é que a saiba preservar, mesmo que falte a espalda da publicidade dita institucional. Manda a dignidade que não se resvale para terrenos que até podem ser muito cómodos mas, na verdade, de evitar e de fugir como o diabo da Cruz…

Longa vida ao Correio de Sintra! As primeiras semanas são absolutamente cruciais para se aquilatar da credibilidade alicerçada na confiança que nele depositam os leitores e anunciantes, deste enorme e tão compósito concelho de Sintra, de quem depende, em última instância, a viabilização do projecto. Os mais sinceros parabéns aos seus mentores, os jornalistas Joaquim Reis e Luís Galrão.

PS:

Ainda a propósito, uma nota mais pessoal, para afirmar que, depois da minha recusa na continuidade da colaboração com a actual direcção do saudoso Jornal de Sintra, subsequente ao lamentável episódio que envolveu os tratos de polé sofridos por um texto da autoria do meu amigo Fernando Castelo, nada me poderia dar maior alegria do que este regresso ao papel, à possibilidade do especial contacto com os leitores que um jornal propicia.

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*Festival de Sintra, pág. 28 , Correio de Sintra, 1 de Março de 2010


11 comentários:

Anónimo disse...

Que bom é o seu regresso ao papel. Só lia o Jornal de Sintra por causa dos seus textos e dos de Fernando Castelo.
Gostei bastante do Correio de Sintra.
Sentia falta de um tipo de informação que só por vezes e em muito pouca quantidade via no Jornal da Região. Que agora tem concorrência a sério. Só é pena ser quinzenal e não semanal...Também falta, a meu ver, uma rubrica onde se desse voz às preocupações e questões dos leitores a respeito de Sintra, com recurso ou não a imagens, e que fossem respondidas por alguém responsável na Câmara Municipal de Sintra ou se tal não fosse possível, explicar o que ele (leitor) devia fazer e a quem de direito deveria recorrer para ver respondida e/ou resolvida a sua questão...

Anónimo disse...

Caro Dr. João Cachado,

Noto, no P.S., mais uma referência ao episódio ocorrido em Setembro de 2009 e que envolveu o Jornal de Sintra, o seu amigo Fernando Castelo e você mesmo, ao tomar as dores do Sr. Castelo.

Tenho lido no seu blog várias referências e comentários depreciativos do Jornal de Sintra, da sua Directora e administradora, Dra. Idalina Grácio.

Sinto que não devo calar duas referências que acho pertinentes e merecem ser partilhadas por quem acompanha este blog.

A primeira, relativamente à Dra. Idalina Grácio (sem dela ter procuração, apenas no intuito de recordar aos que esqueceram e informar os que não sabem), que, se não fora ela, há muito não havia Jornal de Sintra.
De facto, quando há alguns anos a Dra. Idalina assumiu a gestão da empresa que suporta o Jornal de Sintra encontrou uma situação desastrosa (economica e financeira),que só com grande pertinácia, sacrifício pessoal e material foi possível ultrapassar.

A segunda referência, para mim a mais importante, serve-me para manifestar estranheza pelo facto de nem o Dr. Cachado, nem o Sr. Castelo, nem nenhum dos comentadores habituais se ter dignado divulgar neste espaço a decisão da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) relativamente à queixa contra o Jornal de Sintra, apresentada em Setembro p.p. pelo Sr. Castelo.
Certamente nenhum dos senhores teve acesso ao teor dessa decisão e seus fundamentos, pois, se o tivessem, fariam a sua divulgação e colocariam ponto final no assunto.
É que, segundo sei, a ERC decidiu arquivar o processo dado que o queixoso autorizara préviamente que o texto fosse publicado com cortes e alterações do original, o que, segundo a mesma ERC, anulou a invocação do "crime" de violação da liberdade de expressão.


JAIME CORVO / Colares

Vera Castro disse...

Tal como o comentário anterior também me parece que era bom ser semanário. Gostei muito. Parabens à equipa.
Vera Castro

Sintra do avesso disse...

Sr. Jaime Corvo,

O senhor tem direito à opinião que bem entender. E eu também. Já a manifestei, já a defendi e não retiro uma palavra sequer.

