[sempre de acordo com a antiga ortografia]

sexta-feira, 31 de julho de 2015



    31.07.1751
    Efeméride mozartiana
    Nascimento de Nannerl
     
     
    Outra tivesse sido a época e, dúvidas não subsistem de que Maria Anna, cinco anos mais velha do que Wolfgang, teria todas as qualidades para se tornar numa compositora de primeira grandeza. Emparceirou com o mano no mais famoso par de meninos-prodígio da História da Música mas, a partir de determinada altura, pelos seus quinze anos, o pai Leopold investiu tudo no filho rapaz, ficando Nannerl na sombra, como professora de piano, ela que também era exímia no violino.
     
    Há episódios interessantes na sua longa vida, alguns dos quais já partilhei convosco oportunamente. Talvez os repita porque há sempre gente nova por estas minhas bandas do facebook. Está sepultada, na mesma campa que Michael Haydn - compositor menos célebre do que o irmãoJoseph Haydn - numa pequena capela do cemitério de St Peter, mesmo à entrada das catacumbas.

    A propósito, eis um filme interessante.

    Watch and Download Movie [HD] http://bit.ly/1OEGMXk Nannerl, la soeur de Mozart 2011
     
     
 

Que grande «preocupação»...

[facebook, 30.07.2015]

Naturalmente, depois da mais-que-perfeita bacorada de Passos Coelho, uma locutora da rádio perguntava a Nicoilau Santos, ao princípio da manhã, se havia razão para uma corrida aos depósitos por parte dos clientes da Caixa...

Mais tarde, no fim da reunião do Conselho de Ministros, sem conseguir remediar os estragos entretano em marcha, o Marques Guedes pôs toda a água que pôde na fervura provocada por este grande estadista que nos coube aturar dura...nte os anos de maior crueldade governamental de que há memória.

Com a vontade que demonstrou no sentido de privatizar a CGD, nada me surpreende que, em fim de mandato, esta sua «preocupação», aparentemente tão 'gauche', afinal, não tenha algo a ver com esse contexto de fúria diabolizaora contra tudo quanto ainda está afecto ao secor público.

Este é, mesmo o tipo de atitude que mais se adequa ao seu calibre de marioneta que, nas mãos de quem bem sabemos, evitando todos os tímidos passos de coelho, antes se lançou, cantando e rindo para a bocarra dos tubarões que, pacintemente, só tiveram de esperar por quem lhes fizesse favorzinho tão completo.

Ah, a Caixa dava-les tanto jeito!! Olhem, nada está perdido. Como diz «o outro» da anedota, se tudo for muito, muito bem 'tijolado', até será possível que, na sequência da eleições de Outubro, o quadro acabe por ser propício aos propósitos dos piquenos...
 
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Banco é o único que ainda não devolveu dinheiro ao Estado depois de ter recebido ajuda pública.
economico.sapo.pt
 



Mozartwoche 2016
- tudo quanto importa saber
 
[facebook, 30.07.2015]

Aqui têm a publicação do Mozarteum referente ao próximo Festival Mozartwoche 2016. Como verificarão, é parcialmente bilingue já que, em Inglês, apresenta resumos de todos os textos originais em Alemão. A leitura propiciará uma abordagem perfeita acerca de todos os eventos programados. Se Deus quiser lá estarei, também para partilhar convosco os meus comentários.

Tal como já vos tinha anunciado, Mathias Schulz, o jovem e excelente Director Artístico do Mozarteum, vai mesmo ocupar idênticas funções na Berliner Staatsoper, razão pela qual este será o último dos quatro anos em que se responsabilizou pelo cargo numa das mais prestigiadas instituições mundiais. Dispõem do seu testemunho logo na abertura da revista.
 
mozarteum.at
 
Netto incorrigível?


[facebook, 29.07.2015]

Na foto, José Anes, grande amigo de Sintra, entre as fachadas de dois hotéis. À sua direita, a do Tivoli e, atrás à esquerda, a do Netto. Como introdução à notícia que, com o seu habitual humor, aproveitou para partilhar, JA escreveu:

"À porta do Hotel Tivoli em Sintra com a equipa de filmagens da TV italiana. Ainda não discuti o cachet...mas mesmo assim irei para a Pena dar a entrevista."

