[sempre de acordo com a antiga ortografia]

quarta-feira, 12 de novembro de 2008





artigo publicado no Jornal de Sintra em 17.02.06

(conclusão)

"Vale da Raposa,
Estacionamento em debate


"(...) Estacionamento, cenas impróprias

Onze da manhã do passado sábado. Mantém-se praticamente deserto o terreiro junto ao edifício do Urbanismo, que funciona como parque de estacionamento informal, acolhendo centenas de automóveis nos dias úteis. Através da passagem sobre a linha férrea, chegar ao Centro Cultural Olga Cadaval - onde decorreria a sessão de apresentação de um sistema de segurança para táxis – não demora mais do que três minutos. *

Em qualquer país civilizado seria a coisa mais natural estacionar ali os carros os carros oficiais e privados e, como era o caso, em circunstância que não determinava a adopção de especiais medidas de segurança. Mas não em Portugal, não em Sintra onde vinga a atitude habitual, pacóvia e de mau gosto
[que a foto testemunha]. O efémero poder instituído estaciona os Mercedes ao desbarato, sobre a calçada à portuguesa, enquanto motoristas esperam que Suas Excelências se despachem dos respectivos cuidados para, um pouco mais tarde, as levarem aos importantíssimos destinos.

Naturalmente, não faço reparos aos industriais de carros de aluguer nem aos gerentes da empresa de telemóveis, também envolvidos no encontro, que terão seguido o exemplo dos representantes do Ministério da Administração Interna, da Câmara Municipal de Sintra, da PSP de Sintra, permitindo-se ofender quem não tem outro remédio senão pagar os impostos que cobrem as despesas de tão lamentáveis despropósitos.

E nem sequer me pronuncio quanto ao desrespeito à memória de Francisco Sá Carneiro e da Senhora Marquesa de Cadaval ali homenageados a título perpétuo. Se a falta de nível tem limites, o abuso é perfeitamente intolerável!...

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* Na maior parte dos casos, poderia evitar-se o entupimento a que Sintra fica sujeita quando há espectáculos no Centro Cultural e os carros são caoticamente arrumados por ali à trouxe-mouxe. Já não sei que mais fazer, chamando a atenção à PSP, à Junta de Freguesia, à Câmara Municipal e à SintraQuorum para a vantagem da conjugação de esforços no sentido de indicarem este parque aos espectadores…

Como a falta de civismo é o que se sabe e a iliteracia atinge níveis incomportáveis, não admira que, na Estefânea, em tais alturas, a situação seja altamente perigosa. Sem autoridade a funcionar, não disciplinando os comportamentos abusivos, fica instalado um regime residual de insurreição que parece ninguém incomodar. Num quadro de terceiro mundo, não quero assumir o cargo de pitonisa de serviço. Mas estou cansado de avisar para inevitabilidade da ocorrência de sérios incidentes. É tão frustrante
…"

Fim da transcrição

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Bem, como sabem, até hoje, nada mudou. Absolutamente nada! Tanta falta de operacionalidade, tanto desinteresse pela qualidade de vida dos munícipes, tanta arrogância atingem uma escala inqualificável.

Por isso hão-de perdoar que, há alguns dias, tivesse sorrido perante uma das propostas saídas do encontro-jantar que a Alagamares promoveu para debater matéria afim da alteração do Plano Director Municipal. Relacionava-se o alvitre com o aproveitamento do parque de estacionamento que circunda o edifício do departamento do Urbanismo, na Portela.

Como costuma dizer-se, para esse peditório já eu contribuí não sei quantas vezes... Só para terem uma ideia do desconchavo, conservo em meu poder uma carta datada de 14 de Março de 2006 do Senhor Dr. Nuno Fonte, Chefe do Gabinete do Exmo. Senhor Presidente da Câmara, em resposta a uma que remeti em Novembro do ano anterior, através da qual me informava "(...) que foi pedida a avaliação do Senhor Vereador Luís Duque, assim como um pedido de articulação entre a Sintraquorum e a Emes (...) visando os dias em que decorrem eventos no Centro Cultural."

Pela leitura do artigo supra, verificarão que propunha o estacionamento das viaturas dos espectadores dos eventos no Centro Cultural Olga Cadaval no parque em questão que, como sabem, fica a duzentos metros, do outro lado da linha. Claro que as minhas diligências remontam muito antes ao ano de 2005, praticamente à altura em que me apercebi que o CCOC, entre outros graves defeitos de concepção, também não seria dotado de parque de estacionamento. Enviei cartas para todas as entidades envolvidas, desde a força policial e bombeiros, à Câmara, à Junta de Freguesia, à Sintraquorum. E ninguém mexeu uma palha...

Lamentavelmente, a situação em nada se alterou. Os responsáveis do costume estão todos descansados e fazem muito bem as suas digestões. Entretanto, por exemplo, no Bairro das Flores, deixou de viver um casal com uma criança asmática que, certa noite de espectáculo no Olga Cadaval, não conseguia saír de casa, para ir socorrer o filho ao hospital, porque o seu carro que estava completamente atranvancado por outros automóveis. A mãe da criança promoveu abaixo assinado e tudo o mais e nada se resolveu...

Não só nessas noites de espectáculo, naquele bairro e ruas vizinhas, Praceta Francisco Sá Carneiro, na Rua Câmara Pestana, é tão caótico o estacionamento que, se ocorrer algum sinistro, uma viatura de socorro, pura e simplesmente, não consegue passar. Aliás, como não podia deixar de ser, já aconteceu. Se, porventura, também houver um velório nas capelas mortuárias da igreja de São Miguel, o perigo é altamente potenciado. Entretanto, o parque de estacionamento que circunda o edifício do Departamento do Urbanismo fica deserto, vazio...

Que irresponsabilidade é esta? Que gente é esta? Como pode isto aturar-se? Como pode perpetuar-se uma situação destas cuja solução, afinal, é tão fácil, tão expedita?

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