[sempre de acordo com a antiga ortografia]

quinta-feira, 22 de maio de 2014


Elise Hensler,
Condessa d'Edla
Morte em 21 de Maio de 1929
[facebook, 21.05.2014]

 
Amanhã será a efeméride do seu aniversário. Hoje, a lembrança de sinais do desfavor com que foi acolhida a sua relação com D. Fernando.

Assim, tenhamos em consideração que, no dia 2 de fevereiro de 1860, Elise chegou a Portugal integrando a Companhia de Ópera de Laneuville, para cantar no Teatro Nacional São João, no Porto. Seguidamen...
te, actua no São Carlos, no dia 15 de abril de 1860, interpretando o pagem da ópera "Um Baile de Máscaras", de Verdi.

É naquela oportunidade que, presente na récita, o viúvo rei D. Fernando II terá reparado, com especial interesse, não só nos encantos da voz de soprano da cantora que, então com vinte e quatro anos, dá que falar nos meios sociais de Lisboa.

Pouco se importando com as reacções da corte, D Fernando vai impondo a presença de Elise Hensler como sua companheira, em circunstâncias referidas, por exemplo, pela Condessa de Rio Maior*:

"(...) O tio Francisco [1º Conde de Azinhaga] está melhor, fez-lhe muito bem ser convidado para a função d'el-rei D. Fernando antes de ontem. (...) A sociedade de homens não era má, estavam todos os criados da casa[cortesãos), o corpo diplomático e alguns preferidos mas de senhoras a Hensler (...) conhecendo os cantos à casa, e até atrevendo-se a armar (...) uma partida de monte, jogo que se não joga em casa nenhuma séria. Nem el-rei D. Pedro nem nenhum dos irmãos estava, o que ainda dava um cunho mais decidido à festa, mas o dono da casa contentíssimo, cantando toda a noite. Tudo aquilo é um pouco esquisito; deixá-lo; mas antes pecar por seriedade de mais, como el-rei D.Pedro. (...)"

Portanto, pouco mais de seis meses depois de ter conhecido a sua futura mulher, o Senhor D. Fernando II ia propiciando serões aos seus amigos e conhecidos, detalhes dos quais bem podem aquilatar-se pelo teor do excerto da carta supra citada. Ao fim e ao cabo, apenas sintomas da opinião desfavorável à futura Condessa d'Edla.

PS:

Hoje mesmo - coincidência interessante - acabo de remeter uma sinopse afim da realização de um documentário biográfico sobre a figura desta senhora, concebido em moldes idênticos aos do filme "Marquesa de Cadaval, uma vida de cultura" de que sou coautor. Personagens e personalidades diferentíssimas, deixaram em Sintra marcas indeléveis que nunca será demais lembrar, comemorar e honrar.
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*Rio Maior, "Correspondência de e para seus filhos", carta a José, 12.1.1861, in "D. Fernando II, um Rei Avesso à Política", LOPES, Maria Antónia, Círculo de Leitores ed., Lisboa, 2013
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