[sempre de acordo com a antiga ortografia]

sábado, 29 de junho de 2013


 
Sintra,
Dia de São Pedro,
Cântico de Orlando Gibbons
 

Almighty God, who by thy son Jesus Christ, didst give to thy Apostle Saint Peter many excellent gifts and commandest him earnestly to feed thy flock; Make, we beseech thee, all Bishops and pastors diligently to preach thy holy Word, and the people obediently to follow the same that they may receive the Crown of everlasting glory. Amen


Eis que, comemorando o dia do mais venerado dos santos, ao fazer-vos escutar este cântico da Colecta para a Missa Anglicana do Dia de São Pedro, se me oferece a oportunidade de lembrar um estupendo mas esquecido compositor do período isabelino (1583-1625), ou seja, tardo Tudor, contemporâneo de William Shakespeare.

Natural de Oxford, fez os seus estudos na Universidade localtendo obtido o grau de Bachelor of Music em 1606. Foi organista da Capela Real, assumiu funções de organista privado do futuro Rei Charles I e de organista em Westminster Abbey. No século vinte o seu mais famoso admirador foi Glenn Gould que chegou a compará-lo a Beethoven e Webern.

A interpretação está a cargo do Coro da Catedral de Worcester, Raymond Johnston é o organist e a direcção de Donald Hunt directing.

Boa audição!

http://youtu.be/D42bTiqrwDw
 

sexta-feira, 28 de junho de 2013




Sintra, Festival 2013
Recital cancelado


O recital da pianista coreana Ah Ruem Ahn programado para amanhã, dia 29 de Junho, pelas 21,30, no Palácio de Queluz, foi cancelado devido a um problema de saúde. É uma grande perda para o Festival, entre outras razões, também pelo facto de se tratar de uma grande artista que nos viria apresentar um programa muito desafiante, cuja primeira obra, Grand Sonata em Lá Maior op. 4 WWW 26 de Richard Wagner é raramente tocada em público.

Pretendendo não vos privar da sua audição, eis que vo-la trago com o enquadramento das notas de Mariana Portas/Luisa Tender que, de imediato passo a transcrever:


"Aos dezanove anos de idade, o jovem Willelm Richard
Wagner (1813-1883) reagia espontaneamente a todos os
estímulos musicais, fossem eles atuações em concertos ou
partituras que chegassem à sua mão. O jovem músico confiou
assim ao papel uma série de obras ou esboços de música que
ou se perderam, ou foram ignorados em função do enorme
peso da sua celebridade em anos mais tardios.
Não sendo um menino-prodígio, o jovem Wagner tocava
piano apenas razoavelmente, ao ponto de lhe sugerirem que
procurasse as lições de J. N. Hummel (1778-1837). Mas
embora não fosse excecionalmente dotado como músico
(desde a infância tinham-lhe augurado as carreiras de
escritor, ator ou dramaturgo) depressa adquiriu fluência na
leitura de partituras de música. Era habitual ler partituras de
ópera como por exemplo o Don Giovanni de Mozart, ou os
quartetos de cordas e sonatas de Beethoven, e em seguida
exercitava-se na harmonia e contraponto musical. A sua
ambição e energia eram infatigáveis. Aos dezoito anos,
Wagner recebeu a orientação de Theodor Weinlig (1780-1842),
«Cantor» da Igreja de São Tomás de Leipzig, a mesma em que
J. S Bach tinha servido oitenta anos antes. Começavam por
analisar sonatas para piano, por exemplo de Ignaz Pleyel
(1757-1831), e exercitavam as formas da fuga e do cânone.
Seguia-se a escrita de uma sonata para piano do próprio
Richard Wagner, para conclusão do exercício. A primeira
destas sonatas a ser concluída, em Si bemol maior, foi
dedicada a Weinlig, que convenceu a firma Breitkopf & Härtel
a publicá-la. Entre essas peças, porém, a «Grande Sonata» em
lá maior op. 4, WWV 26, em três andamentos – composta
possivelmente em 1832, com dezanove anos – é a obra mais
interessante, que acusa alguma influência de Beethoven.
Alguns motivos parecem concorrer neste sentido, como sejam
o tema de abertura da Quinta Sinfonia, ou da fuga da Sonata
«Hammerklavier» op. 106, após o que a Sonata culmina num
final brilhante e virtuosístico."


A interpretação que vos proponho é da pianista Nina Kavtaradze. Terão de accionar os três comandos sucessivamente.

Boa audição!


I. Allegro con moto

http://youtu.be/piFqMDUfZC8 [I]
II. Adagio molto, e assai espressivo
http://youtu.be/OtzMb9_Kjlw [II]
III. Allegro molto
http://youtu.be/w88n0mnyvgA [III]
 
 


quinta-feira, 27 de junho de 2013



Movimento cívico de Sintra,
a luta continua


Fiz parte de um pequeno grupo de pessoas que, há doze anos, lutou contra o profundo disparate que se perfilava para a zona da Volta do Duche. O Movimento Cívico do qual muito me orgulho de ter sido um dos impulsionadores, foi capaz de fazer frente aos propósitos da então autarca, uma luta de David, nós que só tínhamos a força da razão, contra Golias, uma poderosa figura política apoiada pela força de um partido poderoso.

A luta atingiu contornos de apropriação nacional por todos os media. Raros foram os Intelectuais, jornalistas, artistas de nomeada que não nos deram apoio. Ajudámos a derrotar a autarca que era candidata a novo mandato e conseguimos que todos as outras forças políticas se comprometessem publicamente no sentido de que, uma vez eleitos, não concretizariam o projecto que, nem mais nem menos, era «só» assinado pelo Arq. Fernando Távora (por quem, aliás, eu tinha e mantenho a mais profunda admiração).

De facto, um movimento cívico a funcionar capazmente é coisa impressionante. Mas tem limites. Pois, sem entrar em detalhes, o nosso limite aconteceu com a incapacidade de «dar a volta» ao maior absurdo que a mesma autarca deixou aos sintrenses como herança: um horroroso circuito labiríntico, entre os bairros da Estefânea e da Portela que, tão manifestamente, compromete a qualidade de vida, não só, em especial, dos fregueses de Santa Maria e São Miguel, mas também de São Martinho e de São Pedro, já que causas e consequências, no quadro de uma abordagem sistémica, se posicionam a montante e a jusante dos territórios em apreço.

Em articulação com o despautério em questão, evidencia-se a péssima qualidade de concretização da zona pedonal da Heliodoro Salgado – que, com mais uma loja ocupando o espaço do antigo supermercado Baeta, está prestes a transformar-se numa desqualificada, desinteressante e inestética «chinatown» – um aborto, sem qualquer hipótese de animação de rua, por muito fértil que se revele a imaginação de quem ali pretenda fazer qualquer coisa de jeito.

