[sempre de acordo com a antiga ortografia]

domingo, 28 de setembro de 2014



De parabéns!


Durante estes três últimos anos o Governo de direita teve uma oposição liderada por um político frouxo, falho de ideias, perfeitamente à altura do actual Primeiro Ministro. Sempre disse e inúmeras vezes escrevi que António José Seguro e Pedro Passos Coelho são farinha do mesmo saco.

Decidi que, ao longo da campanha eleitoral, não me pronunciaria acerca de qualquer das candidaturas. Em Sintra, quem me segue nas redes sociais, sabe perfeitamente o que eu penso do Secretário-Geral que agora cessa funções. Não precisava de explicitar o que há anos venho partilhando.

Não posso, no entanto, deixar de considerar que foi absolutamente lamentável o modo como, de um e outro lado, os militantes e simpatizantes defenderam as respectivas candidaturas. Em geral, com pior nível do que acontece entre os adeptos dos clubes de futebol.

Hoje, finalmente, o Partido Socialista obteve uma victória estrondosa. Com António Costa, outro galo cantará! Agora, sim, é a altura de as boas cabeças do PS e dos independentes que lhe são afectos poderem chegar-se à frente e começarem a partilhar as ideias e princípios imprescindíveis à mudança que se impõe.

É uma victória do país, é uma victória da democracia. Estamos de parabéns com esta victória tão clara, tão expressiva que nos alenta para dias que só podem ser melhores. É, de facto, uma nova esperança!


Odeceixe [VIII]

[facebook, 27.09.2014]

Na realidade, perante tantos e bons desafios diários, mal me sobra tempo para escrever e partilhar convosco estas notas apressadas. Porque assim é, apesar desta «pasmaceira» de Odeceixe que a Ana Maria e eu tanto gostamos, vou correndo o risco de passar por cima de episódios, porventura curiosos.

É o que ia acontecendo com esta história. Não parece possível que, algo insólita, e já de anteontem, ainda a não tivesse contado. Enfim, passo a remediar a situação. ...Estávamos muito bem sentados, aí com uns trezentos metros de areal à nossa frente, até às primeiras ondinhas, naquele momento em que a maré, de tão vazia dois dias depois do equinócio, não se imagina como o outro lado do mundo possa ter recebido tanta água…

Eram umas onze da manhã. Ao fundo, à direita, a meia distância da foz da ribeira, a preto e verde, nos seus uniformes, esguios, jovens e desenvoltos, evoluíam os aprendizes de surf, em manobras de aquecimento à voz do monitor. Cena habitual esta que faz parte do quotidiano de Odeceixe, praia também famosa pela prática da modalidade.

A certa altura, um tipo bastante avantajado passou perto, ao nosso lado. Primeiramente, chamou a minha atenção o grande malão metalizado que transportava na mão direita e, ainda mal me tinha posto a imaginar o que poderia ir no baú, reparei na esquerda. Recolhida à altura do peito, com a palma para cima, segurava aquilo que me pareceu um aeromodelo. Branquíssimo. Avançou uns cinquenta metros e postou-se. Pareceu que ficara grudado.

Não me perguntem como ou porquê mas logo adivinhei – é o termo, já que, no objecto, nada o distinguia de um aviãozinho – tratar-se de um drone. Nem dois minutos teriam passado, munido de um comando que eu não consegui distinguir, o homem avantajado começou a trabalhar. O grupo de surfistas instruendos era o seu objectivo de reportagem.

Sobrevoou-os a diferentes alturas, de todos os ângulos possíveis, dentro e fora de água. Em poucos minutos, o 'escravo' colheu imagens de uma sessão de surf que, em circunstâncias habituais, feitas pelos processos tradicionais, levariam muito mais tempo e, naturalmente, resultariam muito mais onerosas.

Cerca de uma hora depois, o tipo avantajado saíu de cena, tal como tinha entrado, com os mesmos adereços, ocupando as mãos exactamente da mesma maneira. E, no interior da mala, o que levaria? Mistério... Ninguém o incomodou, não suscitou qualquer tipo de curiosidade. Estou mesmo em crer que, surpreendido, considerando o episódio insólito, só mesmo eu.

 


Desafio do Yarn bombing

[facebook, 27.09.2014]


Margarida Mouzinho, minha querida sobrinha, insiste em publicar estes fabulosos desafios de Yarn bombing. Bom gosto, graças a Deus, não lhe falta. Receio é que uma certa, bem conhecida, nacional e suburbana artesã, por aqui colha «inspiração» para os descaramentos a que se atreve, autorizada pelos basbaques sediados no Palácio da Ajuda...
 
 
 
Happy Friday!
This knitted house was made for The London Architecture Biennale by the group Knitting Site in June 2006.
http://streetcolor.wordpress.com/2012/07/13/yarnbombing-and-knitted-houses-9/


Odeceixe [VII]


Falemos, então, do tempo que tem feito. Bem, o mínimo que posso dizer é que, para trás, nos ficam dias irrepetíveis. Depois de Julho e Agosto algo desassossegados, estas semanas de Setembro confirmam até que ponto temos razão. Em Odeceixe, o fim do Verão e começo do Outono trazem amenidade incomparável, edénica.

Se bem se lembram, foi na passada segunda-feira que aconteceram aquelas cheias monumentais em Lisboa. Outras, mais ou menos aparatosas, mantiveram todo... o país num reboliço. Por aqui, nada. Porém, no dia seguinte, a ribeira de Ceixe veio desaguar toneladas de barro que escorreram das encostas, quilómetros a montante.

Água barrenta, castanho-alaranjada, ia chegando, recusando-se o oceano a diluí-la de imediato. Foram precisos dois dias para que, à nossa direita, na zona da foz, as vazantes recuperassem a limpidez de sempre, enquanto a frente-praia se manteve sempre absolutamente imaculada.

Hoje, finalmente, os meteorologistas acertaram. Choveu. Mas só pela uma da tarde, depois de esplendorosa manhã. Abateu-se uma carga de água, acompanhada de tal trovoada, que não há palavras. Até às três, as bátegas não deram descanso. O espectáculo, à nossa volta, entrecortado por relâmpagos, logo seguidos de trovões, bem nos diziam como a origem próxima dos elementos em fúria resultava em tanta inclemência.

Agora, quatro da tarde, parece que nada aconteceu. Incrível! O Sol voltou. Ao longe, bem altas, uma ou outra nuvem nada ameaçam. Por ser sábado, há mais gente… Daqui, desta minha janela, abarcando tudo, percebo que não serão mais de vinte pessoas. Ninguém está do lado da ribeira. É hora de descer. O banho deve estar estupendo.


