[sempre de acordo com a antiga ortografia]

domingo, 29 de novembro de 2015




Liszt, Sonata em Si menor
 
 
A célebre Sonata em Si menor, de Franz Liszt (1811-1886), por muitos considerada a sua obra-prima e, inequivocamente, uma das mais importantes e exigentes da pianística de todas as eras, peça monumental, com cerca de meia hora de duração, num só andamento, embora com seis indicações de tempo, um sucessivo cardápio de todos os recursos do virtuosismo.
 
Obra datada de 1853, meio do século e meio da vida do compositor. Desta vez, nas mãos de Khrystian Zimerman, sempre muito refinado, especialmente nos lento assai inicial e final, um verdadeiro tratado, sempre mantendo-nos em suspenso dos surpreendentes efeitos que acaba por conseguir arrancar.
 
Até chegar à conclusão de que, na interpretação da peça, este era o apuro que almejava, gravou 76 'takes'... Uma loucura, não é? A busca da perfeição? Sim, provando que o sublime é tangível, apesar do martírio, de enormes sacrifícios, «ao serviço» de uma obra-prima que tudo merece.

Gosto muito desta interpretação. [I] Mas, santo Deus, o que tenho eu ouvido para poder isto mesmo dizer? Horowitz, Argerich, Katsaris, Bolet, Pollini, Volodos, Trifonov, Grimaud, Grinberg, Laplante, Vasary, Brendel, Howard, sei lá quantos mais... Então, o desassossego de Julian von Karolyi, numa gravação de 1965 que tantos dos meus amigos consideram o máximo? [II]

Sabem a maldade que vos proponho? Que ouçam as duas. Não, não para comparar mas, eventualmente, para preferir. E porquê.

Boa Audição!

https://youtu.be/IeKMMDxrsBE [I]
https://youtu.be/4A8lZfLNHHY [II]
 
 


JeanYves Thibaudet,Vivienne Westwood & Co.


Até eu, que nunca me interessei por moda, conheço os nomes de alguns dos considerados 'criadores'. Naturalmente, Vivienne Westwood também faz parte da minha bagagem de manifesto ignorante desse nicho da criatividade.

A verdade é que, de modo algum, se pode ignorar este e outros quejandos epifenómenos contemporâneos que, a todo o transe e com desmedido sucesso, desenvolvem as mais sofisticadas estratégias de marketing cultural com o objectivo de ganhar estatuto no mundo das Artes.

Independentemente de ficarem ou não para a História das Artes Performativas, os casos da colaboração de VW no "Rigoletto", em Siena, ou na Opera de Viena, num Concerto de Ano Novo, com os figurinos para o seu corpo de ballet são exemplos dessas iniciativas.

Pois bem, demonstrando até que ponto assim é, até aqui, neste modestíssimo mural de fb, Lady Westwood aparece referida E, se assim acontece é porque o programa de sala do recital de piano do passado dia 24 no Grande Auditório da Gulbenkian anunciava que o guarda-roupa de concerto de Jean-Yves Thibaudet é por ela criado.

De facto, só li esta referência muito depois, no dia seguinte. E, apenas nessa altura, lembrei que, na realidade, durante o recital, reparara que o pianista tinha vestido e calçado algo diferente do formal. Se não me engano e a memória não falha - porque sempre tento perceber como funciona o jogo de pedal de cada pianista - pareceu-me que os sapatos tinham algo metálico (?).

Desconheço e não estou minimamente interessado em saber se o pouco público presente, cerca de um terço da lotação, é ou costuma ser sensível ao guarda-roupa dos pianistas. No meu caso, posso adiantar que me desagrada sobremaneira quando «se produzem» de modo pouco discreto.

Enfim, em relação ao que ali nos levava, bem posso afirmar que nada acrescentei à opinião que já tinha acerca do artista e que, sumária e muito sucintamente, até é bastante positiva.

Um dia destes me referirei ao que tem sido o ciclo de piano desta tmporada 2015/16, hoje mesmo continuando com um recital de Christian Zacharias. Desde já fica prometido que não farei mais alusões às modas & bordados...

 

sábado, 28 de novembro de 2015


Jean Baptiste Lully
28 de Novembro de 1632 - 22 de Março de 1687
 

Proponho que celebremos o aniversário escutando este "Dies Irae", uma das peças mais postas em evidência pelos especialistas da sua obra. Peça extremamente contida, está nos antípodas do tratamento que o texto mereceu, por exemplo, por parte de Mozart ou Verdi. Que sofisticadas sombras! Acesso e acompanhamento irrepreensíveis através do texto que vai sucedendo no écran.

Boa Audição!
 
Ver mais
 
 
Aqui les traigo el DIES IRAE de Jean - Baptiste Lully, con letra. Comenten y suscribanse!!! :)
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28 de Novembro de 1881
Nascimento de Stefan Zweig
Ler Zweig,
acompanhar a lucidez de um imortal
 
Hoje, centésimo trigésimo quarto aniversário de Stefan Zweig, grande senhor das letras austríacas, que viveu em Salzburg, numa lindíssima casa - ao tempo, algo inóspita, segundo o testemunho do próprio escritor - no Kapuzinerberg, entre 1919 e 1934. Lugar de minha peregrinação frequente, sempre que estou na cidade, é um dos meus recantos fétiche, onde me encontro e onde me encontro com ele.

