[sempre de acordo com a antiga ortografia]

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017




Ímpar, exclusiva
e EXIGENTE!


Na edição do passado dia 27 de Janeiro do Jornal de Sintra, comecei a publicar uma breve reflexão acerca da necessidade de governação específica de uma zona de Sintra cujas características são tão exigentes. Aqui, portanto, apenas a primeira parte à qual se seguirão mais contributos em próximas edições.

Foto de João De Oliveira Cachado.
 

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017







Marquesa de Cadaval,
Comemorações do aniversário


[26 de Janeiro de 2017]


I. JORGE SAMPAIO, DISCURSO DE HOMENAGEM

II: "MARQUESA DE CADAVAL, UMA VIDA DE CULTURA", FILME
RTP

 
- PARTILHA DO FILME BIOGRÁFICO

AUTORES:
- JOÃO PEREIRA BASTOS
- JOÃO CACHADO

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Na passada Sexta-feira, 20 de Janeiro, sem qualquer divulgação - até parece que quase 'envergonhadamente' - houve um concerto de homenagem à Senhora Marquesa de Cadaval, no auditório Acácio Barreiros do CCOC, em comemoração do aniversário ocorrido no dia 17.

Pena foi que a Câmara Municipal de Sintra não tivesse considerado conveniente comunicar o evento. Pessoalmente, impedido de comparecer devido a um compromisso no Alentejo, apenas soube através da Agenda Cultural do referido CCOC, publicação que me parece ser de manifesto e reduzidíssimo alcance.

A figura em questão, real e inequivocamente, bem merece outro 'tratamento'. A atestá-lo, as duas atitudes que, ainda no 'ciclo' das 'minhas' particulares e singelas comemorações, aqui gostaria de vos propor.

I. Um ano depois da morte

Quando chega o aniversário da Senhora Marquesa de Cadaval, penso sempre no evento ocorrido em 17 de Janeiro de 1997, há precisamente 20 anos, ou seja, o Concerto em Sua Memória no
Palácio Nacional de Queluz.


Nessa ocasião, Jorge Sampaio, então Presidente da República, proferiu um discurso que guardo como peça do maior interesse. Com a capacidade que todos lhe reconhecemos partilhou palavras à altura dele próprio e de quem homenageava em nome de Portugal.

Eis a peça.

"Não há melhor forma de homenagear a memória da Marquesa Olga de Cadaval do que esta — com música e numa bela iniciativa da Câmara Municipal de Sintra, com o apoio precioso da Fundação Calouste Gulbenkian. Felicito os seus organizadores e saúdo com muita simpatia a família Cadaval, aqui presente.

Com a idade do século, Olga de Cadaval viveu a sua longa vida com rara plenitude. Foi fiel a si mesma, aos amigos, aos seus gostos, às inclinações do seu coração. Em Sintra, em Muge, em Veneza ou em qualquer lugar onde estivesse era sempre a grande Senhora, aristocrata de família e sobretudo, de espírito, que é o que mais conta.

A sua experiência do Mundo era vastíssima, a sua memória estava cheia de pessoas e de acontecimentos excepcionais. Ouvi-la era um prazer ímpar. Ela referia-os com uma graça, uma leveza e um desprendimento sagaz que traduziam uma refinada sabedoria da vida. Foi essa sabedoria que a levou a enfrentar com estoicismo e coragem a adversidade e os sofrimentos de que a sua vida, não esteve, em certos períodos, isenta.
 
Tinha uma fé intensa e recolhida, uma influência grande e discreta, uma ascendência ilustríssima de que não fazia alarde e que tomava, não como motivo de vaidade ou vã glória, mas como uma responsabilidade a honrar. Era capaz dos mais largos gestos de generosidade que não pesavam em quem os recebia.