Christopher Hogwood

[facebook, 26.09.2014]

Morreu há dois dias. Embora fosse anunciada, já que há meses estava muito doente, a sua morte não me podia ter causado maior impressão. Figura de destaque da designada Música Antiga, era um dos directores de orquestra mais aguardados em Salzburg. A sua direcção das sinfonias de Mozart, com a Academy of Ancient Music, perdurará como marco irrefutável da leitura do legado sinfónico mozartiano.

Para ilustração do trabalho de CH, proponho que partilhemos a Sinfonia No.25 em Sol menor, K. 183 (K. 173dB) que foi acabada de compor em 5 de Outubro de 1773, apenas dois depois após a precedente sinfonia Nº 24, facto que não está absolutamente comprovado, e pouco tempo depois do sucesso obtido pela sua ópera “Lucio Silla”.

Socorro-me do texto que escrevi por altura da minha abordagem ao conjunto total das sinfonias de Mozart, começando por chamar a vossa atenção logo para os primeiros acordes já que foi esta a peça escolhida por Milos Forman para início do “Amadeus”, filme que, como sabem, de modo algum, corresponde a uma biografia do compositor.

Mozart escreveu duas sinfonias em Sol menor, ou seja, esta – também conhecida como a ‘Sol menor Pequena’ e, muito mais tarde, em 1788, a famosíssima Nº 40, KV 550. Preciso é ter em consideração que a maioria das sinfonias do século dezoito é composta em tom maior, aparentemente, adequando-se muito mais à optimística grandeza e pomposa solenidade do que aos matizes mais escuros e sentimentos mais apaixonados afins das obras em Sol menor. É um pouco nesta linha que se move uma corrente da musicologia pretendendo ver nestas peças a marca de um pré ou proto-romantismo, coincidente com o movimento Sturm und Drang.

Em contraste com as sinfonias da década precedente, estas obras têm em comum um uso muito mais frequente do contraponto, súbitos saltos temáticos, maior utilização das síncopes – ou seja o recurso ao padrão rítmico em que um som é articulado na parte fraca do tempo ou compasso, prolongando-se pela parte forte seguinte – finais mais prolongados e ocorrência muito mais frequente de segmentos em uníssono.

Ainda a propósito, convirá ter presente que, muito antes de ter composto esta Sinfonia KV. 183, o jovem Mozart conhecia todas estas particularidades. Lembremos o que, já a propósito desta série de artigos introdutórios às sinfonias de Mozart, eu próprio referi quanto à KV. 118, datada de dois anos antes. E, ainda mais extraordinário, se recuarmos ao período da infância, nomeadamente, a 1764 (nos seus oito anos de idade, durante a estada em Londres), quando esboçou num caderninho de notas uma peça para tecla – precisamente, em Sol menor, KV 15 - em estilo quase orquestral, que já captava o carácter tempestuoso que tem sido erroneamente proclamado como original de um período posterior.

A obra desenvolve-se de acordo com a estrutura clássica de quatro andamentos ,1. Allegro con brio, 4/4 em Sol menor, 2. Andante, 2/4 em Mi bemol Maior, 3. Menuetto /Trio, 3/4 em Sol menor e Trio em Sol Maior e, finalmente, 4. Allegro, 4/4 em Sol menor. Ainda de assinalar que haverá influências da Sinfonia No. 39 de Joseph Haydn, que também obedece à tonalidade de Sol menor.

Boa audição!

http://youtu.be/OyNi19dceMo [I. Allegro con brio]
http://youtu.be/UGwRzbQM9os [II. Andante]
http://youtu.be/1tpLUlOUIVA [III. Minuetto e Trio (Allegretto)]
http://youtu.be/Sl_enPgIjJQ [IV. Allegro]


Odeceixe [VI]

[facebook, 26.09.2014]

Dias do mais denso e maior espanto. À nossa volta, à volta da Casa, de manhã à noite, um sucesso imperturbável de Marés. Ritmo compassado, no ouvido habituado. Acústica de graves, nos baixos profundos da Rebentação, longe e perto, noite e dia, noite e dia. E o aflitivo desassossego de grilos em fim de estação.

Caminhadas matinais genésicas, são as nossas, da luz sempre para a luz. No templo deserto da Areia, rezo muito, pelas contas do meu rosário de dedos dispo...níveis. Insondável apelo o das Águas onde me diluo, em mortes precoces e constantes, perante o testemunho dos verdes na falésia a pique.

O Resto? Pães vários, a grelha muito importante, o Peixe escalado, aberto ao Sol, umas conchas ao vapor. Requinte? O essencial dos brancos secos, frescos, os frutos das hortas locais. O Resto? De Leituras se fazem as Horas, enfim, imensas.

Centenário do Mozarteum de Salzburg [II]

[facebook, 26.09.2014]

Eis a segunda parte do programa do concerto jubilar. Através destas gravações, espero bem, poderão perceber a selecção de peças que a Fundação do Mozarteum de Salzburg decidiu apresentar durante o Concerto de inauguração da Grosse Saal em 1914 e que, agora, repete.


Boa audição!


6. Schubert - "Der Doppelgänger", D 957/13
Brigitte Fassbaender, mezzo-soprano / Aribert Reimann, piano [ouvir a faixa No. 18 do ciclo "Schwanengesang" que a gravação reproduz na totalidade]

http://youtu.be/Q8OOGX0ldBQ

7. Wagner
- "Wesendonck-Lieder, No. 3, 'Schmerzen'
Cheryl Studer, Staatskapelle Dresden, sob a direcção de Sinopoli;

-'Gebet König Heinrichs', da ópera "Lohengri"
Günther Groissböck:

http://youtu.be/gn3RP3E9hyY

- 'Aussprache König Heinrichs', da ópera "Lohengrin"
Maestro: Rudolf Kempe dirige a Wiener Philharmoniker

http://youtu.be/joyAAhNZYpk

8. Carl Loewe, "Prinx Eugen der Edle Ritter", Op. 92
:Hermann Prey com Karl Engel ao piano

http://youtu.be/OV2vN-o26RM

9. Schubert - "Die Almacht" D 852
Jacques Urlus, tenor (1867-1935), gravado em 18 April 1916

http://youtu.be/Gj1y57_8m0Y

10 - Hino austríaco de 1914, "Gott erwalte"
- http://youtu.be/UTnM2jCPIIU

11 - Deutsche Kaiserhymne "Heil Dir im Siegerkranz"
- http://youtu.be/IjJa3_dR5Ac
____________________________

Extra concerto da inauguração
Mozart - "Abendempfindung an Laura" KV 523
Arleen Auger - Sopran com Irwin Gage ao Piano
http://youtu.be/Ma9KPdskqd4

 


Centenário do Mozarteum de Salzburg [I]

[facebook, 26.09.2014]

Tal como havia prometido, eis a primeira parte do programa do concerto jubilar. Através destas gravações, espero bem, poderão perceber a selecção de peças que a Fundação do Mozarteum de Salzburg decidiu apresentar durante o Concerto de inauguração da Grosse Saal em 1914 e que, agora, repete. Mais logo, partilharei convosco a segunda parte.
 
