[sempre de acordo com a antiga ortografia]

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Sintra,
partidas e chegadas*

Parece-me muito interessante a ideia defendida pela CDU de Sintra, por ocasião das comemorações do centenário da Força Aérea Portuguesa, de propor a abertura à aviação civil da Base Aérea no.1, na Granja do Marquês. Apesar de não ser a primeira vez que a sugestão é ventilada, cumpre saudar tanto os argumentos como o sentido de oportunidade.

Vive-se um momento de particular turbulência económico-financeira, no meio de uma crise de preocupantes contornos, cuja primeira consequência vai no sentido de equacionar o novo paradigma para a conjugação do binómio energia/transportes. Nestes termos, a proposta daquela coligação partidária reveste-se de particular acuidade e pertinência para o futuro de Sintra, em especial, no contexto de uma zona metropolitana carecida de medidas verdadeiramente estratégicas que não comprometam o seu futuro.

Na realidade, a exemplo do que acontece nos arredores de capitais europeias como Londres, Bruxelas ou Paris, cujos aeroportos principais se articulam com pequenas unidades aeroportuárias, em rede complementar que permite especializar funções e servir destinatários específicos, também Lisboa precisaria que Sintra permitisse o descongestionamento da Portela e de Tires, constituindo-se o nosso aeródromo como inequívoca mais-valia para o desenvolvimento económico do concelho.

Relativamente a medidas estratégicas no âmbito dos transportes, ainda me parece da maior relevância se concretizasse o sonho, tantos anos esquecido, que passaria por unir Sintra, Estoril e Cascais, através de uma linha de eléctrico ligeiro rápido, muito simples e funcional, com as vantagens que todos conhecem. Prejuízos? Estou em crer que só a empresa rodoviária, actualmente monopolista do péssimo serviço, poderia reclamar…

Todavia, muita coisa teria de mudar.

A propósito, e, para todos os efeitos, oxalá estejamos a viver o estertor desta fase de proverbial incapacidade da autarquia, patente no escândalo do actual carro eléctrico – já aqui tantas vezes denunciado – que, depois de investimento tão significativo, apenas circula entre Estefânea e Ribeira. Por mais que procurasse, difícil seria encontrar maior símbolo de incompetência!


*Publicado no JS, 6ª Coluna, 17.07.09






1 comentário:

Anónimo disse...

Não sendo um especialista em aeronáutica e salvaguardando uma opinião mais fundamentada parece-me que a proposta pode ter alguns inconvenientes. Não sei qual o ângulo de ataque ao solo de um avião comercial durante a aterragem. Calculo que esse ângulo seja diferente de um avião militar. Tenho dúvidas que, analisadas as zonas circundantes á base, seja possível aterrar um avião comercial em completa segurança se verificarmos que existem urbanizações como Fitares, Mercês e Mem-Martins naquele que julgo ser o enfiamento natural de aterragem. Questiono ainda os efeitos na qualidade de vida das populações de Rio de Mouro e Mem-Martins caso existisse um tráfego aéreo intenso.
Penso que terá de ser uma questão analisada com muito cuidado e ponderação.

Atenciosamente


Bruno Parreira