Ali, há já não sei quantos anos, durante algumas tardes, li o seu "Die Welt von Gestern - Erinnerungen eines Europäers“, [O mundo de ontem, Memórias de um Europeu], inequivocamente, um dos livros da minha vida, que, pela enésima vez o repito, tenho recomendado com o maior empenho.

Para os que não puderem aceder ao original, há uma boa tradução em Português da editora Assírio e Alvim. Altamente perturbantes são muitas dessas memórias, demasiado coincidentes com imensas situações que, nós europeus, estamos a viver neste preciso momento.
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Strauss & Zweig,
parceria para a eternidade


Ainda em homenagem a Stefan Zweig , venho propor-vos que assistam a uma récita da ópera “Die schweigsame Frau”, composição de Richard Strauss, cujo libreto, do meu homenageado, se baseia em “Epicoene, ou a mulher silenciosa”, uma comédia do dramaturgo do Renascimento Ben Johnson.
 
Como alguns saberão, à altura da estreia, esta ópera teria um destino conturbado já que, tendo-se recusado o compositor a retirar o nome de Zweig do programa, Goebbels, o ministro do Reich, não foi à récita inaugural em 24 de Junho de 1935 e, pura e simplesmente, a ópera foi proibida depois de três noites em palco.

A gravação é de uma transmissão televisiva a partir do Nationaltheater de Munique, em 1972. Wolfgang Sawallisch dirige o Coro e a Orquestra da Bayerischen Staatsoper e os solistas são Kurt Moll, Benno Kusche, Lotte Schädle, Glenys Loulis, Albrecht Peter e Max Proebstl. A encenação é de Günther Rennert.

Boa Récita!
 
 
 
Richard Strauss DIE SCHWEIGSAME FRAU (The Silent Woman) Komische Oper in drei Aufzügen nach Ben Jonson von Stefan Zweig Sir Morosus: Kurt Moll Seine…
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Bach, obra-prima para amanhã

BWV 36 - "Schwingt freudig euch empor"

Schwingt freudig euch empor BWV 36, é uma Cantata sacra que JS Bach compôs em Leipzig, em 1731, para o primeiro Domingo do Advento, socorrendo-se de material de anteriores cantatas de felicitações, a exemplo de Schwingt freudig euch empor, BWV 36c (1725).

O Evangelho do domingo refere-se à «entrada em Jerusalém». Obedecendo a uma estrutura perfeitamente singular em relação a todas as outras Cantatas de Bach, o compositor interpola quatro andamentos originários da obra anterior com quatro estrofes de dois cânticos importantes para o Advento, com o objectivo de lhes conferir um pendor litúrgico, mais especificamente, três dos Nun komm, der Heiden Heiland, de Lutero, e uma do Wie schön leuchtet der Morgenstern de Philipp Nicolai.

Foi no dia 2 de Dezembro de 1731 que Bach dirigiu a Cantata na sua forma final de oito andamentos distribuídos por duas partes. Eis o texto no original Alemão e numa tradução para Inglês, que fui introduzindo número após número, com o objectivo de vos proporcionar um acesso mais facilitado, porquanto as palavras são indissociáveis da música.

E, neste contexto, passo a generalizar. Tenha-se prioritariamente em consideração que, através das suas cantatas sacras, JS Bach, assumido e confessado homem de Fé, propôe a mais íntima articulação da sua música com textos de refência, vertidos em páginas de obras-primas imortais.

Música e texto. Música e texto, se possível acedendo ao original Alemão, porque a silabação, a versificação são ingredientes absolutamente inextricáveis da música, de tal modo que qualquer tradução logo compromete o efeito pretendido pelo compositor, ou seja, o louvor a Deus, a elevação espiritual individual e colectiva de quem assistia às cerimónias religiosas para as quais ele compusera as peças.

Daí que me atreva a opinar que qualquer tentativa de encenação de tais obras-primas sempre resultará em apoucamento, nunca em mais-valia. E, neste momento, socorrer-me-ei da opinião de Cristina Fernandes, crítica do jornal 'Público' que, na edição do passado dia 21, a propósito de "Trauernacht", um espectáculo na Gulbenkian com base em excertos de Cantatas sacras de Bach, escreveu:

"(...) o contributo da encenação não constitui um valor acrescentado para a música de Bach, que se basta a si própria e não carece de ilustrações cénicas que direccionem a percepção do ouvinte (...)"

A interpretação que vos proponho é de máxima referência. Tem como solistas Sibylla Rubens, soprano, Sarah Connolly, contralto, Christoph Pregardien, tenor, e Peter Kooy, barítono, ainda o Collegium Vocale e a direcção de Philippe Herreweghe.

Boa Audição!

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Erster Teil

1. Chor

Schwingt freudig euch empor zu den erhabnen Sternen,
Ihr Zungen, die ihr itzt in Zion fröhlich seid!
Doch haltet ein! Der Schall darf sich nicht weit entfernen,
Es naht sich selbst zu euch der Herr der Herrlichkeit.

 
Part One

1. Chorus

Soar joyfully upwards to the exalted stars,
you tongues that now are joyful in Sion!
Yet stop! The sound need not travel so far,
the Lord of Glory Himself approaches you.

2. Choral (Duett) S A
Nun komm, der Heiden Heiland,
Der Jungfrauen Kind erkannt,
Des sich wundert alle Welt,
Gott solch Geburt ihm bestellt.