Boa audição!

1. Mozart: - Cantata Kleine deutsche Kantate "Die ihr des unermeßlichen Weltalls Schöpfer ehrt" para tenor e piano, K 619
Helmut Wildhaber, tenor
Chorus Wiennensis
Wiener Akademie
Maestro: Martin Haselböck,

http://youtu.be/oduRJk0AOJw [KV 619]

2. Mozart: -"Alleluja, do Motete 'Exultate Jubilate' " KV 165
Edita Gruberova

http://youtu.be/Vabmb8_O-sc

3. Mozart: - 'L'amerò sarò costante' de "Il Re pastore'
Kathleen Battle

http://youtu.be/r2fhd1F4iJw

4. Haydn, Quarteto de Cordas em Dó Maior, Op. 76 No. 3Hob III:77 "Kaiser", segundo andamento, 'Poco adagio: cantabile', pelo Quator Mosaiques
http://youtu.be/4t3Vmo_EM8Y?list=PL167A30ABF9A80F4A

5. Beethoven, "Die Ehre Gottes aus der Natur interpretado pelos Coros Franz Schubertchor, Eisenach und dem Männerchor der Wartburgstadt, sob a direcção de Manfred Jäckel."
http://youtu.be/DajRgvmJTKw


 


[Com base em informação veiculada pela Parques de Sintra]


PALÁCIO DE QUELUZ
"TEMPESTADE E GALANTERIE"


CONCERTO DE ABERTURA IMPERDÍVEL!


Ciclo de Outono

Midori Seiler e Jos van Immerseel: dois revolucionários juntos no Palácio de Queluz

- Concerto de abertura do Ciclo de Outono
- Primeira vez em Portugal em conjunto pianoforte e violino
- Programa inclui obras de Beethoven, Schubert e Clementi

Imagens em alta resolução: http://62.28.132.233/1411654647.zip
Programa do Ciclo de Outono:
www.parquesdesintra.pt/wp-content/uploads/2014/09/programa.pdf
O Ciclo de Outono da “Temporada de Música – Tempestade e Galanterie” tem o seu concerto de abertura a 3 de outubro com dois grandes nomes da música internacional: Midori Seiler e Jos van Immerseel.
 
Esta é a primeira vez que estes dois solistas atuam em Portugal em conjunto violino e pianoforte, respetivamente, e o concerto terá lugar na Sala da Música do Palácio Nacional de Queluz às 21h00.
Os dois músicos, incontornáveis na cena internacional dos últimos vinte anos, são responsáveis por fortes criações artísticas e intelectuais, tais como orquestras e projetos de ordem estética, que hoje em dia são parte integrante de um movimento de revolução único.

O programa da noite de abertura inclui a Sonata No. 1 em Ré maior, Op. 12 No. 1, e Sonata No. 6 em Lá maior Op. 30 No. 1 de L. v. Beethoven, a Sonata em Sol menor D 408 de F. Schubert, e a Sonata em Fá menor Op. 13 No. 6 de M. Clementi.

Midori Seiler é, desde 2000, concertino de algumas da mais importantes orquestras internacionais como a Akademie für Alte MusikBerlin e a Anima Eterna e foi também concertino convidada em vários agrupamentos como a Orchestra of the Age of Enlightment e a Deutsche Kammerphilharmonie de Bremen.

Já Jos van Immmerseel é hoje mundialmente reconhecido como solista notável e prestigiado intérprete de música de câmara tendo, paralelamente, construído uma carreira como Maestro, com Anima Eterna Brugge – a orquestra com instrumentos de época criada em 1987 como laboratório musical – que está hoje no centro das suas atividades.

Juntos concretizaram projetos discográficos dedicados às sonatas para pianoforte e violino de Mozart, Schubert e Beethoven.

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Os bilhetes para este concerto têm um preço de 15 Euros (adultos) e 10 Euros (estudantes) e podem ser adquiridos nas bilheteiras da Parques de Sintra, online em www.blueticket.pt, bem como na FNAC, Worten, El Corte Inglés, MEO Arena, Media Markt e Postos de Turismo Aeroporto e Pç. Do Comércio.

O Ciclo do Outono é um evento organizado pela Parques de Sintra em parceria com o Centro de Estudos Musicais Setecentistas de Portugal (CEMSP), que tem direção artística de Massimo Mazzeo. Depois do Ciclo de Carnaval, que teve lugar em março, é agora vez do Ciclo de Outono trazer grandes nomes da música nacional e internacional em cinco concertos no Palácio Nacional de Queluz. Desta vez o destaque é dado aos agrupamentos: duos, trios e orquestras.

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Temporada de Música Palácio Nacional de Queluz 2014 - Tempestade e Galanterie
Ciclo de Outono
PROGRAMA GERAL
3 de outubro, 21h00, Sala da Música
Midori Seiler, violino
Jos van Immerseel, pianoforte
L.V. Beethoven, F. Schubert, M. Clementi
Preço: 15€ adulto, 10€ estudante

10 de outubro, 21h00, Sala do Trono
Diemut Poppen, Gerhild Romberger e Manuel Lange
J. Brahms, C. Debussy, H. Duparc
Entrada gratuita, de acordo com a capacidade da sala (levantamento de bilhetes no próprio dia)

11 de outubro, 21h00, Sala do Trono
Trio do Desassossego
L.V. Beethoven, F. Mendelssohn
Preço: 15€ adulto, 10€ estudante

18 de outubro, 21h00, Sala do Trono
Concerto Campestre
Pedro Castro, direção musical
João de Sousa Carvalho
Preço: 20€ adulto, 10€ estudante

25 de outubro, 21h00, Sala do Trono
Orquestra Gulbenkian
Massimo Mazzeo, direção musical
Karina Gauvin, soprano
F. J. Haydn, W.A. Mozart, J.D. Bomtempo
Preço: 20€ adulto, 10€ estudante



Efeméride musical
25 de Setembro de 1906
Nascimento de Dmitri Chostakovitch [m. 1975]

[facebook, 25.09.2014]

Sem margem para qualquer dúvida, Dmitri Chostakovitch é o grande compositor sinfonista do século vinte. Nada menos do que quinze sinfonias constam da lista das suas obras, seguindo muito de perto a evolução do compositor, como músico e como cidadão empenhado, numa União Soviética onde não foi fácil ser artista livre, em especial durante o consulado de Estaline.

