[sempre de acordo com a antiga ortografia]

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

 
Mozart,
Sinfonia No. 38


Esta Sinfonia em Ré Maior, Praga, KV. 504 está datada de 6 de Dezembro de 1786, ou seja, mais de três anos depois de ter composto a precedente, a No. 36, em Dó Maior Linz, KV 425. Como se verifica, saltou a numeração porque se veio a concluir que a No. 37, em Sol Maior KV. 444/425ª era obra de Michael Haydn (irmão de Joseph Haydn) à qual Mozart apenas fizera uma introdução.

Foi estreada em Praga, em 19 de Janeiro de 1787, na mesma altura em que a ópera As Bodas de Fígaro gozava de sucesso estrondoso. Orquestrada para 2 flautas, 2 oboés, 2 fagotes, 2 trompas, timbales e cordas, a sinfonia está estruturada em três andamentos, o primeiro dos quais Adagio.Allegro, com uma introdução grandiosa, de ambiente grave e trágico, a lembrar a Abertura de “Don Giovanni”, numa tensão dramática que o ‘Allegro’ vem resolver em clima luminoso.

Seguidamente, o Andante, em Sol Maior. Mais uma vez, aquela gama de cores que nos permite viajar entre o sorriso e a lágrima, a sofisticada ironia, sempre a polaridade mozartiana. E, terminando, Finale: Presto. O espírito reinante é o de As Bodas de Fígaro, bem evidente no motivo dos violinos, no dueto Susana-Cherubino quando este salta pela janela no II Acto. Contudo, novamente, um grande contraste, com o trágico mozartiano irrompendo no desenvolvimento, alternando entre tensão e calma para finalizar exuberantemente.

Mozart está na plenitude da sua mestria como sinfonista. Trata-se de uma obra extremamente equilibrada, numa ideal harmonia de proporções. Passados dois anos, seguir-se-ia a grande tríade das últimas sinfonias junto das quais esta No. 38 bem pode figurar ao mesmo nível de inspiração genial.

Desta vez, outra gravação de referência absoluta, num dos melhores serviços prestados a esta peça de Mozart. A orquestra é a Filarmónica Checa, sob a direcção de Sawallisch, nos bons tempos da etiqueta 'Supraphon'.

Boa audição
!

http://youtu.be/iHkc-tqKz3M

 

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