Ninguém mais do que eu poderá lamentar que, por um inequívoco imperativo de dignidade, me tenha visto na circunstância de terminar uma colaboração que começou ainda no tempo em que o fundador, Sr. António Medina, era director do jornal, colaboração que prosseguiu com todos os directores subsequentes.

Fui assíduo, assinei centenas de páginas daquele semanário, entre crónicas, artigos de opinião, crítica musical, etc. Apesar de, muito frequentemente, ter proposto a publicação de matérias controversas, polémicas e contundentes, nunca tive o menor problema com os responsáveis antecedentes da actual administradora e directora. Com ela, passei a ter, como foi evidente e manifesto.

De facto, o episódio nos termos do qual o Sr. Cravo refere que tomei as dores do meu amigo Fernando Castelo - é verdade que o fiz e muito honrado me sinto por ele e por mim - apenas rematou uma série de atitudes que atingiram o meu limite de encaixe. Aliás, se acompanha os meus escritos, lembrar-se-á perfeitamente de um diferendo público, nas páginas do próprio semanário, que me opôs à actual directora do Jornal de Sintra, aquando da reabertura do Hotel de Seteais. Leia ou releia a matéria e entenderá a distância que acabaria por evoluir e consumar-se em ruptura inevitável.

Para mim, o Jornal de Sintra é uma saudade. Tenho saudades do Jornal de Sintra do Sr. Medina, do Jornal de Sintra da minha querida Maria Almira, do Jornal de Sintra do Rogério Carapinha ou do Luís Miguel Baptista, gente com quem sempre me entendi num mútuo respeito que recordo com o maior carinho. Por isso mesmo, o designo como «saudoso».

Finalmente, Sr. Cravo, queira considerar, como eu também faço, que com esta minha réplica, está o assunto definitivamente encerrado.

João Cachado

António Fernandes disse...

Caro Dr. João Cachado,
Várias coisas: O Correio de Sintra agradou-me bastante. Sou de Belas e li com atenção o artigo do director Joaquim Reis sobre o advogado que abandonou as famílias das vítimas das cheias de 2008 e julgo que é muito exemplar do jornalismo que o Correio de Sintra deve fazer e que não se vê no Jornal da Região. Sobre este assunto concordo consigo completamente com o que escreveu no seu blogue há uns dias.
Outro assunto. Também li no Correio de Sintra o seu artigo acerca do Festival de Sintra. Tenho acompanhado especialmente o assunto e as suas posições nos últimos tempos. O Festival de Sintra merece continuar livre daquelas porcarias que o transformaram numa coisa cada vez mais sem interesse. Sei do que escrevo porque frequento há bastantes anos.
Por fim quanto ao comentário do Sr. Corvo de Colares, pode continuar a defender a directora do Jornal de Sintra porque é a mesma coisa que alimentar um moribundo com uma sonda. Portanto, parabens para o Correio de Sintra e obrigado por poder dar esta opinião no seu blogue.
A. Fernandes

Fernando Castelo disse...

Meu caro João Cachado,

Sei que é um abuso meu, mas face a um comentário subscrito por Jaime Corvo, gostaria de poder prestar aqui um pequeno esclarecimento, que desde já agradeço.

Jaime Corvo parece tentar chamar de novo à ribalta um assunto que teve o seu tempo, pese a gravidade de que se revestiu. Não por aí que irei pegar nele, preferindo outros temas bem graves que podem influenciar negativamente a sociedade sintrense e o seu desenvolvimento histórico e cultural.

Gostaria, então, de poder contar com Jaime Corvo para - em conjunto - visitarmos as obras que escandalosamente estão a decorrer em Vale dos Anjos, permitindo-lhe formar uma opinião mais ajustada a todo o processo, por um lado vendo as obras numa zona protegida e, por outro, o processo escrito, nomeadamente um aparente código de conduta de cuja aplicação resultou o corte de frases indispensáveis.

Fico inteiramente disponível.