A Sinfonia Nº 7 em Dó Maior, op. 60, que levou Leninegrado como subtítulo, é particularmente célebre já que, por um lado, funciona como hino heróico à resistência da Rússia contra o nazismo, em especial durante o cerco das tropas alemãs a Leninegrado e, por outro, poderá ser entendido como denúncia das violências perpetradas pelo regime então vigente.

Trata-se de uma peça absolutamente fascinante para grande orquestra sinfónica, com a duração total de cerca de uma hora e um quarto, em quatro andamentos - I. Allegretto, II. Moderato (poco allegretto), III. Adagio e IV. Allegro non troppo - cuja sequência e obediência programática quase nos remetem para a morfologia de um poema sinfónico cujos contornos seriam os das referências políticas e beligerantes acima referidas.

Comemorando a efeméride, proponho-vos a audição do quarto andamento, 'Allegro non troppo´, representativo da excelente oficina do compositor. Reparem, por exemplo, como, logo no início, se insinua um motivo quase marcha, nas cordas graves, dialogando com os violinos que, progressivamente, ganham grande agitação, tudo isto precedendo uma secção de oponente acalmia em que avultam temas de andamentos anteriores. Segue-se um violentíssimo climax e, como tantas vezes, acontece em Chostakovitch, o remate é irónico e de uma tranquilidade algo ambígua.

A interpretação deste excerto da Sinfonia, consta de uma gravação de 2004, a cargo da Orquestra Filarmónica Russa, sob a direcção de Dmitri Yablonsky.

Boa audição!

http://youtu.be/p5zt4ntcKSE

 
 
 
Composer: Dmitri Shostakovich Title: Symphony No.7, Op.60 'Leningrad' iv. Allegro non troppo Artist:...
youtube.com
 

quarta-feira, 24 de setembro de 2014



estado islâmico,
grandes males, grandes remédios




Cada vez mais se me impõe a necessidade de promover um 'black out' global às desesperadas mas eficacíssimas manobras de divulgação das notícias veiculadas pelo estado islâmico através dos media e redes sociais a nível mundial.

Desconheço como é possível operacionalizar tal medida que, de qualquer modo, já me asseguraram ser possível concretizar. Só espero é que não haja quem tenha o topete de argumentar que tal solução constituiria um monumental acto de censura à liberdade de expressão!...


Cultura em Sintra,
estados gerais



Na oportunidade da publicação deste taxto do Ricardo Duarte pela 'Alagamares', aproveitaria para considerar que, no âmbito das actividades culturais em Sintra, tantos são os assuntos que carecem de inequívoca definição, que me parece impor-se a concretização de uma iniciativa do género «Estados Gerais da Cultura», de tal modo organizada, por grupos de interesse – bibliotecas, museus, teatro e artes performativas, artes plásticas, artesanatos,... etc – que todos os ‘agentes’ envolvidos se pudessem pronunciar.

Generosamente, com toda a operacionalidade, tratar-se-ia de fornecer ao executivo municipal, nomeadamente ao pelouro da Cultura, ideias, soluções praticáveis, que permitissem «arrumar a casa» da Cultura. No mais específico âmbito deste artigo, ou seja, ocupação de instalações, porque muitos são os interessados, quanto mais participado for o processo de decisão, menos hipótese haverá de incorrer nas asneiras do costume.
 
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Ideias?
- Já lá estão!...



Em comentário ao meu texto “Heliodoro salgado, o acidente que faltava”, escrevia o meu amigo Fernando Cunha Cunha: “(…) ainda no domingo após a missa tive oportunidade de falar com o dr Basilio Horta (...) o sr presidente está muito preocupado com toda a situação estamos aqui para ajudar já demos contributo aquando a consulta publica sobre o regulamento da EMES onde claramente abordamos o problema da Heliodoro salgado mãos á obra pessoal (…)”

Ora bem, como tenho acompanhado, com o maior interesse, o empenho do actual Presidente da Câmara Municipal de Sintra, sei que ele espera o contributo dos cidadãos no sentido de que apresentem ideias para resolução de problemas que tanto preocupam a comunidade. Cumpre referir que muitos de nós não têm feito outra coisa…

Por exemplo, só no âmbito da consulta pública acerca do estacionamento, sob a coordenação de Fernando Cunha , funcionou um grupo de trabalho cívico que contou com o empenho de Rui Bernardo Amadeu , Ricardo Duarte , João Dinis e Sofia Dionísio e eu próprio, tendo aproveitado a oportunidade para evidenciar a pertinência de um importante conjunto de soluções praticamente indiscutíveis, pertinentes e inadiáveis.

A verdade é que, passados alguns meses, nem nós nem a ‘Alagamares’, que se pronunciou em coincidência com a nossa posição, fomos contactados por parte da Câmara Municipal de Sintra. Nada, nada, reacção alguma. As ideias foram efectivamente apresentadas. Foram entregues aos serviços competentes da autarquia, na sequência de muitas horas de trabalho dos munícipes que as subscreveram.

Em conclusão, parece que haverá alguma falta de coordenação e de comunicação entre vereadores e o Presidente justificando a sua falta de conhecimento da cooperação que os munícipes de Sintra têm evidenciado tão prodigamente. Da nossa parte, não queremos senão colaborar, ser ouvidos, estar à disposição.

 

terça-feira, 23 de setembro de 2014




Efeméride mozartiana
23 Setembro de 1771 [II]


Não, não se trata de repetição! Verificarão como tenho razões para voltar ao assunto.

É hoje o meu segundo texto de hoje sobre a mesma efeméride, portanto, referente à data em que Mozart completou "Ascânio in Alba". Se volto ao assunto é porque gostaria de partilhar convosco mais uma interpretação absolutamente paradigmática, precisamente da mesma Aria que vos propus esta manhã, na voz de um tenor que não tenho a menor dúvida em colocar no mais elevado pedestal. É o esplendor mozartiano na sua forma mais sábia e eficaz. Absolutamente imperdível!

Aproveito a oportunidade para relembrar que o compositor recebeu uma encomenda da casa imperial de Viena para a composição de uma ópera que vem a assumir a forma de uma 'Festa Teatrale' em dois actos, de pendor pastoril, que também é designada como Serenata Dramática.

