A não esquecer
A manipulação do texto de Fernando Castelo pela directora do Jornal de Sintra* é um facto demasiado importante para que, passada que é uma semana, apesar do destaque neste mesmo blogue, se considere assunto encerrado. Muito menos, aliás, seria de aceitar que a voragem dos dias que passam possa contribuir para o branqueamento da questão, agora preocupados que estamos com as eleições locais e, portanto, na luta pela mudança em Sintra.
Gostaria não esquecessem os leitores que, por tal coisa se ter passado, em solidariedade com alguém que, pelo menos tanto como eu, através da sua intervenção cívica, se tem batido pelo bem estar e progresso de Sintra, decidi deixar de enviar os meus textos para o Jornal de Sintra enquanto a sua direcção não passar para as mãos de alguém insusceptível de procedimentos que tais.
Reparem que não se tratava de um qualquer escrito de somenos. Para que tudo devidamente se esclareça, importa recordar que, há quase um ano, no próprio JS, na fortíssima denúncia inicial da construção da residência de Pais do Amaral na Quinta do Vale dos Anjos,** não senti a mínima pressão por parte da directora para que atenuasse o verbo.
Já naquela altura se tratava de chamar a atenção para as ofensas em curso num local particularmente característico e sensível em termos do património natural e edificado. Já na altura acusei o hoteleiro concessionário, o grupo Espírito Santo, de ter destruído o tanque da Quinta de Seteais com a conivência da Igespar e da Câmara de Sintra. Também dava a entender que uma série de entidades, desde o Parque Natural de Sintra-Cascais, ao Igespar e à mesma Câmara de Sintra estariam a montante do despacho favorável à construção da residência, a uma cota mais alta do que o Palácio.
Então, porquê e agora a actuação da directora do Jornal de Sintra? Outra coisa não se pode pensar que não fosse o facto de, a propósito do mesmo assunto, Fernando Castelo se ter permitido incomodar o Prof. Fernando Seara, ironizando com o factor dedicação, motivo condutor da sua campanha eleitoral, à conquista da reeleição na presidência da Câmara Municipal de Sintra.
O escrito de Fernando Castelo insere-se, isso sim, num contexto de pré campanha eleitoral e foi precisamente nesse quadro, tão especialmente sensível, que a directora do jornal se permitiu manipular título e último parágrafo no sentido de o descaracterizar como já fazendo parte da tal pré campanha, reduzindo-o à inócua expressão de um artigozito de opinião, nos termos em que qualquer leitor se pode manifestar, contra qualquer coisa que aconteça por aí, suscitando mais ou menos reparos.
Ora bem, caros amigos, é contra isto que me insurjo. É inadmissível que num jornal onde nada do género aconteceu durante 75 anos, actualmente se assista a tão grosseira manobra de manipulação. E, muito sinceramente, porque se trata de um sério caso, gostaria de sentir como este incómodo que por aqui perpassa também vos atinge tal como a mim próprio e, naturalmente, ao Fernando Castelo.
Estamos a entrar na campanha eleitoral para as autárquicas em Sintra. Estamos a jogar aquilo que podemos porque pretendemos a mudança, todos o afirmamos. A mudança, insisto. Então, se assim é, nem sequer vamos dizer ao Jornal de Sintra como a atitude da sua directora constitui um sintoma muito perturbador dos tempos que passam? Porque é um sinal de retrocesso a um tempo durante o qual alguns de nós lutámos para que tais práticas jamais voltassem?
Se querem que vos diga, se a campanha eleitoral também não passar pela afirmação da Liberdade – contra este e outros sinais tão perturbadores da vida da nossa comunidade, através do uso e abuso de órgãos da comunicação social – então ficaremos aquém do momento que fomos chamados a viver, como cidadãos munícipes e fregueses de lugares que merecem o melhor de nós.
E o melhor de nós passa por não calar nem deixar andar…
PS:
Se conhecerem leitores do JS que, pelas razões do costume, não acedam a este blogue, contem-lhes das minhas razões. Digam-lhes que é por respeito por eles que os meus textos deixaram de aparecer no Jornal de Sintra.
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** textos publicados neste blogue em 2o.10.08 e 21.10.08.
