[sempre de acordo com a antiga ortografia]

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

O Guarda Leão

Na sequência do texto ontem publicado, alguns leitores que conhecem o Guarda Leão, tão bem ou melhor do que eu, consideram que haveria vantagem em que escrevesse um pouco mais acerca dele. Pois, sim senhor, a pedido de várias famílias, como soe dizer-se, aqui vão mais umas notas sobre o homem. [Antes de o fazer, contudo, gostaria de lembrar que podem e devem utilizar a possibilidade de escrever quaisquer comentários, pedidos de esclarecimento, etc., no espaço do próprio blog reservado para o efeito, evitando o recurso a mails ou telefonemas que, naturalmente, não são partilhados].

Os guardas são como os chapéus, há muitos, para todos os gostos e de todos os feitios. Há até alguns, como o saudoso guarda Ricardo, nacional figura de cartoon, que se permitia insinuar as mais inteligentes e ingénuas farpas, suscitadas por episódios bem reais da vida nacional... O Guarda Leão, é bem real, se bem que, no exercício da autoridade, algumas das suas bem concretas e contundentes atitudes, possam apontá-lo como personagem de quase ficção.

Neste momento, não sei por onde anda este agente da PSP que deixou marca absolutamente indelével em Sintra pelo modo como, corajosamente, enfrenta qualquer prevaricador. Com toda a pachorra, faz por ignorar a directa ou indirecta chacota com que é mimoseado. Num país onde, sobretudo, se valoriza o jeitinho, não se respeita, antes se contorna o cumprimento da Lei, onde qualquer cidadão é tanto mais habilidoso, espertalhão e bem sucedido quanto melhor souber safar-se, o Guarda Leão constitui tal excepção que, nem por um só momento, hesitaria em classificá-lo como o último abencerragem...

uma leonina actuação...


Sei tanto acerca do que hoje dou conta neste escrito que, eu próprio, serei testemunha de defesa do Guarda Leão, quando o Meretíssimo Juíz do 3º Juízo Criminal de Sintra decidir, finalmente, marcar o julgamento de um Processo Comum (Tribunal Singular) em que o Autor é o Ministério Público e arguida uma senhora que, em 2003, em plena via pública, na Rua Câmara Pestana, à porta da Junta de Freguesia de Sta. Maria e São Miguel, perante a actuação do referido agente, contra uma sua prática de estacionamento proíbido, teve o desplante de o insultar e ridicularizar.

A atitude do Guarda Leão da PSP está nos antípodas da que - precisamente hoje, nas mesmas circunstâncias, portanto, no mesmo local - se pode assistir por parte dos agentes da GNR. Como a Lei não mudou, ou a lógica é uma batata ou a actuação da PSP era quixotesca ou a da GNR é tudo menos recomendável, já que se afigura fora do dispositivo legal vigente... Então a autoridade, umas vezes tolera e noutras corta a direito? Quem define tais orientações, desobrigando-se do escrupuloso cumprimento do espírito e da letra da Lei?

Como não me passa pela cabeça que haja um qualquer comando local a orientar os agentes num tal sentido de actuação que possam incorrer numa conivência com os prevaricadores, apenas me resta esperar por um esclarecimento tão oportuno quanto possível. A ver se sossego e se me deixo destas invectivas que, cada dia que passa, mais razão encontram para continuarem. Apenas tenho aludido a casos na Estefânea mas, como terão oprtunidade de me acompanhar, verão que na Vila Velha, na Regaleira é a mesma coisa.

Digna herança


No cumprimento da Lei, seja em matéria de estacionamento ou outra qualquer, os agentes, todos os agentes, não podem deixar de agir como o guarda Leão da PSP. Os sintrenses esperam da GNR, têm direito, como todos os portugueses, que não haja esmorecimento da sua parte. Esperam da GNR uma atitude que honre o passado nobilíssimo da autoridade, em defesa dos cidadãos munícipes de Sintra, que já chegou a custar a vida de alguém, como a do guarda Delfim, cujo sacrifício ninguém esquece.

Dir-me-ão que não é preciso dramatizar. Concedo pela afirmativa. Todavia, por vezes, parece não restar outro caminho, tão aviltados estão princípios e valores pelos quais todos dizem bater-se. Talvez que uma pontinha de drama tenha benéficas consequências na mente de quem, tão somente, está habituado a partilhar o drama vivido no espaço demarcado pelas quatro linhas dos campos de futebol...

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