[sempre de acordo com a antiga ortografia]

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015



Gulbenkian - São Roque,
31.12.2015 às 17.00

Händel, Dettingen Te Deum


Amanhã, em São Roque, de acordo com o programa detalhado que tive o gosto de vos anunciar, além do Te Deum em Ré Maior ZWV 146 de JD Zelenka, que ontem aqui partilhámos, também será apresentad o Dettingen Te Deum, em Ré Maior, HWV 283 de GF Händel, peça que escutarão seguidamente, composta para celebrar a victória da armada inglesa na batalha de Dettingen.

Como solistas, na gravação que vos proponho, terão Ulrike Fulde, soprano, Albrecht Sack, tenor e Felix Plock, barítono. The English Concert sob direcçao de Howard Arman.

Boa Audição!

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__ • Händel-Gedächtniskonzert __ • Ulrike Fulde: soprano • Albrecht Sack: tenor • Felix Plock: bass __ The English Concert Conducted by Howard Arman __
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Efeméride mozartiana
Salzburg, 30 de Dezembro de 1771



Sinfonia No. 14, em Lá Maior, KV. 114


No penúltimo dia de 2015, recupero, parcialmente, um dos textos que, em 2012, escrevi sobre todas as sinfonias de Mozart, para me referir àquela que o compositor, então com quinze anos, dava por terminada aos 30 de Dezembro de 1771, a primeira que compôs depois da morte do Príncipe Arcebispo Sigismund Christoph [Conde] von Schrattenbach que ocorrera quinze dias antes.

Tal não significa que, oficialmente, há tantos como 244 anos, seja esta a primeira que escreve ao serviço do novo Príncipe Arcebispo Hieronymus Joseph Franz de Paula [Conde] Colloredo von Wallsee und Melz, já que a sua eleição apenas será reconhecida em 14 de Março do ano seguinte.
Impõe-se ter presente que, independentemente do modo como as coisas evoluiriam, até conhecerem o desfecho de 1781 que todos sabemos, a relação inicial entre o compositor e o seu novo patrono não podia ter sido mais promissora.

E tanto assim foi que, apenas em oito meses, portanto, até Agosto de 1772, altura em que deixa Salzburg para se dirigir novamente a Itália, à capital da Lombardia, para se concentrar na sua nova ópera “Lucio Silla”, Mozart compõe para Colloredo nada mais nada menos do que oito sinfonias e, tão impressionado este ficou, que anunciou ao jovem compositor novas e melhoradas condições salariais.

Muito sofisticada, a Sinfonia em Lá Maior, KV. 114, estrutura-se nos habituais quatro andamentos, desta feita:
1. Allegro moderato (0:00)
2. Andante (7:22)
3. Menuetto / Trio (12:24)
4. Allegro molto (16:06)

para uma instrumentação que compreende 2 flautas, 2 oboés, 2 trompas, além dos habituais naipes de cordas.

A interpretação que vos proponho é a da The Academy of Ancient Music, sob direcção de Christopher Hogwood.

Boa audição!

 
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The symphony is set in 4 movements: 1. Allegro moderato (0:00) 2. Andante (7:22) 3. Menuetto (12:24) 4. Allegro molto (16:06) Composed in Salzburg and…
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Tanta hipocrisia!


A perplexidade de Charles-Philippe d'Orléans não pode ser mais eloquente. Nas reticências finais da sua breve reflexão, a nossa incredulidade de europeus desanimados.
 
 
Depuis des années nos hommes politiques nous jurent la main sur le cœur qu’en aucun cas la Turquie adhèrera à l’Union Européenne. Mais visiblement il s’agit enc...ore d’un mensonge dont nos élites ont le secret.

Après qu’un sommet européen s’est réuni dimanche sur l’immigration que subit l’Europe, les pays se sont accordés pour verser une somme de 3 milliards d’euros à la Turquie.

Le Premier ministre turc a déclaré : « C’est un jour historique dans notre processus d’accession à l’Union européenne ». Donald Tusk, président du Conseil européen qui représente les chefs d’Etat européens a commenté « Notre objectif principal est d’endiguer le flot des migrants en Europe », il a ensuite décrit la Turquie comme une « partenaire clé » dans la lutte antiterroriste et dans le règlement de la guerre islamique en Syrie.

‪#‎nonalaturquie‬ ‪#‎fierdetrefrancais‬ ‪#‎fierdetrechretien‬ ‪#‎ducdanjou

 


Fachada do 'Central',
paradigma da cultura do desleixo




Precisamente. Faz hoje um ano que a Alagamares Cultura, na sua condição de associação de defesa do património de Sintra, protagonizava, num órgão de comunicação social de grande circulação, a denúncia pública em primeira mão, da ofensa ao património perpetrada na fachada do 'Central'.