O Movimento Cívico de que fiz parte que tanto sucesso alcançou na Volta do Duche, chegando a ser apontado com paradigma a nível nacional, numa boa reportagem do semanário “Expresso”, poi «não teve unhas» para o resto que se impunha, apesar de ainda ter promovido, entre outros, um famoso debate sobre a Estefânea, no Palácio Valenças, em que tive, sentado a meu lado, o meu querido e saudoso amigo Bartolomeu Cid dos Santos, ele que considerava a Heliodoro Salgado um sarcófago…

Pois, a verdade é que não conseguimos adiantar mais trabalho. O nosso empenho cívico esbarrou em obstáculos que urge analisar e avaliar. Há imenso que fazer. Nós, que da democracia, temos uma perspectiva de participação activa que, quotidianamente, se consubstancia na cidadania, temos muito que fazer para ajudar na arrumação que se impõe.

É trabalho para amadores empenhados e, «pelo andar da carruagem», tantas são as negociantes mentes que se perfilam para a refega eleitoral autárquica, que temo pelo resultado. Tal como há doze anos, também hoje não faltam razões para a luta. Acresce, actualmente, a circunstância de se tornar imprescindível lutar contra quem não esconde uma avidez desmesurada pelo regresso ao poder local, com nítidos objectivos mercantilistas, sob a capa do discurso de impoluta matriz democrática.

Como não tenho quaisquer compromissos partidários, posso dar o meu apoio e juntar-me a quem muito bem me apeteça, a diferentes forças político-partidárias, consoante se trate de Junta de Freguesia, Assembleia Municipal ou Câmara Municipal, a movimentos de cidadãos, etc, continuando a atitude de liberdade e de independência que tanto prezo.

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Sessão da Associação de Defesa do Património de Sintra - 21 de Junho de 2013

VILA DE SINTRA, MOBILIDADE E ATIVIDADE NO CENTRO HISTÓRICO

É indubitável a realidade configurada pelo centro histórico, produto cultural único, portador de especificidades e carácter diferenciador, induzindo e pressupondo o desenho de políticas públicas dedicadas.
A singularidade destes espaços sugerem e expressam um c...
onjunto específico de problemas e, nestes, é o domínio da mobilidade matéria da maior importância, sensibilidade e preocupação.
Mas, importa reter o universo de características únicas do designado centro histórico da Vila de Sintra. Isto é: não se trata de um centro histórico entre muralhas; não se trata de um centro histórico preenchido ou dominado por sistema viário tortuoso ou impróprio aos atuais meios de transporte; não se trata de um centro histórico que, à semelhança de outros, assiste ao abandono de atividades terciárias ou residenciais.
É, pelo contrário, um centro, um espaço patrimonial que persiste em diversidade de atividades, em espaço viário generoso, em tecido urbano aberto e de conectividade assertiva, e onde persistem pulsões e dinâmicas de produção de oferta seja no imobiliário tradicional, seja em espaços de acolhimento turístico, seja em comércio dedicado e temático ou em produção e fruição de cultura.
Não é, portanto, um espaço em risco de definhamento económico e social: é um espaço que obriga a gestão das dinâmicas de procura que permanecem em crescendo e sugere inteligência, criatividade e reforço de memórias, sendo certo que é, e deve ser, espaço aberto ao acolhimento de iniciativas contemporâneas e eruditas.
De rigor arquitetónico, de qualificação de espaço público e de atividades configuradoras de produto. De valor e riqueza.
Nunca desejámos para Sintra, espaço patrimonial, uma gestão que se dirija à má consolidação ou tendência de parque temático de oferta específica. Sempre desejámos, para Sintra, espaço patrimonial, uma gestão que, em simultâneo, assegure reforço identitário e de memória e, do mesmo modo, assegure afirmações de modernidade, de contemporaneidade e de empregabilidade diversa.
Esta é a direção e afirmação politica. Este é o domínio da afirmação de princípios geradores de políticas públicas dirigidas a Sintra, espaço patrimonial. Corresponde, naturalmente ao domínio das ciências de gestão, do urbanismo, da mobilidade, da multidisciplinariedade requerida, encontrar formas e processos de corresponder à legitimidade da afirmação política.
Este encontro, este seminário é, por isso, bem-vindo.
Pertencemos àqueles que asseguram contexto democrático. Que asseguram abertura e competitividade na exposição de teorias, sendo certo, que o debate das opções e escolhas afirma a possibilidade de eliminação das teorias inúteis e garante a progressão da atitude de ciência.
O método da ciência é o ensaio e o erro. A procura incessante do ajustamento dos erros, do avanço de soluções diversas, da progressão de futuro melhor, da inquietude e incomodidade inerente.
Mas desenvolvimento e progresso é domínio da atividade humana, sendo certo ainda que vivemos em ordem social e política que confere segurança ao autor ou defensor de ideias, por muito incómodas que possam parecer ao exercício da autoridade legítima.
Por isso, em liberdade segura, prossiga e afirme-se o debate.
Por isso, aplaudimos esta iniciativa e reafirmamos a nossa determinação política em manter Sintra como espaço patrimonial aberto à configuração de futuro melhor.

quarta-feira, 26 de junho de 2013



Brasil:
-vem ver a festa, pá, cá estou doente...


Bom seria que alguns decisores políticos e jornalistas brasileiros passassem pelas lusas latitudes e se inteirassem do estado actual da obra concretizada através dos investimentos para o Campeonato da Europa de futebol.

Este é o momento mais adequado, em que o Brasil ainda não optou por cancelar o programa de afectação de milhões para estádios e outras infraestrutu

ras para a copa do mundo.
Entre nós, por vezes, até bem perto de auto-estradas hoje desertas, também há estádios fantasma, alguns dos quais já tendo ouvido ameaça de implusão.

E, se quiserem ter directo contacto com a alma mater desses prodígios de empreendimentos, a gente sugere-lhes um certo comentador do domingo televisivo que também é consultor de um grande empório brasileiro da indústria farmacêutica...


