[sempre de acordo com a antiga ortografia]

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

João Cachado - Sintra

Problema crónico,
Estefânea (I)

Há cerca de quinze dias, solicitei a intervenção, não só da Junta de Freguesia de Santa Maria e São Miguel mas também da Câmara Municipal de Sintra, no sentido de resolver a questão da instalação de um sistema de protecção aos peões, nomeadamente crianças e jovens estudantes, que se deslocam entre o Largo Nunes de Carvalho e a escola D. Carlos I.

Através dos textos que, acerca do assunto, publiquei neste blogue, puderam acompanhar o modo como, até ao momento, ambas as autarquias responderam ao pedido em apreço. Como, mais uma vez, ficaram a saber o que a casa gasta, não estranharão que, acerca da matéria que hoje vos proponho, tenha resolvido, pura e simplesmente, deixar de consultar a Junta de Freguesia para, tão somente, lhe dar conhecimento do contacto com a CMS.

Então, vamos ao caso. Tudo se passa no bairro da Estefânea e já estão a calcular que é um problema de estacionamento. Pois não só já acertaram como, inclusive, também terão previsto que, especificamente, se trata de velha questão. É verdade. E, como tem três vertentes, aqui fica a promessa de que, para além de hoje, ainda aqui virá em mais duas oportunidades.

Naturalmente, importa não esquecer ser esta é uma zona onde, estando instalados inúmeros serviços, o estacionamento não abunda mas, ao contrário do que muita gente pensa, até é capaz de chegar para as necessidades. Por hoje, não pretendo que pensem no que acontece em dias e noites de eventos no CC Olga Cadaval, caso que, pela enésima vez, abordarei num dos próximos dias.

Portanto, apesar de tudo, raro não é haver o estacionamento efectivamente necessário. Talvez em dias de mercado, às terças e sextas feiras, a coisa seja mais difícil mas, se fosse observado o estrito cumprimento da lei, não estaríamos em presença de um caso gerador de questões muito preocupantes que, sistematicamente, põem em causa a circulação em segurança de transeuntes e veículos.

Tenham em consideração a Praça Dr. Francisco Sá Carneiro, ou seja, a do Centro Cultural Olga Cadaval. Considerem também a Rua Câmara Pestana que, entre a Heliodoro Salgado e a Adriano Coelho (que segue para a igreja de São Miguel e Bairro das Flores), apresenta os dois sentidos de circulação. Pois essa curta distância está constantemente impedida por veículos estacionados, de todos os tamanhos e feitios, incluindo, pasme-se, os mais compridos TIR.

Com o objectivo de impedir o estacionamento selvagem, no primeiro segmento da referida Rua Câmara Pestana, entre o quarteirão onde está instalada a própria Junta de Freguesia e, umas dezenas de metros mais à frente, a Conservatória do Registo Predial, impõe-se voltar a pintar o pavimento com as riscas oblíquas amarelas que, há alguns anos, já lá estiveram cumprido cabalmente o objectivo enunciado. Como era coisa civilizada, foi removida. Enfim, o costume…

Portanto, caros leitores, é isto que vou solicitar à Divisão de Trânsito da Câmara Municipal de Sintra. Mais uma vez, depois de, não sei quantas diligências e perante a inoperância da Junta de Freguesia local. Que sinalizem convenientemente aquele segmento da via, de tal modo que seja absolutamente inequívoca a informação quanto à circulação nos dois sentidos e também, sem margem para erros de interpretação, a proibição do estacionamento.

Olhem, provavelmente, se não obtiver a resposta que será de esperar, terei de contactar um bom grupo de pintores de grafitti que, em vez dos desmandos que para aí andam a fazer por tudo quanto é parede, se disponham a colaborar num projecto com tanto alcance cívico…



terça-feira, 27 de outubro de 2009

João Cachado - Sintra

Árvores?
São para cortar...

Na passada semana, dezenas de árvores foram cortadas na Estrada de Chão de Meninos, ali bem à vista de todos, sem que se conheçam atitudes públicas contra tal destruição.

Ali passam por dia diversos responsáveis autárquicos, sem que se conheçam pormenores relacionados com os cortes num local em que, pelo menos, duas máquinas vão trabalhando e cortando sem apelo nem agravo.

Em pleno Parque Natural. Na área da Junta de Freguesia de São Pedro de Penaferrim.Há, pois, algo de estranho nestes cortes, numa altura em que os responsáveis autárquicos estão entre a saída e a tomada de posse.

Aliás, diga-se da facilidade com que se cortam árvores por esta zona, sem que se notem vozes indignadas, o que não deixa de causar sérias preocupações...pelo menos nos que verdadeiramente se preocupam.


Fernando Castelo




segunda-feira, 26 de outubro de 2009

João Cachado - Sintra

Megalomania regaleirense

No passado fim de semana, 24 e 25 de Outubro, a Cultursintra/Quinta da Regaleira promoveu um colóquio internacional subordinado ao tema Moradas Filosofais, Princípios e Métodos da Arte Real. Para o efeito alugou o grande auditório do Centro Cultural Olga Cadaval cuja lotação é de 1005 lugares.

Na véspera do evento, as inscrições apontavam para uma participação que não chegaria à meia centena de pessoas. Apesar do fiasco absolutamente monumental o colóquio realizou-se. Não vem ao caso se o programa era ou não aliciante. Também não interessa se a promoção foi capaz. De igual modo, para a economia deste apontamento, pouco interessa como decorreram os trabalhos.

Sabe-se, isso sim, que nada se notou na Praça Dr. Francisco Sá Carneiro, Bairro das Flores, Rua Câmara Pestana, vizinhanças da Estefânea, sempre tão causticadas pelo estacionamento caótico, quando algo de minimamente expressivo se realiza no CCOC. De facto, o sossego que, desta vez, reinou por aqueles lugares, apenas denunciava que as muitas centenas de pessoas esperadas pela Cultursintra/Quinta da Regaleira não se sentiram desafiadas.

Ficar-me-ia por aqui se este tão flagrante episódio de megalomania fosse o único sinal de intranquilidade vindo das bandas da Regaleira. Se bem lembrados estão, ainda não há muitos dias, trouxe a estas páginas uma cena pouco edificante, protagonizada pelo administrador delegado da mencionada empresa. Em pleno acto de lançamento público de um livro do Dr José Manuel Carneiro sobre a Pena, fez uma intervenção de tal modo extemporânea que estragou a cerimónia. Comentou-se que fora uma questão de bicos dos pés…

Finalmente, assunto muito mais preocupante, o projecto de instalar na Quinta da Regaleira, intra muros, um parque de estacionamento para cerca de trinta viaturas, coisa perfeitamente aberrante mas que terá tido o parecer favorável do Igespar e recebido o acordo do executivo municipal de Sintra. E tudo isto para além das atitudes de prepotência que, ainda no domínio do estacionamento junto à Quinta, tive oportunidade de denunciar já há alguns anos.

PS:


A propósito da Regaleira, lembraria alguns textos aqui publicados: Quinta da Regaleira, insegurança institucionalizada, 07.10.07; Regaleira, os senhores da ilha, 23.10.07; Da Regaleira, o desgosto, 05.11.07; Cívica denúncia, 30.11.07; Pena, Regaleira, acessos & civilidade, 05.12.07; Parques de estacionamento, por favor, 06.11.08; Amargas amêndoas culturais, 23.04.09; O quê? Onde? Sim, na Regaleira, 09.07.09; Capital do quê?, 01.09.09; Em bicos dos pés, 05.10.09.

Neste acesso, por ordem cronológica, em relação aos escritos mais recuados, gostaria tivessem em consideração que a atitude da força policial se modificou radicalmente. Hoje em dia, se mais não fazem é porque, de facto, não podem.






sexta-feira, 23 de outubro de 2009

João Cachado - Sintra

Gostos e desgostos

Porque, na verdade, independentemente da sua escala, o assunto parece merecer inequívoco interesse, passo a tornar público o texto de um mail que acabo de enviar ao senhor Presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria e São Miguel. Se bem recordados estão, esta questão foi suscitada por matéria aqui trazida, faz hoje oito dias, através do texto Dedicação? Já à prova...


