[sempre de acordo com a antiga ortografia]
terça-feira, 31 de março de 2009
Pobre magalhães
Recentemente, a Ministra da Educação foi ao Parlamento dar explicações acerca das circunstâncias que terão determinado o aparecimento de uma série de erros de língua portuguesa nas instruções de certos jogos com que o computador magalhães foi dotado.
Tanto quanto a polémica governante deu a entender, houve material que, pura e simplesmente, não foi objecto de controlo por parte do Ministério da Educação, que considerou ter terminado o seu trabalho de supervisão antes que o fabricante tivesse dado o produto como definitivamente acabado. Isto não é ligeira coisa, uma vez que os mecanismos de controlo, avaliação e certificação obedecem a regras que não podem ser postas em causa tão displicentemente.
Já anteriormente, num discurso não coincidente mas afim, a Subdirectora-Geral da Inovação e Desenvolvimento Curricular havia afirmado que os Serviços tinham controlado tudo menos as instruções dos programas onde, ao fim e ao cabo, estavam os erros, só mais tardiamente detectados, sem hipótese de remediação, quando os aparelhos já estavam em poder dos destinatários.
Se, de facto, assim aconteceu, no quadro das pressas,* à mistura com a desenfreada propaganda do Governo e das suas mais que descaradas manobras eleitoralistas, não há consequências para os responsáveis? Andaram a brincar com o dinheiro dos contribuintes, colocaram nas mãos de crianças das escolas um produto com erros de palmatória e tudo fica em águas de bacalhau?
Ou, como sempre costuma acontecer neste desgraçado país, não há responsáveis? Será como em Entre-os-Rios, com a queda da ponte? Será como em Belas, na sequência da cheia de Fevereiro do ano passado? Nuns casos, até há morte de cidadãos cujo único erro foi estar no lugar errado à hora errada. Noutros, como é o caso – estando a montante a mesmíssima cultura de desleixo – os graves prejuízos poderiam ter sido evitados.
Triste sina a de Fernão de Magalhães. Na realidade, a que pior destino podia ter ficado ligado o seu nome? magalhães, naturalmente, em itálico, naturalmente minúsculo, já passou à condição de símbolo da nacional, generalizada, proverbial incúria e de vergonhosa irresponsabilidade. Felizmente, em Espanha, outro é o respeito pelo grande navegador...
* Vd. texto publicado em 12 do corrente
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1 comentário:
Amigo Dr. Cachado,
Em Sintra também há muita gente e produtos com muitos defeitos. De facto o magalhães é uma vergonha mas, por exemplo, coisas prometidas que continuam a faltar em Sintra, como o estacionamento são uma desgraça. Mas quando se faz obra positiva na Monte da Lua veja que logo atacam. Como já tenho alguma idade conheço bem esta gente, as invejas e as más intenções.
Continue nas suas denúncias. Cumprimentos da
Rosa F.
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