Sintra,
Festival 2013, Bertrand Chamayou
- Palácio de Queluz, 26 de Junho de 2013


Hoje à noite, o Festival de Sintra apresenta um recital de Bertrand Chamayou, o jovem pianista francês a quem foi atribuído, no ano passado, o grande prémio Victoire Musique Classique 2012. Eis o programa que interpretará:

- Franz Schubert/Franz Liszt - Auf dem Wasser zu singen, op. 72 D. 774 (S.558/2);
- Richard Wagner/Franz Liszt - Parsifal, Marcha solene para o Santo Graal, S.450;
- Franz Liszt - Années de Pèlerinage, Ano III

Com o objectivo de vos permitir o acesso às capacidades deste jovem cuja acentuada maturidade das propostas de leitura é tão evidente, eis dois momentos. O primeiro, por altura da gravação que viria a ser distinguida em 2012 por Victoire Musique Classique:

http://youtu.be/segaHqqtE48 [1]

E, em segundo lugar, precisamente, a altura em que foi distinguido, ou seja, Victoire de la Musique Classique 2012, categoria "gravação do ano" para "Années de catégorie "enregistrement de l'année" pour "Années de pèlerinage" de Franz Liszt. É aos 4.00' que se inicia a sua prestação pianística:

http://youtu.be/XBDKvTVNkvE [II]
 

terça-feira, 25 de junho de 2013



Raquel Abreu,
o caso sério de entrega a uma causa


Fui seu Chefe na Divisão de Professores e Programas de Ensino, no Instituto Camões, numa altura em que, iniciando a vida profissional, a Raquel Abreu já tinha alguns sintomas da doença que não percebia como, insidiosamente, estava a desafiá-la. Como, entretanto, me aposentei, perdi o rasto da Raquel e, embora tivesse tentado, não obtive notícias suas.

Agora, perante a evidência do trabalho que está desenvolvendo, dou graças a Deus pelo percurso que a Raquel está a trilhar, por saber que, de maneira tão decisiva, ajuda pessoas a encontrar o caminho que mais lhes interessará em período tão crítico das suas vidase.

Naturalmente, sinto-mer muito orgulhoso por a ter tido como colaboradora e, para já, nada mais podendo fazer senão divulgar a sua causa, vou partilhar e colocar as suas informações no meu mural.

Estou a seguir os programas da TVI com o maior interesse. Espero poder ser de algum préstimo. E, prevendo que a Raquel Abreu não desperdiçará as boas vontades que se apresentarem, aqui fica o apelo no sentido de que apoiem a iniciativa.
 


Na bandeja, a cabeça!

[publicado no facebook em 24.06.2013]


Já que, a propósito da celebração de São João Baptista, tinha feito uma alusão à possibilidade de ouvir uma boa interpretação de "Salome" de Richard Strauss, então aqui têm uma muito boa, com Hildegarde Behrens, Karajan e Wiener Philharmoniker.

Proponho-vos a audição dos últimos momentos da ópera, quando no paroxismo dos paroxismos, a protagonista partilha 'Ah! Du wolltest mich nicht deinen Mund küssen lassen, Jokanaan! ... Sie ist ein Ungeheuer, deine
Tochter ... Ah! Ich habe deinen Mund geküsst' o deleitoso e extático horror de ter beijado a boca de João. Não é fácil fazer melhor.

A Nilsson tem «a» interprertação absolutamente paradigmática. Das novas, a tão produzida Karita Matilla, por exemplo, com todo o marketing que a acompanha, é uma sombra de qualquer destas...

Boa audição!


http://youtu.be/jzAEEeFcFB0
 

Que São João?

[publicado no facebook em 24.06.2013]


Para evitar mais confusões, esclareço que, efectivamente, hoje se comemora São João Baptista, objecto da peça que publiquei com ilustração da Cantata Christ unser Herr zum Jordan kam, BWV 7, de Johann Sebastian Bach.

Quem desconhece a hagiografia pode confundir João Baptista com João Evangelista, o autor de um dos quatro Evangelhos - juntamente com Lucas, Marcos e Mateus - e do Apócalipse. Também tenho uma especialíssima predilecção por este que foi apóstolo, o mais amado de Jesus.
 

Naturalmente, há muita música a partir do Apóstolo João. Mas, hoje não, hoje João é outro.






São João Baptista



[publicado em 24.06.2013 no facebook]


No dia 21 de Junho, a propósitio de uma efeméride relacionada com a estreia da ópera “Die Meistersinger for Nünberg” de Richard Wagner, referi-me às festas joaninas que são motivo evidente do início do segundo Acto.

Em dia de João Baptista, santo do meu nome, pelo qual tenho especial e natural devoção, quero propor-vos a peça musical que sempre me ocorre. Poderia ser mas, de facto, não é a célebre cena da ópera “Salome” de Richard Strauss que, aliás, com
muito e bom proveito, também poderão escutar bastando que, para o efeito, seleccionem uma boa interpretação.

“Christ unser Herr zum Jordan kam, BWV 7”, [Jesus Nosso Senhor veio ao Jordão] de Johann Sebastian Bach, a minha referência desta data, foi composta em Leipzig, mesmo para o dia de São João e estreada em 24 de Junho de 1724, com base num cântico precisamente homónimo de Martinho Lutero.

Estruturada em sete partes, o texto das primeira e sétima é o original enquanto que, da segunda à sexta, temos palavras de um autor anónimo que não se refere ao Evangelho sobre o nascimento do baptista ou do baptismo de Cristo.

Trata-se de uma Cantata para ‘alto’, tenor e baixo, coro, dois oboé d’amore, dois violinos, viola e baixo contínuo, de acordo com o seguinte detalhe:

1.Coro: Christ unser Herr zum Jordan kam; 2.Aria (baixo): Merkt und hört, ihr Menschenkinder; 3.Recitativo (tenor): Dies hat Gott klar mit Worten; 4.Aria (tenor): Des Vaters Stimme ließ sich hören; 5.Recitativo (baixo): Als Jesus dort nach seinen Leiden; 6.Aria (alto): Menschen, glaubt doch dieser Gnade; 7.Coral: Das Aug allein das Wasser sieht.

Interpretação a cargo do Coro do King's College Choir Cambridge - David Willcocks, solistas: Alto-Paul Esswood, Tenor -Kurt Equiluz, Baixo-Max van Egmond, Leonhardt-Consort, sob a direcção de Gustav Leonhardt.

[A pintura de ilustração da gravação, 'Baptismo de Cristo' é de Jean- Baptiste Camille Corot.]

Bom dia de São João!

Boa audição!

http://youtu.be/XrKLoHDkKqM
 


Festival de Sintra,
mentes brilhantes

[publicado na ed. 21.06.2013 do Jornal de Sintra]


Nas últimas edições do Jornal de Sintra, tenho vindo a divulgar as iniciativas de animação complementar que, sempre em articulação com as linhas gerais programáticas do Festival de Sintra, contribuem para a coerência global da iniciativa que, já na sua da 48ª edição, e com pergaminhos extremamente respeitáveis, é parte integrante e muito significativa da vida cultural de Sintra e da capital.

Apenas a título de revisão, lembrarei o pequeno ciclo de cinema incluindo filmes cuja temática afim da abordagem das obras de Richard Wagner, Giuseppe Verdi e Benjamin Britten. Tais são os casos de Silent Wagner, de Carl Frölich, com introdução por Eugénio Harrington Sena, membro do Círculo Richard Wagner Portugal e de Manhã Submersa, de Lauro António, com profundas referências a temas musicais de Verdi, apresentados pelo próprio realizador. Nestas duas oportunidades, o público também terá acesso a uma projecção informal de uma gravação de Curlew River, obra que Benjamin Britten dedicou à Senhora Marquesa de Cadaval.

