[sempre de acordo com a antiga ortografia]

segunda-feira, 2 de julho de 2018



Festivais de música
- Salzburg, outro planeta

[publicado no facebook em 23 de Junho de 2018]

Na sequência da última reunião do Conselho de Cultura de Sintra, em 19 do corrente, partilhei uma série de boas notícias acerca da próxima edição do Festival de Música de Sintra que, sob Direcção Artística de Gabriela Canavilhas, suscita os melhores augúrios.
Durante a reunião aludida, tanto o Prof. Diogo Freitas do Amaral como eu próprio, enquanto frequentadores do Festival de Salzburg, tivemos oportunidade de, muito superficialmente, referir o espantoso gabarito das propostas que por lá desafiam os melómanos de todo o mundo.
Portanto, a propósito da referência, permitirão que lembre como é único o caso de Salzburg. Trata-se de uma cidade onde se concretizam 12 (doze) festivais de música em cada ano. Como sabem, conheço particularmente bem. Sei os pormenores de tudo quanto por lá se passa, razão pela qual tenho o maior gosto em partilhar convosco a informação de que vou dispondo acerca do assunto.
É neste contexto que, parcialmente, passo a transcrever o artigo publicado na edição de 20 de Junho de 2014 do ‘Jornal de Sintra’. Embora no mesmo continente, no mesmo planeta, os números que passarei a partilhar remetem-nos para «outra galáxia»... .
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Números impressionantes
"(...) Então, (...) dados estatísticos referentes ao ano de 2013 e, reparem bem, só no que se refere ao Festival de Verão. Estão preparados? Pois bem, durante os 40 dias da iniciativa, dispondo de 14 auditórios, houve 293 espectáculos, dos quais 38 récitas de 6 grandes produções de ópera, 9 de récitas concertantes de ópera, 94 de concertos sinfónicos, coral-sinfónicos e recitais, 60 de récitas de teatro, 37 de espectáculos para crianças, 1 baile, 35 espectáculos especiais, 19 ensaios gerais abertos ao público.
Quanto aos bilhetes, estiveram 256.285 disponíveis (estão mesmo a ler bem, duzentos e cinquenta e seis mil, duzentos e oitenta e cinco ilhetes!), dos quais 73.834 referentes às óperas, 62.719 às peças de teatro, 119.732 aos concertos. Os espetadores provieram de 73 países dos quais 39 eram não europeus. Vendeu-se 93% dos bilhetes disponíveis sendo de
€: 28.285.082 (vinte e oito milhões, duzentos e oitenta e cinco mil e oitenta e dois Euros) a receita da bilheteira. Estiveram acreditados 653 jornalistas ao serviço dos media de 35 países.
Quanto às receitas, a distribuição é a seguinte: da venda dos bilhetes, 46%, da Associação dos Amigos e patrocinadores do Festival, 4%, Patrocínios e dádivas, 18%, Financiamento Público, 17%, Fundo de Promoção Turística, 4%, Outras Receitas, 11%. O último estudo datado de 2011, elaborado pelo Zentrum für Zukunftsstudien Fachhochschule Salzburg, entre outras conclusões, demonstra que o efeito deste Festival de Verão no domínio das receitas fiscais equivale ao triplo do montante do investimento das entidades públicas. Finalmente, que o impacto geral do Festival no volume de negócios e na produtividade se cifra em cerca de 276 milhões de euros! E, não esqueçam, em apenas 40 dias de Festival.
Valerá a pena, em Sintra, ter estes dados em consideração? E ainda lembrar os casos de outros famosos festivais como Bayreuth, Verona, Luzern que também já me têm ocupado nas páginas deste jornal? Julgo que, salvaguardadas as questões de escala, se se pretende que Sintra volte a ocupar um lugar de referência nacional, permitindo-se lançar algumas pontes além fronteiras, então estas fontes podem ser preciosas. Voltaremos a este assunto."
[Ilustr: logotipo inalterado ao longo de décadas; noite de Festival de Salzburg, écrans gigantes na Praça da Universidade permitem visionamento do que se passa nos auditórios]

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