Com base no testemunho de Fernando Morais Gomes, Presidente da Direcção, muito bem documentado relativamente aos bens patrimoniais em questão, nas declarações ao jornal Público de 30.12.2014, escrevia eu:

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"Que boa notícia! Vamos lá a ver se, afinal, Sintra não é o terreno conquistado de uma série de senhores que, imunes e impunes, se permitem intervir em zonas críticas como os DDT, ou seja Donos Disto Tudo locais. Como bem sabemos, não se trata apenas deste senhor, dono do Central, do Paris, da esplanada debruçada sobre a praça de táxis onde os clientes apanham com fumo dos escapes enquanto bebericam ou manducam, da loja dos vinhos e de não sei que mais... (...)

Vamos lá a ver se esta decisão de embargo da descaracterização da fachada do Central é mesmo algo de consequente. Vai sendo tempo."

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Em 2 de Janeiro de 2015, na minha qualidade de dirigente da Canaferrim - Associação Cívica e Cultural, subordinado ao título "Sintra, Hotel Central - quem explica?", continuava eu as referências ao caso em apreço, pelo que passo a citar:

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"(...) Reparem que a descarecterização da fachada é apenas um dos factores de análise do evento. Está em causa não só a peça que a fachada é, superfície azulejar dotada de singulares marcas de identidade, mas também, isso sim, o conjunto em que se integra. Ou seja, ter decidido alterar uma parte resultou na alteração do todo.

Uma nobre praça funciona como uma unidade inviolável. Quem não aprendeu e desconhece que assim é e, portanto, não tem esta perspectiva, pura e simplesmente não deveria assumir as funções técnicas em que está investido. Refiro-me ao perfil técnico, dos pareceres, conselhos e opiniões que estão a montante da decisão porque, competindo esta ao político, cumpre que se defenda para que não incorra em erros grosseiros que, ao fim e ao cabo, a instância técnica pode e deve obviar.

Muito bem actuou a Alagamares, através de protesto apresentado à Câmara Municipal de Sintra e à Comissão Nacional da Unesco, atitude em que contou com o aplauso da Canaferrim, Associação Cívica e Cultural. Perante os protestos gerais e a repercussão na imprensa, nomeadamente, no jornal Público, a autarquia emendou a mão, é verdade, mas os cidadãos - que não podem deixar de manifestar agrado por tão rápida actuação da Câmara depois do erro inicial – ainda têm direito a perceber como foi isto possível."

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Enfim, em qualquer civilizado lugar, seria de esperar que, um ano passado sobre as oficiais denúncia e queixa, os cidadãos já tivessem aguma resposta. Com as instâncias dos poderes local e central funcionando à lusa «celeridade» e com o «rendimento» que se sabe, incapaz o poder judicial de apreciar e decidir uma causa em tempo oportuno, também neste caso, o que prevalece não podia deixar de ser aquela que Jorge sampaio tão bem qualifica como cultura do desleixo.

Mais. Diariamente passando pelo local, tenho percebido que o responsável pelo desmando vai sofisticando a obra. Cada vez mais expedita em soluções de conforto, a esplanada prospera. Mandando às urtigas as queixas dos cidadãos - que, na perspectiva do proprietário, não passarão de empecilhos aos seus objectivos de grande empresário da hotelaria e restauração sintrense, afinal e tão sómente preocupado em bem servir - o 'agente económico' confia na proverbial inércia e na habitual inépcia das instituições.

Que pena! A poucas horas do início de um Novo Ano, que nos desafia à preservação do ânimo e da esperança, é lamentável que, entre tantas mais, ainda tenhamos de registar em Sintra, esta nódoa de manifesta, simbólica e tão decisiva descrença.

Apesar de tão preocupantes sinais, não posso deixar de confiar naquela que sei ser a «vontade de acertar» da Câmara Municipal de Sintra Sintra. A meio do mandato do seu executivo, por mais que espreite a tentação, não é altura de fazer avaliações definitivas. Como cidadãos atentos, membros activos que somos das locais associações cívicas e culturais, cumpre-nos chamar a atenção e cooperar para resolução das questões. É o que continuaremos a fazer, não tenho a menor dúvida, quer a nível individual quer colectivamente.

terça-feira, 29 de dezembro de 2015




Alentejo à mesa da Cidália


Como o monte é muito perto e irresistível a cozinha da Cidalia Ferreira, raríssimo é o dia em que não contamos com as suas iguarias. Na maior parte das vezes, desconhecemos os pratos que nos esperam. Gostamos que nos surpreenda e, como nisso ela faz gala, entramos na brincadeira sabendo de antemão que jamais sairemos a perder.

Para determinada ocasião, se e quando está em jogo a preparação de uma surpresa de vulto, desafia-nos ela à brincadeira das tentativas de um adivinhar que jamais acerta. Pois bem, assim mesmo aconteceu no passado fim de semana.
 
