[sempre de acordo com a antiga ortografia]

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Restauros,
cotação em alta

Atentos que andamos a tudo quanto, em Sintra, possa constituir lenitivo que compense a teimosa permanência de graves situações, irredutivelmente imutáveis apesar da urgência de actuação, na semana passada tivemos motivo para um certo alento. Na realidade, poucas notícias tanto nos poderiam ter alegrado como a que desceu da Serra, relativa à recuperação e restauro de duas das peças patrimoniais que mais lugar ocupam nos nossos afectos.
Quanto ao Palácio de Monserrate - na sequência da campanha de obras de que tem sido objecto em tempos recentes, os quais vão permitindo que o público aceda e usufrua dos espaços entretanto recuperados - os trabalhos de beneficiação irão prosseguir no interior, de tal modo que, cada vez mais, inclusive a nível institucional, possa funcionar como uma das mais dignas salas de visitas de Sintra.
Relativamente ao Chalé*da Condessa, cujo estado tem suscitado tantas e naturais preocupações por parte de cidadãos empenhados - e, finalmente, também na sequência de decisivas iniciativas da actual administração da Parques de Sintra Monte da Lua - vai sofrer uma intervenção à altura das circunstâncias que respeitará a identidade do edifício, a sua génese, as suas características, as memórias de Fernando e Elise e o espírito do lugar para que permaneça inequívoca aquela felicíssima e incomparável relação do imóvel com tudo o que o rodeia.
Bom será não esquecer que, para benefício do restauro em questão, deveria ser equacionado o envolvimento da Escola Profissional de Recuperação do Património de Sintra, que conta com um acervo documental de grande interesse já que, antes do incêndio, procedeu à completa recolha gráfica e fotográfica de todos os aspectos da construção e decoração do edifício, assim devolvendo à comunidade parte do grande investimento que a própria autarquia tem concretizado naquele estabelecimento de ensino. É uma oportunidade imperdível para antigos e actuais alunos e para a demonstração pública da alta qualidade da formação ali ministrada.
A gratidão tem nomes
Da EFTA (Associação Europeia de Comércio Livre) vão chegar significativos recursos. Parabéns à PSML que os soube ir buscar e negociar de tal modo que o fundo cobrirá setenta por cento do investimento em apreço, ou seja, cerca de um milhão e meio de euros, para Monserrate e chalé. Efectivamente, a actuação da empresa tem sido muito correcta [para desgraça bastou a dos tempos do biólogo-gestor Serra Lopes...] e discreta quanto baste. A João Lacerda Távares, vereador da CMS e membro da administração, justo é que lhe dirijamos uma palavra de reconhecimento e de incentivo.
Não cabe aqui referir, nominalmente, o empenho de alguns cidadãos nesta luta que já conta muitos anos de desgostos. Todavia, cometeria uma flagrante injustiça se não evidenciasse o envolvimento da Alagamares - para todos os efeitos, realmente a única associação de Defesa do Património de Sintra - que ao caso do chalé da Condessa tem dispensado uma atenção a todos os títulos assinalável.
Separando o trigo do joio, também continuam a pendurar-se os oportunistas do costume, militantes imobilistas por definição e natureza, identificados pelo "Saloio"** como os defensores das florinhas da Volta do Duche, que se colocam em bicos dos pés para ficarem em todas as fotografias, tentando apanhar a boleia de todos os comboios já em andamento, a quem a autarquia, incompreensivelmente, concede um crédito público totalmente imerecido. Tarda aparecer alguém a dizer que o rei vai nu...
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* Verifico que algumas pessoas continuam a referir este tipo de construção, com grafia francesa. Acontece, no entanto, que a Academia das Ciências de Lisboa admitiu a grafia chalé, aliás, tal como aparece no seu dicionário editado em 2001, pelo que esta deverá ser preferida.
** Vd. espaço reservado a comentários deste blog, "Saloio", 25.10.07.

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