Já sabem que o libreto, em Italiano, é de Giuseppe Parini. Trata-se de obra de juventude de Amadé, estreada no Regio Ducal Teatro de Milão, no âmbito das bodas do Arquiduque Ferdinand - filho da Imperatriz Maria Theresia - com a Princesa Maria Ricciarda Beatrice d'Este de Modena.

A obra bem evidencia a precoce mestria de Mozart nos meandros mais sofisticados do drama lírico. A título de exemplo, eis a estupenda interpretação da célebre Aria de Ascanio, do I Acto, 'Cara, lontano ancora'. Canta Michael Chance, com o Concerto Armonico, sob a direcção de Jacques Grimbert.


Boa audição!

http://youtu.be/wlbKE7Z-Olo

Michael Chance sings "Cara, lontano ancora"from Ascanio in Alba by Wolfgang Amadeus Mozart(1756-1791) Concerto Armonico Jacques Grimbert, conductor Paris IX....
youtube.com

Sintra
Heliodoro Salgado,
o acidente que faltava


Há pouco, cerca do meio-dia, a Dra. Idalina Grácio, directora do ‘Jornal de Sintra’, telefonou-me dando conta de que um atropelamento tinha ocorrido na zona pedonal da Heliodoro Salgado, junto à charcutaria e frutaria ‘Urca’. Desconheço pormenores. Mas, perante tão desagradável notícia, apesar de me assaltarem sensações e sentimentos mais ou menos desencontrados, não fiquei minimamente surpreendido.

Era mesmo só o que faltava. Cruzada por veículos a qualquer hora do dia, transformada em parque de estacionamento, raramente controlada pela autoridade policial, impermeabilizada por pavimento irregular, que tem provocado inúmeras quedas – a mais célebre das quais de Maria José Ritta, mulher do nosso vizinho Jorge Sampaio, quando este ainda era Presidente da Repúblicaa – estava mesmo à espera de um acidente mais grave.

Compreendo a reacção da Dra. Idalina ao contactar-me. Em especial, no ‘Jornal de Sintra’, mas também nas redes sociais, contam-se por mais de uma centena as páginas que, durante mais de uma dúzia de anos, tenho escrito acerca do descalabro que é a Heliodoro Salgado. Desde a altura em que a Dra Edite Estrela apresentou aquele famigerado projecto, em sessão no então Sintra Museu de Arte Moderna-Colecção Berardo, que tive oportunidade de contestar, nunca mais foi possível deixar de intervir no mesmo sentido.

Embora os objectivos fossem perfeitamente aceitáveis, o resultado daquele encerramento ao trânsito, para que se transformasse em zona pedonal, revelou-se um perfeito desastre quer em termos técnicos quer como solução estética. Se articularmos este flagrante desatino com o licenciamento de grandes superfícies, num raio de acção estreitíssimo, logo se percebe porque o comércio tradicional – já de si pouco receptivo à mudança – tão evidente e rapidamente estiolou. A posterior proliferação «orientalizante», que a todos nos deixa de olhos em bico, essa é o corolário de estratégia tão pouco avisada…

Há dez anos, envolvi-me na realização de umas “Jornadas de Reflexão sobre a Estefânea” durante as quais foram avançadas as soluções mais consentâneas para acabar com o «sarcófago», termo usado pelo meu querido e saudoso amigo Bartolomeu Cid dos Santos, que contrapunha à minha designação de «cemitério».

Mais tarde, única digna de registo, uma polémica, através das páginas do ‘Jornal de Sintra’, em que tive como civilizadíssimo «oponente» o Arq. Jesus Noivo, autor do projecto, que, não tenho qualquer dúvida em reconhecer, foi ultrapassado pelas circunstâncias, nomeadamente, quanto à sua concretização técnica.

Ultimamente, de assinalar a respeitável opinião subscrita pelo Senhor Vereador Luís Patrício, que alvitra a hipótese de encarar a via como o grande eixo de um designado ‘Quarteirão das Artes’, susceptível de acolher todo o tipo de animação de rua, mas não avançando com qualquer proposta de requalificação da artéria.
 
A última vez que escrevi acerca do assunto foi precisamente na semana passada, na edição do referido jornal do dia 19 do corrente. Nessa altura, considerava indispensável que a Câmara Municipal de Sintra esclarecesse os munícipes. Embora possa não parecer, os cidadãos aguardam expectantes as explicações que se impõem. Em definitivo, o que pretende a edilidade?

Repara ou não o pavimento no segmento utilizado por todo o tipo de viaturas ligeiras e pesadas que, sistematicamente, batem com os cárteres e chassis na calçada de paralelepípedo? Ou, se ainda o não fez, é porque pretende concretizar a intenção de fazer circular o eléctrico, pela Heliodoro Salgado, com o objectivo de o levar até à estação e à Vila Velha? E, de qualquer modo, mesmo sem eléctrico, abrirá a via à circulação apenas num sentido? Recolocará a ponte metálica pedonal, facilitando os acessos à Portela e à Estefânea e permitindo aproveitar as vantagens do parque de estacionamento adjacente ao edifício do Departamento do Urbanismo?

Chegou-se a uma situação de inaudito desrespeito e de falta de civismo. Hoje mesmo, foi aparatosamente inaugurada a fase dos acidentes aparatosos. A Heliodoro Salgado ainda não nos envergonhou suficientemente? Se as soluções estão equacionadas, não chegou a altura de dizer basta e passar à acção civilizada e inadiável?


Efeméride mozartiana
23 Setembro de 1771
 

Duzentos e quarenta anos depois...

Em Milão, no dia 23 de Setembro de 1771, apenas com quinze anos de idade, Amadé completava a Serenata Dramatica que designou como Festa Teatrale, com libretto de Giuseppe Parini "Ascanio in Alba"*. Naquele dia também se iniciou o ensaio do primeiro recitativo.


Passados duzentos e quarenta e três anos, para assinalar a data, proponho que ouçamos a ária 'Cara, lontano ancora´' que tive o privilégio de ouvir, interpretada por este mesmo contratenor, Phillippe Jaroussky, em 2011, num extra a um seu recital em Salzburg. É uma autêntica festa do canto lírico. Este homem é uma benção!

Eis uma tradução da peça:

Cara, lontano ancora,
la tua virtù mi acende:
al tuo bel nome allore
appresi a sospirar.
Invan ti celi, o cara,Giuseppe Parini
quella virtù sì rara
nella modestia istessa
più luminosa appar.