Ainda mal refeitos estávamos das mais divinas soupas de poejo com cação frito que alguma vez tínhamos tido o privilégio de amesendar, prato que, no Sábado, os 8 tínhamos partilhado - nós, as filhas, genros e netos, incluindo João, o mais novo, de três anos e meio, já um gozador da boa mesa da nossa querida amiga - quando, no dia seguinte, sem palavras ficámos.

Bem nos tinha ela dito que a grande surpresa seria, não o prato principal mas que nos preparássemos para a entrada. De facto, por mais que tivéssemos alvitrado, estávamos longe de decifrar o enigma. Quando chegaram à mesa, ao alívio da descoberta, ali estava aliado o consolo das gustativas papilas que salivavam perdidamente.

Perdizes de escabeche! Nem mais. Meu Deus, que perdizes e que escabeche! Tudo tão de acordo com os cânones mais ancestrais, tudo tão certificado pela mais controladora das tradições, tudo tão conforme com a delicada «missa» da amesendação mais sofisticada, que, logo ali, ensaiei oração de Acção de Graças por «sacrifício» tão apurado...

Como diria um amigo castelhano, quando pretende festejar algo de extraordinariamente bom, 'Qué barbaridad!'. Como é possível assim combinar a silvestre carne da galiforme 'faisanídea', com as cebolinhas que, nem sei como, meio adocicadas, se mesclaram, à ideal temperatura, com os nossos azeites e vinagre, os nossos louros, alhos e salsa...

Seguiu-se pato, em proposta aparentemente trivial, de forno, arroz num ponto de cozedura e tostado inimagináveis, enchidos e cheiros que não pormenorizo. Primeiramente, porque me falta o engenho para a descrição e, depois, porque a profusão dos adjectivos, inevitavelmente encomiásticos, arriscaria atingir uma indesejável hipérbole, não condicente com a realidade, afinal, ainda mais superlativa...

Se não haveria hipótese de as perdizes não serem mesmo de caça - imensas há na zona, lindas, gordas, pesadíssimas, que mal conseguem levantar, quase se arrastando, pouco à frente dos nossos pés ou dos carros - já os patos eram da compósita e heterogénea capoeira da nossa amiga que, nos seus bons quatrocentos metros quadrados, é capoeira famosíssima nas cercanias, onde, apesar do destino que a todos espera, a gadeza é acarinhada, belissimamente tratada, qual promessa de manjares os mais diversos.

Não, meus amigos, não tenho fotografias para mostrar no facebook. Por acaso, os meus genros até se deliciaram em sucessivas séries de fotos. Mas, por nossa opção, assim como não publicamos quaisquer imagens pessoais, sejam quais forem as circunstâncias em que estivermos, também não alinhamos com a prática de ilustrar as nossas refeições.
 
Por isso, mesmo que deficiente, têm de confiar neste testemunho, sem outras concessões ilustrativas. Decidi partilhá-lo, acreditem, não para meu ou especial proveito da família mas, isso sim, em louvor das abençoadas mãos da nossa querida amiga a quem jamais poderei agradecer as provas tão manifestas de carinho e amizade que revestem aquelas travessas e tabuleiros do nosso regalo, com o pródigo Alentejo, ali todo à sua mesa.

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NB: Para se habilitarem a «programa» e gozo que tais, devem combinar previamente. Na data e hora aprazadas tudo baterá certo. Vão por mim!




Sublime !


Não resisto a apresentação desta autêntica Graça de Deus em articulação com uma peça cuja sofisticação bem se lhe adequa.


Boa Audição!
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2015, brevíssimas referências
a eventos da programação Gulbenkian



No último mês, embora tenha aludido, não fiz qualquer comentário aos eventos constantes do programa da Gulbenkian a que assisti. E não foram poucos, nada mais nada menos do que 7, invariavelmente, de nível muito bom e, nalguns casos, mesmo excepcional. Eis notas sumaríssimas, mesmo 'en passant', lamentando não poder aprofundar.

Do 'Ciclo de Piano', Christian Zacharias, no dia 29 de Novembro, Leif Ove Andsnes e Yefim Bronfman, respectivamente, em 6 e 14 de Dezembro, todos recitais excelentes, dos quais destacaria o último, totalmente afecto a Prokofiev, Sonatas Nos. 5, 6 E 7, absolutamente memorável, de um Bronfman que afirma e confirma uma «especialização» na pianística deste compositor.

Em relação aos Concertos com a Orquestra Gulbenkian, nos dias 4 e 11 do corrente, o primeiro sob a direcção de Susanna Mälkki, com um "Rituel in Memoriam Bruno Maderna", de Pierre Boulez, estupendamente trabalhado, verdadeiro marco na abordagem, em Lisboa, da obra do grande compositor francês, e o outro, também com o Coro da Fundação, dirigido por Paul McCreesh para "L' Enfance du Christ" de Berlioz. Esplêndidos solistas Crebassa, Th. Walker e N. Davies e o Coro em prestaçãoi notável.