Há talvez uma explicação para esta atitude tão nobre e invulgar: a riqueza da sua vida interior, a sua qualidade humana e a altura da sua posição natural dispensavam sinais exteriores ou qualquer excesso de exibição. Tinha grandeza, distinção e discrição. Foi um privilégio para nós que se tivesse tornado portuguesa, por casamento, por escolha, por amor.

A Marquesa de Cadaval foi, de facto, uma personalidade marcante na vida portuguesa deste século, em especial na nossa cultura. Posso disso dar testemunho pessoal.
Como já contei, tendo meu pai sido médico da sua família, por vários anos, Olga Cadaval conheceu-me desde criança e tive a felicidade de receber, durante muitas décadas, o seu carinho, a sua cultura e o seu fino sentido de ironia. Foi sempre a mesma e eu, para ela, sempre o mesmo: desde a minha juventude até adoecer chamou-me «Poil de carotte».

Por sua casa, em Colares, passaram e até nela viveram grandes figuras da cultura contemporânea, muitas delas em busca de paz ou em fuga de regimes opressores. De Ortega Y Gasset até Rostropovich, dos artistas mais novos aos mais conhecidos, todos receberam aí apoio, estímulo e compreensão, calor humano.

A sua presença na vida cultural portuguesa, muito em especial na música, foi das mais marcantes deste século. Não terá havido um mecenas pessoal tão generoso, empenhado e decisivo. Nunca pediu ou esperou em troca o que quer que fosse. Movia-a o puro amor à música, aos que a fazem, à cultura, ao espírito à beleza.

A Marquesa de Cadaval foi ainda uma mulher aberta ao mundo e à mudança, que afinal viu tudo e tudo procurou compreender, sempre com a simplicidade de trato e a profundidade de sentimentos das verdadeiras personalidades que são grandes e inesquecíveis.
Ao evocarmos a figura de Olga de Cadaval, fazemos votos de que o seu exemplo faça escola e dê frutos.

Quero, em nome de Portugal, prestar homenagem à sua memória. A nossa cultura tem para com ela uma dívida de gratidão enorme. A maneira de a saldarmos um pouco é concretizarmos os seus sonhos, continuando a fazer o que ela fazia e a amar o que ela amava. Este concerto que aqui nos reúne, no dia do seu aniversário natalício, e que tem a participação de músicos tão prestigiados, é o sinal de que isso acontecerá."

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II.

"Marquesa de Cadaval, uma Vida de Cultura"

O documento biográfico do qual sou co-autor* também foi concebido como homenagem. Em tempo oportuno, nomeadamente, há três anos, aquando da sua estreia, tive oportunidade de o apresentar quer no 'Jornal de Sintra' quer nas redes sociais.

Hoje, apenas lembraria tratar-se de um filme que, adquirido pela RTP, tem corrido mundo, através das mais conhecidas estações de televisão, divulgando esta sublime figura de mecenas que, citando as palavras do Dr. Jorge Sampaio, foi "(...) tão generoso, empenhado e decisivo. Nunca pediu ou esperou em troca o que quer que fosse. Movia-a o puro amor à música, aos que a fazem, à cultura, ao espírito à beleza (...)".

Hoje, fundamentalmente, o que me interessa é poder partilhar este filme. Para isso vos convido, mais não sendo necessário do que accionar as referências abaixo indicadas para aceder ao documento completo.

Bom visionamento!

https://youtu.be/8y24mNNrse4 [Parte I]https://youtu.be/3fvL6rLRWsY [Parte II]

*Realização de João Santa-Clara e produção de Mário João Machado]

[Ilustr: Senhora Marquesa de Cadaval; Dr. Jorge Sampaio; apenas dois dos muitos intervenientes no filme: pianista Olga Prats e Maestro Daniel Barenboim]




 
 
 
Foto de João De Oliveira Cachado.
 
 
 
 
 
 
Foto de João De Oliveira Cachado.
 