Ao mesmo tempo, recomendo vivamente a quantos aqui acompanham as opiniões que vão até Seteais e subem até cerca de 100 metros a Azinhaga do Vale dos Anjos e vejam - como ainda hoje constatei - os atropelos feitos naquele espaço pedonal, já que a edificação atingiu o espaço dantes ocupado pelo muro centenário.

Ainda assim, para ajudar ao esclarecimento de Jaime Corvo, segue o comentário que aqui escrevi em 19 de Fevereiro sobre um artigo de 18 do mesmo mês, que tem o título "Sócrates da corda bamba".

Segue:

"Não tinha intenção de voltar a abordar o tema dos "Mistérios da Dedicação", não fosse o facto da leitora deste blogue, de seu nome Margarida, ter feito uma ligeira alusão.

Chegado a esta fase da minha vida, que já começa a ser longa, julgava ter visto um pouco de tudo, mas não...ainda vou no mundo das coincidências e, por vezes, das ingenuidades.

Li em tempos no “Notícias de Viseu” que o “Dr. José Paulo Correia de Matos, representante da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (E.R.C), considerou a liberdade de imprensa como a mãe de todas as liberdades”. É licenciado em Direito.

Ora, foi precisamente o mesmo Dr. José Paulo Correia de Matos que concordou com o Despacho que não me deu razão em recente polémica, suportado em linhas gerais no facto de eu ter aceite as regras previamente impostas por um jornal. Que ingenuidade a minha!!!

Nem uma palavra consta do Despacho sobre a bondade das regras "sine qua non" para a publicação e sua limitação à liberdade de expressão.

Em síntese, alterar títulos,eliminar frases para adaptação ao novo texto, introduzir outras palavras, não constituem qualquer orfandade na liberdade de expressão.

Pode dizer-se, então, que foi um verdadeiro caso de "Dedicação à LIBERDADE"...

19/02/10 08:27"

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Penso que se podem retirar as devidas e suficientes ilacções.

Rui Jorge disse...

O que interessa é dar os parabens ao "Correio de Sintra". Muito bom trabalho e, se continuarem a manter a qualidade pode ser um sucesso. Os responsáveis são jovens mas sei que são bons jornalistas da Lusa e do Diário de Notícias.
Quanto ao "Jornal de Sintra" já se disse tudo portanto não vale a pena bater no moribundo que está a ser alimentado à sonda (como escreveu António Fernandes no seu comentário e eu acrescento: alimentado pela sonda da Câmara de Sintra...)

Rui Jorge

Pais disse...

Também venho dar os parabens a Joaquim Reis e Luís Galrão. O «Correio de Sintra» estava a fazer falta. É muito mais profundo que o «Jornal da Região» na abordagem dos problemas. Em relação ao «Jornal de Sintra» o melhor é nem falar...

Pais

Anónimo disse...

Caro Dr. Cachado,
Fique com a sua douta opinião, mas faça o favor de me devolver o apelido de família que o sr. deturpou, por duas vezes, na réplica ao meu comentário (facto que já aconteceu num episódio anterior, com mais de 1 ano).

Sr. Castelo,
Acompanho há muitos meses os seus comentários sobre o tal prédio e agradeço o convite para a visita guiada.
Surpreende-me que as suas repetidas denúncias de ilegalidades e os apoios à sua posição expressos em vários comentários ainda não tenham surtido o efeito pretendido.
Decerto que a minha ida ao local (que conheço) nada vai resolver, pelo que declino o seu amável convite.
Faço votos para que afine a sua pontaria e use uma estratégia mais eficaz para que seja reposta a legalidade.

JAIME CORVO / Colares

Anónimo disse...

É com cidadãos como este senhor que este concelho está como está,pactuam e até aplaudem os desmandos e a impunidade que por todo o lado se constata.Apetece dizer:«têm o que merecem».O único problema é que todos somos afectados pela sua atitude.
Margarida

Anónimo disse...

Uma coisa é aplicar a lei. Outra é concordar com ela. Se não concordam com as decisões da ERC, OK. Mas não digam que não estão a cumprir a lei! Pior, não ponham a causa a qualidade das pessoas que lá trabalham!!