Logo aproveitei para replicar: "Percebo a razão de subir até à Pena. De facto, ali mesmo, a degradada imagem do Netto atrás, não era enquadramento desejável para a entrevista... Ah, estas misérias geracionais de Sintra!... Fraternal abraço".

Naturalmente, deu-me razão...


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A porta do Hotel Tivoli em Sintra com a equipa de filmagens da TV italiana. Ainda nao discuti o cachet...mas mesmo assim irei para a Pena dar a entrevista.
 


A Ciência e a Liberdade
 
 
[facebook, 28.07.2015]

Atrevo-me a considerar imprescindível a leitura da entrevista que partilho. E, a título de exemplo das questões fulcrais que enquadram as opiniões, eis um excerto 'definitivo':
 
Questão colocada por Anabela Mota Ribeiro:

"(...) Recupero o tema da educação. No livro "Meu Dito, Meu Escrito", Maria de Sousa fala do direito de duvidar e de perguntar, da importância da frescura da pergunta: “O mais importante na construção de um cientista é não deixar de ouvir a criança dentro de si próprio.” Como é que fazemos perguntas diferentes? Como é que chegamos a pontos de vista diferentes? É uma pergunta para a qual provavelmente não há resposta.

MdS — Há, há. É criar um sistema de liberdade. Não vai nunca fazer perguntas diferentes se não tiver a liberdade de as fazer. A escola, a forma como estamos a financiar os projectos de investigação, tudo está a limitar como é que se fazem perguntas diferentes. As equipas que escrevem projectos têm de escrever quais são os resultados esperados. Já ninguém financia resultados inesperados.

MSS — Os cientistas, para ganharem projectos, têm de se formatar. E não é só no cancro, é em relação a tudo. Há muito pouca liberdade porque o risco de não ter resultados é enorme. E as agências financiadoras o que querem é que a pessoa apresente resultados preliminares — que já estão feitos.

MdS — E que, se possível, vão dar dinheiro. (...)"
 
 


Merkel
desmaio em Bayreuth



[facebook, 27.07.2015]

Não percebo como é que a notícia não indica claramente o local onde tudo aconteceu. Foi no mais prestigiado dos festivais de ópera, exclusivamente afecto à obra de Richard Wagner. Naturalmente, todos os anos Merkel aparece em Bayreuth. Lá nisso é uma mulher de bom gosto! Desmaiar, caír da cadeira em Bayreuth, que chique!!
...
Na realidade, AM lá vai, anual e religiosamente. Mas, até agora, não houve chanceler que ousasse faltar. Tenho-os visto por lá todos. É, muito em Bayreuth, que os alemães têm feito o exorcismo dos seus fantasmas do período nacional-socialista. Já estou um bocado farto das encenações que, ao longo de décadas, não fazem outra coisa senão tentar limpar esse passado tão contundente.

E, pobre do Richard Wagner, que nenhuma culpa teve do aproveitamento que o Hitler e os seus piquenos fizeram de óperas sublimes. Óperas, aliás, como a Tetralogia do "Ring", que seriam incompreensíveis senão à luz do génio revolucionário de RW que, cúmplice de Bakunine e inspirado em Feuerbach, participou em levantamentos sociais do mais puro progressismo que determinaram o seu exílio.

Muito mais tarde, foi uma nora de Wagner, Winifred, casada com o filho Siegfried, quem, de facto, mais nazi do que o próprio Hitler, se encarregou de «nazificar» a família... Enquanto o Adolf esteve na prisão, até papel lhe levava para que nada lhe faltasse à escrita do "Mein Kampf". Recebia-o na 'Wahnfried', a casa da família Wagner, teve o condão de emporcalhar, de manchar aquele «santuário» bávaro.
 
É natural o que se passa ainda hoje. Tanta confusão! O modo como, tantas vezes, sem saberem exactamente do que falam ou escrevem, tantas pessoas conotam Hitler com Wagner como se, entre ambos, houvesse alguma sintonia. Há que ter em consideração, entre outros factores, que, em termos históricos, os doze anos de horror do regime nazi, metade dos quais em guerra, foram apenas ontem...

Não calculam as discussões a que tenho assistido na Alemanha, em casas de famílias cujos netos continuam a interrogar os avós tentando perceber como se deixaram envolver, como é que gente culta se deixou apanhar pelo turbilhão, que medos, que enredos, que loucura foi aquela...