A um tempo,
sofisticado e popular
 
[23 de Janeiro de 2017]

Primeiramente, a registar a feliz decisão de assinalar uma fase importante de trabalhos de recuperação e restauro do património que lhe está afcto, neste caso o Palácio de Queluz, com uma festa deste nível.

Na maior parte das ocasiões, não diria que se se esquece mas, de facto, não é habitual evidenciar, tão devidamente quanto necessário, que obras congéneres são prova flagrante de que os seus promotores pretendem fazer perdurar a memória de um dos mais nobres legados que uma comunidade pode herdar, ou seja, o seu património edificado.

Devo confessar que não sou particularmente adepto deste tipo de propostas mas, vindo de quem vinha - entidade que jamais deixa créditos da maior qualidade por mãos alheias - anunciado como foi, com as características que me informaram que detinha a iniciativa, não pude deixar de aceitar o convite.

Finalmente, ao dar conta da minha impressão, apenas poderei partilhar que, muito dificilmente seria possível fazer melhor no sentido de conciliar um «espectáculo» tão popular com a sofisticação, o bom gosto, o cuidado colocado na sua 'composição'.

E ali estavam, ao frio, milhares e milhares de pessoas, certamente, muitas centenas de famílias inteiras, imensas crianças e jovens, perante imagens seleccionadas com o mais elevado critério e bom gosto e o ímpar sortilégio da música que produziu a Orquestra Barroca 'Divino Sospiro', sob direcção do meu querido amigo Massimo Mazzeo.

Para que se apercebam da riqueza multidisciplinar de iniciativa tão compósita como esta da Parques de Sintra aconselho vivamente a leitura do documento que partilhei.

A concluir, julgo estar justificado o título: a um tempo, sofisticado e popular! Os mais sinceros parabéns!
 
 
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Regresso ao Palácio – A Viagem Concerto', um espetáculo único de video mapping para ver em Queluz
 
A partir desta sexta-feira, 20, e durante três dias a fachada do Palácio Nacional de Queluz serve de tela ao primeiro concerto virtual em video mapping. Händel,…
visao.sapo.pt



 

 
 
 



terça-feira, 24 de janeiro de 2017



Senhora Marquesa de Cadaval
mais pretexto para honrar a sua memória
 
[20 de Janeiro de 2017]
 
A Senhora Marquesa de Cadaval será esta noite lembrada em evento musical no CCOC. Embora tenha opinião acerca do programa reservo-me a sua partilha convosco para futura e mais conveniente oportunidade.
 
I. Comemorações pessoais

Sabendo que não poderia estar presente, comecei as «minhas comemorações pessoais» no passado Domingo, véspera do aniversário da mecenas. Nesse dia, a mítica Mitsuko Uchida, veio ao Grande Auditório da Gulbenkian para apresentar um programa que, de certeza absoluta, seria do pleno agrado da Senhora Marquesa:

'Sonata para Piano No. 16, em Dó Maior', KV. 545 de Wolfgang Amadeus Mozart, 'Kreisleriana', op. 16 e 'Fantasia em Dó Maior', op. 17 de Robert Schumann. Continuei, ontem à noite, no mesmo auditório da Avenida de Berna, escutando a excelente pianista Yulianna Avdeeva na interpretação do 'Concerto para Piano n.º 2, em Fá menor', op. 21 de Fryderyk Chopin, com a Orquestra Gulbenkian sob direcção de Stéphane Denève.

É neste contexto que vos proponho a audição de dois momentos musicais com peças acima aludidas que a Senhora Marquesa muito apreciava, pelas citadas artistas perfeitamente à altura desta homenagem. Da Sonata de Mozart, ouviremos o segundo andamento, 'Andante'. Quanto ao Concerto de Chopin, a partilha será integral.

Boa Audição!

https://youtu.be/SDG199MRF-o [I] Mozarthttps://youtu.be/4S5z2EhP6xk [II] Chopin

II. Memória muito grata

Permitam que, três anos exactos após a apresentação pública do filme biográfico "Marquesa de Cadaval, uma Vida de Cultura", aqui vos traga a mensagem que, na qualidade de co-autor do documento, recebi de um especial amigo.

