[sempre de acordo com a antiga ortografia]
terça-feira, 27 de abril de 2010
Carta Aberta da CDU
Da Coordenadora da Concelhia de Sintra da CDU, via correio electrónico datado de hoje, às 17.09, acabo de receber o texto – constante de uma Carta Aberta – que passo a transcrever:
"Excelentíssimo Senhor
Dr. João Cachado,
No seguimento do seu artigo publicado no blog sintradoavesso.blogspot.com no dia 22 de Abril de 2010 e passando a citar “(...) Porém, como o alcance da minha intervenção não vai além deste blogue, espero que, tanto no executivo como na Assembleia Municipal, o PS e o BE continuem a opor-se ao projecto que a CDU – nada surpreendentemente – decidiu viabilizar. (...)” cumpre-nos
esclarecer:
1. Refutamos o tom insinuoso (sic) que colocou na sua observação visto que enquanto força política, possuímos um património político inquestionável.
2. Refutamos o tom de suspeição que acaba por cair directamente sobre o eleito da CDU Vereador Baptista Alves, sendo aliás esclarecedor o artigo publicado no Jornal Sol, edição de 28 de Março de 2010, sobre o processo Face Oculta.
3. A proposta em causa, que foi alvo de votação no dia 10 de Fevereiro de 2010, contemplava a aquisição da Quinta do Relógio e dos seguintes imóveis: Complexo Municipal de Fitares, Escola Básica n.º 1 do Cacém, EB1 de S. João das Lampas, EB1/JI de Bolembre, EB1/JI de Monte Abraão, EB/JI da Quinta da Fonteireira, EB1/JI de Vale Mourão, EB1/JI da Cavaleira, EB1/JI n.º 1 de Mem – Martins, EB1/JI de Fitares e EB1/JI n.º 2 de Queluz.
4. O Vereador da CDU absteve-se nesta votação tendo declarado: “(...) no entender da CDU, da listagem de operações que vão ser financiadas com este empréstimo estão de acordo com quase a totalidade porque são obras necessárias e imprescindíveis de serem executadas. E esta é uma forma de dar resposta às necessidades importantes da população. Não estão de acordo com uma delas que é a compra da Quinta do Relógio pelas razões que já expuseram anteriormente. Portanto, vão-se abster nesta votação”.
5. Assim, consideramos positiva a aquisição destes importantes equipamentos públicos escolares, distanciando-nos da aquisição da Quinta do Relógio.
6. A mesma posição de abstenção foi tomada pela bancada da CDU na Assembleia Municipal de 25 de Fevereiro de 2010.
7. Quando alguém se pronuncia sobre assuntos desta importância e coloca em causa a idoneidade de terceiros, é conveniente que estude as fontes, que analise os problemas ou então assuma os seus propósitos políticos.
8. Os factos devem ser analisados com rigor e exactidão e interpretados à luz da discussão realizada.
9. Temos cópias de todo o processo para ceder, caso seja do seu interesse.
Sem outro assunto de momento nos subscrevemos. Cumprimentos,
(Coordenadora Concelhia de Sintra da CDU)"
Eis a minha resposta:
À Coordenadora Concelhia de Sintra da CDU
Assunto:
Carta Aberta de 26.04.10
Exmos. Senhores,
Muito agradeço o texto objecto da Carta Aberta que, tão amavelmente, me dirigiram e através do qual também tiveram a oportunidade de esclarece a opinião pública, sobre os termos em que se processou a votação da CDU, tanto na reunião do executivo camarário como na Assembleia Municipal. Assim sendo, primeiramente, cumpre que expresse a minha satisfação, na medida em que o texto publicado no sintradoavesso, em 22 do corrente, vos suscitou a decisão de vir a público elucidar algo que, efectivamente, carecia.
Gostaria, em segundo lugar, o mais veemente e liminarmente que souber e for capaz, de afirmar sem qualquer margem para dúvida, que jamais – repito, jamais – foi minha intenção suspeitar fosse o que fosse, muito menos de insinuar algo menos abonatório, subestimar ou desrespeitar o cidadão eleito que é o Engº Baptista Alves, Vereador da CDU na Câmara Municipal de Sintra. Desconheço o que, a propósito do referido no ponto 2 da Carta Aberta, o semanário Sol terá publicado de abonatório. Para mim, o cidadão Engº Baptista Alves é alguém inconfundível, cuja exemplaridade de actuação, há tantos anos, em benefício dos munícipes, é a todos os títulos indiscutível.
Aquilo que escrevi e como escrevi, apenas teve a ver com a circunstância em si. Na realidade, infeliz mas objectivamente, através do recurso à abstenção, a CDU viabilizou uma operação que, na minha opinião, é extremamente polémica, pondo em causa uma série de factores de ordem económica e financeira que enquadram a actividade da autarquia, para além de favorecer uma negociação cujo objectivo nem sequer se vislumbra.
Através da Carta Aberta, tanto eu como a esmagadora maioria dos cidadãos, ficámos a saber que, afinal, a CDU também está contra a aquisição da Quinta do Relógio. Mas, por assim acontecer, porque não solicitou a CDU ao proponente que tornasse independentes as diferentes propostas de aquisição dos bens em apreço? Porque razão, sendo contra a compra da Quinta do Relógio, deixou a CDU que fosse veiculada a ideia de que a sua abstenção favoreceu a intenção da Coligação Mais Sintra?
