[sempre de acordo com a antiga ortografia]

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Saudades do agente Leão


Se alguma dúvida poderia subsistir quanto a uma assumida estratégia de tolerância que a Guarda Nacional Republicana estaria a concretizar em Sintra, relativamente à questão do estacionamento, ontem ficou definitivamente dissipada.
Para atestar tão flagrante conclusão, socorro-me do autêntico barómetro que constitui o caso do estacionamento ilegal de viaturas sobre o empedrado em frente ao edifício onde está instalado o Centro Cultural Olga Cadaval. Durante todo o dia o espaço esteve atravancado de carros, numa tal quantidade que ultrapassou mesmo a do dia em que o então Ministro da Administração Interna, António Costa, veio apresentar naquele auditório um qualquer sistema de segurança para taxis. O exemplo de laxismo do ministro das polícias, parece ter frutificado e de que maneira!...
Ou a GNR esclarece em definitivo qual é a sua posição, perante o respeito a que está obrigada de salvaguarda da Lei, em matéria que é da sua estrita competência, isto é, impedindo o estacionamento onde ele não é autorizado, ou, então, deveremos concluir, para todos os efeitos, que entrou em regime de conivência com os prevaricadores.
Fica o observador atento perfeitamente desconcertado ao lembrar como, apesar de todo o desleixo habitual, da tal cultura da irresponsabilidade, durante anos e anos a Polícia de Segurança Pública, multou quem se atrevia à prática da ilegalidade em questão. Foram montados pilaretes, postes em ferro circundando o recinto, tudo no sentido de impedir e dissuadir o acesso ao local. E agora, fazendo tábua rasa de tudo quanto está determinado, a autoridade passou a autorizar o desmando... E esta, hem?!...
Na realidade, quem se escandaliza com a situação que, quotidianamente, salta à vista, não o faz por razões de ordem estética (como, no dia 18 do corrente, insinuava alguém que acrescentou um comentário ao Notas Diárias da data precedente). O escândalo causado radica numa evidente prática de injustiça que consiste em considerar normal, em sancionar positivamente os habilidosos e espertalhões do costume, que não utilizam os lugares de estacionamento disponíveis no parque da EMES, furtando-se ao pagamento da respectiva tarifa, contando com a designada tolerante benevolência da autoridade.
Isto, meus senhores, causa escândalo, é injusto, não é um problema menor. Infelizmente, não só constitui sintoma do estado a que as coisas chegaram em Sintra, mas também faz parte da síndrome que afecta o país em geral, muito para além da específica matéria do estacionamento. Em Sintra, urge equacionar e concretizar medidas que ponham cobro a esta vergonha de terceiro mundo, de acordo com as soluções objecto do texto publicado neste espaço no passado dia 13. Não são de minha autoria mas as únicas que, até hoje, se conhecem e praticam em latitudes consideradas civilizadas...
Entretanto, estou cheio de saudades do agente Leão da PSP...

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