Sem a sua oportuna e absolutamente decisiva intervenção, despachando favoravelmente uma proposta de apoio ao projecto, muito dificilmente o filme se teria concretizado. Percebendo que se tratava de trabalho credível, não teve dúvida de que a Câmara Municipal de Sintra poderia envolver-se naquele tributo à memória da Senhora Marquesa de Cadaval.

Isto não é coisa de somenos. Personagem tão ilustre não pode ser lembrada «de qualquer maneira» por uma comunidade como a de Sintra que tanto, tanto lhe deve. O facto de o então Presidente da Câmara ter decidido como decidiu em relação ao referido apoio e, posteriormente, me ter enviado esta mensagem que tanto me sensibilizou, bem atesta como todos teremos estado à altura de quem é merecedora de todas as homenagens.

Eis a mensagem que, em 20 de Janeiro de 2014, o seu signatário publicou no meu mural do facebook:
"Muitos parabéns pelo extraordinário documentário acerca da Senhora Marquesa do Cadaval. Foram momentos de dádiva cultural. E de reconhecimento. E de entrega a Sintra de instantes que ficam para a História ! Para a História de Sintra e da Cultura portuguesa. Parabéns. Muitos parabéns. Forte e fraterno abraço do

 
Fernando Seara "
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[ILustr: Mitsuko Uchida; Yulianna Avdeeva; Senhora Marquesa de Cadaval]
 
Foto de João De Oliveira Cachado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 

 
 
 




Mas que tremenda trapalhada !


[20 de Janeiro de 2017]

Difícil seria prever que esta última fase do mandato do Presidente Basílio Horta estivesse envolta em tantas e polémicas questões como é esta do polo hospitalar. Naturalmente, a proximidade do período eleitoral é tudo menos propícia à serenidade exigível. Muito sinceramente, considero desejável lhe seja permitido terminar o exercício do cargo com a possível dignidade.

 
 
 
 
Autarquia denuncia urbanizador e garante que vai arranjar "uma nova forma, para que o hospital seja construído naquele sítio"
tvi24.iol.PT
 
 
 


19 de Janeiro de 2016
Morte de Maria Almira Medina
 
 
Hoje, um ano depois, recupero parte do texto que então publiquei:
 
"(...) Maria Almira não era pessoa para pêsames nem pesares. Conheci-a há quase cinquenta anos. Pouco será dizer que era um vendavai. Não um vendaval destruidor mas dos que são necessários para que a Vida continue. Era o vendaval de todas as lutas em que se envolveu. E foram muitas.

(...) numa luta já ganha na altura [um poema a propósito] da recuperação do Chalet da Condessa. Esta, talvez, o protótipo da atitude que mais a definia. Luta. Eis lição que deixa a várias gerações de familiares, amigos, alunos, cidadãos anónimos de Sintra para quem ela também era um símbolo desta terra.*

[Ilustr: Maria Almira Medina, Sala da Folha, Colares, Maio de 2015 (fotografia de Emília Reis);
*poema
 
 
 

 

 

 
 
 
De facto, outra competência !
Cascais, tão perto mas tão diferente !...

[19 de Janeiro de 2017]
 
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Não estará na altura de o Senhor Vereador com o pelouro da mobilidade urbana da Câmara Municipal de Sintra fazer um estágio na Câmara Municipal de Cascais ?

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Eis algumas medidas que os sintrenses só podem «ver por um canudo» embora estejam apenas a 12 quilómetros do concelho vizinho:

"(...) Para já, os utilizadores dos transportes públicos vão notar as diferenças na carteira. Os passes da CP e da Scotturb vão ficar até 25% mais baratos. Por exemplo, o pacote estacionamento e comboio entre Cascais e Lisboa custava 60,40 euros e vai passar a custar 48,40 euros. Ou seja, menos 12 euros por mês. Outro caso, de autocarro e comboio passa a custar 63,40, menos 11,70 euros do que até agora.