No âmbito do 'Ciclo de Música Antiga', dia 13, apresentação na Igreja de São Roque do ensemble 'Graindelavoix', de Antuérpia, formado e dirigido por Björn Schmelzer, para se fazer ouvir num programa sofisticadíssimo, de extrema dificuldade, com peças remontando ao século XV, brilhantemente interpretado, subordinado ao título "Vésperas Cipriotas de Natal.

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São Roque, 31.12,2015, 17.00 horas


Ora bem, hoje, antevéspera do que será o meu último concerto do ano de 2015, no póximo dia 31, estou mesmo numa enorme expectativa por poder assistir a um programa invejável em qualquer latitude. Ainda no âmbito do Ciclo de Música Antiga da Gulbenkian, assistirei aos "Te Deum" em Ré Maior e "Concertante a 7" de JanDismas Zelenka, bem como "Dettingen Te Deum", em Ré Maior de Georg Friedrich Händel.

Para o efeito, o meu querido amigo Maestro Massimo Mazzeo, dirigirá a «sua» Orquestra Divino Sospiro, o Coro Gulbenkian e os solistas Filipa Passos, soprano, Mª José Conceição, soprano, Cátia Moreso, mezzo, Joana Nascimento, contralto, Pedro Cachado, tenor e André Boleiro, baixo. Obras grandiosas que rematam o ano, em atitude de Acção de Graças.

Num mês, 8 eventos, ou seja, a média semanal de dois programas imperdíveis que vão acumulando um património cuja adjectivação conhecem pelo que de melhor se apresenta no nosso país, perfeitamente, à semelhança do que se passa nos melhores auditórios, por esse mundo fora.

O "Te Deum" de Zelenka (1679-1745) nunca se ouviu ao vivo em Portugal. Em especial para os  amigos que não terão o meu privilégio, eis uma gravação parcial (1 / 2) da obra:

1. Te Deum laudamus
2. Tu rex gloriae
3. Tu ad liberandum
4. Tu ad dexteram Dei sedes


Interpretação, a cargo do Dresden Kammerchor da Hochschule für Musik Carl Maria von Weber e da Dresden Barockorchester, sob direcção de Hans-Christoph Rademann.

Boa Audição!

 
 
 
1. Te Deum laudamus 2. Tu rex gloriae 3. Tu ad liberandum 4. Tu ad dexteram Dei sedes Jan Dismas Zelenka (1679 - 1754) Dresden Kammerchor an der Hochschule f...
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Paulo Portas,
retirada estratégica?



"(...) Nem que seja no próximo século! Enfim, saibamos aguardar. Até porque largos dias têm cem anos... Se não formos nós, «por cá» estarão outros cidadãos que não deixarão de beneficiar com aquela que, mesmo a título póstumo, será mais uma oportuníssima expulsão do templo da Democracia." [João Cachado, 29.12.2015]

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Do mural de Filipe Anahory Garin (FAG), passo a transcrever:


"Os políticos e estadistas, como os escritores, os pintores, os arquitectos ou cientistas, os empresários ou músicos, medem-se pela obra que deixam.
Paulo Portas não deixou nada.


O máximo que conseguiu foi liderar durante anos um partido menor que nunca ultrapassou pouco mais de 10 por cento dos votos, e ser vice-presidente de um governo que ficará gravado na memória da maioria dos portugueses como o pior de sempre.

Deixa também um caso obscuro e mal investigado de compra de submarinos e financiamento ilegal do partido e uma história triste de incumprimento da palavra dada.
Paulo Portas foi um vulto menor de um partido menor." [29.12.2015]


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Magister FAG dixit et bene! É o que apetece dizer da sua análise precisa e concisa. De acordo com os indícios, haverá muito fogo para além da fumaça. Por isso, ainda espero que se descubra a careca a este traste. Não por espírito de vingança mas porque a cidadania assim o deveria determinar no sentido de esclarecer as proezas de alto coturno em que estará envolvido.

Enrolado em negociatas de submarinos e, para justificar dinheiros recebidos de proveniência mais que duvidosa, recorrendo a um tal Jacinto Leite Capelo Rego [nome e apelido que, de acordo com a charada, devem ser lidos «à brasileira», ou seja, 'já sinto o leite cá pelo rego'... ] de ficcional e perversa identidade, bem merece este senhor Portas que, a seu respeito, tudo venha a público.

Nem que seja no próximo século! Enfim, saibamos aguardar. Até porque largos dias têm cem anos... Se não formos nós, «por cá» estarão outros cidadãos que não deixarão de beneficiar com aquela que, mesmo a título póstumo, será mais uma oportuníssima expulsão do templo da Democracia.


