[sempre de acordo com a antiga ortografia]

sexta-feira, 11 de abril de 2008

(Conclusão)


A título de exemplo, considerem o executivo autárquico de um dos tais concelhos resultantes da cisão do actual e ingovernável concelho de Sintra. Suponham que é maioritariamente constituído por urbanizações mais ou menos recentes, tantas vezes construídas em espaços onde não deveriam ter sido autorizadas, em vastas zonas betonadas, com terrenos indevidamente impermeabilizados.

A lógica da quotidiana gestão de um território com tal perfil, será compatível com a lógica de uma gestão, também quotidiana, de bens patrimoniais naturais e edificados, altamente sofisticados, com a classificação de interesse mundial? Por muito que determinadas competências de direcção e administração possam ser delegadas, estou em crer que não. Aliás, se alguma dúvida restasse, bastaria atentar na situação actual…

Baseado no conhecimento de algumas situações, tanto na Europa mediterrânica como central e mais a norte, permito-me afirmar que um território tão compósito e complexo como o de Sintra-Sintra – constituído pelas freguesias de Colares, São João das Lampas, São Martinho, São Pedro, Santa Maria e São Miguel, Montelavar, Pêro Pinheiro e Almargem do Bispo – já pressupõe um dificílimo exercício de compatibilização de internos contrastes, fruto da aludida e tão dinâmica diversidade.

Um concelho que, ultrapassando estes praticáveis contornos, inclui tudo aquilo que se sabe, é a perfeita loucura. Nós, que cá vivemos, sabemos bem o que a casa gasta… Estamos fartos desta situação que, para todos os efeitos, é perfeitamente remediável. Aqui, em Sintra-Sintra, para fazer bem feito, há um mundo de obras a concretizar, por um executivo que pretendemos exclusivamente dedicado, que não pode, não deve estar preocupado com outras realidades.

Todavia, não se pense que a alteração do actual quadro de referência, perspectivando a existência de mais um ou dois concelhos, não há-de pressupor o paralelo investimento numa cada vez maior autonomia das Juntas de Freguesia. É que, se assim não for, muito do que importa considerar, em termos de uma actuação articulada e integrada, ficaria altamente comprometido, tal como presentemente acontece.

Vem a propósito confessar-vos como, vezes sem conta, me sinto como a criança que aponta a nudez do rei. Só que, ao contrário do que acontece na alegoria, a multidão parece não querer ouvir o alerta...

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