[sempre de acordo com a antiga ortografia]

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Lugar à esperança

Muitas continuam a ser as situações que provocam a reacção de alguns sintrenses ainda confiantes nas virtudes da intervenção cívica. No entanto, de vez em quando, um ou outro tímido sinal de remediação de problemas previamente denunciados, vão dando um certo alento, indispensável à permanência em terreiro numa luta que não sendo nada confortável, é extremamente estimulante.
Já tenho partilhado convosco algum regozijo, por exemplo, em relação à empresa de capitais públicos Parques de Sintra Monte da Lua, que vai dando bastantes sinais de acerto de actuação, em espaços como os Parques da Pena e de Monserrate, onde qualquer intervenção sempre se revestirá de melindre. Poderia ainda lembrar o caso de pequenas intervenções, na freguesia de Santa Maria e São Miguel, como a instalação do tão agradável Jardim Pinto Vasques no Lourel.
Hoje quero referir dois casos bem concretos, exemplares da articulação entre quem denuncia e quem pode resolver os assuntos objecto de denúncia. Num primeiro momento, a resolução do problema, aparentemente muito simples, do estacionamento de viaturas no empedrado fronteiro ao Centro Cultural Olga Cadaval. O imediato empenho do Dr. Mário João Machado, vice-presidente do Conselho de Administração da SintraQuorum, as suas «negociações» com a GNR e EPMES, determinaram uma solução a contento de todos.
Outro é o caso do lamentável e flagrante estado de degradação e de falta de higiene da Rua dos Arcos, em pleno centro histórico, sob as esplanadas dos Cafés Paris e Central, que deu origem ao meu escrito Lição Inesperada em Notas Diárias do passado dia 26 de Outubro e também a diligências do nosso companheiro de luta Fernando Castelo junto dos Serviços da Câmara. Ora bem, na passada sexta-feira, apenas quinze dias depois dos nossos reparos, começaram a verificar-se algumas atitudes de requalificação que se espera não fiquem pela caiação das paredes.
No meu caso pessoal, não tenho a mínima presunção de que as minhas chamadas de atenção é que terão sido determinantes para a resolução de certas questões. Sei perfeitamente que intervenho, isso sim, em coincidência e, tantas vezes, em simultâneo, com uma série de pessoas que se sentem tão empenhadas como eu na supressão da cultura de desleixo, ainda tão entranhada nos hábitos dos cidadãos.
A tal cultura do desleixo
Aqui chegados, poderíamos formular uma pergunta pertinente acerca dessa grande questão do desleixo institucionalizado. A simples intervenção cívica de alguns, através do levantamento das questões, poderá ter a veleidade, neste domínio, de alterar seja o que for? Naturalmente que não. O mosaico de enquadramento é de tal modo compósito, só em termos da antropologia social, que bem deve ser tido em conta ao delinear qualquer estratégia de remediação.
Factores tão decisivos como o analfabetismo funcional, a iliteracia - atenção, no nosso concelho, não devem confundir-se com falta de meios... - estão demasiado radicados para que sejam ignorados, condicionando a mudança que se impõe, remetendo-a para um futuro menos breve do que todos gostaríamos. Todavia - ninguém duvida e muitos esperam - a actuação disciplinadora da autoridade democrática, decorrente do voto do povo, deve começar a verificar-se, sistematicamente, contribuindo inequivocamente para alterar hábitos perniciosos.
E a autoridade democrática está nas mãos dos autarcas, está nas mãos daqueles que usam uniformes para intervenção como força de segurança, está nas mãos de gestores de empresas municipais, de gestores de empresas de capitais públicos, de conselhos directivos de fundações que só podem dar público exemplo de coerência de actuação em conformidade com os legítimos interesses da generalidade dos cidadãos. Pois é. Tão simples, num Estado Democrático de Direito. Tão complicado, em Portugal...

2 comentários:

Anónimo disse...

Pois é verdade: tocou-me o telemóvel e era um representante da Câmara a dar-me conhecimento de ter sido caiada toda a Rua dos Arcos. Que a iluminação ficará para mais tarde, por dificuldades que não são superáveis de momento. Ficou em carteira uma chamada para a Polícia Municipal, no sentido desta Rua (por vergonha dos responsáveis transformada num túnel pelas esplanadas do Paris e do Central) também deixar de ser armazém público de barris de cerveja. É bom ver-se qualquer coisa a ser feita, esperemos que a máquina burocrática desemperre.

Anónimo disse...

II-Ainda não eram 9 horas e lá estava a ver o andamento das obras. Pelo menos os barris já não estavam à entrada da Rua dos Arcos e a parede lateral direita está caiada. Voltei à Câmara para falar sobre as obras e, com tanta sorte, que encontrei alguém ligado ao Centro Histórico, com quem visitei depois o local.
Tudo indica que serão colocados candeeiros adequados para iluminar a Rua, mesmo de dia, acabando com aquela escuridão que nos tem envergonhado. Também o pavimento será todo limpo e retirado o entulho que se encontra nas escadarias. Ao mesmo tempo acabei por saber que aquela porta de vidro colocada na porta da Torre do Relógio também está em apreciação. De igual modo no edifício onde está instalado o Turismo...vai permitir que se leia essa palavra, com uma limpeza da frontaria. Enfim, é pouco mas é bom.