Exmo. Senhor
Presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria e São Miguel


Senhor Presidente,

Acerca do assunto em epígrafe, objecto de uma solicitação de intervenção e constante de uma ficha de atendimento que, em 20 do corrente, subscrevi e entreguei nessa Junta de Freguesia cumpre-me informar:

1.Naquela mesma data, como é do conhecimento de V. Exa., também solicitei a intervenção da Câmara Municipal de Sintra;

2. No dia seguinte, fui contactado pelo Engº Carlos Dinis, técnico da autarquia, que fora incumbido de estudar a matéria relativa ao caso que tive oportunidade de submeter, no sentido de propor a solução que tivesse como mais eficaz para prover a medida de segurança mais atinente ao desejado efeito de protecção;

3. Com uma operacionalidade a que, de facto, não estou habituado, imediata e informalmente, o Engº Carlos Dinis pediu que, na tarde desse mesmo dia, o acompanhasse através do percurso entre o Largo Nunes de Carvalho e a Escola D. Carlos I, que tantas razões de queixa de insegurança pedonal tem suscitado na comunidade e que, até ao presente, têm sido pura e simplesmente ignoradas;

4. Em tão curta confrontação com a realidade das condições de perigo a que, quotidianamente, estão sujeitos tantos cidadãos, nomeadamente crianças e jovens alunos da Escola D. Carlos I, tivemos oportunidade de encontrar e de ouvir o testemunho de quem nos confirmou quão justa e oportuno fora o pedido formulado à Junta de Freguesia e à Câmara Municipal de Sintra;

5. Tanto quanto consegui inteirar-me, o Engº Carlos Dinis irá propor a instalação de uma protecção de segurança que, na maior parte da distância e, de acordo com as características dos vários segmentos do referido percurso, no passeio do sentido descendente, portanto à esquerda da estrada em referência, obedecerá ao modelo já instalado entre a saída da Escola D. Fernando II e a Vila das Rosas;

6. Depois de tão auspicioso encontro com o Engº Carlos Dinis, como V. Exa. poderá facilmente depreender, fiquei deveras impressionado e na esperança de que, tão rapidamente quanto possível, a Câmara Municipal de Sintra, vai dar aos fregueses de Santa Maria e São Miguel a satisfação da concretização de obra tão necessária;

7. Naquela mesma tarde de anteontem, dia 23 do corrente, em informal conversa de rua, na Heliodoro Salgado, tive oportunidade de informar V. Exa. do que, até então se passara e que, resumidamente, dei conta nos parágrafos anteriores. Com toda a frontalidade, logo V. Exa. me retorquiu que a vedação de segurança nada, nada iria resolver.

Aqui chegados, dois dias depois, ainda gostaria de propor que, mantendo V. Exa. a mesma inequívoca e radical opinião que me transmitiu, então dela deverá dar conhecimento à Câmara Municipal de Sintra no sentido de, responsavelmente, como cidadão eleito, ainda possa evitar que seja concretizado um investimento escusado.

Por outro lado, convirá V. Exa. em que, nesta fase do processo, lhe cumprirá propor a alternativa mais competente, uma vez que, na iminência da resolução do caso, não passa pela cabeça de ninguém suspender agora uma iniciativa que, prestes a concretizar-se, me parece merecer o respeito de todos e, em especial, o dos fregueses de Santa Maria e São Miguel.

Tendo em consideração ser este um assunto que nasceu de um texto tornado público, informo V. Exa. de que, como seu autor, continuarei nesse registo, procurando que os cidadãos mais interessados e intervenientes se mantenham ao corrente da evolução do mesmo assunto que, independentemente da escala dos recursos a envolver, é suficientemente sintomático para merecer este destaque.

Sem outro assunto de momento, subscrevo-me, com os melhores cumprimentos,

João Cachado


quarta-feira, 21 de outubro de 2009

João Cachado - Sintra


Romantismo?

Aquele desconchavo desmiolado que é a campanha Sintra, capital do Romantismo, promovida pela Câmara Municipal tem, como fundamental objectivo, fazer permanecer, em estadas mais prolongadas, os forasteiros que por aqui passam quase como cão por vinha vindimada.

Assim sendo, nada mais óbvio do que pensar em fazer com que tais pessoas se desloquem, natural e necessariamente a pé, através dos belíssimos caminhos que, ainda hoje – apesar do reinante desleixo, prova real da incapacidade de gestão da autarquia – têm ressonâncias, vislumbres, laivos de um ambiente que o comum mortal se habituou a conotar com uma certa ideia de romantismo.

Em Sintra, felizmente, abundam esses lugares de passagem, que convidam ao passo lento, a pedir quietação e ritmo remansoso, detença nas paragens mais propícias aos avistamentos e à surpresa de silêncios cortados pelo grave ruído de troncos que rangem ou se tocam nas alturas, de um bater de asas, que apenas se pressente, à mistura com os cantos mais singulares.

Conhecem os caminheiros a melhor hora para fazer determinados trilhos. Há sempre uma certa luz, consoante a altura do ano, em que um recanto ganha especial interesse. Preciso é saber olhar e escutar, saber viver o privilégio.

Já aqui tenho escrito sobre o Caminho dos Castanhais.* Faz parte de um périplo que deverá começar muito antes, na igreja de São Martinho, seguir pelos Pisões, Regaleira e Caminho dos Frades para, então, se iniciar junto à Quinta dos Alfinetes e prosseguir, inolvidável, até se esbater, num fim de castanheiros quase até ao centro histórico, terminando-se o passeio já no Terreiro do Paço, passando pela Rua dos Arcos.

Esta caminhada pelos Castanhais poderia fazer parte de uma tal Sintra, capital do Romantismo? Talvez, se não houvesse as razões de queixa que gritam o escândalo de tanto desalinho, tanta falta de cuidado, tanta degradação. Pois é. Eça de Queiroz, por exemplo, palmilhava-o diariamente, quando passava temporadas em Sintra com a família, na Quinta dos Castanhais. Que rica maneira de homenagear a sua memória!...

Verdade é que o Romantismo cultiva a dose certa de nostalgia, suscitada pela finitude da coisa que se esvai, do muro que já foi e se arruína. É verdade. Mas não, nunca, jamais a degradação e o aviltamento que acontecem nos Castanhais. Vão lá. Entreguem-se ao paradoxo do deleite outonal mesclado pela desgraça que não descrevo, deixando-a ao vosso desgosto.

Sintra, capital do Romantismo? Assim? Mantendo-se esta incapacidade da autarquia em fazer justiça a pérolas que não sabe cuidar? Assim? Não passa do mais piroso slôgane de promoção de um turismo ordinário, a enganar papalvos ou cativar os pares muito românticos interessados em a aliviar os apressados amores num desses motéis de duvidoso gosto que, bem articulados com a delambida e pirosa estratégia de marketing, a autarquia tem deixado instalar às portas da vila.


*
A propósito do Caminho dos Castanhais, ler neste blogue Criminoso esquecimento, 02.12.08 e Outonal passeio em 18.11.08.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009


Recomeçar

Muito naturalmente, passada que é uma semana sobre as eleições autárquicas, os resultados ainda estão sendo digeridos. Entre vários aspectos pertinentes, destacarei apenas um – o da cobertura mediática – cuja importância é perfeitamente indiscutível. Certos dados, que se afiguram irrefutáveis, evidenciam como a candidatura ganhadora beneficiou, de facto, de uma conjuntura mediática cujas provas se revelaram inequivocamente.

Será que apenas o fisco, o Instituto Nacional de Estatística e nós, munícipes de Sintra, é que sabemos ser este o concelho mais populoso do país? Até parece que sim. Em geral, os meios de comunicação social escrita e audiovisual ignoraram que, em Sintra, estava a acontecer um debate absolutamente decisivo, em que se perfilava a hipótese de uma mudança radical de paradigma de governação local, num território compósito a todos os títulos, gigantesco, diversificado e desafiante como poucos ou nenhum.

Tratava-se de um debate que, bem enquadrado e, como merecia, devidamente apresentado ao país, poderia ter constituído e resultado num conjunto de oportunidades indispensáveis à pedagogia da própria democracia, a nível local. Estava em perspectiva a possibilidade de demonstrar, perante as câmaras das televisões, a incapacidade de uma Câmara Municipal à qual compete gerir uma realidade deveras difícil em cujo seio está incrustado um dos mais míticos lugares do país.

Mas que distracção dos media foi esta? Se bem quisermos entender a que se deverá tão clamorosa ausência, forçoso é recordar que, salvo raríssimas excepções, nos últimos anos, a imprensa, a rádio e a televisão, de acordo com a rasteira qualidade nacional, que é reconhecido ao nosso quarto poder, se tem limitado a reproduzir, acriticamente e com preocupantes sintomas de acefalia, as mensagens mais convenientes ao actual executivo autárquico.

Na sequência de estratégia mediática tão pactuante com o statu quo e demissionária como esta, quem poderia surpreender-se com a decisão – repito, decisão, atitude que implica vontade e objectivo precisos – de remeter para as TVs por cabo, i.e., TVI 24 e RTP N, com direito a menos de uma hora, debates tão importantes, decisivos, capazes de desmontar e fazer cair por terra a estratégia de quem dá a entender que, em Sintra, continua intocável a mítica imagem que a tornou famosa noutras épocas?…

Se dúvidas houvesse, bastaria lembrar que, na verdade, Sintra esteve no mapa televisivo nacional – deixai que assim designe o lamentável quadro… – quando foi necessário mostrar o Prof. Fernando Seara no popularucho convívio com as mediáticas figuras do costume, abraçando o futebolista Caneira ou o curioso negociante de jóias Castelo Branco. Perfeitamente lamentável.

Mas, na verdade, não foi nada de novo, nada que já não tivéssemos constatado, por exemplo, nos momentos vários em que a actual Câmara decidiu atribuir a medalha de ouro do concelho a outras figuras desse tão sui generis meio «artístico», que não aparecem nas prestigiadas publicações da Arte portuguesa, música, cinema, literatura, teatro, plásticas, etc, mas, isso sim, na imprensa cor de rosa que, com tão sintomático sucesso, para aí se vende.

