[sempre de acordo com a antiga ortografia]

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

E o Quarto Poder?


De algum modo, as Notas Diárias de hoje completam o texto publicado no passado dia 3 do corrente, subordinado ao título Negócios... E se assim acontece, tal surge na sequência de alguns comentários dum habitual leitor acerca da ausência de controlo das actividades da banca que, efectivamente, parece não terem desempenhado a tarefa que lhes compete no caso do BCP.


Convém lembrar que, a propósito e muito naturalmente, também eu próprio tinha mencionado os casos mais evidentes do Banco de Portugal e da CMVM. Não há comentador a quem escape aquilo que, na generalidade das abordagens, é considerado como negligência destas duas entidades. Por isso mesmo, ainda mais de enaltecer a atitude do Comendador Berardo pela sistemática denúncia das irregularidades que estarão na origem da situação de descrédito do maior banco privado português.


Ora bem, se justos reparos têm sido feitos ao Banco de Portugal e à CMVM, na medida em que não funcionou, em tempo devido e oportuno, a esperada avaliação institucional das actividades menos correctas daquele banco, não deixa de ser igualmente pertinente referir a inexistência de qualquer trabalho de investigação por parte da comunicação social.


Mais uma vez se torna patente como, em Portugal, aquele é um tipo de jornalismo pouco interessante para as direcções e chefias de redacção dos diversos órgãos da imprensa e do audiovisual. Na realidade, as características dos riscos inerentes, os recursos humanos e materiais que habitualmente envolve, a experiência e o profissionalismo que pressupõe são pouco consentâneos com o mau momento que atravessa o que é considerado o quarto poder nas sociedades democráticas.


Perguntarão porque haveria de ser diferente se, para todos os subsequentes e nefastos efeitos, impera uma mediocridade generalizada, nada propícia ao regular funcionamento das entidades públicas e privadas com perfil para actuação no domínio em questão. Aliás, pouco ou nada mais há a dizer quando a solução para a crise naquele banco passa pela nomeação de uma administração cujo processo está inquinado por tão manifesta promiscuidade entre os poderes político e económico.


Assim não vale. Continuamos todos a perder…

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