 


Efeméride do Cinema
28 de Dezembro de 1888


Murnau,
para não esquecer



[publicado no facebook em 28.12.2015]


Friedrich Murnau, que nasceu em 28 de Dezembro de 1888 (m. 1931), indubitavelmente, um dos grandes nomes da História do Cinema, é o autor deste "Faust", datado de 1926, sua última e autêntica obra-prima.

Tenho a certeza de que, ao propor-vos o (re)visionamrento desta obra, estarei a contribuir para a redescoberta destas sequências magistrais, quintessência do expressionismo alemão. De imediato, apenas um pequeno excerto. O filme completo está disponível no YouTube.

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Baseado na peça de Goethe. Fausto é um velho alquimista que vê sua cidade ser assolada pela peste negra. Vendo tanta morte, começa a pensar sobre sua própria...
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27 de Dezembro de 1786
Efeméride mozartiana


[publicado no facebook em 28.12.2015]

Mozart, uma famosa ária de concerto
Salzburg, jubileu de 2006,

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A propósito da efeméride, mais uma vez a partilha de um episódio verídico que, tal como abaixo recordo, presenciei nos bastidores, durante a preparação da Mozartwoche de 2006, ano do 250º aniversário de Mozart.

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Bartoli, Fleming e um episódio de «conforto» vocal *

Em 27 de Dezembro de 1786, há precisamente, 229 anos, no mesmo dia em que considerava a hipótese de se estabelecer em Inglaterra, Mozart (re)compunha a Ária de Concerto 'Ch'io mi scordi di te? ... Non temer, amato bene' para soprano com piano obbligato, K. 505 que, inicialmente, se enquadra na ópera "Idomeneo" (versão de Viena)*, cantada por 'Idamante'**. Pelo próprio punho, escrevia Amadé no seu catálogo: “(…) den 27: Scena con Rondò mit klavier Solo. für Mad:selle storace und mich. begleitung. 2 violini, 2 viole, 2 clarinetti, 2 fagotti, 2 corni e Ba (…)”

Mesmo os que não sabem Alemão entendem que se trata de uma peça que o compositor escreveu para (Nina) Storace, a grande voz da actualidade por aqueles dias vienenses, 'und mich' i.e., e 'para mim', indicando que ele próprio também a estreou. A propósito desta obra que exige irrepreensíveis dotes vocais, gostaria de vos contar o episódio absolutamente verídico, cujos meandros, como privilegiado membro do Mozarteum de Salzburg, acompanhei em 2006, ano do jubileu mozartiano, por altura do seu 250º aniversário.

Para o concerto de gala do dia 27 de Janeiro, no Grosses Festspielhaus, a Fundação do Mozarteum tinha convidado René Fleming que interpretaria esta peça acompanhada ao piano, nem mais nem menos do que por Mitzuko Ushida. Portanto, como se depreende, tudo ao mais alto nível mundial. Pois bem, praticamente sem qualquer hipótese de substituição, o agente de René Fleming informou o Mozarteum de que a diva não se sentia particularmente «confortável» para a interpretação da ária, sugerindo que fosse apresentada uma alternativa…

Garanto a veracidade deste documento. Eu li-o. Se bem entendem, nas entrelinhas, e, por outras palavras, preto no branco, o que René Fleming dava a entender era que, pelo menos, naquela altura, o seu gabarito não chegava para cantar 'Ch’io mi scordi di te'. E, com indisfarçável sobranceria, ainda pedia que tratassem, isso sim, de lhe apresentar uma outra proposta, enfim, mais acessível…

Bem, com quem ela se meteu! Se lhe passou pela cabeça que o Mozarteum alteraria uma vírgula ao convite inicial, deve ter ficado siderada quando leu a resposta inequívoca – à qual eu também tive acesso – em que a Fundação reiterava o que havia proposto, esclarecendo mesmo o seu objectivo de apresentar uma obra de grande dificuldade em que, também naquela especialíssima gala, mais uma vez, o génio de Mozart estaria bem patente.

Resumindo e concluindo, a Fleming «borregou». E, para a substituir, servindo-se de meios que mais nenhuma casa em todo o Mundo se poderá gabar, o Mozarteum conseguiu que, 'em cima da hora', Cecilia Bartoli assegurasse a interpretação da obra que Mozart compusera para a Storace duzentos e vinte anos antes. Com um profissionalismo a toda a prova, a Bartoli foi excelente, mal tendo tempo para se preparar.

Tendo tido oportunidade de assistir ao concerto incluído na 'Mozartwoche' de 2006, até posso confirmar, como então escrevi numa crítica, que a Bartoli cantou a ária evidenciando uma coloratura um tanto ou quanto mais floreada que o exigível, fugindo algo ao classicismo da peça, e propondo contornos mais barrocos, registo em que é exímia.