Não sei até que ponto poderá falar-se numa relação de interesse mútuo. É possível. Quem não quer ser lobo… São demasiado sofisticadas as relações de dependência e de interdependência entre comunicação social e política, envolvendo tantos intervenientes intermediários, para que, num escrito tão rápido e ao correr da pena, me abalance a considerações mais substanciais.

Enfim, é chegado o momento de iniciar um novo período de governo local. Serão mais quatro anos em que todos os preocupados e atentos munícipes sintrenses – muita atenção, também os há! – não se revendo no programa da coligação ganhadora, esperam poder exercer o seu dever de cidadania activa, no apoio a iniciativas de uma oposição exigente, séria, responsável, efectiva e actuante.

Com isto, tão somente, pretendo confirmar que, para além de muito esperar da actividade de controlo, fiscalizadora, denunciadora, pressionante que, fundamentalmente, compete aos vereadores da oposição e aos deputados da Assembleia Municipal, igualmente confio naquele implícito programa de intervenção cívica que importa respeitar e, desde já, ter em consideração.

Agora, que governe quem tem de governar.


PS:

Como foi público e notório, uma inequívoca cumplicidade com Ana Gomes levou-me a dar-lhe o modesto apoio pessoal que este blogue veiculou. Repito, apoio a Ana Gomes. Mais nada. Naturalmente, terminada a campanha eleitoral, mantenho o apoio pessoal a quem vai desempenhar o cargo de vereadora da oposição. Todavia, sentindo-me solidário com toda a oposição, não deixo de, a bem de Sintra, formular os votos de exercício de um digno mandato aos senhores vereadores da coligação ganhadora e, em especial, ao Prof. Fernando Seara.





sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Dedicação?
já à prova...

Tenham em consideração o Largo Nunes Carvalho e, poucas centenas de metros mais abaixo, na estrada a caminho do Lourel, o núcleo de edifícios que constituem grande parte do agrupamento escolar de Don Carlos I. Entre estes dois lugares há um passeio, do lado esquerdo que, diariamente, é palmilhado por muitas, muitas crianças, jovens estudantes e também familiares.

Ontem, pelas cinco da tarde, a meio deste caminho, assisti à iminência de um atropelamento de duas crianças por um grande camião, que me deixou impressionadíssimo. Não consigo escrever mais nada, seja o que for, antes de, mais uma vez, denunciar a conhecida situação.

Ao contrário do que acontece noutros locais, inclusive na mesma freguesia de Santa Maria e São Miguel, neste segmento de um percurso tão frequentado, não há qualquer protecção de segurança que, de algum modo, também possa contribuir para suster o natural desassossego de miúdos que, na infância e adolescência, apesar de todos os conselhos, insistem em brincar num caminho deveras perigoso, ao lado de intenso tráfego de veículos de toda a qualidade.

Não consigo compreender como, há tantos anos, ao corrente desta situação, nem a Junta nem a Câmara tomaram qualquer previdência. Ontem estive prestes a assistir a uma tragédia. Não passou de um grande susto. Podia ter acontecido com o meu neto, com os vossos filhos. Ainda estamos a tempo de evitar que algo de funesto aconteça realmente.


Já tive oportunidade de contactar com algumas famílias de crianças que frequentam aquela escola e também com meia dúzia de professores e funcionários. Claro que me confirmaram como, todos os dias, como soe dizer-se, andam com o credo na boca. Neste meu contacto, muito informal, ninguém soube dizer-me se a Associação de Pais já fez algum alerta. É para isto que serve.

Também me confirmaram serem imensos os pais que fazem um enorme sacrifício, ao ir levar e buscar os seus educandos, em carro próprio, à Don Carlos I, precisamente porque não estariam descansados se não o fizessem. Que tristeza tão grande! Pagam os seus impostos, cumprem com a sua parte e, depois, as autarquias não lhes devolvem o serviço que já deixaram de esperar. Desesperaram.


Já repararam que, ficando este caso de insegurança resolvido, acabar-se-ia com a evidente preocupação das famílias, recorrendo, escusadamente, ao transporte próprio, em horas de ponta, obrigadas a despesas e stress evitáveis e aumentando a poluição? E, de facto, Escola Segura também é isto. A polícia cumpre a função, as autarquias não podem demitir-se.

Será preciso fazer uma petição? Será que os slôganes das recentes campanhas do Professor Fernando Seara e do Senhor Eduardo Casinhas têm alguma correspondência com a realidade? A total dedicação que apregoaram, a favor dos fregueses e munícipes, vai corresponder a algum passo concreto no sentido do que aqui se sugere?

Por favor, acompanhem-me. Contactem as duas autarquias. Denunciem. Insistam. Não se acomodem. Se, como eu, tivessem presenciado a cena de que dou conta, bem diriam comigo que se trata de um caso de vida ou de morte. Acreditem que, hoje mesmo, poderíamos estar de luto. Assim sendo, não imagino como poderão dormir descansados os responsáveis pelo adiamento de resolução desta situação.




quarta-feira, 14 de outubro de 2009


Daniel Barenboim

[O texto que se segue já esteve publicado, durante umas horas, no passado dia 6 do corrente. Alguém me sugeriu dever adiar a sua presença nestas páginas para depois do período eleitoral. Tendo aceitado a sugestão, aí está a peça.]

Este ano, a temporada musical da Gulbenkian não começou da melhor forma. Muito pelo contrário, os dois primeiros eventos, cujo grande interesse orbitava a figura de Daniel Barenboim, acabaram por revelar um insucesso deveras desagradável que, a bem dizer e escrever, não constituíram surpresa para quem acompanha regularmente a vida musical e, em especial, a actividade daqueles intérpretes que, para o bem e para o mal, se guindaram ao mais alto patamar da arte que abraçaram.

No meu caso pessoal, Daniel Barenboim tem constituído, não só como pianista e maestro mas também quando assume a vertente de pensador e divulgador de matérias afins das mais variadas componentes do fenómeno musical, um referencial que me habituei a enquadrar entre os grandes nomes. Há mais quarenta anos que assim acontece, pois tanto é o tempo que me lembro de o ir acompanhando.

É alguém que, desde a juventude, está ligado a Portugal sendo bem conhecida a sua relação próxima com a Senhora Marquesa de Cadaval em cuja casa, na Quinta da Piedade, até namorou com Jacqueline Du Pré, a extraordinária e malograda violoncelista que viria a ser sua mulher.

Tantas foram as vezes que assisti a concertos sinfónicos por ele dirigidos, à frente de tão prestigiadas orquestras, como a English Chamber Orchestra, Philarmonia Orchestra de Londres, a Orquestra de Paris, de Chicago, Filarmónica de Viena, Staatskapelle Berlin, a sua West-Eastern Divan ou, ainda, a Orquestra do Festival de Bayreuth, só para lembrar alguns exemplos, que teria dificuldade em datar essas ocasiões sem recorrer a agendas ou aos programas.

Naturalmente, em Salzburg, tenho-o visto e ouvido com muita frequência, devendo-lhe momentos assombrosos de belíssimo recorte, em especial quando resolve promover obras de novos compositores. Tenho assistido a várias estreias mundiais em que Barenboim faz questão de falar, de explicar e descodificar a peça antes de iniciar a execução, verdadeiras lições de grande música.

É um homem que sabe imenso e que, além disso, tem carisma e uma invulgar capacidade de comunicação. Neste contexto, jamais esquecerei, no fim de Janeiro de 2004, durante a Mozartwoche, a sua autêntica conferência de improviso, em pleno concerto no Grosses Festspielhaus de Salzburg, apresentando uma nova obra de Isabel Mundry, Panorama ciego para piano e orquestra. Um portento.

Faço parte de uma equipa que está a produzir e a realizar um documentário sobre a Senhora Marquesa de Cadaval. Daniel Barenboim – aliás como uma série de outros grandes intérpretes do mais alto gabarito mundial, que beneficiaram do patrocínio de Dona Olga Álvares Pereira de Melo – não nos regateou a gentil participação, concedendo-nos graciosamente o seu imprescindível testemunho, numa conversa que se seguiu ao ensaio do Concerto para piano no. 2 de Liszt, que veio tocar na Gulbenkian em fins de Outubro de 2006.

Contudo, não foi a primeira nem única ocasião em que falei pessoalmente com ele. Lembro-me muito especialmente da primeira, em Luzern, por altura do Festival, no ano de 1981 – quando nem ele nem eu tínhamos quarenta anos e agora já vamos nos sessenta e tal… – no Hotel Schweizerhof, onde ambos estávamos alojados, hotel onde a organização do festival promovia matinées musicais, uma das quais, precisamente, com Barenboim ao piano.

Mais recentemente, em diferentes lugares, tenho assistido a iniciativas que o envolvem onde o cumprimento e troco impressões de circunstância no meio de tantos anónimos como eu. Portanto, o mínimo que poderei dizer é que se trata de alguém cuja carreira acompanho há muito tempo, um músico que atingiu a mais alta craveira de avaliação, um dos tais galácticos a quem só pode exigir-se o máximo e o melhor.