Para facilitar o uso de transportes, o concelho investiu também em lugares de estacionamento. Junto às estações de comboio vão existir 1280 lugares gratuitos. O uso da bicicleta vai ser incentivado com 1200 a circular em regime de partilha e 75 quilómetros de ciclovias - existiam 20. Existindo ainda 2000 lugares de estacionamento para as bicicletas. (...)"
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Enfim, outra solução, talvez complementar do acima aludido estágio do «nosso» Vereador, poderia ser a de pedir a Carlos Carreiras, Presidente da Câmara Municipal de Cascais, que viesse até ao Largo Vergílio Horta para orientar umas acções de formação nesta matéria. Se for preciso, lança-se uma petição...
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Finalizando, no registo que reclama a seriedade das questões envolvidas na notícia, cumpre ter em consideração um princípio fundamental, aliás, comum a todos os sectores de intervenção autárquica.
Para que sejam promovidas medidas adequadas à mobilidade, num território tão complicado como é o da Área Metropolitana de Lisboa, é preciso que os cargos dos autarcas, responsáveis pelos respectivos pelouros nas diferentes autarquias, sejam preenchidos por pessoas com preparação adequada e inequivocamente competentes na matéria.

Infelizmente, como bem sabemos e está exuberantemente provado, em Sintra, tal não acontece. Por isso, Sintra sofre, por isso, os sintrenses sofrem, por isso, sofrem os visitantes de Sintra.
 
 
 
 
Autarquia anuncia poupanças até 12 euros por mês nos passes combinados.…





Para o anedotário de Sintra
 
 
[18 de Janeiro de 2017]
 
Tal como é referido no corpo do documento que passo a partilhar convosco, tive oportunidade recente de me referir, embora parcialmente, àquela que, irónica e adequadamente, aqui é designada como “Não” Agenda do Professor.
 
Esta excelente análise da Vereadora Paula Simões bem reveladora é de um desleixo cujo resultado foi o acumular de sucessivas falhas que acabaram por transformar esta infeliz publicação no lugar geométrico e símbolo da asneira muni...cipal no seu mais baixo nível.
 
São tantos e graves os erros detectados que não podem deixar de ser avaliados como fazendo parte de um estado de coisas muito mais abrangente que, tão negativamente, caracteriza toda uma maneira de ser e de estar ao serviço dos munícipes.

A coisa é grave. Não, não vale a pena tentar branquear a situação. Não se trata de um episódio restrito a um sector de somenos já que constitui uma evidente desconsideração que, nem mais nem menos, teve como alvo a classe docente do concelho de Sintra.
 
Estando a terminar o período do seu mandato, o actual executivo não deixa créditos por mãos alheias… De facto, também através deste caso, como bem fica demonstrado, eis que continua a reivindicar um «lugar de pedra e cal» no triste anedotário que foi tão enriquecido pela sua lamentável actuação.
 
 
 
 
Neste sítio do Movimento Sintrenses com Marco Almeida queremos partilhar consigo o que fazemos…
marcoalmeida.net
 
 
 
 

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017



Centro Cultural Olga Cadaval
- uma obra que nasceu torta



À guisa de comentário ao texto que ontem publiquei, subordinado ao título "Centro Cultural Olga Cadaval, incúria inqualificável - em causa a vida e a integridade das pessoas", escreveu João De Mello Alvim

"O que nasce torto... Ou megalomanias que os outros pagam caro! Não estou, nem estive, contra a construção do CCOC, estive e estou em desacordo com políticos que avançam apenas ouvindo "a corte".