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Sintra – Eleições Autárquicas
MANIFESTO DE APOIO A ANA GOMES
Através da nossa frequente intervenção cívica, quer em sessões de Assembleia Municipal e de Reunião Pública de Câmara, quer em artigos publicados em jornais e revistas regionais, blogues, etc., estaremos entre os sintrenses que mais frequentemente se manifestam pela defesa dos interesses da causa pública.
Neste contexto, quando se justificou, não regateámos apoio ao actual Presidente da Câmara, sempre no sentido de que o concelho desse passos rápidos para o desenvolvimento e melhoria da qualidade de vida dos seus habitantes.
Confiámos que, tanto o Património Histórico como as outras componentes Culturais e o Turismo sintrenses beneficiariam do anunciado desenvolvimento sustentado, aproximando-os das sociedades mais evoluídas, em condições ideais à recuperação do tempo perdido.
Ao longo de oito anos, sendo os últimos quatro com maioria absoluta, esperámos pela concretização de novos projectos em que Sintra pudesse ser mais do que metáfora utilizada em estéreis discursos políticos, antes um território de bem-estar colectivo, com manifesta evolução qualitativa.
Ainda que não se deixe de valorizar a desistência de construção do parque de estacionamento subterrâneo na Volta do Duche, ou a não concretização do famigerado Parque Temático Sintralândia, bem como a rejeição de um desadequado projecto para o Vale da Raposa, não podemos salientar outros actos particularmente relevantes.
Infelizmente, também não assistimos à concretização de estruturas determinantes da qualidade de vida, tais como parques periféricos de estacionamento, recuperação do Centro Histórico, matrizes incentivadoras do comércio de proximidade, uma nova rede de transportes públicos estratégicos, higiene urbana e turismo qualificado.
Esgotaram-se as nossas ambições de índole colectiva. Não obtivemos resultados compatíveis com a vontade expressa pelos munícipes, ao passo que elevados recursos financeiros foram canalizados para entidades cujos projectos não respondem às necessidades em presença.
Nestes termos, após detida análise, decidimos apoiar a candidatura da sintrense Ana Gomes, prestigiada figura da vida política nacional e internacional, porque se nos afigura como reunindo os meios e as condições bastantes para liderar o processo que conduzirá Sintra à fase de evolução positiva que merece
Na nossa qualidade de cidadãos independentes, gostaríamos de salientar que este inequívoco apoio à candidatura de Ana Gomes, nas eleições autárquicas, não deve ser entendido como extensível a qualquer das candidaturas envolvidas nas Eleições Legislativas.
Em Sintra, aos 23 de Setembro de 2009-09
João Cachado
Fernando Castelo
MANIFESTO DE APOIO A ANA GOMES
Através da nossa frequente intervenção cívica, quer em sessões de Assembleia Municipal e de Reunião Pública de Câmara, quer em artigos publicados em jornais e revistas regionais, blogues, etc., estaremos entre os sintrenses que mais frequentemente se manifestam pela defesa dos interesses da causa pública.
Neste contexto, quando se justificou, não regateámos apoio ao actual Presidente da Câmara, sempre no sentido de que o concelho desse passos rápidos para o desenvolvimento e melhoria da qualidade de vida dos seus habitantes.
Confiámos que, tanto o Património Histórico como as outras componentes Culturais e o Turismo sintrenses beneficiariam do anunciado desenvolvimento sustentado, aproximando-os das sociedades mais evoluídas, em condições ideais à recuperação do tempo perdido.
Ao longo de oito anos, sendo os últimos quatro com maioria absoluta, esperámos pela concretização de novos projectos em que Sintra pudesse ser mais do que metáfora utilizada em estéreis discursos políticos, antes um território de bem-estar colectivo, com manifesta evolução qualitativa.
Ainda que não se deixe de valorizar a desistência de construção do parque de estacionamento subterrâneo na Volta do Duche, ou a não concretização do famigerado Parque Temático Sintralândia, bem como a rejeição de um desadequado projecto para o Vale da Raposa, não podemos salientar outros actos particularmente relevantes.
Infelizmente, também não assistimos à concretização de estruturas determinantes da qualidade de vida, tais como parques periféricos de estacionamento, recuperação do Centro Histórico, matrizes incentivadoras do comércio de proximidade, uma nova rede de transportes públicos estratégicos, higiene urbana e turismo qualificado.
