Ruas, Seara & Cª
(cont.)
Elegância e informalidade
Noutro dia, enquanto os maridos tinham ficado pelos civilizados Estoris e Cascais, em grandes manobras de gestão global ibero-americana, vieram as senhoras de visita a Sintra, para olharem o Atlântico a partir do Cabo da Roca, almoçarem em Seteais e darem uma volta pelo centro histórico. Naturalmente, o Presidente da Câmara teria de fazer as honras da casa. Mas o que me foi dado observar através da reportagem da SIC foi algo de inimaginável.
Pois o Presidente da Câmara Municipal de Sintra, ele que, importa não esquecer, também é Vereador da Cultura, a quem sempre fiz a justiça de reconhecer a elegância que, quando quer, sabe cultivar, desceu a uma vulgaridade tal que roçou a boçalidade, com diálogos pouco adequados para as circunstâncias, num suporte linguístico que não sei se era portinhol ou espanholês.
E chegou ao ponto de se assumir como o regularizador do trânsito (a televisão estava por perto...), pois outra conclusão não se pode tirar perante o "olha...olha...corta...corta" dirigido ao militar da GNR que, de imediato, fez parar o normal fluxo de carros para que a comitiva pudesse aceder comodamente.
Em casos que tais, tratando com Chefes de Estado ou suas mulheres, todos sabemos como a informalidade admissível não pode ultrapassar os limites de uma elegância que deve estar presente em todos os mais pequenos detalhes. É a altura em que fica bem ser majestático, demonstrando como se está bem inter pares. Pois, infelizmente, pelo menos no que a reportagem do canal televisivo mostrou, nada disso aconteceu.
Deixem que, a propósito, finalmente vos interpele com uma questão que me parece pertinente. Alguma vez vos passaria pela cabeça ver, em tais preparos, António Capucho, Presidente da Câmara Municipal de Cascais? Enfim, a cada um o seu estilo mas, nestas coisas de representação do poder, seja ele local ou nacional, há que estar total e inequivocamente à altura, sem quaisquer transigências.
3 comentários:
Meu caro João Cachado e estimados visitantes deste espaço,
A breves horas de saír do país, permito-me colocar uma breve opinião sobre o tema deste artigo e, em separado, um alerta sobre uma decisão suficientemente preocupante para a nossa vida democrática.
O tema deste artigo fez-me recuperar algo de desagradável a que assisti, com a intervenção do presidente da câmara a um nível que, salvo melhor opinião, foi pouco compatível com o cargo, mais me parecendo que, debaixo do "olho" da câmera de TV, o recurso a um diálogo do tipo popularucho era o menos interessante. E que diálogo sobre uma visitante que era só a Rainha de Espanha...
Depois, assaltaram-me dúvidas estruturais. Então estas visitas não têm uma logística previamente estudada, envolvendo segurança e trajectos, com uma equipa específica a comandar os cortes de estrada através de comunicações entre ela?
Para um cidadão vulgar, é sempre grato assistir ao prestígio local nesta coisa de relacionamentos e de visitas, pelo que esperaria ver o "mayor" num local adequado à recepção das visitantes.
Não sei se o responsável pela segurança da caravana e seu trajecto terá delegado no Presidente Fernando Seara a gestão do trânsito, mas, caramba, para que existe a Polícia Municipal?
Aquelas imagens do militar da GNR se montar na moto e, a mando de Fernando Seara, cortar o trânsito são mais uns postais para a história de Sintra.
Na realidade, o Fernando Seara deve ter feito confusão entre as senhoras que tinha à frente, uma das quais a raínha de Espanha e as mulheres dos futebolistas e dos artistas a quem concedeu a medalha de ouro do concelho. Desceu muito e mostrou o nível real da sua educação. Não partilho nada a ideia do João Cachado de que se trata de uma pessoa elegante e já não é a primeira vez que escreve tal coisa. O Seara é mais casca grossa do que se pensa. Agora mostrou bem e a SIC fez um bom trabalho porque soube como mostrar esta faceta.
Agostinho
A careca esconde-se há já algum tempo, mas não se consegue esconder sempre. No "basfond" dessa "pigalle" que é a CMS, sabe-se bem em que grau está a qualidade deste nosso edil.
João Mendes
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