Quem ligado à cultura em Sintra, ao ambiente, numa palavra, à intervenção cívica, foi ouvido pela então Presidente Edite Estrela? Para além de evidentes problemas de estacionamento que referes João, há problemas de construção do equipamento que seriam resolvidos se tivessem sido ouvidos agentes culturais.

Por exemplo: como é possível construir um segunda sala com um pé-direito que não dá para "picar" um projector? Para não falar da solução para cargas e descargas de material...Quanto ao actual Presidente ter prometido e não cumprido, a questão devia ter sido: quanto custa? Não, disse ele, não se toca nos milhões..."

Subsequentemente, tive oportunidade de responder:

"(...) a questão das cargas e descarga foi mesmo a que mais trabalho me deu com a [Presidente] Edite [Estrela]. Fartei-me de avisar que, sem um «cais» patra o efeito, ficaria comprometida a possibilidade de aqui receber produções de ópera, bailado e teatro que circulam pela Europa a preços extremamnente convenientes porque os custos se diluem imenso com a itinerância.

Nem ela me ouviu nem ninguém depois. Por outro lado, para que tal pudesse acontecer também teria que ser possível a manobra dos grandes TIR que transportam tais produções, algo impossível naquele beco das traseiras do CCOC.já que pressuporia a demolição de várias construções.

Aquilo, tal como escreveste, nasceu torto. Pessoas como nós, que sabem como é possível alterar, demolir e adaptar às necessidades do tempo actual, são consideradas os «chatos» do costume, os que têm a mania que sabem... Depois, perante as consequências, como não estão à altura de as resolver, vão empurrando com a barriga até que, por algum milagre de conveniência, a coisa acabe por se resolver. Uma «seca» (...)"
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Ora bem, apesar de ter nascido torto e de, tal como acima referi, não ter sido contemplada a solução do «cais» para as cargas e descargas, ainda é possível remediar a situação. E remediar com uma solução de qualidade.

Em Salzburg que, como sabem, é cidade que conheço muito bem, num dos edifícios que alberga uma das mais frequentadas e prestigiadas salas locais, onde se partilha eventos culturais do mais alto nível, aprendi uma saída para a questão acerca da qual já falei com dois arquitectos. É perfeitamente possível adaptá-la à situação que afecta o CCOC. Só vos digo que se trata de um «ovo de Colombo»...

Por enquanto, o ambiente nem sequer é propício à apresentação e discussão da matéria. Enfim, espero que, em tempo mais oportuno, possa voltar a abordar esta que é uma questão que tanto nos tem preocupado, a mim e ao João De Mello Alvim, cuja remediação tem uma real hipótese de abordagem.

 
 





Nascimento da Senhora Marquesa de Cadaval

- Peça musical de um amigo

17 de Janeiro de 1900


"Simple Symphony” op. 4, é obra de juventude de Benjamin Britten, grande amigo da Senhora Marquesa, cujo centenário se celebrou em 2013. Celebrando a efeméride, aqui vo-la deixo, numa excelente interpretação do Ensemble I Musici.
 
Boa audição!


https://youtu.be/FwSwopSro0k

 Ver Mais



Foto de João De Oliveira Cachado.

 

 



17 de Janeiro,
117º aniversário da Marquesa de Cadaval



Dona Olga Maria Nicolis di Robilant Álvares Pereira de Melo (Cadaval), nasceu em Torino, aos 17 de Janeiro de 1900 e morreu em Lisboa, no dia 21 de Dezembro de 1996.

Permitam que retroceda quatro anos para voltar a 17 de Janeiro de 2013. Dias antes daquele 113º aniversário, desmultipliquei-me em diligências para conseguir que se concretizasse uma homenagem singela mas digna da memória da Senhora Marquesa de Cadaval.

Eu próprio fui à Escola D. Fernando II naquela manhã, falei a um grupo de alunos acerca da personagem que estávamos prestes a homenagear, e vim com eles até ao Centro Cultural Olga Cadaval onde a Dra. Paula Simões, Vereadora da Cultura de então, e a Condessa Teresa Schönborn, neta da Senhora Dona Olga, já nos aguardavam. Interviemos os três.