Ainda de referir que o programa de conferências é absolutamente notável. Por ocasião da sua Abertura oficial, o Festival contará com o Prof. Daniel Sampaio, que se subordinará ao tema Memórias Musicais de um Sintrense e, posteriormente, o designado Ciclo de Conferências da Regaleira, no âmbito das quais, com o objectivo de perspectivar o enquadramento dos compositores celebrados nesta edição, o Prof. Rui Vieira Nery, numa primeira oportunidade, se pronunciará sobre Verdi e Wagner: os Caminhos Cruzados do Drama Musical Romântico e, na segunda, abordando o tema Benjamin Britten: Por um Modernismo de Rosto Humano.

Momento muito forte do programa será o do Ring, a incontornável Tetralogia de Richard Wagner, através do visionamento em DVD da famosa produção de Pierre Boulez/Patrice Chéreau, no Palácio de Monserrate, em dois dias consecutivos, com introdução e comentários de André Cunha Leal e Ana Paula Russo. Trata-se de uma novidade no Festival que, estou certo, ficará memorável e a suscitar idênticas atitudes em próximas edições.

Confirmação de novos talentos

Hoje, a poucos dias do início, é tempo de partilhar algumas considerações acerca da componente pianística que tem consolidado a fama do Festival. Esta edição de 2013 realiza-se sob o signo da juventude. As gerações do futuro são neste ano assinaladas por um conjunto de jovens intérpretes, entre os quais diversos pianistas de elevado talento artístico e com carreiras internacionais de sucesso, tanto portugueses como estrangeiros.

Artistas jovens e dotados da capacidade de comunicar às gerações actuais e de passar às seguintes o testemunho da interpretação musical a um nível de excelência técnica e artística. Afinal, neste domínio, a edição de 2013 apenas continua replicando o exemplo do legado da grande mecenas Dona Olga de Cadaval que, também através do Festival de Sintra, ofereceu a oportunidade de afirmação aos jovens talentosos de então, hoje verdadeiros galácticos, como Daniel Barenboim ou Martha Argerich. Estes, da actualidade, acreditem, são da mesma estirpe.

Estão programados seis recitais. Por ordem cronológica, constante do quadro abaixo, teremos:

I.Ah Ruem Ahn, Richard Wagner, Sonata para piano em lá maior op. 4 WWV 26 «Grande Sonata»; Sergei Prokofiev, Quatro Estudos op. 2; Franz Schubert, Sonata para piano n.º 18 em sol maior D. 894.
II.Benjamin Grosvenor, Johann Sebastian Bach, Partita n.º 4 em ré maior BWV 828; Fryderyk Chopin, Polonaise em fá sustenido menor op. 44 e Polonaise em mi bemol maior op. 22 «Grande Polonaise Brillante»; Alexander Scriabin, Cinco Mazurcas'e Valsa op. 38; Enrique Granados, Valsas poéticas ; Adolf Schulz-Evler, Danúbio Azul.

III. Luísa Tender, Richard Wagner/Franz Liszt, Abertura de Tannhäuser S. 442 e Fantasia sobre Temas de Rienzi S. 439; Giuseppe Verdi /Franz Liszt, Paráfrase de Ernani S. 431a; Franz Liszt, Sonetos de Petrarca n.º 47 e 104, de Années de Péllerinage, Ano II (Itália) S. 161 e Mefisto Valsa S. 514'Charles-Valentin Alkan, Prelúdios e Grande Sonata «As Quatro Idades» op. 33 . É durante este recital que a pianista fará uma breve palestra de introdução à obra de Alkan.

Na próxima edição continuarei a divulgação do programa dos recitais de piano, referindo-me também ao Concerto final com a Orquestra Gulbenkian. Para comodidade dos leitores interessados e habitués do Festival, aqui vos proponho um quadro plano dos vários eventos.
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22.06   -18.00   -CCOCadaval    - Confª Abertura, Prof.Daniel Sampaio
22.06   -21.30   -Palácio Vila      - Canto e Piano, Dora Rodrigues
26.06   -21.30   -Palácio Queluz - Recital Piano, Bertrand Chamayou
29.06   -21.30   -Palácio Queluz - Recital Piano, Ah Ruem Ahn
02.07   -21.30   -Palácio Queluz - Recital Piano, Benjamin Grosvenor
03.07   -19.00   -Qta.Regaleira   - Conf [I], Prof. Rui Vieira Nery
04.07   -21.30   -CCO Cadaval   - Ciclo Cinema [I], Carl Fröhlich
05.07   -21.30   -Palácio Vila       - Recital Piano, Luísa Tender
06.07    10.00   -Monserrate        - Wagner, “Ring” Boulez-Chéreau [I]
06.07   -21.30   -Palácio Queluz  - Recital piano, Alexander Drozdov
07.07   -09.30   -Monserrate        - Wagner, “Ring” Boulez-Chéreau [II]
07.07   -17.00   -Qta Piedade       - Recital Piano, Khatia Buniatishvili
10.07   -21.30   -CCO Cadaval    - Ciclo Cinema [II], Lauro António
11.07   -19.00   -Qta Regaleira    - Conf [II], Prof. Rui Vieira Nery
12.07   -22.00   -CCO Cadaval    - Concerto Orq. Gulbenkian

NB:

Lembro que devem contactar as bilheteiras com o objectivo de obterem as entradas gratuitas para as conferências. O preço dos bilhetes para os restantes eventos – entre três e doze Euros, com desconto de vinte por cento para a juventude, terceira idade e grupos – é perfeitamente irrisório em relação à excelente qualidade do programa. Mesmo em altura de crise tão evidente é indesculpável perder oportunidades tão gratificantes e acessíveis.
 


 

sábado, 22 de junho de 2013


Abegoaria da Pena,
um espanto de recuperação!

Como não sei inserir fotos nos meus posts, valho-me das imagens dos meus amigos. Muito obrigado, Emília Reis.


 
Foto:
PARQUE DA PENA: ABEGOARIA DA QUINTA DA PENHA (que reabriu hoje depois das obras de recuperação e restauro).
 



