[sempre de acordo com a antiga ortografia]

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Hora dos independentes

Nos últimos dois dias, a pretexto da abordagem de problemas que afectam a Av. Heliodoro Salgado, partilhei convosco algumas preocupações acerca do modelo político de governação autárquica vigente, há trinta ou mais anos, em que a justa aspiração à melhoria de qualidade de vida, é quotidianamente posta em causa neste concelho desmesurado.

Pois o concelho de Sintra – ao fim e ao cabo tão português como os demais – cujas escala e características estão perfeitamente estudadas, onde difíceis questões de ordem cultural, educacional ou económica desafiam as mais altas competências de gestão, tem estado nas mãos de autarcas apenas tão medíocres como a generalidade da classe política que governa o país, tanto a nível central como local.

Enfim, nada mais natural. Durante anos e anos seguidos, nem um movimento digno de realce, que pudesse ser classificado como estratégico, só a mera gestão da multifacetada crise, que nunca cessou de aumentar, como resultado evidente e esperado de uma navegação à vista, sem qualquer centelha nem rasgo. Qualquer de nós terá a maior dificuldade em apontar algo que tenha melhorado inequivocamente ou que possa destacar-se como positivo.

Num pequeno parêntesis, e ao correr da pena, apenas me ocorre e apraz registar, como inequívoco sinal de esperança, as mudanças na Parques de Sintra Monte da Lua, cujo novo conselho de administração nos dá garantias suficientes de recuperação de um quadro altamente lesivo do património inestimável confiado à empresa, que o biólogo Serra Lopes comprometera de maneira tão significativa que a sua gestão até foi objecto de auditorias e de investigação judiciária.

E, justiça máxima seja feita, como verdadeiramente estratégica, a atitude de Fernando Seara se opor contra tudo e contra todos os poderosos promotores do já mencionado e famigerado projecto da Sintralândia. Ou, ainda, mas em escala menor, também a franca oposição aos sucessivos movimentos de tentativa de assalto ao Vale da Raposa.

Fecho o parêntesis e volto à questão central. Quando, em 2009, nos dispusermos a votar nas eleições autárquicas, já terão passado trinta e cinco anos sobre o Vinte e Cinco de Abril. A exemplo do que tem acontecido noutros lugares, com destaque para a própria capital do país, é tempo jogar noutro tabuleiro.

Cumpre propiciar o aparecimento de candidaturas credíveis, alternativas independentes das lógicas partidárias – as tais que apenas têm demonstrado como são incapazes de inovar e de renovar – conduzidas por cidadãos com provas dadas, de inequívoca entrega ao serviço desta terra, decididos e convencidos de que deles depende a recuperação do ânimo de tantos cidadãos desiludidos mas não desatentos.

Há gente a movimentar-se. Sabemo-lo. Penso ter chegado o momento de tais pessoas se apresentarem aos munícipes e de iniciarem o processo de conquista dos que ainda forem mobilizáveis, para a constituição de uma plataforma de base de sustentação, que leva tempo a radicar-se, sem a qual não é possível qualquer motivação de vontades.

1 comentário:

Anónimo disse...

Estimado Dr. João Cachado

Conheço um pessoa que é presidente de Junta de Freguesia de Sintra que já anda quase a fazer campanha. Mas é militante do PS... Vai por lá uma confusão entre a Fátima Campos e a Ana Gomes que este faz bem em avançar. Toda a gente sabe quem se trata. É um homem da terra mas não se pode dizer que é independente. Isto assim gera muita confusão. Sintra precisa de independentes verdadeiros que não tenham que fazer favores aos seus partidos. Mas não estou a ver onde estão. Porque não diz o Dr. Cachado tudo o que parece que sabe?

Um abraço

Artur Sá