Pois bem, em primeiro lugar, gostaria de vos propor um registo dessa interpretação em que, além do famoso mezzo, se juntam os prodígios da Filarmónica de Viena sob a direcção de Mutti e Mitsuko Uchida. [I] E, seguidamente, uma gravação em que a mesma peça é interpretada, nem mais nem menos do que por uma estupenda René Fleming e Christoph Eschenbach, no piano obbligato e na direcção da orquestra. [II] A gravação foi obtida num concerto ao vivo em Paris, em 2002, portanto, quatro anos antes do convite do Mozarteum, altura em que Fleming estaria mais «confortável» para a abordagem da ária. Comparem e tirem as vossas conclusões.

Boa audição!

http://youtu.be/oPOn4sphnL0 [I]
http://youtu.be/lHrYNb52jug [II]

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(*) Texto aqui publicado em 27.12.2013;
(**) A versão inicial de "Idomeneo, rè di Creta" foi estreada em 29 de Janeiro de 1781 no Residenz Theater (actualmente, Cuvilliées) em Munique. Data de cinco anos mais tarde, a versão que Mozart prepara para a estreia em Viena, que ocorre em 13 de Março de 1786, versão esta que compreende 'Non temer, amato bene' a ária de 'Adamante' com que inicia o II Acto. Interessante lembrar que o acompanhamento «obbligato» era assegurado por violino e não pelo piano, como na ária de concerto.


 
 
 

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015



Jardins de Queluz
Mais uma excelente notícia

[E, ainda (??) o preço dos ingressos...]


[publicadono facebook em 27.12.2015]

Quando, em relação à Parques de Sintra, deparamos com frequentes notícias deste teor, sempre nos ocorre o facto de se tratar de obras que, em todos os domínios, são extremamente significativas, envolvidos que estão valores como a ética da recuperação do património, a estética, a soberba qualidade das intervenções e os custos afins. Porém, tendo em consideração que, no caso da Parques de Sintra, os recursos financeiros têm origem, praticamente exclusiva, no produto das bilheteiras, ainda mais surpreendidos ficamos.

É neste contexto que, de facto, se enquadra a pertinente questão que passo a colocar. Como regatear o preço dos ingressos se, tão manifestamente, se entende, avalia e conclui acerca do alto discernimento e proveito com que são aplicadas as verbas assim geradas? E, assim acontecendo, durante três anos consecutivos, quando, cumulativamente, a mesma entidade promotora das obras é reconhecida como a melhor do Mundo em recuperação do património?! Ah, se coisas semelhantes sucedessem em tudo «o resto», não só em Sintra mas também em todo o país!...

De qualquer modo, como se verifica em todas as latitudes, é invariavelmente caro o preço do bilhete para visita a qualquer monumento congénere. Não pode ser de outro modo. Por isso e para isso, previamente preparam os visitantes a respectiva bolsa. Sabem que é caro. É caro, torna-se caro e, naturalmente, também por este factor tão determinante, a concretização da visita se transforma num evento perfeitamente extraordinário, raro. Repare-se que se trata de um «investimento» cultual que a família decide aplicar, necessariamente, em detrimento de outras opções.

Famílias haverá às quais jamais se lhe coloca sequer a questão de aceder a um tal espaço, não porque não disponham da verba para o efeito mas porque, pura e simplesmente, é coisa que não lhes interessa. Não foram nem estão motivadas, ignoram olimpicamente, têm diferentes opções. Em contrapartida, outras pensarão, frequentemente, em aproveitar todas as oportunidades de acesso o mais conveniente possível.

A propósito, como não propor-vos um pequeno exercício. Imaginem, por exemplo, uma família de Coimbra, de Castelo Branco ou de Beja, de recursos médios, com um mínimo de interesses de ordem cultural. Quantas vezes visitará a Pena em vinte anos, ou na vida inteira? Talvez uma, duas, quando o(s) filho(s) andava(m) na escola, por ocasião de alguma especial comemoração? E os Palácios de Queluz, da Vila, de Monserrate, o Castelo dos Mouros ou o Convento dos Capuchos?

Pois o mesmo acontece na Áustria, país que bem conheço, com uma família de Melk, de visita a Salzburg. Nem mais nem menos! Visitará uma vez os famosos Festung Hohensalzburg ou Schloss Hellbrunn. E, tanto em Sintra como em Salzburg, todos ficarão com uma extraordinária memória para o resto das suas vidas…

Estes «investimentos culturais» das famílias nacionais e estrangeiras serão, aliás, tanto mais ou menos frequentes quanto mais «viradas» elas estiverem para o mundo da Cultura e menos focalizadas nos centros comerciais e similares «superfícies» alcatroadas, cimentadas ou arrelvadas... Aliás, como não poderia deixar de acontecer, a verdade é que tal conclusão também é evidente no caso de Sintra porquanto, mesmo com o ingresso gratuito aos domingos, é perfeitamente residual a percentagem de munícipes que usufruem essa vantagem tão generosa.