 
2. Chorale (Duet) S A

Now come, Savior of the heathens,
known as the Virgin's child,
over whom the whole world marvels,
that God had ordained such a birth for Him.

 
3. Arie T

Die Liebe zieht mit sanften Schritten
Sein Treugeliebtes allgemach.
Gleichwie es eine Braut entzücket,
Wenn sie den Bräutigam erblicket,
So folgt ein Herz auch Jesu nach.


3. Aria T

Love approaches his beloved
with gentle and slow steps.
Just as a bride is delighted
when she beholds her bridegroom,
so a heart follows after Jesus.

 
4. Choral

Zwingt die Saiten in Cythara
Und laßt die süße Musica
Ganz freudenreich erschallen,
Daß ich möge mit Jesulein,
Dem wunderschönen Bräutgam mein,
In steter Liebe wallen!
Singet,
Springet,
Jubilieret, triumphieret, dankt dem Herren!
Groß ist der König der Ehren.

 
4. Chorale

Strike the strings of the Cythera
and let the sweet music
resound full of joy,
so that I might, with little Jesus,
my fairest bridegroom,
travel in constant love!
Sing,
leap,
rejoice, triumph, thank the Lord!
Great is the King of honor.

 
Zweiter Teil

5. Arie B

Willkommen, werter Schatz!
Die Lieb und Glaube machet Platz
Vor dich in meinem Herzen rein,
Zieh bei mir ein! Part Two


5. Aria B

Welcome, worthy treasure!
Love and faith make room
for You in my purified heart,
draw near to me!


6. Choral T

Der du bist dem Vater gleich,
Führ hinaus den Sieg im Fleisch,
Daß dein ewig Gotts Gewalt
In uns das krank Fleisch enthalt.

 
6. Chorale T

You who are like the Father,
lead the victory forth in the flesh,
so that Your eternal Godly power
may sustain our weak flesh in us.

 
7. Aria S

Auch mit gedämpften, schwachen Stimmen
Wird Gottes Majestät verehrt.
Denn schallet nur der Geist darbei,
So ist ihm solches ein Geschrei,
Das er im Himmel selber hört.

 
7. Aria S

Also with muted, weak voices
is God's majesty honored.
For if the Spirit only resounds with it,
it becomes such an outcry,
that is is heard in heaven itself.

 
8. Choral

Lob sei Gott, dem Vater, g'ton,
Lob sei Gott, sein'm eingen Sohn,
Lob sei Gott, dem Heilgen Geist,
Immer und in Ewigkeit!

 
8. Chorale

  Praise be to God, the Father,
praise be to God, His only Son,
praise be to God, the Holy Spirit,
for ever and in eternity!

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Johann Sebastian Bach. Schwingt freudig euch empor, BWV 36 Coro: Schwingt freudig euch empor Coral: Nun komm, der Heiden Heiland Aria Tenor:…
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Impecável, sempre
 
 
Trabalhos de manutenção e recuperação do património no Parque da Pena. A Parques de Sintra na permanente atitude que tanto a distingue a nível nacional e internacional. Indispensável visitar, acompanhar e entender as razões da intervenção, o que vai acontecendo, constantemente aprendendo, vivendo o privilégio da proximidade de tanto motivo de satisfação e orgulho.
 
E NÃO ESQUECER:
 
ENTRADA GRATUITA TODOS OS DOMINGOS !

Importa que, cada vez mais, os munícipes de Sintra aproveitem esta vantagem. Ao contrário do que alguns pensam, podem permanecer todo o dia e não só de manhã. Têm de entrar, isso sim, antes do meio-dia, portanto, durante a manhã. Depois, é ficar e gozar os lugares, sem pressas, ao ritmo mais propício à interiorização e ao enriquecimento pessoal.

Não me canso de aconselhar a visita em família, aproveitando para levar os garotos e os seus amigos. Podem passar um dia estupendo, sem pagar um cêntimo de entrada em lugares cujo bilhete de acesso não é barato, poupando dezenas de Euros.

Impõe-se aproveitar esta concessão da Parques de Sintra tendo sempre em consideração que se pratica TODOS OS 52 DOMIGOS DO ANO, em todos os parques e palácios - Vila, Queluz, Pena e Monsrrate - no Castelo dos Mouro, Convento os Capuchos.

Portanto, nada de confusões. Sim, o regime é diferente e muito melhor que o dos outros monumentos nacionais cuja entrada gratuita apenas é possível 12 vezes por ano, no primeiro domingo de cada mês.
 
 
 
 
Parques de Sintra – Monte da Lua | Restauro e conservação de dez estruturas no Parque da Pena
 
Restauro e conservação de dez estruturas no Parque da Pena 10 Novembro , 2015 Mesa da Rainha ©PSML – Emigus Vai ser efetuado, na segunda quinzena de…
parquesdesintra.pt

sexta-feira, 27 de novembro de 2015




Sintra,
tragédia iminente


Há umas semanas, Na Escola D. Fernando II, um estudante sentiu-se mal. Teve azar, coitado, porque ao fim da tarde de qualquer dia útil, naquela zona da Estefànea de Sintra, não se pode ter problemas de saúde que impliquem no exclusivo socorro de uma ambulância.

