[sempre de acordo com a antiga ortografia]

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

"Louvar Amar

(...)

Sintra é o único lugar do país em que a História se fez jardim. Porque toda a sua legenda converge para aí e os seus próprios monumentos falam menos do passado do que de um eterno presente de verdura. (...)

Mas é de pedir e de desejar que a cidade a não invada com o desembaraço expeditivo de quando expulsa dela o paraíso para o inferno entrar. Que esse inferno passe de largo com a perda da esperança, para que ela e o mais aqui continuem. Porque, como numa mesquita ou em certas salas reservadas, há que deixar à porta o que de impureza arrastamos com os pés. (...)

Um banco e uma sombra tranquiliza-nos do nosso excesso e é possível então ouvir em nós a voz que outras vozes ensurdeceram. Amar o seu silêncio, a frescura inicial da alma, a História e monumentos feitos elementos da Natureza. Amar a legenda sempre recente, a memória breve, a iniciação à alegria que não cansa.

Louvar Sintra. Amar Sintra"

Vergílio Ferreira

Fontanelas, 18 de Junho de 1994




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Esta a Sintra-Sintra tão genesíaca como agredida,

indefesa, cercada, afligida pela urbe.

Esta a Sintra-Sintra, altar conspurcado por pacóvios,

videirinhos e politiqueiros de pacotilha,

ignorantes e parasitas, que não consegue expulsar.



Vergílio Ferreira escreve

sobre uma esperança que não está perdida.

Perante muito concretos desafios,

é possível resistir. Se necessário,

lutar de chicote em riste,

como O Outro fez aos vendilhões do templo.

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