Quatro anos passados, num dia em que, «por força das circunstâncias», não é possível protagonizar acto análogo - infelizmente, esta é a actual e triste situação a que chegámos em Sintra!... - permitam que transcreva as palavras que proferi na ocasião.
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[17 de Janeiro de 2013]
Meus amigos,.

Acontece este acto, tão singelo, precisamente no local onde, constantemente, e sob as mais diversas formas, se celebra a Arte e vivem momentos de Cultura. É o local que a comunidade sintrense considerou adequado à perpetuação da memória de quem teve uma vida tão cheia, ocupada, preocupada e marcada pela Arte e pela Cultura, a Senhora Marquesa Dona Olga de Cadaval.

Se quiséssemos resumir em que consistiu a fundamental atitude de tão desinteressada mecenas, bem poderíamos dizer que passou muito do seu tempo numa total disponibilidade para quem mais carecia do seu apoio.
 
Sucedeu isso em todos os domínios mas, como é do conhecimento geral, a sua intervenção, em especial no universo musical, nacional e internacional, foi absolutamente determinante no sentido de facilitar os primeiros grandes passos de jovens valores, a quem sabia reconhecer inquestionáveis méritos e dotes, apontando-os ao mundo como expoentes que evidenciavam as mais gratificantes promessas.

Antes de 1974, por vezes enfrentando alguns riscos dos sombrios tempos que enquadravam a vida cultural portuguesa, disponibilizou os seus conhecimentos, colocou ao seu serviço a rede de contactos dos amigos, soube estar atenta e, sempre que se lhe ofereceu o ensejo, jamais desperdiçou a oportunidade de promover os talentos, de contribuir para a excelência, de sublinhar a excepcionalidade.

Ora bem, meus amigos, será que, à escala das possibilidades de cada um de nós, estaremos à altura desta nobre atitude, ou seja, da herança que recebemos da Senhora Marquesa de Cadaval?
E, perante estas crianças da nossa comunidade, crianças que, sendo o futuro, são o próprio tempo – como dizia o meu grande mestre Prof. Manuel Antunes – perante estas crianças, prestes a concretizar o gesto tão simbólico de oferecer flores à Senhora Marquesa, será que, interrogava eu, também nos poderemos comprometer com a nossa disponibilidade, para fazer tudo quanto estiver ao nosso alcance no sentido de reconhecer e respeitar a individualidade sagrada de todos os meninos, as suas características próprias, sempre a seu favor, nunca em seu prejuízo?

Permitirão que assim me expresse, sincera e comovidamente, curvado perante a memória desta senhora que, para mim, tem revelado um fascínio, cada vez mais surpreendente, à medida que mais e melhor a venho conhecendo e descobrindo.

Uso desta veemência, porque considero o acto de homenagem, não uma formalidade para preencher agenda mas, isso sim, algo de altamente interpelante, verdadeiro desafio de gente que reconhece os valores da cultura e da civilização em que nasceu, enaltecendo alguém que, tendo-os encarnado no passado, nos ajuda a transmiti-los ao futuro.

Antes de terminar, gostaria de vos trazer um excerto do texto subscrito por um íntimo amigo da Senhora Marquesa, o Engº Luís Santos Ferro, palavras do programa comemorativo do aniversário de Dona Olga, em 1997.

Cito: “(…) Melhor é a sabedoria do que a valentia diz, numa moeda de ouro de 1724, o mote latino de um dos sete doges seus ancestrais, Alvise III Mocenigo, Melior est Sapientia quam Vires.
(…) Como participantes nesta cerimónia e, simbolicamente, representando tantos que a sua personalidade de alguma forma tocou, louvemos a sapiência e a generosa simplicidade com que distribuiu os seus invulgares talentos, multiplicados e enaltecidos no transcurso de toda uma ampla vida.”

