[sempre de acordo com a antiga ortografia]

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Verdade e consequências
(conclusão)


Na realidade, em relação a Sintra, aquela aquisição tem todos os ingredientes para a perspectivar em analogia com os grandes projectos de obras públicas, impondo-se, no entanto, distinguir que estes, apesar de eventualmente pertinentes, são adiados por manifesta impossibilidade de financiamento enquanto o da Quinta do Relógio não reveste qualquer importância estratégica para a comunidade.

Por outro lado, a crédito dos argumentos que tenho trazido a público, acresce uma esclarecedora e significativa circunstância que, até ao momento, não foi devidamente valorada. Reporto-me aos termos constantes da Carta Aberta que a CDU me dirigiu,* esclarecendo, sem qualquer margem para dúvida, que o sentido de abstenção do seu voto se deveu à discordância do negócio, que era constante de uma proposta abrangendo outras aquisições e que, por isso mesmo se distanciava.

Por exclusão de partes, facilmente se reconhecem as forças partidárias que consideram o negócio interessante para a autarquia e o isolamento a que ficam reduzidas. Nestes termos, difícil não é concluir que, apesar de maioritária, a coligação que dirige o executivo autárquico deveria assumir a fragilidade da posição resultante da votação. E essa débil situação é tanto mais significativa quando se arroga vir solicitar à comunidade a aplicação de uma verba tão vultuosa, em que o recurso ao crédito é prática e absolutamente proibitivo.

Neste momento de agudíssima crise financeira, que deverá prolongar-se por mais uns anos, não se entende a insistência no negócio. Aquilo que, a nível nacional, os partidos da oposição à direita, solicitam ao governo - o jogo da verdade e a assunção das consequências - isso mesmo devem fazer nas autarquias em que são maioritários. É o que me permito vir lembrar. Pois que sejam coerentes e consequentes e não comprometam a comunidade com uma compra que nem sequer conseguiram justificar cabalmente.


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* texto publicado no sintradoavesso em 27.04.10

3 comentários:

Anónimo disse...

Na ultima edição do Jornal da Região (de 18 a 24 de Maio de 2010), na sua 9ª página vem um artigo com o titulo," SINTRA perde meio aéreo para Montijo", em caixa, o subtitulo, "Restrições financeiras condicionam". Leiam e tirem as vossas conclusões acerca da politica de prioridades desta lástima de autarca que é o seara. A insistência na aquisição da Quinta do Relógio já só pode querer dizer que as luvas já foram entregues.

Álvaro Claro disse...

A Edite Estrela trouxe a Quinta da Regaleira para o património do município e o Seara queria fazer o mesmo com a Quinta do Relógio.
Mas as coisas não se podem comparar porque agora só
é um favor aos proprietários actuais.

Álvaro Claro

Anónimo disse...

Troca-se já a Quinta do Relógio pela Sintra Garagem...