Em 'Outro desgosto da Estefânea', artigo que subscrevi para a edição de 20 de Novembro de 2015 do Jornal de Sintra, conto o que aconteceu. Naturalmente, aproveitei a oportunidade para referir ...outras mágoas pendentes.

Quando, residentes em comumidades afastadas da sede do concelho, tantos munícipes têm tantas e justíssimas razões de queixa, então, perante quadros como o que dou conta, em pleno coração de Sintra, deverão sentir-se bastante mais bem acompanhados...

Acessível em www.jornaldesintra.com



Boa esperança
 
 
Neste dia, em que tanta esperança depositada está num governo que tomou posse há poucas horas, penso na Pátria, continuo a preocupar-me com o destino da Pátria, renovo a conjugação do amor à Pátria.
 
Agora, a esperança, a boa esperança na melhoria das condições de vida de tantos cidadãos desta nossa Pátria que, desmesurada e tão escusadamente, nestes últimos quatro anos, suportaram as péssimas decisões de um governo que, com tanta falta de critério, ultrapassou a...s mais violentas imposições da troika de credores.
 
Nestes momentos em que tão incontida indignação concede espaço à mais consoladora e renovada esperança, é na Música que procuro a Pátria, plasmada em sinais que me vão chegando, de excertos de memória da Sinfonia 'À Pátria', de Vianna da Motta, da 'Suite Alentejana' de Luís de Freitas Branco, de 'Canções Heróicas' de Lopes Graça, de recolhas de Michel Giacometti.

Porém, agigantando-se, eis que se impõe a Sexta Sinfonia de Joly Braga Santos, com poema de Camões, aquele fabuloso final - Irme, quiero, madre,/ a aquella galera,/con el marinero/ a ser marinera - magistralmente cantado pela Ana Ester Neves. Orquestra Sinfónica Portuguesa, Coro do Teatro Nacional de São Carlos, direcção de Álvaro Cassuto.

Não poderia deixar de «estar com» Piedade Braga Santos, a quem o pai dedicou esta obra. Com a comovida recordação do Joly que, para mim, está colado à Pátria, para a PBS vai esta tão boa memória.


Boa Audição!
 
 
 
 
 
excerpt from Symphony No6 (Final) Ana Ester Neves, soprano poem by Luis de Camões photo: Tejo, Lisboa (by Miguel Carvalhinho Seco, in olhares.pt)
youtube.com
 



Maus fígados, mau perder



O mau perder, a incapacidade de encaixe e a perfeita arrogância de ex-governantes do executivo de Passos Coelho têm-nos levado a afirmar que o Governo de António Costa é «ilegítimo».
Essa gente que, depois de ter imposto um longo e escusado martírio de quatro anos ao país, ainda integrou o Ministério mais anedoticamente curto de todos os tempos - evitável se tivéssemos um PR à altura das circunstâncias... - esquece que um governo poder ser considerado... legítimo do ponto de vista legal, mas ilegítimo do ponto de vista dos cidadãos.

Ora bem, legítimo é todo o governo de génese democrática que, num Estado Democrático de Direito, resulta de eleições livres. Legítimo e constitucionalmente legal é o governo hoje empossado. Para que, eventualmente, possa incorrer num quadro de ilegitimidade, é preciso que faça caminho e demonstre que opta por vias não conformes com as justas expectativas dos cidadãos em Democracia.

Nestes termos, só será ilegítimo um governo que tendo sido eleito democraticamente, deixe de agir no quadro legal do país e adopte medidas que não tenham como fim o interesse público e, como tal, não sejam vistas, pelos cidadãos, como justas e adequadas ao contexto do país.

Ora bem, considerado pelos cidadãos como ilegítimo foi, isso sim, o XIX Governo de Passos Coelho que, cumulativamente, chegou a incorrer em iniciativas marcadas pela ilegalidade e assim julgadas pelo Tribunal Constitucional.

Final e consequentemente, aconselhável será que os ex-governantes acabem com a crise nervosa que, tão manifestamente, os tem afectado, tentando não contundir nem acicatar quaisquer hostes contra quem não apresenta qualquer défice de ordem legal ou democrática. Que voltem ao Parlamento e, nas suas bancadas da Oposição, possam e saibam controlar a actividade do Governo de António Costa. Esta a melhor expectativa democrática que poderemos formular.


 

quinta-feira, 26 de novembro de 2015



Até que enfim!
Não há mal que sempre dure!



Infelizmente, devido a um compromisso inadiável, não vou poder assistir, pela televisão, à tomada de posse dos membros do XXI Governo de Portugal. Não é o tipo de evento que, até hoje, me tivesse interessado particularmente. Mas, compreensivelmente, por todas as razões que tenho dado a entender através de textos que subscrevi e aqui publiquei nos últimos dias, este é um caso especial.

Tendo tomado posse em Junho de 2011, o primeiro governo de Passos Coelho eternizou-se até Julho de 2013. Nessa altura – quando estalou o inesquecível episódio da irrevogabilidade invocada pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros – em que a instabilidade financeira de dois ou três dias, gerada pela garotice de Paulo Portas, que nada incomodou o PR, custou ao país cerca de 2 mil e 300 milhões de Euros, quase nos livrámos desta desqualificada gente.