Outro aspecto do espaço recuperado. Mais uma vez, grato à Emília Reis
.
Foto: ABEGOARIA DA QUINTA DA PENA - Nas traseiras do edifício principal as instalações para, cavalariças, tratamento dos cavalos, armazéns e material de manutenção.
PARQUE DA PENA
 
 
 


Sintra,
Abegoaria da Quinta da Pena acaba de reabrir, hoje, 21 de Junho 
 
 
Não sei se poderão calcular a emoção de sintrenses que, como é o meu caso, há mais de quarenta anos, não tinham da abegoaria do Parque da Pena outra imagem que não fosse a da mais profunda degradação e que, em curtíssimo período de tempo, deparam com um espaço totalmente recuperado, com características exemplares, magníficas em qualquer latitude.

A verdade é que, sob a administração do Prof. António Lamas, Dr. João Lacerda Távares e Engº Manuel Baptista, liderando uma excepcional equipa de jovens técnicos, já estamos habituados a «cenas» que tais. A obra que esta gente tem concretizado é absolutamente impressionante e, no âmbito da recuperação do património, algo de ímpar em Portugal.

A Parques de Sintra (PSML) acabou de inaugurar - eu estive lá, acabo de regressar! - a segunda fase da recuperação da Quinta da Pena, que inclui a Abegoaria e novas cavalariças, para programas de turismo equestre. A primeira fase da reabilitação, iniciada em 2009, foi realizada ao mesmo tempo que a do Jardim da Condessa d’Edla, e teve um contributo do EEA Grants. A segunda fase, iniciada em 2011, hoje aberta ao público, foi financiada pela Parques de Sintra num total de 915.875 Euros, que dizem respeito à recuperação da Abegoaria (454.430 Euros), bem como às novas cavalariças (299.135 Euros), e ainda aos depósitos e equipamentos de combate a incêndios (162.310 Euros).

A Abegoaria, edifício do séc. XIX que foi incendiado em 1999, pouco depois do incêndio do Chalet da Condessa, foi completamente restaurado, inclui sala de exposições e conferências, e albergará não só os serviços de gestão da zona, turismo equestre, e projetos aí desenvolvidos, como um espaço para os hipomóveis que realizam passeios no Parque da Pena. O edifício construído nas traseiras da Abegoaria nos anos 1950-60, foi demolido para dar lugar a cavalariças para três cavalos Ardennais e quatro cavalos de sela e recreio, bem como instalações para tratamento dos cavalos, serviço de veterinário e ferrador, armazém de alimentos e materiais de manutenção. Junto das cavalariças foi construído um paddock, para aquecimento dos cavalos, utilizando madeira de acácia proveniente de limpezas florestais levadas a cabo pela PSML.

Atrás das cavalariças, e enterrado na encosta, foi também construído um reservatório para 600 m3 de água proveniente de minas, para combate a incêndios, limpeza dos animais e abastecimento do sistema automatizado de rega da Quinta da Pena. A necessidade de espaços para alojamento de cavalos surgiu com o protocolo assinado em 2010 com a Companhia das Lezírias, para a oferta de programas de passeios a cavalo, durante vários dias, em antigas propriedades reais: Lezírias, Mafra e Pena. Com estas infraestruturas a Parques de Sintra passa também a oferecer passeios a cavalo nas propriedades sob sua gestão, em percursos acompanhados por guias. As crianças poderão iniciar-se nas actividades equestres montando o pónei.

A partir de agora, com entrada directa pelo antigo Portão das Vacas, ou caminhando através do Parque da Pena vindos do portão principal ou dos Lagos, os visitantes poderão disfrutar da Quinta da Pena onde é possível contactar com animais de raças portuguesas (ovelhas, cabras, coelhos, aves de capoeira) e um pónei; partir para passeios equestres pelo Parque (a cavalo ou de charrete); desfrutar de passeios a pé por entre os jardins e hortas bem como dos locais de piquenique e, ainda, visitar a Abegoaria (que inclui as cavalariças e espaços de tratamento de cavalos, bem como uma sala de reuniões e exposições). A estas opções adiciona-se, naturalmente, a visita ao Jardim e Chalet da Condessa d’Edla, também situado na zona ocidental do Parque. Numa 3ª fase, na Quinta da Pena, serão recuperados o aviário e o complexo de estufas, e adaptada uma casa de apoio ao jardim para instalação de cafetaria.

Façam o favor de não demorar. Verão o espanto que vos espera!
 
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Acerca do mesmo texto no facebbok, eis um comentário de resposta a três amigos:
 
De facto, ainda não caibo em mim de tanta satisfação. Aquilo está estupendo. Estive com todos aqueles meus amigos - quero destacar os Engºs Nuno Oliveira e Daniel Silva bem como a Dra. Ana Oliveira Martins - da tal equipa de jovens a quem sintra tanto está a dever.
 
O Nuno é quem tem coordenado todo o trabalho de recuperação da Quinta, de tudo quanto é verde, jardins, estruturas de abastecimentos de águas, energias, toda a parte pecuária, um trabalho incrível, multifacetado, impecável. 
 
O Daniel é a alma da recuperação do Castelo dos Mouros onde, infelizmente, ainda não pude deslocar-me devido aos problemas de mobilidade que tenho tido. Assisti hoje à projecção de dados muito bem elaborados e documentados, que me deixaram rendido em relação aos trabalhos concretizados no Castelo, desde a vertente arqueológica até à disponibilização de instalações de interpretação do património, aos apoios logísticos, não há nada que tenha sido descurado.
 
Para nós, Emilia Reis, Guilherme Duarte, que, há décadas, já desesperávamos de viver algo de semelhante, é dia grande, não haja dúvida. Com o Presidente Fernando Seara e João Lacerda Távares, lembrávamos aquele dia em que, há dez anos, tive de chamar aldrabão, com todas as letras, ao biólogo Serra Lopes, na altura Presidente do Conselho de Administração da PSML. Lembra-se Emilia Reis desse tempo? 
 
Quanto a si, George Amaral Calmao, quando pensar nisso, lá mais para o Outono, fique sabendo que tem companhia para o passeio. Também monto e até tenho peneiras, deixe-me expressar assim, de montar bem. A PSML, posso anunciar porque estive observando bem, tem belíssimos cavalos lusitanos, nos termos de um protocolo com a Companhia das Lezírias, que vão proporcionar, a quem sabe, óptimos passeios. O que ali se perspectiva, meus amigos, é do melhor que se pode esperar. Claro que estou muito feliz e sei que, da vossa parte, o sentimento é o mesmo. Sintra merece o que por ali está a acontecer. Abraço a todos
 

 
 
 

quinta-feira, 20 de junho de 2013



Sintra,
pianista Benjamin Grosvenor no Festival


O Festival de Sintra, sempre atento aos novos e grandes talentos, acolhe Benjamin Grosvenor, no Palácio de Queluz, no dia 2 de Julho, pelas 21.30, para um recital em que interpretará o seguinte programa:

Johann Sebastian Bach, Partita n.º 4 em ré maior BWV 828
Fryderyk Chopin, Polonaise em fá sustenido menor op. 44 e Polonaise em mi bemol maior op. 22, 'Grande Polonaise Brillante'
Alexander Scriabin, Cinco Mazurcas e Valsa op. 38
Enrique Granados, Valsas poéticas
Adolf Schulz-Evler, Danúbio Azul.

