[sempre de acordo com a antiga ortografia]

segunda-feira, 4 de setembro de 2017


Praga:
Representação de "Don Giovanni” no Teatro Nacional

2 Setembro de 1791
Efeméride mozartiana

Estão lembrados de que assinalámos as efemérides relativas à viagem de Mozart com destino à capital da Boémia onde iria estrear "La Clemenza di Tito", KV 621, no quadro da coroação do Imperador Leopoldo como Rei daquele país.
Também terão em consideração o enorme sucesso que, anteriormente, "Don Giovanni", KV. 627, obtivera em Praga, passando a constituir um dos laços mais profundos da estima do compositor por aquela cidade e vice versa.
Pois, durante a última que é esta estada de Mozart para a coroação, no dia 2 de Setembro, também houve mais uma representação daquela ópera.
Comemoremos escutando a cena final, numa gravação obtida em Ferrara (1997), com Abbado conduzindo a Chamber Orchestra of Europe.
Verdadeiramente 'de luxo', o elenco: Don Giovanni: Simon Keenlyside, Il Commendatore: Matti Salminen e Leporello: Bryn Terfel.
Boa audição!
[Ilustr: DG, capa da gravação que integra o elenco em apreço]
Em nome de Távora,
Sintra e soluções para o futuro

3 de Setembro de 2005
- morte de Fernando Távora (n. 1923)
_________________

Faz hoje doze anos que partiu o grande arquitecto português. Fernando Távora foi extremamente inovador, com uma comovente capacidade de intervenção nos cascos históricos dos espaços urbanos, figura de absoluta referência e pai da Escola de Arquitectura do Porto, era um grande senhor da Cultura Portuguesa, a quem Portugal muito deve, sem que a universal incultura dos portugueses sequer suspeite.
O mais moderno dos modernos, deixou o nome ligado a projectos que se tornaram paradigmáticos, como o da Pousada de Santa Marinha da Costa e a reabilitação do centro histórico de Guimarães, Escola Primária do Cedro (V.N. Gaia), Mercado Municipal de Santa Maria da Feira, Pavilhão do Ténis de Matosinhos ou aquele fabuloso poema que é a Casa dos 24 no terreiro da Sé do Porto.
Em termos da recuperação do património, o Arq. Fernando Távora é incontornável e tutelar. Para além de Guimarães, o seu trabalho no edifício sede do Círculo Universitário do Porto é uma autêntica lição, de visita indispensável, por exemplo, a estudantes de uma escola como a Profissional de Recuperação do Património de Sintra.
Távora e a Volta do Duche
A história recente de Sintra, convém lembrar, ficará para sempre ligada a Fernando Távora na medida em que aqui nos recusámos a concretizar um seu projecto. Avivando a memória, tratava-se do estacionamento subterrâneo na Volta do Duche.
Lamentavelmente, 'a contrario sensu' do que determinam os mais doutos, pertinentes e lógicos pareceres relativamente aos fluxos de trânsito e ao estacionamento nos centros históricos, Fernando Távora foi induzido a apresentar uma solução que traria mais automóveis para o centro histórico de Sintra.
A proposta não foi avante e ninguém me convence de que esta não foi mesmo a melhor solução e, inclusive, a melhor e maior prova de respeito por Fernando Távora que, deste modo, afinal, não viu o seu nome apoucado por um polémico e controverso projecto cujos difusos contornos nada se conjugavam nem com o seu altíssimo gabarito e prestígio nacional e internacional nem com os reais interesses de Sintra.
Mas a história não podia ter terminado em 2001 porque permanecia – e permanece tão pertinente como desde o início – a necessidade de estacionamento que se revela imperioso resolver a contento. É verdade que a radical atitude de um Movimento Cívico, com tanto êxito, condenou a solução. Na realidade, o acto político subsequente da Assembleia Municipal sancionou-a. Entretanto, seria de esperar que fossem apresentadas e concretizadas as competentes alternativas.
Ora bem, isso não aconteceu. Nem um centímetro de parque periférico dissuasor, que funcionasse em articulação com um expedito sistema de transportes públicos afins. Não vimos o aproveitamento de pequenas bolsas de estacionamento. Não vimos concretizado, ou sequer anunciada, a construção de qualquer auto-silo. Nenhuma via foi cortada ao trânsito. Nenhum civilizado regime de horário de cargas e descargas se implementou para que fosse inapelavelmente cumprido.
A cultura do desleixo
Nada, absolutamente nada foi feito minimamente análogo a esta rede de soluções que, de facto, constituem as alternativas ao que se pretendia fazer na Volta do Duche. E, assim tendo acontecido, os carros arrumam-se onde é possível, de qualquer maneira, inclusive em cima dos passeios.
Paradigmático? Pois esta é apenas uma das inúmeras soluções de terceiro mundo que, à falta de melhor, Portugal tanto tem promovido… É o resultado da pouca vergonha, é o desleixo à solta, a falta de nível, a consequência de más opções e de maus investimentos, os compromissos, o oportunismo, a falta do exercício da autoridade democrática.
É escusado procurar culpados nos decisores políticos mais ou menos recentes porque se trata de muito séria endemia, uma questão geracional e, mesmo que nos custe a admitir, coisa praticamente genética…
Há excepções, claro que sim. Fernando Távora, por exemplo, nada tinha a ver com esta cultura da ordinarice institucionalizada. Respeitosamente, curvo-me perante a sua memória.
[Ilustr: Fernando Távora; Sintra, Volta do Duche]