De um inqualificável Miguel Relvas, portador de habilitações académicas ainda mais duvidosas do que as de um anterior PM, de um pateta Gaspar arvorado em Ministro da Finanças, lá fomos poupados. Mas, tendo sido substituídos por gente do mesmo calibre, continuou o executivo a singrar sob o beneplácito de Belém e sempre sob a suspeita do envolvimento de alguns dos seus membros em negociatas de submarinos, blindados Pandur e helicópteros que, penso eu, deverei morrer sem ter a dita de ver esclarecidas.

Como estou com uma certa pressa, nem referirei os casos de compadrios bem patentes em processos judiciais, como o dos vistos Gold, que indiciaram como arguido o Ministro da Administração Interna, ou o dos privilégios que gozaram estabelecimentos de ensino privado.
 
A verdade é que o governo arrastou uma penosíssima existência até há dias, exibindo uma crueldade inusitada, vangloriando-se de que foi tão especial que se permitiu ir além dos limites impostos pela Troika, empurrando para a emigração quase meio milhão de jovens, esta talvez a consequência mais grave de tanta falta de discernimento e de sentido patriótico.

Na sua incapacidade em assumir, não só todo este desqualificado passado de quatro anos de martírio imposto à nação mas também demonstrando uma tão atávica dificuldade em aceitar os resultados da consulta eleitoral que gerou esta maioria de esquerda tão sabiamente trabalhada, a direita tem tomado posições de perfeito escândalo, chegando ao ponto de qualificar como ilegítimo o governo que vai tomar posse. Que belo atestado de radicalismo pacóvio!...

Há mais de dois milhões e meio de portugueses que vivem abaixo ou no limiar da pobreza, muita gente a sofrer o que não deve enquanto os privilegiados de sempre ainda mais privilegiados saíram destes quatro anos de governação tenebrosa. É tempo de fazer o que for possível, em especial, por estes portugueses mais fragilizados e sofredores.

A poucos minutos da cerimónia a que não poderei assistir, o meu mais sincero voto de confiança a quem aceitou este desafio de governar em altura tão exigente, tão desafiante.


 


Epifania?
Isto sim, é uma epifania!



Devo ao meu querido amigo Carlos Gordo a partilha deste documento que, datado de 1 de Outubro deste ano, eu ainda desconhecia. Pergunto-me como é possível andar há quase dois meses na santa ignorância que, finalmente, hoje desvendo...

Enviou-me a curtíssima mensagem que reproduzo, com natural emoção, já que envolve uma pessoa - o saudoso José Mariano Gago - com quem trabalhámos num estupendo projecto de Educação de Base de Adultos.

Como sabem, o Zé Mariano esteve muito envolvido com o CERN de Genève, indissociável do entendimento da notícia. Eis a mensagem que, continuando presente no meu mural, quero que faça parte deste novo post:

" João: Esta é dedicada à tua melomania (que tanto nos apraz) em memória dos tempos em que trabalhávamos juntos com o Zé Mariano. Decididamente seres de outros mundos..."

Bem, os "(...) tempos em que trabalhávamos juntos com o Zé Mariano (...)" remontam ao fim da década de 70 - setenta, estão a ler bem - do século passado. Era o tempo em que, no trabalho quotidiano, aconteciam poemas a toda a hora. Enfim, como é do conhecimento comum, algo que incomoda muita gente...

Não quero nem posso dispersar-me. Sem mais desvio, eis a notícia que o Carlos me trouxe. Leiam e digam lá se não é caso para comoção geral de todos quantos se confessam perdidamente melómanos.

PS:

Provavelmente, um dia destes, viremos a descobrir que Santa Cecília - cuja memória celebrámos na passada segunda-feira - no seu afã de patrona dos músicos, terá intercedido junto de Deus Nosso senhor no sentido de que a Ciência, enquanto Sua obra nas mãos da humanidade, desvendasse este maravilhoso poema...

Que maravilha!

 
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Physicists released a report Wednesday revealing that classical music exists in a field of reality entirely removed from 4D spacetime.
submediant.com|De submediator
 



Um consolo!

[publicado no facebook em 24.11.2015]

A Escola só pode ser um espaço cuidado, estimado, agradável, cujas boas condições de frequência propiciem as melhores práticas de ensino e de aprendizagem. Nesse sentido e com esse objectivo, é muito consolador confirmar o interesse dos nossos autarcas, Presidente Basílio Horta e Vice-Presidente Rui Pereira, que aqui vemos a atravessar um recinto escolar, provavelmente, encaminhando-se para uma reunião ou de visita a alguma das instalações.

Ao contrário do que mui...ta gente pensa, em qualquer escola, a Educação, nas suas vertentes de ensino e aprendizagem, não acontece apenas dentro das salas de aulas, sob a orientação do professor. Não, de modo algum. O que se passa no exterior deve ter, pelo menos, tanta qualidade como «lá dentro».

Cá fora, nos pátios, entre pavilhões, nestes locais de passagem, de convívio, de conversa, onde se confrontam opiniões mais ou menos acaloradamente, com toda a informalidade, cá fora, também o espaço tem de ser propício à Educação, desta feita, sob a discreta mas atenta vigilância dos assistentes operacionais cujas funções, nunca será demais assinalar, são importantíssimas para o bom sucesso do projecto importantíssimo que está cometido ao Sistema Educativo, em geral, e a cada estabelecimento de ensino, em particular.

Não posso saudar mais calorosamente, a preocupação que a notícia veicula no sentido de melhorar a qualidade das instalações. Que cada instância, Ministério da Educação e autarquia, cumpra o que lhe está determinado neste domínio. Esse investimento, de certeza absoluta, não pressupõe qualquer prejuízo...
 