De facto, a Arte, a grande arte, a Música, o Teatro, a Ópera têm feito o seu caminho mas continua a haver muito que fazer. É muito fácil, por exemplo, a Israel proibir que se toque Wagner no território de que se reclama. Menos fácil, muito mais difícil, é fazer o que o judeu Daniel Barenboim tem conseguido, inclusive, fundar e trabalhar com a West-Eastern Divan Orchestra, constituída por músicos judeus e árabes, fazendo-a soar onde seria impensável...
Enfim, onde eu já vou!..
 
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Chanceler alemã estava acompanhada pelo marido, pela ministra da Cultura e pelo presidente do parlamento federal e levantou-se pelo próprio pé
www.tvi24.iol.pt
 



27 de Julho de 1786
Efeméride mozartiana
 
[facebook, 27.07.2015]
 
Viena - data da composição dos duos para trompas nos. 1, Allegro, em Mi bemol Maior, 3, Andante em Dó Maior, e 6, Menuetto em Ré Maior, KV. 487. Estas peças integram-se num conjunto que, na sua totalidade, passarei a propor-vos numa interpretação do Ensemble Philidor.
...
1. Allegro em Mi bemol Maior (0:00)
2. Menuetto: Allegretto em Mi bemol Maior (1:15)
3. Andante in Dó Maior (3:01)
4. Polonaise em Ré Maior (4:21)
5. Larghetto em Ré Maior (5:41)
6. Menuetto em Ré Maior (6:25)
7. Adagio em Ré Maior (10:12)
8. Allegro em Sol Maior (11:20)
9. Menuetto em Fá Maior (12:36)
10. Andante em Si bemol Maior (14:58)
11. Menuetto i em Mi bemol Maior (15:39)
12. Allegro em Mi bemol Maior (17:49)


Boa Audição!
 
 
 



Um deslumbramento!

[facebook, 25.07.2015]

No passado dia 26 de junho, como tive oportunidade de assinalar com algum destaque, a Parques de Sintra e o Divino Sospiro – Centro de Estudos Musicais Setecentistas de Portugal (DS-CEMSP) apresentaram, em estreia mundial moderna, “L’Isola Disabitata” - Serenata per musica”, do compositor David Perez, com libreto de Pietro Metastásio, no Palácio Nacional de Queluz.

A Serenata, em versão de concerto, foi interpretada pela orquestra Divino Sospiro, com direção musical de Massimo Mazzeo, contando com as vozes dos sopranos Joana Seara, Francesca Aspromonte e Francesco Divito - não, não é erro, Divito é soprano - e com o tenor Bruno Almeida.
Só posso partilhar convosco a impressão de que as fotos do 'album' apenas podem propiciar uma pálida ideia do grande acontecimento musical a que se reportam. Desde já confirmo que se tratou mesmo de um grande acontecimento musical!

Não exagero se vos disser que, neste primeiro semestre de 2015, de todos os eventos musicais a que já assisti - e, como sabem, não foram poucos e, graças a Deus, tanto em Portugal como lá por fora, de excelente qualidade - esta estreia mundial moderna de "L'Isola Disabitata" constituiu a maior surpresa a que me foi dado assistir.

Sei do trabalho de investigação musicológica que está a montante desta apresentação, uma tarefa de longos sete meses, envolvendo o empenho que nunca será demais destacar de Iskrena Yordanova a quem se deve a responsabilidade da edição crítica desta partitura. Conheço o entusiasmo de Massimo Mazzeo e dos seus queridos amigos e colegas de Divino Sospiro. Só posso dar os meus parabéns mais sinceros e cúmplices, de melómano inveterado que adora ser apanhado pela Festa da Música, como aconteceu faz amanhã um mês.

Embora não seja o momento para me pronunciar detalhadamente acerca da interpretação da peça que, em termos gerais, nos vários aspectos em presença, foi de grande qualidade, muito sinceramente, não poderia deixar de destacar o caso de uma das vozes.

Francesca Aspromonte, que já se apresentou em locais como a Opéra Royal de Versailles, a Opéra de Vichy, o Auditorium Parco della Musica, em Roma, o Bozar de Bruxelles, a Opéra National de Montpellier, e que apareceu em festivais de renome como Ambronay Festival, Aix-en-Provence Festival ou Musikfest Bremen, interpretou magistralmente a 'Silvia', personagem a quem emprestou atributos que jamais esquecerei.

