[sempre de acordo com a antiga ortografia]

quinta-feira, 24 de março de 2011



Pela Correnteza [II]
(conclusão)

Na sequência do prometido, continuemos pela Correnteza. Do texto aqui publicado no passado dia 20, não posso deixar de recuperar a sua linha de força inicial, se bem lembrados estão, relativa à pouca higiene e ao geral descuido a que está votada tão nobre varanda. Na circunstância, a responsabilidade atribuível tanto pode remeter-se à Junta de Freguesia de Santa Maria e São Miguel como à própria Câmara Municipal de Sintra.

No entanto, apesar de tão evidente manifesto daquilo que tenho apelidado como a proverbial e bem sintrense cultura do desleixo, de tal modo a Correnteza se impõe como plataforma de lazer, propícia ao desfrute da paisagem envolvente, que, oportuna e muito naturalmente, acabou por ser escolhida como sofisticado enquadramento da Biblioteca Municipal de Sintra. O seu projecto de construção implicou na íntima articulação com o edifício inicial, a Casa Mantero, simultaneamente recuperada após longas décadas de agonia degradante.


Não vos tinha eu informado que abordaria o caso de um café por ali instalado? Pois então, é precisamente no rés-do-chão deste singular palacete que funciona o café-bar e esplanada da biblioteca. Não me detendo em rodeios, e sem a mais pequena hesitação, desde já vos afirmo que tais instalações, de atroz banalidade, estão longe de se adequar ao enorme privilégio de um dos mais exclusivos miradouros da Vila de Sintra.


Com uma situação estupenda, dali se alcançando um horizonte de estonteante beleza, constantemente renovado pelo cromatismo sazonal, suposto seria que merecesse a melhor atenção dos responsáveis autárquicos, nomeadamente do sector do turismo. Infelizmente, tal não aconteceu. Para todos os efeitos, o que ali funciona é, tão somente, um incaracterístico ponto de apoio aos utentes da biblioteca, análogo a qualquer barzito. Todavia, para evitar equívocos, gostaria de sublinhar que nada há de ofensivo.

Creio que, em suma, valerá a pena equacionar um destino perfeitamente adequado, de tal modo que o café-bar e esplanada possam operar de acordo com a dignidade do enquadramento. Ainda um reparo final relativo ao horário de funcionamento que, salvo melhor opinião, deveria ser considerado independente do regime da biblioteca. Então os formidáveis entardeceres e noites estivais? E os domingos do Senhor, ali, depois da Santa Missinha?

Dá Deus nozes a quem não tem dentes… É verdade! É o que apetece repetir e voltar a repetir. De facto, mais alguma vez, terá sido o provérbio conjugado tão a propósito
?


7 comentários:

J. Couceiro disse...

Parece que o Cachado foi muito simpático com o aspecto do tal bar. Em minha opinião faz pouca diferença dum bar de associação ou clube desportivo. Se pudessem vender uns bagaços ou umas moscas a c ena era igual. Tem toda a razão, aquilo merece muito melhores mãos e outro destino porque assim é uma pena.
J.Couceiro

Lino Souto disse...

Parece que quem explora o bar é mesmo uma associação desportiva ligada à própria Câmara de Sintra, alguma coisa relacionada com o sector do pessoal. Concordo consigo e com J. Couceiro, aquilo não está de acordo com a categoria do lugar.
Lino Souto

Carmo Rodrigues disse...

Mesmo como ponto de apoio da biblioteca, deve ter outro nível. Quem gosta de Sintra quer o
melhor para a terra e mesmo tendo
de pagar mais vale a pena
mudar aquilo tudo.
Carmo Rodrigues

Anónimo disse...

Acho que ali naquele bar da biblioteca o pé puxou demasiado para a chinela...

Anónimo disse...

Se o Silva Carvalho descobre a oportunidade...lá teremos mais um bar luxuoso...

F. Paulino disse...

Se o Silva Carvalho não tomou conta do negócio é porque existe algum problema. Mas o que ali era preciso mesmo era uma coisa luxuosa. Para mixuruca já lá está um. Há lugar para tudo desde o
grande luxo até à tasca. Mas até a tasca em Sintra tem que ser boa...
F. Paulino

JAC disse...

O mal daquele sítio maravilhoso tal como de outros é o estacionamento e a quantidade de carros que ali passa emitindo os gases precisamente para a esplanada do referido bar. A biblioteca tem outros espaços mais para dentro do jardim e com vista ainda mais bonita e sem os gases dos carros. Acho que até é designada por Casa de Chá mas lá está a apodrecer...
Toda a zona das traseiras da biclioteca com o seu pequeno pinhal e que faz "ligação" à Av. Heliodoro Salgado (ao pé da C.G.D. e Cafetaria Tirol) e também com as traseiras das casas a cair (do Galucho?) e o espaço abandonado do Sintrense sempre me fez sonhar... Sonhar como tudo aquilo faria sentido junto, como espaço comercial (casas a cair), cultural(a biblioteca) e desportivo (Sociedade União Sintrense)e talvez até com um pequeno estacionamento subterraneo. E com um pequeno parque infantil então seria a cereja em cima do bolo.