Daí que não me canse de lembrar e aconselhar os residentes no concelho de Sintra a efectuarem as visitas nos fins de semana, na medida em que os 'nossos' monumentos dependentes da PSML gozam desse privilégio absolutamente excepcional, durante todos os 52 domingos do ano. Convém não esquecer que, em relação aos espaços dependentes do Ministério da Cultura, os portugueses apenas beneficiam de regime algo semelhante no primeiro domingo de cada mês, portanto, apenas 12 vezes por ano…
 
Portanto, façam o favor! Como sempre, confiadas às melhores mãos, as «jóias da coroa» esperam por vós.
Já começaram as obras de recuperação do Jardim Botânico nos Jardins do Palácio de Queluz. Esta intervenção faz parte do projeto global de recuperação que inclui também o monumento.
Saiba mais em: http://www.parquesdesintra.pt/…/inicio-das-obras-de-recupe…/
 
 
 
Início das obras de recuperação do Jardim Botânico nos Jardins do Palácio Nacional de Queluz 15 Dezembro , 2015 ®PSML Wilson Pereira A Parques de…
parquesdesintra.pt
 
 

sábado, 26 de dezembro de 2015



Desarmadilhar Sintra



Subordinado ao título supra, publicou o 'Jornal de Sintra' na pág. 7 da ediçao do passado dia 18, um texto que subscrevi com o objectivo de voltar a denunciar o que Sintra não aguenta mais. Eis a transcriçãoi do primeiro parágrafo:

"Se ainda precisa fosse qualquer demonstração suplementar para confirmar como Sintra continua «armadilhada», os feriados espanhóis entre os dias 4 e 8 deste mês de Dezembro, que tiveram o condão de exportar para este extremo sudoeste de...zenas de milhar de viaturas, acabaram por confirmar como não há sequer uma hora a perder relativamente às soluções que cumpre concretizar imediatamente. (...)"

O artigo integral está acessível em www.jornaldesintra.com
Depois, accionar' 'Edições' e '18.12.2015'



Salzburg,
Catedral, 10,00


[publicado no facebook em 25.12.2015]

Neste dia de Natal, como calcularão aqueles que sabem da minha relação tão especial com Salzburg, a minha cabeça está muito por lá. Na Catedral, a Missa de Grande Pontifical, celebrada pelo Arcebispo Dr. Franz Lackner, tem o apoio musical da "Missa Pastorale em Fá Maior", Op.147 de Anton Diabelli.

Permitam que vos proponha a audição da obra que compreende as seguintes partes:

Kyrie 00:00
Gloria 02:56
Credo 08:09
Sanctus 17:23
Benedictus 19:49
Agnus Dei 24:01


Na gravação que passarei a partilhar, são intérpretes o Coro dos Pequenos Cantores da Catedral de Augsburg, a Orquestra de Câmara da Residenz de Munique, sob a direcção de Reinhard Kammler.

Assim, com algum grau de aproximação, terão uma ideia do que é o esplendor de uma Missa, num dia destes, naquele que é um tão abençoado templo e também Casa da melhor música sacra que tenho ouvido na vida. Quem conhece, sabe perfeitamente que não exagero se vos disser que, in loco, com excepcionais condições acústicas, servida por óptimos músicos, coro e solistas, sob a direcção do Kapellmeister, meu amigo Janos Czifra, esta Missa soará muito, muito melhor!

Boa Audição!

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Anton Diabelli (5 September 1781 -- 7 April 1858) was an Austrian music publisher, editor and composer. Work: Missa Pastorale in F-major, Op.147 Kyrie 00:00 ...
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Pedro Tamen,
Natal, nata do tempo
 
[publicado no facebook em 25.12.2015]
 
 
Deste soneto vos digo que ficará na História da Poesia Portuguesa como um dos mais belos poemas de Natal de todos os tempos. Se puderem, leiam "Memória Indescritível", o livro onde, além deste, outros desafios lindíssimos esperam a devassa.

Pedro Tamen, que formidável oficina, a sua. Que estupenda escola!

[Também este é dia de lembrar o cunhado do Pedro, saudoso amigo, João Bénard da Costa, cuja relação anual com o Natal, na sua casa, em Sintra, era mesmo algo de muito especial]
 
 
 
 
"Não digo do Natal – digo da nata
do tempo que se coalha com o frio
e nos fica branquíssima e exacta
nas mãos que não sabem de que cio
...
nasceu esta semente; mas que invade
esses tempos relíquidos e pardos
e faz assim que o coração se agrade
de terrenos de pedras e de cardos


por dezembros cobertos. Só então
é que descobre dias de brancura
esta nova pupila, outra visão,


e as cores da terra são feroz loucura
moídas numa só, e feitas pão
com que a vida resiste, e anda, e dura."