Embora se tratasse de versão concertante, não deixou de sobressair a sua manifesta capacidade histriónica, plena de juventude, fascínio, graça à flor de uma polivalência que lhe adivinho num palco, lugar geométrico da sua inata propensão para o teatro lírico. Um caso sério, é o que vos digo, esta Aspromonte, cuja excelente técnica tem adquirido em escolas de tanta nomeada como a do Mozarteum de Salzburg.

Estive à espera das fotos para poder escrever estas palavras. E, se nesta espera me mantive durante quase um mês, pois continuarei esperando novas récitas de "L'Isola Disabitata". Não me consigo resignar à ideia de que, apesar de tão grande êxito - que as imagens, repito, dão uma vaga ideia - não voltarei a assistir brevemente a mais récitas da peça.
 
Estou certo de que a Parques de Sintra, por um lado, o Centro de Estudos de Estudos Musicais Setecentistas de Portugal, por outro, não perderão oportunidades no sentido de facultarem todas as subsequentes atitudes de divulgação e de promoção nacional e internacional que a obra ressuscitada merece.

Para já, os mais sinceros parabéns!
Foto de Divino Sospiro.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Foto de Divino Sospiro.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Foto de Divino Sospiro.
 
Foto de Divino Sospiro.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
no entretanto não queremos deixar os nossos amigos sem um pouco de deslumbre relativo ao recente passado...
 


FESTIVAL DE SALZBURG - 2015 
- HOJE, 24 Julho, 19:00
 
 
[facebook, 24.07.2015]
 
 
Na 'Felsenreitschule', o antigo picadeiro e escola de equitação dos príncipes-arcebispos de Salzburg, que, juntamente com a 'Haus für Mozart' e 'Grosses Festspielhaus', integra o grande dispositivo dos auditórios da cidade.
 
PROGRAMA

FRANZ SCHUBERT
• Sinfonia No. 8 in Si menor, D. 759, “Incompleta”
• Lazarus ou a Celebração da Ressurreição, Oratória Cénica em 3 Actos , D. 689


INTÉRPRETES

Ingo Metzmacher, Maestro
Maximilian Schmitt, Lazarus
Werner Güra, Nathanael
Marlis Petersen, Maria
Christiane Libor, Martha
Sophie Karthäuser, Jemina
Thomas E. Bauer, Simon
Salzburger Bachchor
Alois Glaßner, Director do Coro

Orquestra: Camerata Salzburg
Ingo Metzmacher, Maestro


Como podem verificar, um conjunto de grande luxo! Mais duas horas de grande música que o Festival de Salzburg propicia.

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Mas poderia eu deixar-vos assim, sem acesso à peça “Lazarus oder Die Feier der Auferstehung (Osterkantate)", D.689, obra composta por Franz Schubert? Claro que se trata de uma Cantata para o tempo pascal, abordando a Ressurreição. Como não estamos condicionados pelo calendário religioso e por se tratar de uma obra pouco frequente nas salas de concerto, factor de interesse acrescido, gostaria de a partilhar convosco numa interpretação de referência absoluta, datada de 1983:

Helen Donath (Maria), soprano
Lucia Popp (Jemina), soprano
Maria Venuti (Martha), contralto
Josef Protschka (Nathanael), tenor
Robert tear (Lazarus), tenor
Dietrich Fischer-Dieskau (Simon), barítono

Coro e Orquestra Sinfónica da Rádio da Baviera
Wolfgang Sawallisch, Maestro



Boa Audição!

 
 


Mozart, a Sinfonia em Sol menor
e o aniversário do
António Cunha Leal

[facebook, 24.07.2015]

Hoje é o aniversário de um querido Irmão e meu amigo que, como sabem, é pai de outro querido amigo, o André Cunha Leal. Com o abraço fraternal de parabéns e votos de que o dia se repita por muitos, aqui deixo ao grande melómano a memória de um evento assinalável, qual seja o do dia 24 de Julho de 1788, que antecedeu aquele em que Mozart deu entrada no seu catálogo pessoal da SInfonia em Sol menor, mais tarde, a KV.550.