Boa audição!


http://youtu.be/EjBuemwQeSI

 


Sintra,
à Pena e Castelo dos Mouros,
o acesso mais espectacular

[facebook, 22.09.2014]

Creio ser necessário publicitar mais estes acessos pedestres. A maioria dos visitantes, que chega a Sintra de comboio, ignora que, a pé, a partir da estação terminal da CP, pode atingir-se o Castelo dos Mouros e a Pena muito mais rapidamente do que jamais se imagina...

Mais uma vez, a lembrança do costume aos munícipes sintrenses. Programem a visita para a manhã de qualquer domingo, altura em que é gratuita a entrada dos monumentos, parques e jardins sob administração da Parques de Sintra. Portanto, a pé, em grupo familiar ou com amigos, por caminhos estupendos, cedinho por aí acima, horas inesquecíveis. Pensem especialmente nos garotos!
Hoje (22 de setembro) celebra-se o Dia Europeu Sem Carros. O objetivo principal deste dia é motivar a reflexão sobre o uso excessivo do automóvel e levar as pes...soas experimentar formas alternativas de mobilidade.
Já conhece os nossos Percursos Pedestres? São a forma perfeita de apreciar a natureza e a beleza da paisagem que Sintra tem para oferecer. Os trilhos encaminham-nos pela floresta e conduzem-nos a monumentos inesquecíveis, numa viagem no tempo. Calce as suas botas de caminhada e aceite este desafio!


 


Em Odeceixe,
uma hora outra



[facebook, 22.09.2014]

Eram seis e meia da tarde. Dispunha-me a subir a escada de madeira que separa a nossa casa do areal e, de repente, percebi. Não era capaz. Pois, se estava numa redoma... Tal como eu, uma dúzia de pessoas, por ali, perfeitamente embasbacada. Amenidade total, nada bulia. A maré já vazara quase por completo e, firme, o Sol ainda brilhava.

A verdade é que fora coagido a suspender a tal operação de retirada. Voltei a abrir a cadeira, sentei e, inerte, deixei-me ficar. Dei por mim, a despertar, quando alguns cúmplices começaram a movimentar-se. Passara uma hora. Os ponteiros do relógio confirmavam, embora diferente seja o tempo em Odeceixe. De vez em quando, é isto.


Desconcerto meteorológico

[facebook, 22.09.2014]

 
Em contacto com Lisboa, acabam de me dizer que chove a cântaros, o trânsito está um caos, já houve interrupção de circulação do Metro e tudo isto muito bem misturado com trovoada monumental.

Pois, longe de querer fazer inveja seja a quem for, sempre vos digo que, por aqui, não temos tido qualquer - repito, qualquer - razão de queixa. Dias seguidos de belíssimo tempo, Sol descoberto de manhã à noite e, como já vos dei conta, estando tudo muito bem combinado, se e quando chove, é de noite...

Ao olhar os boletins meteorológicos, fico perfeitamente desconcertado porque aqueles sinais de chuvadas por todo o país, ventos e não sei que mais, aqui não. Não se aplica. Estamos como Deus e os Anjos. Óptimos!. Para o meu gosto, até podia estar menos temperatura.

Bem tenho notado na pele - já sem as defesas de outrora - o efeito da inclemência. Besunto-me com creme de proteção 30, resguardo-me sempre sob o chapéu e, mesmo assim, pareço um tição. Como não «sou dado» à partilha de fotos, só depois do meu regresso, portanto, lá para o princípio de Outubro, aqueles com quem me cruzo habitualmente, poderão verificar a exuberância deste estado...

Enquanto escrevo estas linhas, ouço o barulho das ondas, mesmo aqui a alguns metros. Olhem, se não se importam, vamos descendo. É como se fosse para o escritório. Para já, continuarei nas minhas leituras. Lá para as cinco, vou novamente ao banho e, depois, aí durante uma hora, escreverei umas páginas do diário.

À beira-mar, o manuscrito até ganha dimensão «cósmica»... Se, como ontem aconteceu, só voltar a casa com o Sol já posto, provavelmente, terei ouvido uns bons momentos musicais Nessa eventualidade, estarei dependente do meu transístor Sanyo e da emissão da RDP2. Gente muito tosca como eu «governa-se» assim. E, vá lá, vá lá, já vou conseguindo colocar uns auscultadores ‘operacionais’…
 


Efeméride musical
22 de Setembro de 1701

[facebook, 21.09.2014]
 
Nascimento de Anna Magdalena Bach, segunda mulher de Johann Sebastian Bach (m. 1760).

Como sabem, algumas das composições que fazem parte deste «caderninho» [Notenbüchlein für Anna Magdalena Bach], até nem são do marido, limitando-se Johann Sebastian a a apontá-las porque ela gostava. São preciosidades que continuam a fazer as nossas melhores horas de escuta.
Boa audição!

(AT. Há um momento de publicidade antes do início do terceiro - Minuete em Sol menor BWV Anh.115 - deste conjunto de 15 pequenos vídeogramas).



http://youtu.be/vvgHHsFCbIY?list=PL219C07CE9AA12CB5
 
 
 
 
 

domingo, 21 de setembro de 2014


Sintra,
Periquita,
um nome do mundo


Piriquita (Rua Padarias 1/7; 351-21-923-0626) specializes in local delicacies like queijadas (cheesecake-like pastries with hints of coconut), travesseiros (literally “pillow,” puff pastry filled with almond cream) and the ubiquitous custard tarts of pastel de natas.

ELISA MALA, New York Times, ed. 15 de Agosto de 2014


___________________

Se há coisa de que 'A Piriq
uita' e o dono, meu querido amigo Fernando Cunha Cunha menos precisam é de publicidade. No entanto, «institucional» como é, a sua casa aparece mencionada em todo o mundo, qual santuário da mais apregoada doçaria portuguesa. De qualquer modo, todos perceberemos o orgulho que sentirá perante tantas, constantes e congéneres distinções. E, enfim, o NYT sempre é um bocadinho mais conhecido do que certas folhecas que para aí circulam cheias de presunção...

O Fernando encolhe os ombros, aceitando o peso de muitos e muitos anos de fama em cima. Eu repito-lhe que não imagino o que seja viver, acordar e deitar com este nome colado à pele. Para mim, funciona como uma autêntica marca nobiliárquica. E que bem ficaria, acrescentado à sua ferdinanda e plebeia identidade, um título como o de Conde-Barão da Piriquita?

