[sempre de acordo com a antiga ortografia]

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Seteais,
estratégias de comunicação

(conclusão)


Daí que, mais uma vez, tenha decidido abusar da vossa paciência. Faço-o, no entanto, na convicção de que não deixo de representar muitos munícipes que, não me tendo passado procuração, certo é que se sentem representados pelas minhas palavras.

Todos ficamos na expectativa de que a Câmara Municipal de Sintra sinta necessidade de se informar quanto ao que está a acontecer. Todos esperamos que, em defesa dos interesses dos cidadãos e munícipes sintrenses, a autarquia informe a comunidade relativamente às suas diligências sobre um bem patrimonial que, estando sob a tutela do poder central, constitui, ao longo de séculos, um marco altamente simbólico desta comunidade.

Ao fim e ao cabo, num tempo em que a comunicação é tão fácil quanto exigente, venho solicitar à Câmara Municipal de Sintra que, para já, apenas acerca de Seteais, adopte uma eficaz estratégia de comunicação. Julgo que não é pedir demais já que me refiro a um direito fundamental.

Nota final

Nos últimos dias, como verificaram, estive exclusivamente voltado para Seteais. Com tanto assunto para trabalhar – numa terra que, infelizmente, é pródiga em matéria susceptível de ser notícia pelas piores razões – julgo ter feito o que se impõe. Seteais, repito, não é um fait divers. O que ali está acontecendo, apresenta duas vertentes muito preocupantes, ou seja, por um lado, o designado encerramento temporário e, por outro, a polémica construção do depósito de água.

Primeiramente, o encerramento não se justifica, não é razoável e, por mais que se afirme que são razões de segurança que o determinaram, a realidade contraria em absoluto argumento tão fraco e falacioso. E, de facto, se pretendem invocar razões e preocupações com a segurança de pessoas e bens, elas já estão a dar que falar mas, claramente, fora do recinto.

A propósito de segurança, vou estar muito atento, isso sim, aos resultados do acidente de que foi vítima o condutor do veículo de transporte de turistas (vd., neste blogue, Última hora de 20.06.08) que põe em causa os serviços da empresa que está envolvida com o grupo Espírito Santo na recuperação de Seteais.

Em segundo lugar, extremamente preocupante, a tal construção. Ontem mesmo fui à reunião pública do executivo municipal denunciar esta situação que também já foi objecto de pedido de esclarecimento ao IGESPAR, por parte da administração da Parques de Sintra Monte da Lua e de comunicação à UNESCO. O Senhor Presidente da Câmara mandou extrair cópia da Acta para fazer seguir um pedido de esclarecimento ao IGESPAR.

Afinal, como facilmente se conclui, há todas as razões para acompanhar e apoiar esta luta que a ALAGAMARES lidera, na sua qualidade de única e inequívoca associação preocupada, motivada e envolvida na defesa do património de Sintra, sem medos atávicos de ferir a susceptibilidade de quem quer que seja.

A defesa do património pressupõe correr riscos, inclusive o de ser acusado de procurar protagonismo… A ALAGAMARES, em digno trabalho de exemplar cidadania, expõe-se publicamente em defesa do nosso património e, por tudo isto – como se já não bastasse tudo o que tem feito nos últimos anos, em vários domínios da actividade da animação cultural – ganhou o inequívoco crédito e o lugar que os sintrenses preocupados com estes assuntos já desesperavam de atribuir a quem efectivamente merece. Naturalmente, também o seu Presidente, o Dr. Fernando Morais Gomes, está de parabéns.

3 comentários:

Unknown disse...

Meu caro João Cachado,

O tema é de grande sensibilidade, já que não se trata de uma questão local mas de um atentado a um património que está identificado pela UNESCO. Em correio separado, envio-lhe uma fotografia aérea do tanque antigo, o tal histórico que deveria ter sido preservado, se a sua defesa tivesse sido uma opção imediata. A UNESCO deve ser avisada.

Vivemos enrolados, enrolam-se e desenrolam-se, que sim e que não, o tempo passa e do outro lado tudo avança, enquanto do nosso lado vamos desacreditando.

Só a ALAGAMARES, cada vez mais a única, se empenhou - ao seu lado – na denúncia dos direitos públicos ofendidos, exigindo a abertura dos jardins e a defesa dos espaços.

E nós, que devemos fazer? Então não é o Município a única entidade local com o estatuto e a obrigação inequívocos para a defesa e/ou preservação deste riquíssimo património, passando das retóricas para as exigíveis posições políticas?

É porventura necessário o desgaste frequente, as insistências, os alertas, as citações e todo um conjunto de participações em nome da cidadania, para nos vermos confrontados tantas vezes com patamares de indiferença?

Andamos a dar formação a tantos políticos (connosco vão aprendendo e construindo o seu futuro) e ainda temos de nos confrontar com panoramas em que as coisas se arrastam e as soluções fáceis acabam por se tornar complexas ou os com danos irreversíveis?

Quem irá repor o tanque já destruído? Quem é que, politicamente, pelas delongas, é responsável pela destruição verificada?

O Meu amigo Palha, engenheiro e investigador, dizia há dias que estamos na fase da endemia do segundo mandato, aconselhando os munícipes a curarem-na em futuras eleições autárquicas.

Sintra do avesso disse...

Meu Caro Fernando,

Oxalá o seu comentário seja lido por quem de direito. Mas, ao fim e ao cabo, cumpre perguntar: afinal, quem é de direito?

Oxalá ainda haja hipóteses de reparação. Estou a redigir um mail para o director do IGESPAR, já hoje voltei a contactar com o Senhor Presidente da Câmara, desdobro-me em contactos, ando preocupadíssimo e é como o meu amigo vê: não fosse a Alagamares, o meu amigo e mais um punhado de sintrenses da velha guarda, tudo isto passava em branco.

Eu tenho, nós não podemos deixar de ter a esperança de que a Câmara não nos abandone, por muitos que sejam os sinais que vem dando em sentido contrário. Estou em crer que, apesar de tudo, o caso não vai cair no esquecimento dos gabinetes. Sei que, como eu, há por aí uma série de cúmplices que não vão deixar cair este caso que está tão carregado de simbologia para as gentes de Sintra.

Cumprimentos ao nosso comum amigo Palha. Para si, o grande abraço do

João Cachado

Sintra do avesso disse...

Ah é verdade, caro Fernando,

Valha-nos a Alagamares. Felizmente, no meio de tanta desilusão, estamos devidamente enquadrados pela única associação de defesa do património que luta em Sintra por aquilo que vale a pena lutar . Aliás, como bem se tem verificado, nem se dá pela existência de qualquer outra gente... A vergonha é tanta que se devem ter escondido naquela que é a sua sede oficial, ou seja, a providencial caixa postal na estação de correios...

Mais um abraço do

João Cachado