Ora bem, é neste ponto que as coisas se estão a complicar nos últimos tempos em que tenho assistido a alguns dos seus recitais ou concertos como pianista. Escrevo apenas do que, no ano em curso, já pude testemunhar em Salzburg e em Lisboa. No dia 1 de Fevereiro, em Salzburg, coube-lhe encerrar o ciclo de recitais da Mozartwoche com um programa em que interpretou várias peças de Mozart, desde o Andante com cinco variações em Sol Maior, para piano a quatro mãos, KV 501, desta feita, a meias com Elena Bashkirova – com quem também tocou Cinco peças para Orquestra de Schönberg, em versão para dois pianos – à Sonata em Do menor, K 457 e Fantasia em Do menor, K. 475.

Como pode verificar-se pelo simples enunciar das obras, tratava-se de um conjunto muito exigente. Em especial no que se refere à Fantasia, não se sentiu a música fluir entre dinâmicas, tempi, afectos e disposições de alma que, a um tempo, devem parecer frágeis e pungentes, ameaçadores e agressivos. Barenboim ficou aquém dessa expressividade que um executante do seu nível não pode deixar de propor, sem quaisquer equívocos. Notei-lhe até uma certa rudeza no ataque a alguns acordes, pormenor que um dos meus vizinhos à direita me dizia mais parecerem provindos de máquina de costura…

Muito mais recentemente, em Lisboa, no início da temporada da Fundação Gulbenkian, veio ao Coliseu, no passado dia 21 de Setembro, fazer os dois Concertos para piano no. 2 em Fá menor, op. 21 e no.1 em Mi menor, op.11 de Chopin. Esteve algo precipitado, com falta de subtileza e chegou a desentender-se com o Maestro Foster, aliás, algo a que eu já tinha assistido, há três anos, durante a sua interpretação do mencionado Concerto de Liszt, no Grande Auditório da Av. De Berna.

Passados dois dias foi o descalabro com um recital totalmente dedicado a Chopin, nomeadamente Fantasia em Fá menor, op. 49, Nocturno em Ré bemol maior, op. 27 no. 2, Sonata para Piano no. 2, em Si bemol menor, op. 35, Barcarola em Fá sustenido maior, op. 60, Três Valsas, Berceuse em Ré bemol maior, op. 57 e Polaca em Lá bemol maior, op. 53. Aqui fez vários erros de palmatória e, ainda mais grave, fez concessões à facilidade para ganhar o favor dos ignorantes. E não entro em pormenores.

Acho que ainda não recuperei da experiência. É que não dá para acreditar como foi penoso ouvir alguém tocar aquelas peças tão toscamente. Sou daqueles que alinham numa justificação que se prende com falta de preparação. De facto, qualquer grande pianista não pode deixar de trabalhar muitas horas por dia, entre quatro/cinco e sete! E, manifestamente, Daniel Barenboim aparece com deficit de trabalho que, como todos sabemos, aplica noutras actividades ainda que ligadas à música.

No dia seguinte a este recital da Gulbenkian, tive uma reunião com os meus amigos do tal grupo de trabalho do documentário sobre a Senhora Marquesa a quem contei a minha mágoa. Perguntava-me o grande João Pereira Bastos, um dos homens que, na primeira pessoa, tem um impressionante palmarés de vivências ligadas à música erudita, que não tinha estado no recital, se o problema não seria meu, de tanta música que tenho os ouvidos cheios. Que lhe acontece, diz ele, às tantas, ficar um pouco condicionado.

Julgo perceber e saber ao que ele se referia. No entanto, neste caso, infelizmente, o problema não era mesmo meu. Ainda vem a propósito referir que, apesar do desconchavo, noventa e nove por cento dos presentes no recital da Gulbenkian aplaudiram freneticamente, como se tivessem acabado de escutar uma interpretação paradigmática. Aquela gente não sabe ouvir, nem sabe comparar, muito menos sabe distinguir e, por isso, é incapaz de concluir. Ou seja, se comprou o bilhete, se está presente e o artista é tido como magnífico, pois aplaude-se, magnificamente…

Não, assim, não pode ser. A Arte é o melhor que o Homem faz, não há disfarce, não há máscara possível. Ou tudo se passa no Absoluto ou não é. Como respeito muito Barenboim, não posso alinhar com fancarias ordinárias que não estão à sua altura. Não deixo é de considerar que, provavelmente, melhor seria que abandonasse a actividade de pianista.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Dentro de momentos...

Neste dia de rescaldo de eleições autárquicas, bastou que tivesse saído à rua para perceber como, na continuidade da actual presidência da Câmara, Sintra vai manter a desgraça dos sinais de inoperância geracional, bem patentes nestes últimos oito anos, no infeliz bairro da Estefânea, onde resido, no centro e coração do concelho.

Mais especificamento, a que me refiro eu? Olhem, a factores que parece não preocuparem nem o Presidente da Câmara nem, de facto, muitos cidadãos. É o trânsito caótico, o estacionamento anárquico ou a degradação, tão simbólica quanto patente e significativa, de tantos edifícios, nestes quarteirões definidos pelas ruas Heliodoro Salgado e Correnteza, Alfredo da Costa, a caminho da Vila Velha e do centro histórico também num estado absolutamente lamentável.

Trata-se de uma área cujo estado de ruína galopante tive oportunidade de fotografar para ilustração de um trabalho publicado pelo Jornal de Sintra, nas suas edições de 13, 20, 27 de Janeiro e 3 de Fevereiro de 2006. Na Alfredo da Costa, como a situação não melhorou e, pelo contrário, durante três anos, muito naturalmente, se agravou, existem dois prédios atraindo a curiosidade de muitos forasteiros, que não perdem a oportunidade para a fotografia de testemunhos tão preciosos da cultura do desleixo que Sintra tão bem preseerva.

Por outro lado, também é a falta de higiene nas ruas e em locais onde, embora lhes possa apetecer, não convém mesmo nada deixar que brinquem as criancinhas. Tal é, por exemplo, o caso da Correnteza, onde a situação atinge dimensões de flagrante perigo para a saúde pública a exigir intervenção radical, exemplar e consequente do Delegado de Saúde.

Parêntesis para esclarecer que intervim oportunamente, que denunciei a actuação da empresa municipal de Higiene Pública, não só acerca deste mas de outros casos sob sua esfera de actuação. Fi-lo há anos, já no mandato do actual executivo. Aos eventuais interessados, poderei remeter cópia da resposta da CMS, como prova insofismável da estratégia do sacudir a água do capote...

Fechado o parêntesis, deixai que continue, aconselhando vivamente quem ainda não se apercebeu do problema a deter-se na observação do pavimento. Apesar de lindíssima calçada à portuguesa, com todos aqueles motivos ondulantes, aquilo é um poço de infecções e de trampa acumulada, terreno escorregadio em dias de chuva miudinha ou de humidade mais abundante, coisa de perfeito terceiro mundo, à beira de varanda privilegiada de onde se alcança um dos mais deslumbrantes panoramas de Sintra.

E, uma vez que comigo estão nesta atitude de curiosa pesquisa dos desmandos locais, também sugiro se aproximem do parapeito para uma espreitadela sobre o Vale da Raposa. Aquele coberto estupendo de matizes de verde esconde um matagal absolutamente indecente, impróprio de um lugar que se reclama de capital do romantismo, nos termos da abjecta e indecorosa campanha que a Câmara pôs a circular nos últimos meses.

A que mais me refiro eu? Olhem, também à prática escandalosamente autorizada de autocaravanismo no parque de estacionamento do Rio do Porto, a escassos metros dos Paços do Concelho. Enfim, matéria é coisa que não falta para continuar a desfiar este o rol de desgraças que parece não afligir certos eleitores enquanto, a muitos outros, se afigura insustentável.

Para terminar com um sinal de positiva esperança, lembraria que Ana Gomes prometeu assegurar o cargo de Vereadora sem pelouro no futuro executivo autárquico. Se todos os que se insurgem com o statu quo quiserem, nada será igual nos próximos quatro anos. Uma oposição digna e consequente pode e deve suscitar a mobilização cívica de quem recusa o modelo de gestão autárquica vigente.

Para estes, que, democraticamente, admitem e assumem uma perda na disputa eleitoral, tal não significa que ficarão de braços cruzados. Muito pelo contrário, este resultado pode ser gerador de uma revitalização de atitudes cívicas, sem as quais impossível se torna a preparação da grande mudança que se perspectiva para melhorar a qualidade de vida dos munícipes, projecto demasiado ambicioso para a Coligação Mais Sintra a qual se revelou incapaz de o concretizar nos dois últimos mandatos.

Por enquanto, infelizmente, o programa mantém-se. É mais do mesmo, dizem alguns. Melhor expressão será a que assegura a continuidade do programa para já, dentro de momentos, mas com muita, com total dedicação...



quinta-feira, 8 de outubro de 2009


E as freguesias?

Apenas me ocupo das três da sede do concelho, Santa Maria e São Miguel, São Martinho e São Pedro que, pelas suas características e afinidades, constituem uma tríade cuja gestão não pode deixar de ser articulada e integrada.

Jogam-se, nestas freguesias, alguns dos grandes problemas de Sintra. Deixai que, no entanto, e, tão somente, aflore o do estacionamento cuja resolução se me afigura absolutamente determinante, não só para a melhoria da qualidade de vida dos respectivos fregueses mas também porque passará a oferecer condições civilizadas aos forasteiros que demandam Sintra e, naturalmente, o património sedeado nestas três freguesias.