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No segundo dia da presidência aberta dedicada à educação realizaram-se visitas no âmbito das temáticas “ Instalações Escolares”, “Expressões Artísticas” e “Diversificação das Respostas Educativas”. ...
cm-sintra.pt
 



Histórico!

{publicado no facebook em 24.11.2015]

Acabo de saber a notícia. Finalmente, António Costa foi indigitado como Primeiro Ministro de Portugal. Vai governar na sequência de acordos de incidência parlamentar com o PCP, BE e PEV. Desde 1975 que tal cenário parecia impossível.

Faz precisamente amanhã quarenta anos que o saudoso Ernesto de Melo Antunes, através dos meios de comunicação social, em cima da hora - isto é, na altura em que o 'Grupo dos Nove' saía vencedor de uma movimentação militar muito complicada - fez uma alocução, perfeitamente oportuna e histórica.

Foi em 25 de Novembro de 1975. Foi o 25 de Novembro. Durante quatro décadas, até parece que o apelo de Melo Antunes, no sentido de se dever contar com o PCP como força partidária indispensável à Democracia e à vida democrática em Portugal, não tinha sido totalmente entendido... Foi agora. Cumpriu-se agora a sua avisada opinião.

Não deixa de ser curioso que Cavaco Silva, o mais desqualificado dos inquilinos de Belém desde que Portugal recuperou a vida democrática que estivera «impedida» entre 1926 e 1974, seja o Presidente que subscreve o despacho de indigitação daquele que vai contar com o PCP como aliado mais próximo e indispensável à governação do país.

Nos últimos quatro anos, Portugal e os portugueses estiveram sujeitos a uma das maiores humilhações desde 25 de Abril, humilhados por medidas desnecessárias e até algo cruéis do governo de Passos Coelho/Paulo Portas, cujas perversas consequências tanto sofrimento geraram e ainda vão perdurar.
 
Hoje faz-se História. E, se tal acontece, é por inequívoco mandato popular. Naturalmente, muito comovido, abraço todos os democratas com a mais nobre das saudações

Viva a República! Viva Portugal!

 



Pintasilgo,
à frente do tempo


[publicado no facbook em 24.11.2015]

Durante a semana passada, tanto no "Jornal de Letras" como na Revista "Visão", Helder Macedo tem ocupado algum e merecido destaque. Porque sou um dos seus fiéis leitores e, só muito raramente, perderei alguma das suas intervenções, também desta vez tenho estado atento.

Uma das memórias que HM tem posto em comum é a que se refere a Maria de Lourdes Pintasilgo, Primeira Ministra de um governo que, em 1979, contou com ele como Secretário de Estado da Cultura. Ah como eu compreendo o seu entusiasmo que, no seu caso, é alimentado pelo privilégio de com ela ter trabalhado de perto.

Diferente foi o meu caso mas, de qualquer modo, estava muito próximo dela. Desde o 25 de Abril até hoje não conheci político algum que tanto me tivesse impressionado e, em 1986, aquando da sua candidatura à Presidência da República, até dei por mim atrás dela pelas ruas de Lisboa, de braço dado com a Maria do Céu Guerra, atrás do seu carisma inolvidável, como nunca mais me sucedeu.

Quando, em Julho de 2004, MLP morreu, senti imenso a sua perda e, em cima da hora, escrevi um texto que foi publicado, em 16 daquele mês e ano, no 'Jornal de Sintra'. Passo a reproduzi-lo, lembrando que estávamos em vésperas de ver Santana Lopes indigitado para o cargo de chefe do governo. Naturalmente, depois das «fugas» de António Guterrres e Durão Barroso, tal indigitação já ultrapassava a minha capacidade de encaixe...

Fica, isso sim, a memória de uma personalidade absolutamente excepcional que, senhora de uma lucidez fascinante, de facto, estava muito à frente do tempo.

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Pintasilgo e os fariseus

Estava prestes a começar um dia de trabalho, participando numa reunião da Federação de Sindicatos da Educação a cujo Secretariado Executivo pertenço. Ia ocupar o meu lugar quando, algo de chofre, um companheiro me deu a notícia. Tinha morrido Maria de Lourdes Pintasilgo.

Por mais que, em termos meramente racionais, se imponha a inevitabilidade do fim, o que na realidade sucede é a dificuldade em aceitar, como coisa natural, que a morte me tivesse levado a amiga. O espanto, misturado com o choque, foram tão violentos que, de imediato, em sofrido amálgama, desfilaram a memória de vivências comuns e a partilha de ideais, o respeito e a admiração por quem formatava tantas das minhas referências, juntamente com a sua constante procura e o permanente encontro com a beleza, a música e a poesia no quotidiano, o franciscano desprendimento da matéria, a mais elevada noção de serviço...

E depois, subitamente, avassaladora, eis que a espiral do torvelinho me lançava na dimensão onde, apesar do encontro com os mais nobres valores, tudo bascula e resulta inevitável, irremediavelmente mais frágil, mais pobre. Assim, de repente, ainda no luto de António Sousa Franco, outro amigo do reino que não é só deste mundo, deixa-nos a Maria de Lourdes. No entanto, tão especial é o testemunho da sua vida que, pelo menos, aí nos fica o seu testamento político em altura que não podia ser mais propício à reflexão.