Esgotaram-se as nossas ambições de índole colectiva. Não obtivemos resultados compatíveis com a vontade expressa pelos munícipes, ao passo que elevados recursos financeiros foram canalizados para entidades cujos projectos não respondem às necessidades em presença.
Nestes termos, após detida análise, decidimos apoiar a candidatura da sintrense Ana Gomes, prestigiada figura da vida política nacional e internacional, porque se nos afigura como reunindo os meios e as condições bastantes para liderar o processo que conduzirá Sintra à fase de evolução positiva que merece
Na nossa qualidade de cidadãos independentes, gostaríamos de salientar que este inequívoco apoio à candidatura de Ana Gomes, nas eleições autárquicas, não deve ser entendido como extensível a qualquer das candidaturas envolvidas nas Eleições Legislativas.
Em Sintra, aos 23 de Setembro de 2009-09
João Cachado
Fernando Castelo
7 comentários:
Caro Dr. Cachado,
Às vezes senhor publica os seus textos muito tarde. Quando tenho coisas a dizer gosto de fazer cedinho, quando o dia começa. Agoraé tarde mas a maior parte das pessoas só agora tem tempo para isto. Gostava de dizer que a directora do Jornal de Sintra já demonstrou bem a categoria que tem e como arrasou com a reputação de um jornal que tem sido estimado ao longo de tantos anos. Tem razão. As pessoas devem manifestar-se e os candidatos em especial. Já não digo o Dr Seara que é o protegido da senhora mas os de esquerda, a começar por Ana Gomes que é a minha esperança para que Sintra mude. Espero que ela veja e tome posição porque quem luta pela liberdade não pode passar por cima de uma coisa como esta. Estou com Ana Gomes, espero que com ela Sintra mude e que seja capaz de aguentar com a herança má que o Dr. Seara lhe vai deixar.
Carlos Real
Noutros lugares a escolha pode ser difícil mas em Sintra não há problema porque a candidatgura da Dra. Ana Gomes é a única hipótese de poder fazer o que o actual presidente Seara prometeu mas não conseguiu fazer. Quanto ao caso do Jornal de Sintra é uma vergonha. Ma saquilo é uma coisa que j´s está morta há muito tempo. Até admirava muita gente como o Cachado continuava lá a publicar.
Rosário Pimentel
O João Cachado refere o uso e abuso dos meios de comunicação social nas campanhas eleitorais. A propósito alguém viu o "Só Visto" com a Judite de Sousa e a ajuda do respectivo marido presidente da Câmara e candidato? Só visto...
Ana Maria
Caro João Cachado
Como candidato à Freguesia de Santa Maria e São Miguel, fortemente empenhado na eleição da Drª Ana Gomes, para que Sintra passe a ter uma gestão de qualidade, e como leitor assíduo deste blogue, quero felicitá-lo pelas suas tomadas de posição qe mostram sempre uma coerência que é raro encontrar. Muitos são aqueles que transmitem as "ideias" que têm de uma forma incoerente e apenas de acordo com a situação. Não é o seu caso. Parabéns pela corência.
Avelino Couto
A manipulação do texto do Sr. Castelo envergonha qualquer cidadão preocupado com o que se passa em Sintra. É tão exemplar que até podia ser estudado em aulas de jornalismo.
Quanto a Ana Gomes, é uma força da natureza que Sintra precisa ter na liderança. Parabens por usar o seu blogue nesta causa.
Luisa Tomaz
Depois de um marasmo de oito anos temos a hipótese de voltar a ter alguém de grande nível na presidência da Câmara. Sintra merece e precisa da Dra. Ana Gomes. Estamos fartos de futebol e de projectos anunciados mas nunca concretizados.
Luís Pedro
Muitos, como eu, aqui escrevinham as suas frustações e esperanças, mas parece é que não chega. Uma grande fatia do eleitorado sintrense está a leste do inferno. As pessoas habituaram-se a esta Sintra que vemos mas não queremos. Exige-se pouco do poder politico. O ilusionismo é uma arma terrivel! Sobre este caso do Jornal de Sintra, lembro aqui uma frase do poeta Heine, "Quem queima livros, queima homens".Não se queimou um livro mas um jornal... por agora.
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