Destaco a véspera porque terá sido o fabuloso dia de acabamento de uma obra absolutamente determinante da História da Música de todos os tempos. Só podemos imaginar o desassossego, o afã, e, finalmente, o apaziguamento do compositor depois de tanta perturbação. Estava a atravessar um período crítico, o Verão mais turbulento da sua vida, os dias em que mais aflito se sentiu relativamente à necessidade de saldar compromissos, o que bem atestado ficou na carta que escreveu a Michael Puchberg.

Já de seguida, um resumo de trabalhos anteriores que, naturalmente, hoje aproveito, ainda com especial saudação ao meu amigo.

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O cúmulo canónico absoluto da sua obra sinfónica, KV. 543, 550 e 551 – obras que, inequivocamente, figuram entre as mais importantes e influentes compostas em todo o século dezoito – foram escritas num curtíssimo período de seis semanas ou pouco mais, durante o Varão de 1788, circunstância concludente a partir das entradas no catálogo pessoal de Mozart, respectivamente, datadas de 26 de Junho, 25 de Julho e 10 de Agosto.

Tradicionalmente, tem-se partido do princípio de que Mozart nunca tocou estas sinfonias. No entanto, tal não parece sustentável já que não só essa convicção é totalmente contrária à prática habitual do compositor, como também a rápida divulgação das obras, em especial das KV. 550 e 551, e o facto de ele ter revisto a KV. 550, juntando clarinetes à orquestração, sugerem que, de facto, foram apresentadas publicamente.

E não terão faltado oportunidades para o efeito. Lembremos a nota numa carta datada de Junho de 1788, por altura da composição da KV. 543, dando a entender que Mozart estava a planear uma série de concertos no futuro imediato, para além do facto de que concertos, em Leipzig em 1789, Frankfurt em 1790 e Viena em 1791, todos incluíam sinfonias.

Ainda que não deixe de ser tentador descartar a ideia romântica de que as derradeiras sinfonias representam uma súmula e o culminar da arte sinfónica de Mozart – é perfeitamente absurdo pensar que ele teria consciência de que estas seriam as suas últimas peças do género – no entanto, tipificam algumas características essenciais do seu estilo sinfónico que, sem dúvida, constituem o grande contributo para a sinfonia.

Naquele contexto, gostaria de salientar a perfeita noção da proporção e do equilíbrio estrutural, um vocabulário harmónico riquíssimo, o delinear da função através de material temático distintivo e característico e uma especial preocupação com as texturas orquestrais que, muito particularmente, manifestou na escrita extensa e idiomática para os instrumentos de sopro.

A Sinfonia No. 40

Sem dúvida que foi com duas orquestras em perspectiva que Mozart compôs as duas versões da sua Sinfonia em Sol menor KV. 550, obra cheia de neurose, intelectual e tematicamente a mais erudita de todas as suas grandes sinfonias. Não há uma única nota a mais, ou seja, a contenção é máxima, absolutamente nenhuma concessão à facilidade ou ao ânimo leve.

Muito frequentemente, é nítida a sensação de um violento e notório desespero que nos remete para o Romantismo. A primeira versão da peça, além dos habituais naipes de cordas, foi escrita para 1 flauta, 2 oboés, 2 fagotes, 2 trompas, uma versão em que – façam o favor de reparar bem – são precisamente as trompas que contribuem para um tom particularmente agressivo da música.
Em relação à versão inicial, na revisão da orquestração a que procede em Abril de 1791, Mozart introduz clarinetes na textura e reformula as partes de oboé, conferindo à obra um cariz mais nostálgico. De qualquer modo, quer numa quer noutra, o que ressalta é a economia do material.

Esta é uma obra em que todos os cânones vigentes são postos em causa. É uma obra em que é enorme o salto para o futuro. Ela é um marco na História da Música em geral e na História da Sinfonia em particular. Com a KV. 550, o compositor perturba as consciências formatadas para uma ordem que ele vem abanar como um terramoto. Perante este quadro de tantas evidências que apenas pedem atenção na escuta, parece impossível como a obra continua a ser lida e ouvida com a ligeireza com que, não raro, ainda reparamos e contra a qual Harnoncourt se rebelou.

A partir de então, nunca mais o género sinfónico terá qualquer espartilho. Nesta sinfonia, Mozart protagonizou um salto para a Liberdade, abrindo a porta aos grandes sinfonistas do futuro, em especial, a Beethoven que ainda conheceu e acerca de quem tinha a melhor das impressões. Ouvir a KV. 550 continua a constituir um desafio à inteligência, um convite ao enriquecimento do espírito. E, se quiserem, no contexto da tríade em que figura como segundo momento – depois da Sinfonia No. 39 e a caminho da ‘Júpiter’ – representa um território sombrio, um momento em que tudo é posto em causa, até à resolução que a Sinfonia No. 41 vem anunciar.