Anton Bruckner
193 anos!
No dia do aniversário do compositor (1824-1896), gostaria de o lembrar através de memória muito sumária das suas estadas em Bayreuth e de uma das suas obras, precisamente, a da Sinfonia dedicada a Wagner..
É muito conhecida a sua passagem pela cidade no ano de 1873 devido à visita que fez à Wahnfried para se encontrar com Richard Wagner por ocasião da dedicatória da sua Sinfonia No. 3. Outras deslocações se seguiram em 1876, 1882 1884, 1886, 1888, 1889, 1891e 1892 para assistir a eventos do Festival.
Cumpre recordar que, em 1886, Cosima Wagner convidou Bruckner a participar numa cerimónia de exéquias por ocasião da morte de seu pai, Franz Liszt, durante a qual o compositor tocou no órgão da Schlosskirche, conforme placa assinalando o evento.
Então, celebremos a efeméride recorrendo à Sinfonia No. 3, dedicada a Richard Wagner, circunstância esta que justifica a frequente designação 'Sinfonia Richard Wagner'. É geralmente considerada como a peça sinfónica que 'inaugura' o período das suas obras primas em que, de acordo com Rudolf Kloiber, a criatividade se combina com a monumental capacidade da sua arquitectura sinfónica.
Trata-se da mais revista das sinfonias de Bruckner, contando-se por seis o número das versões existentes. Tem quatro andamentos:
1. Gemäßigt, mehr bewegt, misterioso (Moderado, mais animado, misterioso) (also Sehr langsam [também muito lento], misterioso) — Ré menor;
2. Adagio. Bewegt, quasi Andante — Mi bemol Maior;
3. Scherzo. Ziemlich schnell (bastante rápido) (also Sehr schnell [também muito rápido]) — Ré menor, terminando em Ré Maior. Trio em Lá Maior;
4. Finale. Allegro (also Ziemlich schnell) — Ré menor, terminando em Ré Maior.
Naturalmente, só poderiam esperar que vos propusesse uma interpretação da peça pela Orquestra Filarmónica de >Munique sob a direcção de Sergiu Celebidache. Neste caso, trata-se de uma gravação datada de Munique, Março de 1987, portanto, há 30 anos.
Boa audição!
[Iliustr: ; Schlosskirche de Bayreuth, órgão; Schlosskirche, interior; Anton Bruckner, memorial à porta da Schlosskirche de Bayreuth]








Foto de João De Oliveira Cachado.


Centro histórico de Sintra
Quatro situações muito problemáticas

Artigo publicado em 1 de Setembro, última edição do 'Jornal de Sintra'
_____________________________
INCAPACIDADE TOTAL !
NEM NO PERÍODO ELEITORAL HÁ QUALQUER ALTERAÇÃO...
Neste caso do núcleo central do centro histórico, onde é deveras difícil concretizar as obras que se impõem, o actual executivo autárquico não conseguiu mostrar a mínima diferença em relação aos que o precederam.
DURANTE 4 ANOS, COMO NADA FEZ, MAIS AGRAVOU A SITUAÇÃO