Não consigo, contudo, deixar de pensar em mais duas pessoas que, também como ela, reclamando-se da condição de católicos praticantes, exerceram as funções de Primeiro Ministro deste país. Como não pensar em António Guterres e Durão Barroso, esses dois grandes mestres da arte da fuga, que, com o maior despudor, no momento mais estratégico das suas pessoais e individuais motivações, ignoraram o interesse dos governados que tinham jurado defender, dando a entender que o faziam pelo superior interesse nacional ?...

Na realidade, o posicionamento cívico e político da Maria de Lourdes nada tem de coincidente com o destes dois perfeitos, completos e acabados fariseus. Foi sempre uma mulher empenhada nas causas bonitas, com invulgar investimento intelectual nos mais diversificados domínios das ciências e das humanidades, preparadíssima para enfrentar os desafios do seu tempo, ela que, invariavelmente, esteve à frente do tempo.

Num país que, entre outros desfavoráveis factores, apresenta uma pobreza endémica e estrutural, com mais de vinte por cento de pobres absolutos, neste Portugal que continua a ter a maior taxa de analfabetismo pleno e funcional de toda a União Europeia, Maria de Lourdes Pintasilgo elegeu como campos preferenciais de actuação, a promoção sociocultural das mulheres, a alfabetização, o combate contra a pobreza, a defesa da democracia participativa, a ecologia, as energias alternativas.

Enquanto católica, dela fica a memória de um permanente alinhamento com os sectores da Igreja progressista, de militante para quem a Fé era factor de maior exigência na qualidade do serviço aos outros. Pessoas como a Maria de Lourdes, o meu querido e saudoso Padre Alberto (que conheci no princípio dos anos sessenta, como professor do Liceu D. João de Castro, na paróquia de Belém e na Juventude Escolar Católica), os Padres Felicidade Alves, João Resina Rodrigues,
Elisete Alves, Gabriela Ferreira e gente mais nova, a Catalina Pestana, por exemplo, eram e são pessoas de tal estirpe e gabarito que, há mais de quarenta anos, se tinham adiantado ao próprio Concílio Vaticano II, instituindo atitudes e práticas de culto que, mesmo hoje, são consideradas revolucionárias.

Como é que, por oposição, não havia de me ocorrer o exemplo dos dois governantes que podem ter sido e virem a ser tudo o que a desmedida ambição lhes apontar sem que, jamais alcancem o estatuto de estadista que detinha Maria de Lourdes, como tal sendo considerada nos meios internacionais mais insuspeitos, juntamente e apenas com Mário Soares?

Estou certo de que os leitores habituais do Concelho Adiado compreenderão que tenha feito esta evocação da Maria de Lourdes Pintasilgo, cidadã a todos os títulos verdadeiramente excepcional, cujo último serviço à nação não foi acolhido. O conselho que o Presidente da República lhe solicitou não foi aproveitado, de nada serviu ter-se incomodado ao ponto de considerar que o país está a viver a pior crise desde o Vinte e Cinco de Abril.

Muito me pesa que a Maria de Lourdes tenha partido, necessariamente muito amargurada, apreensiva pela possibilidade de os destinos da nação serem confiados a um dos políticos menos qualificados, mais populistas, mais superficiais, o exemplo mais acabado de um hodierno conselheiro Acácio da nossa desgraçada classe política e pela mão de um padrinho que ninguém esperava que tivesse ali para os lados de Belém. Que desgosto não terá sido o seu?!

Quanto a nós, ao desgosto imenso de ter perdido uma referência vital, soma-se este de já pressentir em São Bento o poder da mais atrevida incultura, a galope na vacuidade de ideias, a ausência do sentido de Estado mascarada pelos fatos de bom corte, o charme pacóvio de um meia-tigela arvorado em chefe de governo, utilizado por astutos burgueses que dele se servirão para alcançar objectivos imediatos e prebendas.

 
 

 
 

segunda-feira, 23 de novembro de 2015




PR parcial, insignificante e incómodo
 
 
Como é que este tipo se permite impor tais exigências a António Costa quando, durante a última legislatura, aguentou tudo quanto já não era possível aguentar ao «seu» governo da coligação, nomeadamente, as tropelias contra o teor das disposições constitucionais, os desafios constantes do PSD/CDS ao Tribunal Constitucional, o episódio da irrevogabilidade invocada por Portas que terá custado ao país qualquer coisa como dois mil e trezentos milhões de Euros em dois ou três dias?
 
Não há como aguentar tanta falta de nível, tanta incapacidade de encaixe relativamente à solução de governabilidade que o PS e os partidos à sua esquerda foram capazes de conceber, no respeito pelo inequívoco resultado ditado pela consulta eleitoral? Há, sim senhor. Tem de haver porque, como soe dizer-se, valores mais altos se levantam.

A propósito, convém pôr em comum a lógica da sua atitude. Percebe-se perfeitamente, aliás, que este indivíduo tenha sido Presidente de um PSD que se reclama de uma «social-democracia» que nada tenha a ver com a social democracia europeia e, isso sim, se alinha com as forças liberais e neo-liberais que o Partido Popular Europeu acoita.