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Vou deixá-los, com a leitura de Harnoncourt à frente da Chamber Orchestra of Europe, numa gravação ao vivo na Grosser Musikvereinsaal de Viena. É, de facto, impecável. Assim saibam entender-lhe a diferença de abordagem relativamente a outras propostas...

 


24 de Julho
24 de Julho de 1833
 
[facebook, 24.07.2015]
 
Data histórica em que as tropas liberais, comandadas pelo duque da Terceira, entram em Lisboa, depois de terem derrotado as tropas miguelistas lideradas por Teles Jordão na batalha da Cova da Piedade.
 
Com toda a justiça, o Duque da Terceira é celebrado em Lisboa, no largo do Cais do Sodré, formalmente, Praça do Duque da Terceira, onde permanece o monumento erigido em memória do general. Aliás, imensas localidades ostentam na sua toponímia o nome do Duque da Terceira, com destaque para Angra do Heroísmo.

Duque da Terceira, duque da Terceira, quase ninguém lhe lembra o nome. Aqui ficam, em sua homenagem, umas linhas biográficas muito sumárias. Como coincido com ele no dia do aniversário, para mim, desde garoto, é alguém que me interessou e que muito admiro pela comunhão de ideais que nele encontrei.

António José de Sousa Manuel de Meneses Severim de Noronha (Lisboa, 18 de março de 1792 — Lisboa, 26 de abril de 1860), foi 7.º Conde e 1.º Marquês de Vila Flor e ainda 1.º Duque da Terceira. Importante general e homem de Estado português do tempo do liberalismo, sendo uma das mais importantes figuras do tempo.

Tão notável foi a sua acção que, de herói das guerras liberais, se tornou no chefe político dos cartistas, a facção mais conservadora do liberalismo português, embrião do futuro Partido Regenerador.

Membro da mais alta aristocracia, exerceu as funções de marechal de campo, comandante-em-chefe do Exército Português, conselheiro de Estado, par do Reino, e, em quatro ocasiões (1836, 1842-1846, 1851 e 1859-1860), o cargo de Presidente do Conselho de Ministros. Foi o 10.º capitão-general dos Açores, ali presidindo à Regência de Angra durante a fase inicial das guerras liberais.

Acerca desta notável figura, aconselharia a leitura do Dicionário Biográfico Parlamentar, sob coordenação de Maria Filomena Mónica (1834-1910), vol. III, pp. 62–65, Assembleia da República, Lisboa, 2006.
 
 
 


Agora,
com Nella Maissa!
 
[facebook, 23.07.2015]
 
Tal como, há uns anos, estive envolvido na concepção do filme biográfico "Marquesa de Cadaval, uma Vida de Cultura", também actualmente me vejo dando continuidade a um outro documento de índole semelhante sobre Nella Maissa que, lembrar-se-ão, como bem demonstrado ficou naquele documento, era amiga íntima de Dona Olga.
...
A mesma RTP, que adquiriu e mantém direitos exclusivos de difusão do filme sobre a vida da Senhora Marquesa de Cadaval, igualmente se interessou pelo novo projecto. Coube-me a tarefa de conceber a documentação de base, preparação das entrevistas e, nomeadamente, a sinopse circunstanciada indispensável à apreciação da viabilidade do projecto.

Felizmente, foi possível obter todas as imagens que tinham sido previstas, durante sucessivas conversas gravadas na 'Casa do Artista' onde residia, registando testemunhos do maior interesse, beneficiando da prodigiosa memória e lucidez que manteve até à altura de partir já centenária.
Concretizada grande parte do filme biográfico, entrou-se numa daquelas fases de «pausa algo forçada», pelos motivos do costume, em que são particularmente ricos os trabalhos de quem se envolve em iniciativas congéneres no nosso meio cultural.

Estamos em período final de colheita de opiniões e testemunhos de quem, pelas mais diversas razões, não poderia deixar de se pronunciar sobre Nella Maissa. É um rol bastante extenso e o material perfeitamente indispensável à definição de uma vida de artista insigne, de uma carreira ímpar que atravessa épocas distintas com indeléveis marcas que o filme não poderia deixar de assinalar.