Não tenho a menor dúvida em aconselhar, o rapaz é dotadíssimo como, aliás, bem evidencia o impressionante curriculo e o que dele já conhecemos.

Acedam ao programa. Não percam a oportunidade de assistir a este e outros eventos em que conhecerão alguns «galácticos» do futuro. Em Sintra, não esqueçam, continuamos o exemplo da Senhora Marquesa de Cadaval cujo mecenato, nos anos sessenta, permitiu a aposta em jovens pianistas que, como Nelson Freire, Daniel Barenboim ou Martha Argerich aqui tocaram e que, hoje em dia...
 
Do seu recital de estreia em Nova Iorque, eis a interpretação de Benjamin Grosvenor da Partita No. 4 em Ré Maior de Johan Sebastian Bach, peça com que abrirá o serão imperdível de Queluz.
 

quarta-feira, 19 de junho de 2013


Sintra,
a propósito da revisão do PDM


Confrange mas é real, dolorosamente real, o alheamento das populações em relação à revisão do PDM de Sintra. Mas, na sua geral morfologia, o que aqui se passa é perfeitamente generalizável a todo o país.

Daí que, a propósito destas palavras de circunstância do Presidente Fernando Seara - muito relevantes porque, de forma sucinta e sintética, historiam e enquadram um processo muito compósito - ocorre uma reflexão que, inúmeras vezes, s
e me impõe em função do geral perfil socio-económico que, tão negativamente, ainda se cola a uma significativa percentagem da população portuguesa.

Nas vinte e sete divisões da «Casa Europeia» que é a nossa, a lusa gentel ocupa a escura cave dos povos que, em consequência do analfabetismo e da iliteracia, ainda não podem ter uma vida de participação cívica regular em projectos que, em seu nome, são promovidos pelos eleitos. O desgaste, por um lado, a desmotivação, as dificuldades do quotidiano, por outro, se encarregam do «resto».

Também por aqui passa uma certa perversão da Democracia. Enquanto não for participada e efectivamente vivida, a Democracia degrada-se e perverte-se. Assim se explica como, entre nós, se deu o advento e assentou arraiais uma classe política de péssima qualidade, como a que bem se evidencia no actual executivo e no maior partido da oposição.

Enquanto os decisores políticos ignorarem ou não se perceberem como são pertinentes todas as consabidas e imagináveis acções, atitudes e actividades afins de uma estratégia de remediação da iliteracia, permanecerá este 'statu quo' que, como bem sabemos, não deixa de interessar a muita gente...

 

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1ª Reunião da CA da revisão do PDM de Sintra
 
Discurso do Presidente da Câmara Municipal de Sintra

Senhor Presidente da Comissão de Acompanhamento
Senhores representantes das entidades da Administração Central
Senhores representantes dos municípios vizinhos de Sintra
Senhor representante da Assembleia Municipal de Sintra
Senhor Presidente dos Parques de Sintra - Monte da Lua
Senhor Arquitecto Carlos Pinto,
Neste momento, em qu
e a Comissão de Acompanhamento do processo de revisão do nosso Plano Director Municipal inicia formalmente os seus trabalhos, não podia deixar de vos cumprimentar e desejar uma boa estadia em Sintra, na certeza de que o trabalho desta CA será um importante contributo na elaboração dum novo paradigma de ordenamento do território de Sintra.
O atual Plano Diretor Municipal de Sintra foi elaborado ainda na vigência do DL nº 69/90, de 2 de março, tendo sido publicado no Diário da República, em 4 de outubro de 1999, tendo entrado em vigor nessa data.
Ainda no ano de 1999 foi aprovado o novo Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial, no Decreto-Lei nº 380/90, de 22 de setembro, que veio estabelecer um período de estabilidade, garantia e segurança jurídica dos planos diretamente vinculativos dos particulares, decorrendo daí que a revisão do PDM não poderia ocorrer antes de passados três anos da sua entrada em vigor, ou seja, nunca antes de outubro de 2002.
Contudo, no decurso de toda a década de 2000/2010, a Administração Central foi desenvolvendo um conjunto diversificado de planos integrados e sectoriais que, no seu conjunto articulado, definiriam o quadro de referência nacional e regional pelo que seria prudente aguardar a sua estabilização previamente à decisão de revisão do PDM de Sintra.
Relembremos apenas alguns a título de exemplo:
• O Plano da Bacia Hidrográfica do Tejo, de 7 de dezembro de 2001;
• O Plano Regional de Ordenamento do Território da Área Metropolitana de Lisboa, de 7 de fevereiro de 2002 e o seu processo de alteração tecnicamente concluído em 2011 e suspenso por decisão governamental.
• O Plano da Bacia Hidrográfica das Ribeiras do Oeste, de 5 de abril de 2002;
• O Plano de Ordenamento da Orla Costeira Sintra-Sado, de 3 de junho de 2003;
• O Plano de Ordenamento do Parque Natural de Sintra-Cascais, de 7 de janeiro de 2004;
• O Plano Regional de Ordenamento Florestal da Área Metropolitana de Lisboa, de 19 de outubro de 2006;
• Ou o Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território (PNPOT), de 4 de setembro de 2007;

Acresce que também durante esta década foram ainda aprovadas significativas alterações legislativas com implicação direta no processo de revisão do PDM.
Relembremos também apenas algumas:
• A Lei de Bases da Política de Ordenamento do Território e do Urbanismo, Lei nº 48/98, de 11 de agosto, na redação da Lei nº 54/2007, de 31 de agosto, novamente em processo de alteração;
• O Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial, Decreto-Lei nº 380/99, de 22 de setembro, na redação do Decreto-Lei nº 46/2009, de 20 de fevereiro;
• O Regime Jurídico da Urbanização e da Edificação, Decreto-Lei nº 555/99, de 16 de dezembro, na redação da Lei nº 28/2010, de 2 de setembro;
• O Regime Jurídico da Reconversão das Áreas Urbanas de Génese Ilegal (Lei das AUGI), Lei nº 91/95, de 2 de setembro, na Lei nº 10/2008, de 20 de fevereiro;
• O Regime Jurídico da Utilização dos Recursos Hídricos, Lei nº 58/2005, de 29 de dezembro, na redação do Decreto-Lei nº 226-A/2007, de 31 de março;
• O Regulamento Geral do Ruído, Decreto-Lei nº 9/2007, de 17 de janeiro;
• O Regime Jurídico da Avaliação Ambiental, Decreto-Lei nº 232/2007, de 15 de junho;
• O Regime Jurídico da Conservação da Natureza e da Biodiversidade, Decreto-Lei nº 142/2008, de 24 de agosto;
• O novo Regime Jurídico da Reserva Ecológica Nacional (REN), Decreto-Lei nº 166/2008, de 22 de agosto;
• O novo Regime Jurídico da Reserva Agrícola Nacional (RAN), Decreto-Lei nº 73/2009, de 31 de março;
• Ou o Regime Jurídico da Reabilitação Urbana, Decreto-Lei nº 307/2009, de 23 de outubro;
É neste quadro de grande instabilidade, quer do quadro de referência nacional e regional quer do quadro jurídico aplicável ao ordenamento do território e do urbanismo, que entendemos não estarem asseguradas as necessárias condições de contexto externo para mais cedo desenvolver com segurança o processo de revisão do PDM de Sintra.