Se tivesse actuado como sugerido no parágrafo anterior, saber-se-ia que a CDU estava de acordo com a aquisição do património afim do parque escolar e, como afirma no ponto 5 da Carta Aberta, se distanciava inequivocamente da aquisição da Quinta do Relógio. Se assim tivesse actuado, jamais teria eu escrito aquilo que escrevi, e como escrevi, desgostoso e desiludido, perante uma atitude da CDU que, afinal, não correspondia à realidade do que sucedera, quer na reunião do executivo quer na Assembleia Municipal.
Através deste episódio, que a Carta Aberta tão bem esclarece, fica a conclusão de que tudo há a ganhar com o saudável jogo da clareza de atitudes. E, no caso vertente, tanto mais assim é quanto sabem V. Exas. existirem muitos cidadãos que não acompanham – ou deixaram de acompanhar, como é o meu caso – as reuniões dos órgãos autárquicos, munícipes que tomam conhecimento do que acontece nas reuniões através dos órgãos de imprensa que não pormenorizam as circunstâncias.
Tal não significa que, a nível pessoal, não me sinta atingido pelos reparos assinalados nos pontos 7 e 8 da vossa Carta Aberta. De qualquer modo, solicitaria relevem a interpretação de ter pretendido lesar a idoneidade de terceiros que, de todo em todo, como já confirmei, era minha intenção. E, substantivamente, o que me cumpre evidenciar é a posição insofismável que, desde a primeira hora, manifestei.*
Finalmente, importaria renovar o sentimento de satisfação que o vosso esclarecimento me proporcionou, ficando a saber que, também em vós, tenho cúmplices nesta causa de denúncia do negócio de compra da Quinta do Relógio, cujos contornos me provocam a maior apreensão e que, provavelmente, até me acompanharão na proposta que trouxe a público relativamente à Sintra Garagem.
Sem outro assunto de momento, aceitem os melhores cumprimentos e o manifesto da maior estima e consideração do
João Cachado
* Vd. sintradoavesso, 14.01.2010 (I), 14.01.2010 (II) e 01.04.10
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6 comentários:
Realmente, a CDU devia
ter separado as coisas.
Ainda bem que não concorda
com a Quinta do Relógio.
Espero que a CDU faça alguma coisa que se veja para
demonstrar que discorda
do negócio.
P. Real
Sr. professor João Cachado,
Embora sua leitora nem sempre posso dedicar-me à escrita neste ou em outro blogue pois a minha vida profissional não é de índole partidária.A carta-aberta da Cdu estampa o pouco relevo que cada vez mais sentem junto da população do concelho de Sintra ao ponto de aparecerem como vítimas de ofensas por não terem votado contra uma operação bancária mas em vez de dizerem claramente que se abstiveram (renúncia) usam o termo "distanciando-nos da quisição". Que hábil forma de se descomprometerem.
Uma carta-aberta pala um blogue por causa disto é coisa do arco da velha julgando que nada dizem sobre os assessores e administradores que proliferam entre os quais muitos afectos a tal força.Ainda hoje entupida no IC19 quasi 1 hora me lembrei deles quando até davam café aos automobilistas mas isso era no tempo da outra senhora.
Sr. professor inequívocamente contra a aquisição da quinta do Relógio tenho visto o Senhor e da Cdu nunca me apercebi de nada.
Estou consigo e felicito-o até pelo seu texto que foge do estilo habitual e tive de o ler duas vezes para ver se estava a falar a sério.
Ainda uma coisa mais é a hipótese de não ter sido escrita nenhuma carta-aberta pela Cdu porque está tão mal escrita.
Maria Laura Carneiro Vilar
Meu amigo,
Não pude deixar de entrar ainda que não seja «dia de música» coisa mais da minha especialidade. Fiquei parvo, João,
com o queixo nas mãos: a CDU a dirigir-te uma carta aberta...
E esta, hem?! Não há dúvida,
és um tipo importante em Sintra. Agora a sério, ainda bem
que tanto a carta deles
como a tua resposta é do mais civilizado que se pode esperar. Oxalá se entendam quanto
à Sintra Garagem porque a juventude de Sintra bem merecia que o projecto fosse para a frente. Um abraço grande,
José João M.S. Arroz
Caro João Cachado,
Tenho a certeza absoluta que o Cachado não quis ofender o Vereador Baptista Alves.
Absoluta. Já temos falado
acerca de posições da CDU e o Cachado assinala sempre a grande consideração que tem pelo Vereador. Mas o certo é que a CDU se pôs a jeito dos comentários. Na verdade muitas vezes aparece a facilitar a vida ao
Dr. Seara. Quem não quer ser lobo...
V. Martins
Dr Cachado,
Ainda considero que além da Carta Aberta que lhe dirigiu a CDU nas reuniões da Câmara e da Assembleia Municipal está muito a tempo de separar as propostas. Deve votar mesmo contra a aquisição da Quinta do Relógio porque assim continua a autorizar.
João Reis
Este comentário é mais para a CDU do que para o Dr. Cachado.
A CDU deve demarcar-se
o mais possível destas compras como a da Quinta do Relógio
que é uma verdadeira
perversidade que a CMS pretende fazer com dinheiros
públicos. A CDU é gente séria. Por favor não se deixem confundir
com os esquemas do actual presidente.
A.R.S.
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