Para todos, o desejo de boas queijadas, bons travesseiros e de pouca confusão na Rua das Padarias. Para o Fernando, um abraço especial de um indefectível das queijadas, dos travesseiros e - ninguém fala dele, mas naquela casa é um poema - do toucinho do céu. Só pecados!...
 
 


SINTRA,
ESCRUTÍNIO, A QUANTO OBRIGAS?

 
 
[Transcrição do meu artigo publicado no 'Jornal de Sintra', edição 19.09.2014]


Estamos quase a um ano da data das últimas eleições locais, na sequência das quais foi empossado o novo executivo autárquico presidido pelo Dr. Basílio Horta. Sem que possa dizer-se que só agora começou a enfrentar os imensos desafios do concelho, a verdade é que, tão pouco tempo passado, já há quem apresente sinais de disposição para a avaliação do trabalho desenvolvido.

Por mais tentadora que pareça, a hipótese de avaliação no termo do primeiro ciclo anual de um mandato quatro vezes mais abrangente, afigura-se-me algo desajustada, quando não, mesmo inadvertida. Tal não significa que, por outro lado, não considere pertinente coisa diferente, concretizável em qualquer momento do mandato, qual seja o escrutínio da actividade dos edis.

Refiro-me ao assíduo controlo dos cidadãos e, esse sim, é manifestamente desejável na medida em que, ao processar-se, prova como é real a cidadania e a participação activa na vida da comunidade. Falo, se quiserem, de uma atitude que vai contribuindo para a avaliação global que, individual e colectivamente, se traduzirá num voto em determinado sentido, depois de os eleitos terem cumprido a tarefa que se propuseram concretizar.

Assim sendo, então, aquela vontade de avaliação referida no parágrafo inicial deverá ser lida e interpretada como sinal do escrutínio informal e implícito que vai tendo lugar. Umas vezes, na página impressa de um jornal local, noutras, através de desabafos nas redes sociais, a avaliação, afinal, é peça em permanente construção. Tão somente na sede do concelho, no que se relaciona com sinais de escrutínio/avaliação, que a ninguém têm passado desapercebidos, encontraremos uma meia dúzia de casos que, entretanto, de facto e inequivocamente, têm de ser esclarecidos e resolvidos com a urgência que requerem.

Estacionamento

No entanto, para efeito de confirmação destas considerações, permitir-me-ia lembrar apenas duas situações, de dimensão e características bem diferentes, que andam na boca de todos. Começarei pela questão do estacionamento, absolutamente estruturante e tão sistémica que pressupõe, não só a mais íntima articulação com a renovada perspectiva da uma rede integrada de transportes públicos, com diferentes e inovadoras valências, mas também novas e corajosas soluções disciplinadoras dos fluxos de trânsito.

Tenhamos em consideração que estão apontadas e são pacíficas soluções como a dos parques periféricos, que vigoram em tantos lugares congéneres, em articulação com parques de proximidade, pequenas bolsas a requalificar, bem como a instalação de silo vertical satisfazendo as restritas necessidades dos hoteleiros do centro histórico.

Nestes termos, o que poderá o executivo camarário anunciar no sentido de tranquilizar a comunidade quanto à resolução de situações tão embaraçosas como a recém-vivida, durante o pico turístico, com o extraordinário afluxo de viaturas demandando os emblemáticos pontos de interesse de Sintra incluindo os altos da Serra? De facto, não parece possível adiar mais as medidas e, portanto, o seu anúncio, sustentado por cronogramas tão realistas como exequíveis.

Heliodoro Salgado

Seguidamente, um eixo de permanente controvérsia. Encerrar ao trânsito e transformar parte desta artéria em zona pedonal, com o objectivo de animar o comércio local e proporcionar aos cidadãos um espaço de encontro, de convívio e de animação, resultou num projecto infelizmente condenado ao insucesso, cujas vertentes estética e técnica, ao longo de treze anos, têm sido objecto das mais diversas e frequentes polémicas.

Demonstrando que assim é, o espaço transformou-se em abusivo parque de estacionamento e numa zona de travessia de veículos particulares e comerciais que, constantemente, desrespeitam as regras vigentes. Pavimento irregular e impermeabilização são apenas duas das suas muitas características negativas, susceptíveis de causarem acidentes porque põem em causa a segurança dos transeuntes.

De igual modo, também no que se refere à parte da via por onde circula todo o tipo de veículos ligeiros e pesados, de passageiros e de mercadorias, as queixas não podem ser mais pertinentes já que, deficientemente aplicada, a calçada de paralelepípedo apresenta tais ondulações que, constantemente, chassis e cárteres faíscam quando batem no solo perante a estupefacção de quem assiste, sempre à espera de acidente ou incidente mais ou menos grave.

Conjugada com esta situação, que tanta insatisfação tem gerado, outra, mais recente, avulta de modo inequívoco. Reporto-me à questão da ponte metálica pedonal que, tendo sido removida para beneficiação, nunca mais foi reposta. Trata-se de um dispositivo importantíssimo, condição sine qua non para a practicabilidade da Heliodoro Salgado cuja ausência impede a ligação entre os bairros da Estefânea e da Portela.

Está em causa a possibilidade de fácil, rápido e expedito acesso dos espectadores dos eventos no Centro Cultural Olga Cadaval que, não fosse este impedimento, poderiam estacionar as suas viaturas no parque adjacente ao edifício do Departamento do Urbanismo. Naturalmente, cumpre saber se, em definitivo, a estrutura em apreço será ou não reposta.

Igual e complementarmente, se tem ouvido dizer que a Câmara pretenderá prolongar a linha do eléctrico – que, actualmente, estaciona junto à Vila Alda – até à estação terminal da CP e à Vila Velha. Mais se diz que é na perspectiva de tal prolongamento, que os trabalhos de reparação dos pavimentos da Heliodoro Salgado ainda não se concretizaram uma vez que o eléctrico circulará precisamente em ambos os troços da artéria. Será assim?

Em conclusão, acerca dos seus próprios propósitos, só a Câmara Municipal de Sintra pode, só ela deve esclarecer, seja no que se refere ao compósito problema do estacionamento seja no respeitante ao fundamental eixo viário e pedonal e assuntos relacionáveis supra referidos.

Não sendo admissível pensar em avaliações no termo do curto período de apenas um ano de trabalho da actual Vereação, afigura-se da máxima conveniência que, constantemente sujeita e objecto do escrutínio dos munícipes, a Câmara se recuse alimentar um statu quo caracterizado pela prática do diz que diz.

Escrutínio, a quanto obrigas? – Naturalmente, à partilha da informação, na prática de uma cultura do exercício do Poder que é indispensável à qualidade de vida. 

