[sempre de acordo com a antiga ortografia]

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011



Sintra romântica,
ou mais do mesmo…



Nos últimos dias, no parque de estacionamento do Rio do Porto, em pleno centro histórico de Sintra, tem-se repetido a desqualificada cena que, tantas vezes, aqui tenho denunciado. Ainda não são às dezenas, como nos meses de Verão mas não deixa de ser significativo que, num dia de Inverno como o de hoje, lá estivessem acampadas cinco autocaravanas, três das bem grandes e duas mais pequenas.


Ao contrário do que, muito benevolamente, já ouvi alguém colocar como hipótese, os seus condutores não estacionam ali as caravanas para irem procurar alojar-se em qualquer pensão ou hotel das redondezas. Aliás, por alguma razão investiram tais viajantes num tal tipo de transporte que também lhes serve de abrigo… De facto, trata-se de gente que, pernoita in loco. Ninguém, a não ser as autoridades policial, autárquica e sanitária, tem a mínima dúvida.


Hoje mesmo, bem cedo, passando pela Volta do Duche, tive oportunidade de me aperceber das manobras despertativas dos ocupantes de três dos veículos, já que, na altura, saíam três homens, um deles de toalha ao pescoço, para o fresco da manhã, aproveitando para o espreguiçamento e uns exercícios de aquecimento. Ao longo de tantos anos, alertando para o que ali se passa, tenho verificado que o sítio é muito propício. Sim senhor, excelente escolha...


Portanto, que ninguém se iluda. A escassas dezenas de metros dos Paços do Concelho, funciona o mais descarado manifesto de Sintra, capital do Romantismo. Como já tive oportunidade de aqui escrever, é o amor e uma cabana (sobre rodas…) do século vinte e um, qual alternativa aos motéis aí da periferia sintrense onde, com certeza, tão romântica quanto apressadamente, se aviam as fugazes cenas de amor que, enfim, todos nós imaginamos…


Se Sintra tivesse um Vereador do Turismo à altura da terra que é, nada disto aconteceria. Mas, pelos vistos, o Senhor Vereador tem outras preocupações. Não posso deixar de me perguntar, porventura esquecido destas imagens pouco edificantes, como é que ainda me permito, a exemplo do que fiz na passada quinta-feira – através do último texto aqui publicado, repescado de um meu artigo, há seis anos saído no saudoso Jornal de Sintra – sugerir-lhe que protagonize atitudes civilizadas para benefício da actividade turística em Sintra…

Só eu, meu Deus! Como perco, tão facilmente, a noção do nível da pessoa a quem dirijo as minhas palavras? E, não senhor, até nem tinha bebido um bom copo que pudesse relevar-me o deslize. Enfim, não tenho desculpa, sou um ingénuo incorrigível.



[NB: este texto foi objecto de uma série de comentários inadvertidamente eliminados. O meu pedido de desculpa aos autores]

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