Fim de citação.

Neste nosso tempo, tão conturbado, afirmar que "Melhor é a sabedoria do que a valentia", é um acto de profunda coragem, lucidez e de grande sabedoria, mensagem certíssima, meus amigos, na perspectiva do futuro, para bem do qual a Senhora Dona Olga, Marquesa de Cadaval, tanto, tão decisiva e positivamente contribuiu, o mesmo futuro que tanto prezava na actualidade e na modernidade da Arte que jamais a desconcertou, o futuro que aqui está, hoje, neste átrio, nestas crianças.

Pela primeira vez, celebram elas a memória de alguém que nós lhes apontamos como exemplo de vida. Estes alunos da Escola D. Fernando II sabem ao que vieram. Demos-lhes nós o melhor exemplo. Não as desapontemos.

Muito obrigado.
__________________


[Ilustr: Além da foto da Senhora Marquesa, eis as das Intervenientes na homenagem: Condessa Teresa Schönborn (Teresa Álvares Pereira de Melo Schönborn-Wiesentheid) e a então Vereadora da Cultura Dra. Paula Simões. Eu também intervim mas, certamente, dispensam a minha foto...]


[
Foto de João De Oliveira Cachado.
 
 
 


Ora tomem lá e embrulhem!...
 
[17 de Janeiro de 2017]
 
 
Houve quem tivesse querido fazer chicana política com um caso sem pés nem cabeça. Nós sabemos quem.
 
Houve quem estivesse apostado em desacreditar o anterior Presidente da Câmara Municipal de Sintra. Nós sabemos quem.

Como se fosse precisa, a resposta da Justiça foi absolutamente inequívoca.
Os nossos parabéns a Fernando Roboredo Seara!
 
 
 
 
O antigo presidente da Câmara de Sintra Fernando Seara foi hoje absolvido dos crimes de prevaricação de que estava acusado.
sicnoticias.sapo.pt
 
 
 
Sintra-Sintra?
Intervir no Centro Histórico de Sintra?
 
 
Pois, de facto, é coisa bastante difícil, muito sofisticada. E, entre os poucos que estarão preparados, de certeza absoluta que nenhum é actual Vereador da Câmara Municipal de Sintra...
 
Vem tudo isto a propósito de uma opinião de Adriano Filipe. Com a ironia que todos lhe reconhecemos, comentando o artigo que subscrevi para a última edição do 'Jornal de Sintra, subordinado ao título "Então, o eléctrico", o conhecido ex-Presidente da Junta de Freguesia de São Marttinho, escreveu o seguinte:

"O eléctrico vem no mesmo pacote dos estacionamentos, nos esgotos domésticos para a Vila, na rede de fibra óptica para a Vila e está tudo isto previsto, aquando da inauguração do novo Centro de Saúde de Sintra".

Eis o que se me oferece responder-lhe:

Tal qual Adriano Filipe, uma série de promessas por cumprir. O grande, o gigantesco problema é que continua comprometidíssima a qualidade de vida dos munícipes residentes na sede do concelho e, naturalmente, também a dos trabalhadores que, residentes noutras freguesias, para aqui têm de se deslocar quotidianamente.

Muito prejudicados também os visitantes nacionais e estrangeiros, em especial, os que se deslocam em viatura própria. O horror das filas de espera, a falta dos parques de estacionamento periférico e de uma rede de transportes públicos que ligue tais parques aos destinos demandados.

É gritante a falta de estratégia do actual executivo camarário, que, ao fim e ao cabo, coincide com a sua manifesta incapacidade. Concretizar algumas melhorias em Cacém ou Algueirão é tão fácil como em Santa Iria de Azóia ou Alverca que nada têm a ver com Sintra-Sintra...

Agora, trabalhar no Centro Histórico, isso não é para gente com a falta de gabarito que temos assistido. Infelizmente para todos nós!...