Maior dificuldade teremos em entender como o actual PR, ex-presidente do partido da São Caetano à Lapa - aparente herdeiro de princípios e valores que nortearam alguns dos seus mais dignos militantes, desde os fundadores até outros que, mais recentemente, se afastam da linha ultra-liberal de Passos Coelho - seja tão incapaz, seja tão falho como homem de Estado e, ao fim e ao cabo, ainda mais pacóvio do que alguma vez se poderia imaginar.
 
Tudo tem limites. A falta de nível como homem de Estado também tem limites. Mas, quando é marca tão distintiva e indissociável de quem ocupa a mais alta instância da representatividade da República, é uma verdadeira tristeza. Enfim, convenhamos que 'tristeza' será o menos contundente dos substantivos aplicáveis à circunstância...

Ao António Costa, ao Jerónimo de Sousa, à Catarina Martins e à Heloísa Apolónia, votos de que saibam munir-se da santa paciência de Job. Sem perda de dignidade, que aguentem o que for preciso, demonstrando como a sua estatura de democratas deixa a uma distância considerável a pequenez de um insignificante embora incomodativo PR, que, coitado, já tanto desceu que nem é possível ajudá-lo a terminar o mandato com dignidade.

Tenha-se em consideração que suportar estas «cavaquices» de fim de ciclo, afinal, é coisa de apenas mais uns dias. De facto, em tempos recentes, nunca valores tão altos se levantaram como perspectiva de um futuro digno. Vale a pena a paciência. E também é oportunidade soberana para mostrar e demonstrar a mais-valia e a superioridade que assistem aos propósitos das forças da esquerda.
 
 
 
 
O Presidente da República recebeu hoje, em audiência, o Secretário-Geral do Partido Socialista, a quem…
presidencia.pt
 
 
 


22 de Novembro de 1913
Nascimento de Benjamin Britten (m. 1976)

[publicado no facebook em 22.11.2015]

Em 2013, por altura do centenário do compositor, escrevi vários artigos que, à guisa de colectânea, por se tratar de várias dezenas de páginas, concentrei no meu blogue sintradoavesso, em cujo arquivo os poderão encontrar, na maior parte dos casos, em articulação com composições que me interessou divulgar no ano jubilar.
 
Hoje, neste que também é dia de Santa Cecília, patrona dos músicos, deixaria a sugestão de acederem ao "Hymn to St Cecília", obra coral composta por um Britten extremamente orgulhoso de ter nascido nesta data tão auspiciosa, peça que, pois claro, se ouviu pela primeira vez também num dia 22 de Novembro, em 1942.

Como poderão verificar, o texto de Wystan Hugh Auden - universalmente conhecido como W. H. Auden (1907 - 1973), poeta anglo-americano considerado como um dos grandes autores do século XX - é belíssimo e excelente a interpretação confiada ao conjunto vocal britânico "Tenebrae" e Nigel Short.

I Parte:

In a garden shady this holy lady
With reverent cadence and subtle psalm,
Like a black swan as death came on
Poured forth her song in perfect calm:
And by ocean's margin this innocent virgin
Constructed an organ to enlarge her prayer,
And notes tremendous from her great engine
Thundered out on the Roman air.

Blonde Aphrodite rose up excited,
Moved to delight by the melody,
White as an orchid she rode quite naked
In an oyster shell on top of the sea;
At sounds so entrancing the angels dancing
Came out of their trance into time again,
And around the wicked in Hell's abysses
The huge flame flickered and eased their pain.

Blessed Cecilia, appear in visions
To all musicians, appear and inspire:
Translated Daughter, come down and startle
Composing mortals with immortal fire.


II Parte:

I cannot grow;
I have no shadow
To run away from,
I only play.

I cannot err;
There is no creature
Whom I belong to,
Whom I could wrong.

I am defeat
When it knows it
Can now do nothing
By suffering.

All you lived through,
Dancing because you
No longer need it
For any deed.

I shall never be
Different. Love me.

Blessed Cecilia, appear in visions
To all musicians, appear and inspire:
Translated Daughter, come down and startle
Composing mortals with immortal fire.


III Parte:

O ear whose creatures cannot wish to fall,
O calm of spaces unafraid of weight,
Where Sorrow is herself, forgetting all
The gaucheness of her adolescent state,
Where Hope within the altogether strange
From every outworn image is released,
And Dread born whole and normal like a beast
Into a world of truths that never change:
Restore our fallen day; O re-arrange.

O dear white children casual as birds,
Playing among the ruined languages,
So small beside their large confusing words,
So gay against the greater silences
Of dreadful things you did: O hang the head,
Impetuous child with the tremendous brain,
O weep, child, weep, O weep away the stain,
Lost innocence who wished your lover dead,
Weep for the lives your wishes never led.

O cry created as the bow of sin
Is drawn across our trembling violin.

O weep, child, weep, O weep away the stain.
O law drummed out by hearts against the still
Long winter of our intellectual will
.
That what has been may never be again.

O flute that throbs with the thanksgiving breath
Of convalescents on the shores of death.

O bless the freedom that you never chose.
O trumpets that unguarded children blow
About the fortress of their inner foe.

O wear your tribulation like a rose.
Blessed Cecilia, appear in visions
To all musicians, appear and inspire:
Translated Daughter, come down and startle
Composing mortals with immortal fire.


Boa audição!
 
 
A little treat for St. Cecilia's day :-) B. Britten's wonderful "Hymn to St. Cecilia" performed by british vocal ensemble "Tenebrae" and Nigel Short.
youtube.com
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