Sucessivos executivos autárquicos e, em particular, os dos últimos oito anos, são altamente responsáveis pelo facto de esta zona do grande concelho – a chamada jóia da coroa – se ter transformado numa área totalmente armadilhada e mesmo perigosa onde, em determinados dias e em certas horas, os entupimentos atingem tais proporções que deixa de se circular. Nessas alturas, qualquer necessidade de acesso de um veículo de emergência se transforma em autêntico drama.

Já se sabe que a solução passa pela instalação de parques periféricos, nas entradas destas freguesias, em locais estratégicos que, há muito tempo, estão eperfeitamente identificados, dissuasores do acesso das viaturas particulares ao centro do concelho em geral e ao centro histórico em particular. De igual modo, como insistentemente tenho proposto, ao longo de tantos anos, será a partir destes parques que funcionarão as mais diversas carreiras de transportes públicos cuja tarifa incluirá a do parqueamento.

A única candidatura que, sistematicamente, tem repetido estes princípios é a de Ana Gomes. Percebeu perfeitamente que estas medidas são imprescindíveis, urgentíssimas, inadiáveis. E percebeu algo absolutamente fundamental, ou seja, que tal linha de actuação é indissociável da tal gestão integrada das três freguesias.

Tanto neste domínio do estacionamento como em todos os outros com ele relacionados, tais como o regime de horário de cargas e descargas, o condicionamento e impedimento de circulação em determinadas vias, etc, essa indispensável modalidade de gestão constitui, ela própria, uma mais valia e condição sine qua non para o sucesso da concretização das medidas em apreço.

Assim sendo, está-se mesmo a ver que é às candidaturas protagonizadas por Margarida Paulos, Avelino Couto e Fernando Pereira que envio uma saudação especialíssima. Com Ana Gomes, ao leme, no Largo Virgílio Horta, estes amigos não tem hipótese de se furtarem ao serviço que Sintra deles espera para bem de todos.


PS:

Uma vez que estou nesta de saudar candidatos, não gostaria de desperdiçar a oportunidade de enviar o mais caloroso abraço aos meus amigos Graça Pedroso (Colares) e ao Cortês Fernandes (Rio de Mouro) confiado em que os resultados do próximo domingo vão corresponder à excelência das pessoas que são. Com eles na presidência das Juntas de Freguesia, não tenho dúvida, a diferença vai notar-se nos próximos tempos.

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Mais um texto de Fernando Castelo

SEGUNDOS MUITO VALIOSOS PARA SINTRA

Aquela reportagem televisiva, que não terá atingido o minuto, mostrou o que era suficiente.Estava lá a fina flor dos utilizadores de Sintra. Dos que não precisam de trabalhar para alimentar a família.Faltaram as mães que não sabem onde deixar os filhos quando vão fazer umas limpezas em casa dos senhores.
Os que aguardam transportes debaixo de chuva ou sol, durante horas.Fechei os olhos e passou-me o filme do pedinte, de mão estendida, depois do abraço.Vi os sorrisos de quem espera umas migalhas a troco daquela presença.Não me apercebi de estarem na sala aquelas crianças que vão para a escola sem comer e que são usadas na invocação de que se lhes dá refeições.

Tanta gente fina, que não se banha em crateras de pedreira, que não pisa os dejectos acumulados nos passeios por falta de higiene.Gente que não frequenta os centros de saúde, não aguarda a vez na Segurança Social ou no Centro de Emprego. Que excelente gente.Que delícia. Foram alimentar-se no sítio próprio. Lamberam-se.

Aquele reportagem foi de uma injustiça atroz. Num sítio tão chique aquela reportagem mostrou-nos como é a Sintra de plástico, como um banal cartão de crédito.Aquela reportagem deveria ser banida porque acabou por não mostrar os beijos da hipocrisia. Mostrou que Sintra não é aquilo e, isso, não tem preço.



quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Ana Gomes,
em debate e ao leme
Foi anunciado pela própria há cerca de uma hora, no contexto de um debate na RDP1, entre candidatos à presidência da Câmara Municipal de Sintra, e já está a encabeçar o alinhamento dos noticiários radiofónicos e televisivos. Em suma, mesmo que não seja eleita presidente da Câmara, Ana Gomes assumirá o cargo de Vereador sem pelouro no próximo executivo autárquico! Que imediata leitura poderemos fazer?

Em primeiro lugar, Ana Gomes dá um inequívoco sinal do seu empenho em Sintra e com Sintra. A pré campanha e a própria campanha têm oferecido momentos muito fortes de envolvimento da candidata com as questões que o seu principal opositor, Fernando Seara, não só não conseguiu resolver como agravou substancialmente;
Seguidamente, demonstra até que ponto se deixou contaminar pelas dificuldades dos munícipes e, principalmente, dos mais desprotegidos, daqueles que, para além do que é suportável, viram a sua qualidade de vida diminuir dramaticamente nos últimos anos. Ana Gomes, que é de cá, sente mais hoje esta terra, depois de ter palmilhado centenas e centenas de quilómetros dentro deste concelho desumanamente grande, desconforme e desgovernado;
Nem Ana Gomes nem nós, seus apoiantes, admitimos que não seja eleita presidente. Todavia, na remota hipótese de que tal não acontecesse, ficou ineludivelmente anunciado que, no próximo executivo, nada seria como até agora. Haveria uma oposição flagrante e, necessariamente, construtiva, uma âncora à qual poderiam recorrer todos quantos identificam em Ana Gomes a esperança da mudança, para continuar esta prioritária luta por Sintra diferente e melhor.
Estamos na recta final.
Tudo é possível.
Vai ser possível!

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Hoje, em vez do nosso Manifesto, um apontamento de reportagem de Fernando Castelo.

PROGRAMA DE ANA GOMES,
NO CORAÇÃO DE SINTRA

No passado sábado, a candidata Ana Gomes apresentou o seu Programa Eleitoral, em plena Praça da República, no Centro Histórico. Foi um acto aberto, muito simples e fácil de observar por parte de cidadãos que passavam no local.

Contrariando a respeitabilidade que merecem os Centros Históricos espalhados pelo mundo, em Sintra a barafunda reinava. Grupos de motociclistas faziam as acelerações da praxe, o trânsito engarrafado desabafava com buzinadelas, as auto-caravanas mostravam-se com toda a dignidade que os responsáveis instalados na Câmara lhes tem permitido.

De vez em quando, a candidata era obrigada a silenciar-se, porque o ruído na Praça da República era tanto que se tornava insuportável. Era o ambiente de Sintra, sem ambiente garantido pelos responsáveis da pasta e o atentado ao património. Era a tal nova marca do Turismo de Sintra. Compreende-se porque outros escolhem paragens mais onerosas para as suas apresentações...

Ficou a saber-se que Ana Gomes tem grandes objectivos para liderar a vida no nosso concelho: Revisão do PDM, empenho para a construção do Hospital de Sintra e Centros de Saúde, um plano de emergência para o Parque Escolar, reforço das forças policiais para garantia da segurança, melhores transportes públicos, chamar investimentos e novos empregos, apoio ao comércio tradicional e dedicação à juventude.

No fundo, objectivos tão simples que correspondem aos anseios de quantos residem no nosso concelho. Bastará que os eleitores acreditem neste programa, para que tanto possa mudar na nossa vida.

Fernando Castelo

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Comentário ao texto
de Fernando Castelo

Hão-de reparar que, no passado dia 3, Ana Gomes veio a terreiro, afirmar o que pensa, sente e pretende para Sintra e fê-lo junto do povo, onde tudo se vive, onde tudo se passa, por muito incómoda que a cena possa ser. Para isso, Ana Gomes está na rua, prefere o contacto franco e directo.

Pelo contrário, hoje mesmo, Fernando Seara, o seu mais directo adversário, escolheu o Pestana-Golf Beloura, para a apresentação do programa de candidatura. Olhem que o pormenor não é de somenos. Por um lado, no registo popularucho, diz ser o careca do Benfica. Mas, por outro, não se mistura, distancia-se. Afinal, nas mesmas circunstâncias que a oponente, i. e., na apresentação do programa, recorre ao bastidor florentino da politiquice de hotel.

E, caros amigos, muito mais importante do que estas formas superficiais, a substância dos próprios programas. Acerca do candidato da situação, sabemos nós o que a casa gasta. É a ilusão, hoje declarada, para dar lugar ao desânimo de amanhã.

É apenas mais do mesmo, uma receita que bem conhecemos, o doloroso adiamento de questões cuja resolução exige uma inequívoca coragem e vontade de concretizar que, sem margem para qualquer dúvida, a candidatura de Ana Gomes protagoniza.

Enfim, estilos, propósitos, propostas, pontos de partida e metas diferentes. A nós, a capacidade de optar.


