[sempre de acordo com a antiga ortografia]

terça-feira, 17 de abril de 2018



Sintra,
desconcerto nas alterações trânsito no centro histórico
- interesses pessoais exponenciados 
- incapacidade de distanciamento que a opinião fria      
  determina

[Publicado no facebook em 6 de Abril de 2018]

Durante muitos anos, fui profissionalmente formado e, sistematicamente, habituado a contar com reacções que, tanto a nível individual como colectivo, é suposto serem abrangidas pelo quadro da designada 'relutância à mudança', verificável sempre que determinada entidade modifica algum quadro de referência.
De facto, em tal contexto, não tenho motivos para considerar que, afinal, não estaria tão bem preparado como julgava para bem entender como reagiriam as pessoas em relação às alterações à circulação automóvel no centro histórico, tão recentemente introduzidas pela Câmara Municipal de Sintra.
Todavia, tenho de confessar que fui deveras surpreendido. Atónito, dei por mim perguntando que justificação poderia eu encontrar para aceitar de boamente, que, geralmente consideradas como educadas, esclarecidas, mais bem informadas do que a média dos cidadãos, certas pessoas houvesse que reagiram tão precipitada e atavicamente como quaisquer grunhos e pacóvios.
Sendo patente, como não me tenho cansado de referir, que, a montante, ainda não estavam criadas as condições para que as alterações pudessem ter sido introduzidas sem críticas de maior, a verdade é que, entre outros factores ponderáveis, a insegurança reinante, como também já tive oportunidade de partilhar, determinava a adopção das medidas vigentes.
Certo é que, apesar de a Câmara Municipal de Sintra, se ter desmultiplicado em reuniões para esclarecimento das dúvidas em presença, foi evidente o deficit da partilha de informação, na ausência de uma campanha mediática à altura das circunstâncias.
De qualquer modo, em contrapartida, dificilmente se compreende que, reclamando-se do estatuto dos que pretendem intervir civicamente a partir das melhores práticas, tenha havido quem se atreveu a pisar terreiro durante o inevitável e absolutamente indispensável período de adaptação à mudança, período durante o qual suposto é parar, escutar, olhar, avaliar serenamente, analisar e diagnosticar para, finalmente, poder expressar opiniões e agir de acordo.
Há um tempo para tudo!
A intervenção cívica não pode ceder à facilidade de uma contundência inconsequente. Umas vezes individualmente, outras em grupo, impõe-se a eficácia mesmo que, aparentemente, nem sequer se vislumbre a 'operacionalidade' subjacente.
Há que saber dar a mão para, seguidamente, poder contar com o crédito entretanto ganho e esperar que renda os dividendos bastantes para poder reivindicar mais e mais. À contundência de certas fases, prefiro, isso sim, os períodos de colheita a partir do investimento a montante...
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[Ilustr: Trânsito descendente, a caminho do Palácio Valenças (foto de Fernando Castelo no blogue retalhosdesintra]


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