[sempre de acordo com a antiga ortografia]

terça-feira, 5 de março de 2013



No cói de Campo Maior...

[publicado no facebook em 03.03.2013


António José Seguro deve ter feito a maior argolada política dos últimos tempos. Enquanto um milhão e meio de portugueses protestava nas ruas de várias cidades de Portugal, decidiu reunir com trinta ou quarenta militantes em Campo Maior, praça forte de Nabeiro, grande patrocinador e financiador do PS... Mas porquê? Para quê?

Já se sabia sabia «o que a casa gasta» no ma
ior partido da oposição e, quanto a alternativa, já há muito que a conversa acabou.

O que ainda se desconhecia era a dimensão da falta de gabarito de Seguro. Foi preciso este caricato episódio para aquilatar até que ponto pode chegar a falta de perspicácia de um político que aspira ser Primeiro Ministro de Portugal e não hesita em se refugiar num longínquo cói quase na raia de Espanha...

Tal como Passos Coelho, Seguro não tem mesmo qualquer hipótese de remédio. Aquele passado comum nas 'jotas' parece ter-lhes enquinado o futuro. O pior é que nada mais têm a oferecer ao povo do que uma comum e imensa falta de preparação.

E, à semelhança do que acontece com uma imensa maioria de portugueses, nem um nem o outro ainda perceberam que está em curso uma radical mudança no modo de viver a política, tanto entre nós como por essa Europa fora. Fazem parte de uma classe política esgotada, desajeitada e impreparada perante cidadãos que lhes vão dando sinais que não sabem interpretar...

Anda por aí, desenquadrado, sem a liderança que se impõe, um imenso capital de esperança neste povo causticado, empobrecido e que, ainda não vergado, canta uma dignidade e nobreza que, por enquanto, o impedem de partir montras ou incendiar automóveis. Ontem, 'Acordai' de Gomes Ferreira/Lopes Graça, hoje 'Grândola' de Zeca Afonso.

Mas muitos dos que foram para a rua, cheios de histórias recentes de renúncias, de esbulhos e de desrespeitos de toda a ordem, também não identificam ou entendem muito mal as linhas que fizeram cozer os passos que deram por essas ruas do país. Em Setembro espelhavam esperança nos rostos, agora uma raiva triste feita canção.
 
 

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