João Cachado
Daniel Barenboim

O texto foi retirado para voltar a ser publicado na próxima semana, depois do período eleitoral. Desde já as minhas desculpas aos autores dos comentários que, entretanto, já tinham chegado, mensagens estas que, naturalmente, também sairão.

terça-feira, 6 de outubro de 2009



Canções de Theresienstadt*


Anne Sofie von Otter está mesmo entre as maiores, entre aquelas que persigo por essa Europa fora, se tenho uma remota hipótese de não perder o seu canto, decididamente, uma das minhas preferidas cuja voz de meio-soprano, me habituei a distinguir, há mais de vinte anos, pelas mais nobres razões.

Deixem contar-vos em que medida ela se me impôs ao mais alto nível. Para tanto preciso é esclarecer que, desde miúdo, se há obra que tenho ouvido ao vivo e nas melhores gravações é a Missa em Si de J.S. Bach, justamente considerada por grandes conhecedores como a mais fabulosa peça de toda a História da Música Ocidental.

Pois a verdade é que devo a Anne Sofie von Otter a melhor interpretação que até hoje já pude ouvir dessa obra, numa célebre récita, no dia 2 de Abril de 1999, por ocasião do Festival da Páscoa de Salzburg, com outros excepcionais solistas como Véronique Gens, Charles Workman, Simon Keenlyside, Franz.Josef Selig, Coro da Rádio Sueca, solistas da Orquestra Filarmónica de Berlin, sob a direcção de Cláudio Abbado.

Foi de tal ordem a excepcionalidade, que ainda hoje se fala desse concerto em Salzburg, cidade à qual tão ligado estou. E isto é tanto mais notável quanto este é um dos lugares onde, como sabem (pelo menos, através dos meus relatos, numa série de anos seguidos, em densas páginas do Jornal de Sintra, e algumas já neste blogue) se faz da melhor música, a nível mundial.

A verdade é que, além de grande cantora, Anne Sofie von Otter também é, inquestionavelmente, uma mulher ligada às grandes causas da Liberdade e dos Direitos Humanos. Ora bem, de algum modo, foi igualmente neste contexto que ela se apresentou no passado dia 2, no Grande Auditório da Gulbenkian, com um programa absolutamente inesquecível, subordinado ao tema Canções de Theresienstadt.

Tratou-se de um recital onde houve oportunidade de escutar um conjunto de mais de vinte peças, vocais e instrumentais, compostas naquele que foi um campo de concentração para os judeus checos, estabelecido pelos nazis em 1941, no forte de Terezin. A máquina de propaganda nacional-socialista apresentava-o como um ghetto modelo onde se praticava uma certa liberalidade no quadro da qual os prisioneiros tinham um determinado grau de autonomia para as suas actividades culturais.

Anne Sofie von Otter veio acompanhada pelos amigos e grandes músicos – Daniel Hope (violino, membro do recém extinto Trio Beaux Arts), Bengt Forsberg (piano) e Bebe Risenfors (acordeão, guitarra e contrabaixo) – que com ela têm feito este excepcional programa, por esse mundo fora, neste tão estranho, tão especialmente estranho tempo nosso, que chega a haver gente afirmando não ter havido holocausto…

Bastaria recordar, dentre os nomes do cardápio que Anne Sofie von Otter partilhou com a audiência da Gulbenkian, os de Ilse Weber, Karel Svensk, Emmerich Kálmán, Robert Dauber, Viktor Ullmann, Erwin Schulhoff, Pavel Haas, compositores vítimas dos campos de concentração, para contrariar tão abstrusa quanto ofensiva descoberta que pretende negar a própria evidência histórica.

A nível da estrutura, todas as peças estavam sabiamente encadeadas, pensadas todas as vertentes, desde a acústica à temática, e com o particular aliciante de cada uma ser introduzida por palavras a cargo dos próprios intérpretes que, deste modo, ainda maior envolvimento emprestaram ao serviço daquela Arte saída de um contexto tão excepcional.

Naturalmente, a sofisticação e a elegância da concepção do programa, evitaram ter-se caído na facílima esparrela de explorar a fortíssima emoção que não era difícil insinuar-se, soltando-se e saltando nas curvas de discursos arrancados a cenas não raro lancinantes. Interessante que todos os registos foram presentes, inclusive o de certas propostas de cabaret que, de algum modo, também ali, em Theresienstadt, foi possível experimentar e propor.

Mais uma vez, Anne Sofie von Otter revelou outra faceta da sua plasticidade vocal absolutamente impressionante. Como atrás referi, ouvi-a naquela Missa em Si memorável. Mas, só me reportando à minha experiência pessoal, tão memoráveis como nessa ocasião, foram outras suas prestações em recitais de Lieder, na maior parte dos casos na Áustria, mas também numa Carmen espantosa, Oktavien de O Cavaleiro da Rosa, ou Ariodante de Händel. Recentemente, em Aix-en-Provence, fez uma Waltraut (Gotterdämmerung), admirável que, se Deus quiser, verei na próxima edição do Festival da Páscoa de Salzburg, já que se trata de uma co-produção dos dois festivais.

Como sempre tenho escrito, quando entro em capítulos mais exclusivos, portanto, de interesse menos geral, estou à disposição de quem queira aprofundar a matéria. De facto, nos últimos anos, tenho feito alguma pesquisa sobre a Música na Alemanha, durante o III Reich – assunto que está longe de se considerar esgotado – e através desse trabalho, tenho acedido a interessante informação cuja partilha me dará muito gosto.**

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*
A propósito de música em Theresienstadt, chamaria a atenção para os seguintes textos, publicados neste blogue:
- Contra todos os ditadores, de 07.02.09, a propósito de uma célebre récita da ópera Der Kaiser von Atlantis oder Der Tod dankt ab, de Viktor Ullmann, no Convento dos Capuchos (Almada), com encenação de João Maria de Freitas Branco;


- Maria Nobre Franco, amiga de Sintra, 29.02.08, onde faço alusão a uma sua iniciativa no CC Olga Cadaval, no contexto de uma exposição no Sintra Museu de Arte Moderna.

**
No sentido de proporcionar uma razoável abordagem deste universo tão específico e interessante, a todos aconselharia, por exemplo, as seguintes três edições discográficas:

- Chamber Music from Theresienstadt, 1941-1945, (1991, Channel Classics);
- Erwin Schulhoff, Petersen Quartett (1995, Coproduktion RIAS & Capriccio, 10 539);
- Pavel Haas, Musica Rediviva, Iörg Dürmüller (tenor), Dennis Russel Davies (piano), Monika Hölszky-Wiedemann (violine), Stuttgarter Bläserquintett (1996, Orfeo).



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Sintra – Eleições Autárquicas

MANIFESTO DE APOIO A ANA GOMES

Através da nossa frequente intervenção cívica, quer em sessões de Assembleia Municipal e de Reunião Pública de Câmara, quer em artigos publicados em jornais e revistas regionais, blogues, etc., estaremos entre os sintrenses que mais frequentemente se manifestam pela defesa dos interesses da causa pública.

Neste contexto, quando se justificou, não regateámos apoio ao actual Presidente da Câmara, sempre no sentido de que o concelho desse passos rápidos para o desenvolvimento e melhoria da qualidade de vida dos seus habitantes.

Confiámos que, tanto o Património Histórico como as outras componentes Culturais e o Turismo sintrenses beneficiariam do anunciado desenvolvimento sustentado, aproximando-os das sociedades mais evoluídas, em condições ideais à recuperação do tempo perdido.

Ao longo de oito anos, sendo os últimos quatro com maioria absoluta, esperámos pela concretização de novos projectos em que Sintra pudesse ser mais do que metáfora utilizada em estéreis discursos políticos, antes um território de bem-estar colectivo, com manifesta evolução qualitativa.

Ainda que não se deixe de valorizar a desistência de construção do parque de estacionamento subterrâneo na Volta do Duche, ou a não concretização do famigerado Parque Temático Sintralândia, bem como a rejeição de um desadequado projecto para o Vale da Raposa, não podemos salientar outros actos particularmente relevantes.

Infelizmente, também não assistimos à concretização de estruturas determinantes da qualidade de vida, tais como parques periféricos de estacionamento, recuperação do Centro Histórico, matrizes incentivadoras do comércio de proximidade, uma nova rede de transportes públicos estratégicos, higiene urbana e turismo qualificado.

Esgotaram-se as nossas ambições de índole colectiva. Não obtivemos resultados compatíveis com a vontade expressa pelos munícipes, ao passo que elevados recursos financeiros foram canalizados para entidades cujos projectos não respondem às necessidades em presença.

Nestes termos, após detida análise, decidimos apoiar a candidatura da sintrense Ana Gomes, prestigiada figura da vida política nacional e internacional, porque se nos afigura como reunindo os meios e as condições bastantes para liderar o processo que conduzirá Sintra à fase de evolução positiva que merece

Na nossa qualidade de cidadãos independentes, gostaríamos de salientar que este inequívoco apoio à candidatura de Ana Gomes, nas eleições autárquicas, não deve ser entendido como extensível a qualquer das candidaturas envolvidas nas Eleições Legislativas.


Em Sintra, aos 23 de Setembro de 2009-09


João Cachado
Fernando Castelo

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Em bicos dos pés

Apareceu como comentário e, embora não tivesse chegado ao meu e-mail devidamente subscrito, não resisto a publicá-lo neste blogue até porque, por parte do autor, além desse enorme detalhe do anonimato, com o qual discordo liminarmente, não houve mais qualquer incorrecção. Eis a transcrição integral da mensagem:


"Eu sei que este meu comentário ao seu post pode parecer forçado, metido a cunha por assim dizer, mas verá que até tem algum sentido. E isto por causa dos "slogans" no caso a que me refiro, os slogans vivos, aqueles que se poem em bicos de pés.