Pedro Tamen
 
 
 
 
 



25 de Dezembro de 1870
"Tribschen-Idyl”
- cena idílica nas margens do Lago dos Quatro Cantões, Luzern

Efeméride wagneriana

[publicado no facebook em em 25.12.2015]

Mais uma vez, em data tão especial, dificilmente conseguiria furtar-me ao fascínio deste feliz episódio da História da Música, naturalmente, conhecido de todos os meus queridos amigos wagnerianos.
 
A primeira apresentação da peça "Tribschen-Idyl" aconteceu na escadaria interior da Villa Tribschen, na manhã do dia de Natal de 1870, por ocasião do aniversário de Cosima Liszt Wagner (Bellagio - Como, 25 de Dezembro de 1837 — Bayreuth, 1 de abril de 1930).

Acordou ela ao som da melodia de abertura e escutou aqueles vinte minutos de extrema beleza enquanto Richard Wagner, o marido, dirigia um pequeno grupo de treze músicos [dois violinos, viola, violoncelo, contrabaixo, flauta, oboe, dois clarinetes, duas trompas, trompete e fagote], que tinha recrutado em Zürich. Que melhor presente poderia imaginar?

O título original da peça era longo: “Tribschen-Idyl, com a canção dos passarinhos de Fidi e Nascer do Sol cor de laranja”. Está claro que logo percebemos tratar-se de uma obra muito pessoal para Wagner. Descodifiquemos. Tribschen é o nome da villa em Lucerna, na Suiça, onde Wagner vivia exilado com a família. Fidi era o 'petit nom' de Siegfried, filho de Richard Wagner e de Cosima, sua mulher.

“Tribschen-Idyl” é um título certamente suscitado pelo fascínio do lugar. Quem lá vai, percebe logo… Aquilo é lindo de morrer. De tal modo assim é que, não raro, por cá, tão longe, tenho aquele cenário diante dos meus olhos. Algo recorrente e, confesso, mesmo insistente e persistente. Vem a propósito lembrar o que, sobre Tribschen, Wagner escreveu ao Rei Luís II da Baviera “(…) para qualquer lado que me volte, fico no meio de um mundo mágico: não conheço outro lugar mais belo, nada mais acolhedor”

Oito anos mais tarde, com o título “Sigfried Idyl”, Wagner publicaria esta obra depois de ter acrescentado uma série de instrumentos à partitura original. Como é do conhecimento geral, algumas das melodias foram usadas pelo compositor na ópera "Siegfried", terceira jornada do "Ring".

Como nada substitui um testemunho na primeira pessoa, eis a conhecidíssima página do diário de Cosima Wagner - que vos proponho numa tradução para Inglês, já que a maioria não acede ao original Alemão - dando conta do episódio:

"(...) Sunday, December 25, 1870 About this day, my children, I can tell you nothing—nothing about my feelings, nothing about my mood, nothing, nothing, nothing. I shall just tell you, dryly and plainly, what happened. When I woke up I heard a sound, it grew even louder, I could no longer imagine myself in a dream, music was sounding, and what music! After it had died away, R. came in to me with the five children and put into my hands the score of his "Symphonic Birthday Greeting." I was in tears, but so, too, was the whole household; R. had set up his orchestra on the stairs and thus consecrated our Tribschen forever! The Tribschen Idyll—thus the work is called. — At midday Dr. Sulzer arrived, surely the most important of R.'s friends! After breakfast the orchestra again assembled, and now once again the Idyll was heard in the lower apartment, moving us all profoundly (Countess B. was also there, on my invitation); after it the Lohengrin wedding procession, Beethoven's Septet, and, to end with, once more the work of which I shall never hear enough! — Now at last I understood all R.'s working in secret, also dear Richter's trumpet (he blazed out the Siegfried theme splendidly and had learned the trumpet especially to do it), which had won him many admonishments from me. "Now let me die," I exclaimed to R. "It would be easier to die for me than to live for me," he replied. — In the evening R. reads his Meistersinger to Dr. Sulzer, who did not know it; and I take as much delight in it as if it were something completely new. This makes R. say, "I wanted to read Sulzer Die Ms, and it turned into a dialogue between us two." (C. Wagner 312)"

Finalmente, numa belíssima leitura de Sir Georg Solti, dirigindo a Filarmónica de Viena, aqui tendes a obra.  AT: São duas gravações.


Boa audição!


http://youtu.be/oFtpLhfKJ_0 [1ª parte]
http://youtu.be/N9mSlVYpsuM [2ª parte]
 
 
Wilhelm Richard Wagner Sir Georg Solti Vienna Philharmonic Wagner wrote this tender composition for chamber orchestra as a birthday gift to his second wife, ...
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