[sempre de acordo com a antiga ortografia]

quarta-feira, 13 de junho de 2018



19 de Maio de 2015
Morte de Maria Nobre Franco

[Publicado no Facebook em 19 de Maio de 2018]

Querida amiga! Quando ia 'para fora', fosse para onde fosse, não havia lugar donde não lhe enviasse um postal. À antiga maneira... Como ela gostava desse mimo! Por exemplo, sabendo que eu ia para Salzburg, em datas sempre mais ou menos constantes, esperava as minhas palavras com alguma ansidade...
Em Salzburg, precisamente, onde a arte moderna e contemporânea é tão cultivada, uma das minhas mais gratas «obrigações» era – que horror, o verbo no passado!... - o contacto com a Maria.
Deixem-me recordar. No dia de dizer coisas à Maria, eu subia o Mönchsberg, até ao Museum der Moderne. Passava por lá umas horas e, no fim da visita, escolhia a reprodução da obra que me parecia mais representativa da exposição que, na altura, atraía a atenção, escrevia a minha mensagem e descia à Altstadt, à estação dos correios, para o envio. Claro que também comunicávamos por telefone, por mail, mas aquela era uma gracinha que fazia parte das nossas 'private jokes'…
Foi a Maria Nobre Franco que pôs Sintra nos circuitos mundiais da Arte Moderna, ela uma das figuras que, em Portugal, pontificou como galerista, directora de museu, divulgadora da Arte.
Foi uma grande senhora das Artes e das Letras, tão discreta, é verdade, tão discreta como eficaz, a mais devotada Directora do Sintra Museu de Arte Moderna – Colecção Berardo, durante onze anos, desde a sua instalação até 2008.
A partir daquele ano, Maria Nobre Franco integrou a administração da Fundação Árpád Szenes-Vieira da Silva, em representação da Câmara Municipal de Lisboa. Administradora da Fundação Júlio Pomar (2004-2013), foi condecorada pelo Presidente da República Jorge Sampaio, com a Ordem do Infante D. Henrique.
Tínhamos várias paixões em comum mas a mais forte era por Clara Haskil, a grande pianista mozartiana, talvez a maior de todos os tempos. Em memória de ambas, este momento excepcional do Mozart Rondo in A Major K.386, em que
Clara Haskil toca com a Wiener Symphoniker sob direcção de
Bernhard Paumgartner (1954).
Boa Audição!

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