No decorrer desta semana aconteceu na sala da Renascença do palácio da Regaleira, a apresentação, para a qual fui convidado, do livro sobre o palácio da Pena, da autoria do director do respectivo palácio, O Prof. Doutor José Martins Carneiro. Apresentação que contou com a presença do Sr. Presidente da CMS, o Prof. Fernando Seara.

Tal o meu espanto quando, do despropositado, surge a figura do administrador delegado da Regaleira, rompendo com o protocolo e o bom senso, para não dizer outra coisa, começando ele também uma comunicação aos presentes com a pretenção de se colar em importância e obra realizada ao homenageado. director do palácio da Pena.

Para além de patética e manhosa atitude, pois que a sua prestação como administrador da Regaleira tem sido para baixo de vergonhosa, representou ali naquele momento publicamente a triste cena da pedinchice lamechas de um tacho dourado. Durante a "pregação" o Presidente Fernando Seara segurava a cabeça com as duas mãos, não sei se para chorar, ou mostrando um tamanho desespero que assim ficou tão coreograficamente na memória dos presentes. A via dos suplicantes!"


Na verdade, nada me surpreende a atitude que, tão justamente, chocou o autor da mensagem supra e, a acreditar no seu testemunho, também todos quantos terão assistido ao lançamento da obra do meu amigo Doutor José Manuel Carneiro. Aliás, justificando esta minha impressão, gostaria de vos recomendar a leitura de um texto que saíu neste blogue, há quase dois anos, no dia 23 de Outubro de 2007, subordinado ao título Regaleira, os senhores da ilha, onde poderão ler umas linhas acerca da falta de civismo do referido senhor administrador. Deve estar convencido que, depois dele, só Nosso Senhor Jesus Cristo, mas com muita dificuldade...

Se, no rectângulo de «Pesquisa no blogue», introduzirem "Quinta da Regaleira", encontrarão o referido texto entre a longa série de escritos a que assim acederão, que tenho publicado acerca daquele lugar, conjunto bem demonstrativo, quanto mais não seja pela quantidade, nomeadamente, das questões de estacionamento, que se arrastam ao longo dos anos, sem que a aministração da Regaleira dê o mínimo sinal público de incomodidade.

A rematar o escandaloso e assustador ramalhete de falta de capacidade de resolução do problema do estacionamento, já a Câmara Municipal de Sintra e o Igespar deram o seu aval à instalação de um parque, para cerca de trinta viaturas particulares, no interior - estão a ler bem -no interior do recinto da Regaleira!... Com administradores e gestores públicos deste calibre, e capazes de coisas que tais, não admira que Sintra continue na habitual desgraça, não a alguns quilómetros mas a anos-luz dos concelhos limítrofes de Cascais, Mafra ou Oeiras que progridem perante a nossa inveja.

É por estas e outras, muitas, muitas outras quejandas, que tanto o Fernando Castelo como eu apresentámos a nossa modestíssima proposta de apoio a Ana Gomes que, mais uma vez, e até à próxima sexta-feira, aqui irá aparecendo.



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Sintra – Eleições Autárquicas

MANIFESTO DE APOIO A ANA GOMES

Através da nossa frequente intervenção cívica, quer em sessões de Assembleia Municipal e de Reunião Pública de Câmara, quer em artigos publicados em jornais e revistas regionais, blogues, etc., estaremos entre os sintrenses que mais frequentemente se manifestam pela defesa dos interesses da causa pública.

Neste contexto, quando se justificou, não regateámos apoio ao actual Presidente da Câmara, sempre no sentido de que o concelho desse passos rápidos para o desenvolvimento e melhoria da qualidade de vida dos seus habitantes.

Confiámos que, tanto o Património Histórico como as outras componentes Culturais e o Turismo sintrenses beneficiariam do anunciado desenvolvimento sustentado, aproximando-os das sociedades mais evoluídas, em condições ideais à recuperação do tempo perdido.

Ao longo de oito anos, sendo os últimos quatro com maioria absoluta, esperámos pela concretização de novos projectos em que Sintra pudesse ser mais do que metáfora utilizada em estéreis discursos políticos, antes um território de bem-estar colectivo, com manifesta evolução qualitativa.

Ainda que não se deixe de valorizar a desistência de construção do parque de estacionamento subterrâneo na Volta do Duche, ou a não concretização do famigerado Parque Temático Sintralândia, bem como a rejeição de um desadequado projecto para o Vale da Raposa, não podemos salientar outros actos particularmente relevantes.

Infelizmente, também não assistimos à concretização de estruturas determinantes da qualidade de vida, tais como parques periféricos de estacionamento, recuperação do Centro Histórico, matrizes incentivadoras do comércio de proximidade, uma nova rede de transportes públicos estratégicos, higiene urbana e turismo qualificado.

Esgotaram-se as nossas ambições de índole colectiva. Não obtivemos resultados compatíveis com a vontade expressa pelos munícipes, ao passo que elevados recursos financeiros foram canalizados para entidades cujos projectos não respondem às necessidades em presença.

Nestes termos, após detida análise, decidimos apoiar a candidatura da sintrense Ana Gomes, prestigiada figura da vida política nacional e internacional, porque se nos afigura como reunindo os meios e as condições bastantes para liderar o processo que conduzirá Sintra à fase de evolução positiva que merece

Na nossa qualidade de cidadãos independentes, gostaríamos de salientar que este inequívoco apoio à candidatura de Ana Gomes, nas eleições autárquicas, não deve ser entendido como extensível a qualquer das candidaturas envolvidas nas Eleições Legislativas.


Em Sintra, aos 23 de Setembro de 2009




João Cachado
Fernando Castelo

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Slôganes,
ainda a propósito


Ontem, na sequência da publicação do texto de Fernando Castelo neste blogue, troquei com ele uma série de impressões que estão presentes nos parágrafos que se seguem. Espero que acabem por gostar de as partilhar comigo.

Enquanto afins dos estudos etimológicos, a semiologia e a semiogonia são indispensáveis para determinar - para além de toda a evolução mecânica da língua, ou seja, os detalhes da componente física do sistema, como a utilização do aaparelho fonador, de acordo com o princípio da economia do esforço - também a componente virtual, racional, intelectual dos significados.

Um formador de técnicas de mercado, para quem o problema da comunicação [comunicar não é mais do que pôr em comum uma mesma mensagem] é muito importante, pode saber muito acerca das estratégias, das medidas tácticas que conduzam e sejam afins da comunicação mas, como não é filólogo, como não é linguista, escapam-lhe detalhes importantes indispensáveis à história da utilização do termo ao longo do tempo e, em especial, das razões que levaram à adopção das cambiantes transferidas para outros campos semânticos.

Por exemplo, porque é que, em determinada altura, um grito de guerra começa a ter uma utilização muito pragmática, abandonando o campo semântico bélico para se dirigir ao da vida prática, pragmática, conotando, por exemplo, com o comércio? Provavelmente, porque, a partir de determinada altura, uma vez definidos e estabilizados os limites territoriais da comunidade, esta passou a poder dedicar-se a acções, actividades e atitudes afins dos tempos de paz, em que produzir em maior escala - que, portanto, ultrapassa a conveniência dos tempos de mera subsistência - como comprar, vender, importar, exportar, que pressupõem um viver totalmente diferente.

Contudo, preciso é confirmar se e quando tudo isto passou a ser verdade. Daí que História, Linguística, Antropologia sejam saberes intimamente articuláveis nos estudos filológicos. Andam sempre atrás uns dos outros. Numa mesma comunidade, uma vivência qualquer, em qualquer tempo, tem uma expressão linguística correspondente e específica, inerente a esse tempo e espaço, e que se articula com determinadas práticas culturais. Quando um dos factores evolui, evoluem todos mas não em simultâneo, daí que seja tão interessante ir estudando as adequações.


Daí até à sofisticação das promoções publicitárias, muito posteriores à Revolução Industrial, indissociáveis da sociedade de consumo e tão comuns às campanhas eleitorais em que, por vezes, o produto vendido é de tão baixa qualidade, foram passos lentos mas gigantescos que a história do homem, ao longo de séculos, não deixou de registar, umas vezes implícita, outras mais explicitamente.

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Sintra – Eleições Autárquicas

MANIFESTO DE APOIO A ANA GOMES

Através da nossa frequente intervenção cívica, quer em sessões de Assembleia Municipal e de Reunião Pública de Câmara, quer em artigos publicados em jornais e revistas regionais, blogues, etc., estaremos entre os sintrenses que mais frequentemente se manifestam pela defesa dos interesses da causa pública.

Neste contexto, quando se justificou, não regateámos apoio ao actual Presidente da Câmara, sempre no sentido de que o concelho desse passos rápidos para o desenvolvimento e melhoria da qualidade de vida dos seus habitantes.

