Sintra em compras polémicas (III)
Que comentário!...
[Se querem que vos diga, há alturas em que acabo por não saber o que fazer para gerir este blogue, de tal modo que vos seja da maior utilidade. Então não é que acabo de receber para publicação outro comentário, desta vez do Fernando Castelo, ao qual também não posso deixar de conferir a adequada relevância?
Não há dúvida que um suporte de comunicação, com estas características, permite a troca e o enriquecimento dos intercomunicantes de modo assaz interessante pelo dinamismo que chega a ser galopante. Por vezes tenho pena de não autorizar a saída a público de comentários que, apesar de pertinentes, carecem de substância ou são falhos da deontologia que considero ser de bservar num blogue que, como este, não pretende confundir-se com esse lodo que emporcalha a blogosfera.
Assim sendo, depois desta reflexão, cujo pretensiosismo é directamente proporcional à consideração que tenho por todos quantos procuram estas páginas, então, aí vai outra transcrição.]
"Meu caro João Cachado,
Permita que coloque, aqui, uma questão prévia: Salvo opinião contrária dos interessados, é preciso que, por todo este concelho, se conheçam os nomes de quantos colaboraram nesta aprovação, porque se é certo que a Proposta é levada pelo Presidente da Autarquia, não podem deixar de ter responsabilidades sobre uma matéria que pode endividar os munícipes em mais uns anos, além dos que já sabemos. Isto de ficar em Acta é pouco...
Estes actos, curiosamente, têm um sinal contrário àquele que envolveu o mecenato ligado ao eléctrico e que sem ele as reparações necessárias não seriam feitas. Parece que faltava dinheiro.
Sabe-se que o dinheiro do Jogo (pelo menos que se veja) não tem sido aplicado na recuperação do Centro Histórico.
É estranha, pois, a galopante vontade em adquirir bens - a Câmara não é mecenas, não é verdade? - cujo estado, destino futuro e custos associados à sua recuperação são desconhecidos.
No caso do Complexo de Fitares, existem duas componentes: Edifícios e Equipamentos. Os edifícios certamente com manutenção a cargo dos proprietários e os equipamentos (face à renda paga) a cargo de quem? Na verdade parece que os equipamentos não estão operativos, com funcionamento a partir de 2001, isto é, elevada taxa de utilização que se reflecte em desvalorização por uso.
NA PROPOSTA QUE FOI APRESENTADA, NÃO CONSTA A SEPARAÇÃO ENTRE VALORES DE EDIFÍCIOS E DE EQUIPAMENTOS, PARA MELHOR SE PODER AFERIR DAS RESPECTIVAS VALORIZAÇÕES.
Será que a Câmara vai adquiri-los e depois substituí-los? Bem, o segredo até pode ser a alma do negócio. Mas por lá não há, ao que se julga saber, poços de petróleo ou algum Posto de Combustível que faça brotar milhões.
Façamos uma extrapolação:
Admitamos,para efeitos de estudo académico, que a renda paga ao longo destes anos possa ter sido com um valor médio mensal próximo dos 30.000 euros. Nesta perspectiva, em 9 anos, já foram pagos mais de 3milhões de euros. Talvez ainda se possam acrescentar custos extra (p.ex. seguros).
Depois, devemos saber das razões que motivaram o encerramento das instalações (há mais de um ano) e, em consequência, a suspensão das actividades que eram oferecidas aos utentes.
Há pois uma penumbra na relação custo/benefício que deve ficar muito limpa, melhor dizendo, ser completamente eliminada para que a confiança na vida autárquica se mantenha e se evitem referências a generalizações.
Fernando Castelo
14.01.10"
[Então, é ou não um excelente serviço como base para nossa reflexão?]
3 comentários:
Este caso de Fitares não dá tanto nas vistas como a Quinta do Relógio mas Fernando Castelo traz um a real «bomba» a desafiar a Câmara Municipal de Sintra a explicar-se. Como resido na zona ainda gostava de saber se o "poço de petróleo" que o Sr. castelo refere tem alguma coisa a ver com o posto de gasolina... É que o concessionário do posto tem uma relação qualquer com todo este caso. A CMS devia esclarecer mesmo.
Rui Paulo
Não será o mesmo ou os mesmos que também são proprietários da bomba da Abrunheira e de Rio de Mouro?
Fica tudo em casa....e depois, os outros é que são maus, aqui não há esquemas nenhuns...são tudo bons rapazes...
António Nogueira
Meu caro João Cachado,
O comentário de Rui Paulo parece querer introduzir na discussão mais qualquer coisa, que por sinal não vislumbro.
De "posto de gasolina" basta-me recordar o que se passou com um que se instalou na Abrunheira, para ficar arrumado por uns dias.
No caso presente, ao apreciar a Proposta 28-P/2010 (onde se mistura tudo: Quinta do Relógio, Complexo Desportivo de Fitares, terreno e edifícios da EB 1 do Cacém e "ampliação" de 9 equipamentos educativos, com custos previstos, tudo implicando um empréstimo de 26.606.629 euros) há coisas que ressaltam:
1. Há mais de um ano que o Complexo está fechado ao público e não foram notórias as preocupações para que isso não acontecesse ou fosse rapidamente resolvido;
2. A Proposta refere "necessários melhoramentos no edifício" e a renda como um "elevado encargo";
3. Considera que, por parte da "proprietária", o "imóvel está disponível para alienação" pelo montante de 4.800.000 euros;
4. Ora, a manutenção do imóvel certamente estaria a cargo da sua legítima proprietária, situação que a Câmara agora parece querer substituir com a aquisição;
5. E a Câmara não teria razões para exigir as obras por parte da agora "disponível" vendedora? Tanto mais que a "elevada" renda o justificaria.
6. Ficam, ainda, as máquinas e o uso elevado que tiveram durante estes anos, daí resultando um valor residual que pode ser muito baixo. Aliás, a Proposta do Senhor Presidente é omissa sobre os Equipamentos. Virá a aparecer alguma outra transacção para os mesmos?
Naturalmente que, numa perspectiva de valores tão elevados, os "poços de petróleo" são referências de linguagem vulgar.
Registe-se, isso sim, que para estas situações há formas de obtenção de financiamento, enquanto que para outras pequenas (poderia citar imensas) tudo se arrasta.
Um abraço,
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