 [João Cachado escreve de acordo com a antiga ortografia]

sexta-feira, 19 de setembro de 2014



Cenas de Odeceixe [V]


Depois de tudo pronto para a cataplana do almoço, com sargo e camarões fresquíssimos que, irresistíveis, a minha amiga hoje tinha na banca, descemos à praia. A boa hora, cerca das onze, contra todas as recomendações, preparámo-nos para a função. Quase na preia-mar, a desfazerem-se muito brandamente, as ondas ficaram-nos a dois ou três metros.

A Ana Maria não tem as minhas e
squisitices quanto ao conforto à beira-mar mas eu não dispenso uma cadeira que, apesar de muito leve, é toda ergonómica, com indispensável apoio para os braços. A verdade é que, «muito solta» com tais detalhes, a piquena logo ali se senta quando me afasto…

Hoje, mal nos instalámos, apeteceu-lhe fazer a sua caminhada até onde é possível, à borda de água, subir a ribeira de Ceixe. Eu sentei-me a ler “Buddenbrooks: Verfall einer Familie” de Thomas Mann. Claro que já li. Volteiu porque estou a fazer um pequeno estudo acerca dos truques dos autores quando fazem a apresentação das personagend dos romances. Disposto à releitura das primeiras sessenta páginas, não resisti à continuação e, à razão de cem por dia, já vou a meio das seiscentas… E continuo deslumbrado, como da primeira vez.

Às tantas, perante o mar, larguei a leitura, mantendo-me em contemplação até sentir a falta da música. Tiro da mochila o transístor ‘Sanyo 2 band receiver’, na minha posse há uma dúzia de anos, que me acompanha para todo lado, sintonizei a RDP 2 e não é que tenho a sorte de apanhar aquele espantoso momento musical que se segue ao diálogo entre Brunhilde e Wotan antes do fim de “Die Walküre”?

Entretanto, regressada a Ana Maria, largámo-nos a rir olhando para o transístor. Perguntava-me ela se já não tenho um aparelhito que me ofereceu há uns anos, MP qualquer coisa. Deve estar lá em casa, nunca me entendi com aquilo. Mesmo em viagem, levo comigo os CD de que preciso para me preparar. E, com todo o cuidado, nunca ultrapasso o peso autorizado da bagagem…Sou tosco, pronto, que hei-de fazer?

Pouco depois, fui ao banho. Que poderei dizer-vos? Por exemplo, que este mar faz de mim um velho engraçado, rebolando, embalado na babugem da rebentação, sejam quais forem as condições do mar. Esta manhã estava um espanto. Contei. Àquela hora, na frente atlântica, estavam quatorze pessoas na água. Perto de mim, agarrada a uma prancha, uma mulher jovem, linda de morrer, parecia preocupada com alguma coisa. Só percebi quando me voltei para o areal. Desesperado, de telemóvel em riste, um homem fazia fotos, com muitos acenos à companheira. E a coitada, lá ia obedecendo, cara de quem estava a aturar um fotógrafo de facebook. Ele há vidas!...

Cerca da uma e meia subimos até casa. Tudo em ordem, foi só pôr ao lume. Aos vinte e cinco minutos, abri a cataplana para introduzir os camarões e, passados cinco minutos, terminei. Levei à mesa e acompanhámos com o branco seco usado na preparação. Nem sempre fica tão bom. Desta vez, estava soberbo e, como sempre, com as sobras, faremos um arroz que vamos acompanhar com uns rissóis de berbigão que hoje pedirei me façam para o almoço.

Contamos que, na próxima semana, teremos connosco dois dos meus manos. Como uma das minhas especialidades é a cataplana, penso cozinhar outra. Como a de hoje saíu tão, tão bem, quase receio não venha a ter o mesmo sucesso. Enfim, só ‘preocupações’… E muito feliz me dou porque já estou livre da ralação do referendo aos escoceses…

PS: Se calhar, por não ter revisto, haverá uma ou outra frase menos conseguida. Tenham paciência...


Cenas de Odeceixe (IV)


Se confiassem exclusivamente nas informações dos meteorologistas teriam razões de sobra para se preocuparem com as nossas férias. Não deixa de ser verdade que tem chovido e até muito copiosamente. Mas, com uma ‘programação’ tão conveniente que, quase diluviana durante a noite, nos tem desanuviado desde manhãzinha ao pôr-do-Sol. Sabem, coisas muito bem combinadas...

Um dos
predicados de Odeceixe é a famosa rebentação. Com a maré a subir ou a descer, na preia-mar [está bem escrito, sim senhor, não é preciso irem ao prontuário…], em todas as circunstâncias há uma permanente rebentação que, jamais, é violenta e, pelo contrário, de uma afabilidade que mais a sentimos como doce e oxigenada massagem.

Dizer indiscritíveis, na mais positiva das acepções, é pouco para qualificar os meus banhos de Odeceixe. Talvez iniciáticos. São a perfeita bênção de um amigo demiurgo, que os engendra à minha medida, embora não me importe haja quem tanto beneficie como eu. Os poemas, alguns também sinfónicos, que também ouço, esses são só meus.

É nestas águas imaculadas que preparo as entranhas das vias respiratórias superiores para todo o ano de agressões atmosféricas emporcalhadas. Confessem que estão impressionados com esta sofisticada forma de me referir às inalações radicais que, além de me libertarem dos mucos nasais, fazem um percurso que atinge a alma.

Por fim, algumas notas afins de matéria mais comezinha. Até ao fim de Agosto e nos primeiros dias de Setembro havia. Agora não há bolas de Berlim assépticas, embrulhadas em papel desinfectado como manda a asae, nem batatinha frita, nadinha que se venda no areal. Quem chega, avia-se antes sem que me aperceba de geleiras ou quejandos equipamentos.

Também não há qualquer tipo de música no ar. A não ser aquele tristíssimo episódio de um passado fim de semana – em que, obviamente, nos ausentámos por causa de uma iniciativa da Câmara Municipal de Aljezur que infernizou a vida neste recanto do éden – graças a Deus, por aqui, os designados ‘animadores de praia’, não têm sorte alguma.

Por favor, não publicitem. A propósito, lembrarei um desses concursos patetas que as televisões promovem, em parceria com entidades cujos publicitários propósitos facilmente se adivinham. Irónica mas desesperadamente, atravás do facebook, pedia eu que não votassem em Odeceixe como maravilha de praia portuguesa de arribas. Dessa vez, o meu apelo foi em vão. Odeceixe passou a ser a «maravilha» das arribas… Olhem, tenham dó! Vão por mim e obrigadinho.