Confiámos que, tanto o Património Histórico como as outras componentes Culturais e o Turismo sintrenses beneficiariam do anunciado desenvolvimento sustentado, aproximando-os das sociedades mais evoluídas, em condições ideais à recuperação do tempo perdido.

Ao longo de oito anos, sendo os últimos quatro com maioria absoluta, esperámos pela concretização de novos projectos em que Sintra pudesse ser mais do que metáfora utilizada em estéreis discursos políticos, antes um território de bem-estar colectivo, com manifesta evolução qualitativa.

Ainda que não se deixe de valorizar a desistência de construção do parque de estacionamento subterrâneo na Volta do Duche, ou a não concretização do famigerado Parque Temático Sintralândia, bem como a rejeição de um desadequado projecto para o Vale da Raposa, não podemos salientar outros actos particularmente relevantes.

Infelizmente, também não assistimos à concretização de estruturas determinantes da qualidade de vida, tais como parques periféricos de estacionamento, recuperação do Centro Histórico, matrizes incentivadoras do comércio de proximidade, uma nova rede de transportes públicos estratégicos, higiene urbana e turismo qualificado.

Esgotaram-se as nossas ambições de índole colectiva. Não obtivemos resultados compatíveis com a vontade expressa pelos munícipes, ao passo que elevados recursos financeiros foram canalizados para entidades cujos projectos não respondem às necessidades em presença.

Nestes termos, após detida análise, decidimos apoiar a candidatura da sintrense Ana Gomes, prestigiada figura da vida política nacional e internacional, porque se nos afigura como reunindo os meios e as condições bastantes para liderar o processo que conduzirá Sintra à fase de evolução positiva que merece

Na nossa qualidade de cidadãos independentes, gostaríamos de salientar que este inequívoco apoio à candidatura de Ana Gomes, nas eleições autárquicas, não deve ser entendido como extensível a qualquer das candidaturas envolvidas nas Eleições Legislativas.


Em Sintra, aos 23 de Setembro de 2009-09


João Cachado
Fernando Castelo



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quinta-feira, 1 de outubro de 2009


Sintra e os slogans


No texto de Fernando Castelo que o sintradoavesso hoje acolhe com a habitual satisfação, o autor tece uma série de considerações afins do que é habitual designar-se como "marketing político", a propósito das mensagens que por aí andam nos cartazes de exterior neste momento de campanha eleitoral.

Com a minha formação de filólogo, muito mais levado seria a embrenhar-me em questões de semiologia, não tanto na perspectiva de Rolland Barthes e mais na de Ferdinand de Saussure, para me deter no sistema de signos e de comunicação vigente na sociedade local, no sentido de verificar, em termos da linguística científica, em que bases radicam os slogans objecto da análise de Fernando Castelo.

No entanto, se por esse caminho fosse, arriscar-me-ia a transformar esta despretensiosa página de blogue num paper de doutorando à procura de fazer currículo que, enfim, não é bem a minha situação... Aligeirando esta introdução, ainda a propósito, gostaria de esclarecer que a Academia das Ciências de Lisboa, no seu Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, Lisboa, 2001, acolheu o termo slôgane, com esta que, portanto, deve ser a grafia preferencial.

E, a concluir, também informar que slogan, assim grafado, é palavra do léxico inglês, proveniente do inglês antigo, slogorn, e este do gaélico sluagb-gbairm, em que sluagb significa 'exército, hoste' + gbairm 'grito'. Em resumo, e, mais especificamente, 'um grito de guerra entre antigos clãs escoceses'. Na moderna acepção, teremos 'uma expressão concisa, fácil de lembrar, utilizada em campanhas políticas, de publicidade, de propaganda, para lançar um produto, marca, etc'. Não há dúvida, confere...

João Cachado

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Sintra e os slogans


Para as próximas eleições, apenas o slogan Dedicação Total eliminou Sintra do mapa da mensagem. Este eixo pessoal de comunicação leva ao star-system político, quando em democracia só os cidadãos devem ser as verdadeiras “estrelas”.

Das outras forças que disputam lugares, o BE espera Com as Pessoas, mudar Sintra, A CDU assume-se como Alternativa para Sintra Ganhar e o PS dedica-se Por Sintra, Por Si. São eixos democráticos, virados para a mudança e renovação.

Como não temos uma Lei de Protecção dos Cidadãos, alguns políticos usam a publicidade política, por vezes enganosa, para obter melhores resultados eleitorais. As regras do marketing da comunicação recomendam cautelas na busca insistente da boa imagem pública, para evitar os riscos de ambições exageradas, mas insistem...

Na verdade, a consolidação da imagem dos políticos deve apoiar-se em factos concretos como o cumprimento das promessas programáticas, a força inequívoca que é manifestada em todos os pormenores e não em flashes de interesse ocasional. Na política, os gulosos de poder, caem no erro de pretenderem reduzir o marketing político à sua publicidade, uma ousadia que cedo lhes limitará o futuro.

Há cerca de 60 anos, a propaganda teve algum êxito quando aproveitou fortes correntes de opinião e a sensibilidade das pessoas para as desviar para um campo mais “florido”, onde supostamente iriam encontrar a felicidade que não chegou. Hoje, a mesma técnica velha, mais um slogan de ocasião, não passarão disso mesmo.

Dos slogans mensageiros, a Dedicação Total, que denota um certo efeito de sedução, não passa do um novo look da Coligação Mais Sintra, como que uma novidade eleitoral desligada da gestão dos últimos oito anos. Os efeitos perversos surgem logo que o eleitor pergunta porquê só agora ou se antes não se justificava.

O Bloco de Esquerda propõe-se Com as Pessoas, mudar Sintra, numa mensagem a que as pessoas são sensíveis, já que andam ávidas de aceder a melhores condições de vida, sem que o tenham vislumbrado nos últimos mandatos.

A CDU apresenta-se como a Alternativa para Sintra Ganhar, convicta do seu empenho no trabalho autárquico e contando com a confiança dos eleitores para prosseguir o seu programa, devidamente escalonado e com prioridades conhecidas.

O Partido Socialista, a alternativa mais próxima da mudança, ao comprometer-se Por Sintra, Por Si, manifesta uma intimidade política de cumplicidade com os eleitores, contando com eles para a resolução dos problemas de forma partilhada.

Ressalta, pois, que as três candidaturas da oposição não precisaram de alterar os rótulos das suas opções programáticas, pelo que continuam facilmente entendíveis pelas diferentes camadas sociais, dispostas a renovar a sociedade em que vivemos.

Na escolha, os eleitores saberão avaliar – não pelos slogans, mas pelo trabalho – onde estão as garantias de um futuro com a qualidade de vida a que temos direito.

Fernando Castelo


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Sintra – Eleições Autárquicas

MANIFESTO DE APOIO A ANA GOMES

Através da nossa frequente intervenção cívica, quer em sessões de Assembleia Municipal e de Reunião Pública de Câmara, quer em artigos publicados em jornais e revistas regionais, blogues, etc., estaremos entre os sintrenses que mais frequentemente se manifestam pela defesa dos interesses da causa pública.

Neste contexto, quando se justificou, não regateámos apoio ao actual Presidente da Câmara, sempre no sentido de que o concelho desse passos rápidos para o desenvolvimento e melhoria da qualidade de vida dos seus habitantes.

Confiámos que, tanto o Património Histórico como as outras componentes Culturais e o Turismo sintrenses beneficiariam do anunciado desenvolvimento sustentado, aproximando-os das sociedades mais evoluídas, em condições ideais à recuperação do tempo perdido.

Ao longo de oito anos, sendo os últimos quatro com maioria absoluta, esperámos pela concretização de novos projectos em que Sintra pudesse ser mais do que metáfora utilizada em estéreis discursos políticos, antes um território de bem-estar colectivo, com manifesta evolução qualitativa.

Ainda que não se deixe de valorizar a desistência de construção do parque de estacionamento subterrâneo na Volta do Duche, ou a não concretização do famigerado Parque Temático Sintralândia, bem como a rejeição de um desadequado projecto para o Vale da Raposa, não podemos salientar outros actos particularmente relevantes.

Infelizmente, também não assistimos à concretização de estruturas determinantes da qualidade de vida, tais como parques periféricos de estacionamento, recuperação do Centro Histórico, matrizes incentivadoras do comércio de proximidade, uma nova rede de transportes públicos estratégicos, higiene urbana e turismo qualificado.

Esgotaram-se as nossas ambições de índole colectiva. Não obtivemos resultados compatíveis com a vontade expressa pelos munícipes, ao passo que elevados recursos financeiros foram canalizados para entidades cujos projectos não respondem às necessidades em presença.

Nestes termos, após detida análise, decidimos apoiar a candidatura da sintrense Ana Gomes, prestigiada figura da vida política nacional e internacional, porque se nos afigura como reunindo os meios e as condições bastantes para liderar o processo que conduzirá Sintra à fase de evolução positiva que merece

Na nossa qualidade de cidadãos independentes, gostaríamos de salientar que este inequívoco apoio à candidatura de Ana Gomes, nas eleições autárquicas, não deve ser entendido como extensível a qualquer das candidaturas envolvidas nas Eleições Legislativas.


Em Sintra, aos 23 de Setembro de 2009-09


João Cachado
Fernando Castelo