Contudo, esta opção não significou uma menor atenção aos problemas de ordenamento do território de Sintra, tendo este período sido aproveitado para desenvolver um vasto conjunto de estudos e planos de enquadramento estratégico e sectorial, também eles indispensáveis ao processo de revisão do PDM, como sejam:
• O Plano de Desenvolvimento Estratégico – Sintra 2015;
• O Plano Municipal de Ambiente;
• O Plano Verde de Sintra;
• O Plano Municipal de Intervenção na Floresta;
• O Plano Estratégico do Concelho de Sintra Face às Alterações Climáticas;
• O Plano Energético de Sintra;
• O Plano Municipal de Emergência de Proteção Civil;
• A Carta Educativa de Sintra;
• O Plano Municipal de Drenagem e Tratamento de Águas Residuais;
• O Plano Municipal de Abastecimento de Água.
Quando em maio de 2008 o Governo da República decidiu mandar elaborar a alteração ao PROT-AML 2002, e na expectativa de a curto prazo ficar estabilizado o quadro de referência regional, favorável ao bom desenvolvimento do processo de revisão do PDM, decidimos então avançar para a constituição da unidade orgânica na estrutura funcional da câmara municipal para desempenhar essa função.
No início de 2009 criámos o Projeto do Plano Diretor Municipal, que daria origem em 2010 à atual Divisão do Plano Diretor Municipal de Sintra (DPDM) que, para além do acompanhamento dos trabalhos de alteração ao PROT-AML em curso à data, coordenou a elaboração:
• Do “Relatório Fundamentado de Avaliação da Execução do Plano Diretor Municipal de Sintra” (fevereiro 2011);
• Do relatório de “Quantificação dos Compromissos Urbanísticos e da Reserva Urbanística” (março 2012);
• E da “Síntese do Quadro de Referência Municipal para a Revisão do Plano Diretor Municipal de Sintra” (julho 2012).
Documentos que permitiram ao executivo municipal avançar para a abertura do processo de revisão do PDM, o que ocorreu com a deliberação tomada na reunião de 25 de julho de 2012 que hoje será apreciada nesta 1ª reunião da Comissão de Acompanhamento.
Estamos ainda no início dum processo que sabemos bem será longo. E um caminho que será difícil. Mas necessário e que ocorre numa altura e num contexto de grande incerteza quanto ao futuro e de fortes dificuldades financeiras nacionais e também locais.
Mas também sabemos que com o vosso total empenhamento e a indispensável colaboração de todas as entidades parceiras neste processo, representadas nesta CA e com a coordenação da CCDR, conseguiremos concertar estratégias nacionais, metropolitanas e municipais, para encontrarmos – encontrarem tendo em conta as eleições autárquicas e as novas lideranças de Sintra - as soluções de ordenamento do território mais adequadas à promoção do desenvolvimento económico, social e ambiental deste território imenso e singular de Sintra.
Sejam bem-vindos a Sintra. Bom trabalho!

Sintra, Casa Mantero, 19 de Junho de 2013
 

Sintra, Festival:
-Rui Vieira Nery,
Conferências da Regaleira


[Texto publicado na edição do ‘Jornal de Sintra’de 14 de Junho de 2013]


Neste ano de 2013, a exemplo do modelo que há anos prossegue, sempre na perspectiva de proposta concentrada de desafios culturais diversos afins de uma temática geral, o Festival de Sintra vai continuar a apostar na apresentação de conferências.

Desta vez, subordinado à comemoração
dos centenários de Richard Wagner, Giuseppe Verdi e de Benjamin Britten, e mantendo uma anterior relação que muito o distingue, o Festival conta com a colaboração do Prof. Doutor Rui Vieira Nery, destacada figura da vida cultural nacional, ex-Secretário de Estado da Cultura, conhecido e prestigiado musicólogo.

É no cenário ímpar do Palácio da Quinta da Regaleira, que poderão assistir a um ciclo de duas conferências cuja abordagem vos permitirá, não poderei estar mais certo, o acesso ao universo de três grandes compositores que, indelevelmente, marcaram a estética musical dos séculos dezanove e vinte. Que tudo isto possa acontecer numa calma tarde de Verão, depois de terem beneficiado da beleza e amenidade local, eis a imperdível oportunidade que só o Festival de Sintra oferece.

Assim, de acordo com o programa já disponibilizado no respectivo site, nos próximos dias 3 e 10 de Julho, pelas 19.00 horas, poderão contar, respectivamente, com I.Verdi e Wagner: os Caminhos Cruzados do Drama Musical Romântico e II.Benjamin Britten: Por um Modernismo de Rosto Humano. Em ambas as oportunidades, Rui Vieira Nery proporá os excertos musicais que se impuserem à sua exposição.

Como têm vindo a verificar, apesar de seríssimas restrições de ordem financeira, o Festival de Sintra não faz a mínima concessão à qualidade das suas propostas. Só neste domínio, como já tive oportunidade de vos pôr ao corrente, também conta com uma Conferência de Abertura, no dia 22 de Junho, pelas 18.00 horas, no Centro Cultural Olga Cadaval, subordinada ao título Memórias Musicais de um sintrense, a cargo de outra figura nacional de referência, o Prof. Doutor Daniel Sampaio.

Ainda no âmbito do espaço que o Festival concede à palavra, gostaria de fazer referência a um Recital de Luisa Tender, a realizar no dia 5 de Julho, no Palácio da Vila, em que a pianista também apresentará uma pequena palestra sobre Charles-Valentin Alkan (1813-1888) – um grande, porém esquecido, compositor francês cujo duplo centenário também se comemora este ano – antes de interpretar Préludes e a Grande Sonata «As Quatro Idades» op. 33, peças de sua autoria.

Portanto, não só nas componentes musical e do cinema, também nas conferências, uma inequívoca máxima exigência, quer do Director Musical do Festival, Dr. Luís Pereira Leal quer do próprio Presidente da Câmara Municipal de Sintra Prof. Fernando Seara que, deste modo, honram os pergaminhos do mais antigo Festival de Música nacional.