João Santa-Clara, realizador da obra biográfica que tão bem caracterizou os passos essenciais da Senhora Marquesa, continua sendo quem se responsabiliza por este, cuja figura central é a pianista que gostaria de recordar convosco numa gravação que, para o efeito, passo a partilhar, o Concerto para Piano No. 1 de João Domingos Bomtempo.

Boa Audição!

 


FESTIVAL DE SALZBURG - 2015
Hoje, dia 23 de Julho, 2015
na Kollegienkirche, 20,30
 
[facebook, 23.07.2015]
 
_________________________
 
BACH: OFERTA MUSICAL
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Hoje ao fim da tarde, na Kollegienkirche, a Igreja da Universidade de Salzburg, obra paradigmática do barroco germânico do grande arquitecto Johann Bernard Fischer von Erlach, espaço que não pode ser mais adequado à interpretação da obra.

O detalhe do concerto segue imediatamente. Felizmente, consegui encontrar uma gravação, com os mesmos intérpretes (à excepção do segundo vilolino), músicos do mais alto gabarito, que passo a propor-vos de imediato.

Enfim, o Festival de Salzburg a propiciar uma das melhores interpretações possíveis na actualidade desta obra fundamenta de J.S. Bach. Não podia ser de outro modo. Assim determinam os pergaminhos e os créditos de uma iniciativa cultural ímpar.

Boa Audição!
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]Detalhes do programa desta noite]
Ouverture spirituelle • Bach: Musikalisches Opfer
PROGRAMME
JOHANN SEBASTIAN BACH • Musikalisches Opfer, BWV 1079
INFORMATION
End of concert approx. 21:50.
PERFORMERS
Jordi Savall, Treble Viol, Viola da Gamba and Direction
Le Concert des Nations
Pierre Hantaï, Harpsichord
Manfredo Kraemer, Violin I
David Plantier, Violin II
Marc Hantaï, Flute
Balázs Máté, Cello
Xavier Puertas, Violone


_________________________________________


[Detalhes da gravação]
• Bach: Musikalisches Opfer, BWV 1079
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00:00:53 • Thema regium
00:07:28 • Thematis regii elaborationes canonicae
• Canon perpetuus super thema regium
• Canon 2 a 2 violini in unisono
• Canon 1 a 2 cancrizans
• Canon 3 a 2 per motum contrarium
• Ricercar a 6
• Canon a 4 per aumentationem, contrario motu (a)

00:25:18 • Sonata sopr'il soggetto reale a traversa
• Largo
• Allegro
• Andante
• Allegro

00:42:59 • Thematis regii elaborationes canonicae
• Canon a 2 quaerondo invenietis (a)
• Canon 5 a 2 per tonos
• Canon a 2 quaerondo invenietis (b)
• Fuga canonica in epidiapente
• Canon a 2 per aumentationem, contrario motu (b)
• Canon perpetuus per giusti intervalli
• Canon a 4
• Ricercar a 6

Encore:
01:07:24 • Orchestral suite no. 2 in B minor: Badinerie
__



• Pierre Hantai: harpsichord
• Marc Hantai: transverse flute
• Manfredo Kraemer: violin
• Riccardo Minasi: violin
• Bálazs Máté: cello
• Xavier Puertas: violone

Le Concert des Nations
Conducted by Jordi Savall

Boa Audição!

 


Ana Viegas,
Gandarinha, foto tremenda


[facebook, 22.07.2015]

Ana Viegas foi minha aluna e é uma discípula. Por um lado, a sua sensibilidade na denúncia da degradação de peças do património da nossa terra e, por outro, a chamada de atenção que tem protagonizado, em especial, nas redes sociais, para a necessidade da sua recuperação e restauro, de acordo com as mais adequadas práticas, portanto, no respeito máximo pela ética e deontologia da intervenção, fazem dela uma observadora de excepção.
...
Se preciso fosse, mais uma «prova». Esta é, comentei ontem, uma foto tremenda. Em si, imagem tão afim de um certo paradigma de Sintra, até dói. A sua eficácia grita um estado de preocupante abandono geracional. E regista um símbolo. De facto, há uma parte da Sintra de hoje que «não fica bem no retrato»...

 
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