NB: À excepção do mencionado Recital, todas estas aliciantes propostas têm acesso gratuito. Lugares estupendos, eventos culturais magníficos e enriquecedores, sem quaisquer encargos para o público que vai acorrer. De qualquer modo, todos os interessados devem contactar as bilheteiras para obterem o bilhete de acesso.

[João Cachado escreve de acordo com a antiga ortografia]


PPP,
exercício de lucidez 


O deputado relator da Comissão Parlamentar de Inquérito às Parcerias Público Privadas apresentou o resultado do trabalho de uma série de deputados que investigaram o que quiseram e puderam, com mais de duzentas e cinquenta horas de audições. A partir do que, tem sido possível conhecer, era inevitável concluir que os governantes directamente implicados naquele horror, que o Juiz jubilado do Tribunal de Contas Carlos Moreno tão bem desmontou (vd. Como o Estado gasta o nosso dinheiro) deveriam ser indiciados por flagrantes irregularidades de actuação como gestores da coisa pública.

Também a propósito deste assunto, José Gomes Ferreira, há poucos minutos, no Telejornal da SIC, manifestava publicamente aquilo que é preciso que todos assumamos, no sentido de que actuemos em conformidade e não nos envergonhemos por pecado de omissão da atitude cívica que se impõe. Ou conseguimos mobilizar-nos, para que as instituições funcionem regularmente ou, então, mais mês menos mês, aí vai novamente a malta para a rua convencida de que resolve seja o que for, num lugar onde, afinal, mais não se pode fazer do que enviar sinais da incomodidade reinante.

É por demais evidente que os políticos dos dois governos que precederam o actual estarão metidos até ao pescoço nesta história. Mas, naturalmente, outros anteriores, também se terão comprometido. TGV, que ainda foi possível suster, pelo menos na exclusiva modalidade de transporte de passageiros, auto-estradas sem tráfego e não sei que mais quejandos projectos, traduziram-se num brutal e incomportável agravamento da dívida pública, que nós mesmos, nossos filhos e netos teremos de pagar, estando provado à saciedade que tais investimentos apenas se justificaram porque sustentados em estudos encomendados por tais governantes, que acabaram por decidir a partir de dados viciados por si próprios…

Isto é horroroso. Doa a quem doer, esta gente dos partidos do arco do poder tem de ser devidamente responsabilizada. Estamos a sofrer as consequências de práticas que envolvem dolo, lesivas do interesse nacional por oportunistas que abusaram do povo após juramento de lealdade e empenho. São sacripantas, inqualificáveis traficantes de influências, praticantes confessos de todo o tipo de nepotismo, que se perpetuam no poder no quadro de uma Lei Eleitoral propiciadora do cozinhado de listas de deputados caninamente obedientes dos oligarcas mascarados de grandes democratas.

Hoje foi um daqueles dias em que a trampa veio ao cimo da cloaca. Estou nauseado ou, melhor, ando nauseado com o lixo infecto das perversidades de que está sendo alvo a Democracia. Com o meu e o vosso silêncio estamos a desonrar-nos. É escusado usar eufemismos. Esta é a náusea da desonra colectiva. Chegámos a um ponto em que não estamos a ser dignos do momento e, afinal, coniventes com os biltres e porcalhões hoje acusados pelo Relatório de uma Comissão Parlamentar.

Bem sei que somos cidadãos anónimos, reduzidos à liberdade de expressão de suas queixas através das redes sociais, conseguindo veiculá-las em pequeníssima escala mas convencidos da condição de grandes comunicadores que influenciam seja quem for… Pelo menos, por mais nada que façamos, tenhamos como objectivo a capacidade de luta pela luz do entendimento, pela lucidez que, sendo a mais amarga das conquistas, também é a que maior satisfação concede. É que, uma vez nesse caminho, apenas cumpre esperar pela oportunidade de actuar.
 
 

segunda-feira, 17 de junho de 2013





Festival de Sintra, 2013
primeiro recital
 

Depois do primeiro evento, ou seja, a Conferência de Abertura, pelo Prof. Dr. Daniel Sampaio às 18,00, subordinada ao tema Memórias Musicais de um Sintrense, mais tarde, no Palácio Nacional de Sintra, pelas 21,30, teremos o primeiro Recital de Canto e Piano por Dora Rodrigues e João Paulo Santos. Eis o programa:

Giuseppe Verdi (1813-1901)
Romanças para canto e piano

Richard Wagner (1813-1883)
Canções francesas
Wesendonck-Lieder
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______________________________________

Trata-se de um conjunto de peças que, à excepção dos Wesendonck Lider são pouco partilhadas pelo público que, no ambiente requintado e único da Sala dos Cisnes, no Palácio da Vila, vai acolher uma estupenda voz de soprano e um pianista que já constituem referência nacional.

Ao sugerir-vos este serão, gostaria agora de vos propor aqueles Lider de Wagner. E, a propósito, algumas palavras de enquadramento.

Como sabem, Wesendonck Lieder constituem um ciclo de cinco canções que Richard Wagner compôs com base em poemas de Mathilde Wesendonck. Não, não vou maçá-los com histórias aventando a possibilidade de o compositor ter tido um affaire com a senhora, mulher de Otto Wesendonck, traindo a confiança de quem era seu protector, num período em que se refugiara em Zürich, num pequeno chalet na propriedade daquele casal, quando era alvo de perseguição política.

Tudo isso é secundário, circunstancial e, até, eventualmente redutor, em relação à maravilha destas peças subtituladas e apresentadas como Cinco poemas de Mathilde Wesendonck para voz feminina e piano. Conheço-as de cor. Ao escutá-las, especialmente em recital, de tão inspiradas, na sua explícita pulsão e elevação espiritual, tenho tido momentos de absoluta revelação.

Do conjunto da obra, Richard Wagner considerou duas das peças, em especial, Träume como ‘estudos’ para Tristan und Isolde. E, de facto, quem não reconhece em Träume directos vislumbres do dueto de amor do II Acto daquela ópera?

Ainda que inúmeras vezes já vo-los tenha sugerido, nunca o fiz aqui recorrendo a uma voz masculina. Hoje terão Jonas Kaufmann acompanhado pela Orchester der Deutschen Oper Berlin, sob a direcção de Donald Runnicles.

Wesendonck Lieder (1857-58):

I. Der Engel 00:00
II.  Stehe still! 03:12
III.  Im Treibhaus
07:01 
IV.  Schmerzen 12:59  V.  Träume 15:22
V. Träume


Boa audição!

E não esqueçam o Recital do próximo dia 22.


http://youtu.be/ahhfMZickLI