[sempre de acordo com a antiga ortografia]
quarta-feira, 13 de abril de 2011
Monte da Lua,
responsabilidade social
Numa terra onde tão poucos são os motivos de regozijo, a verdade é que, da Parques de Sintra Monte da Lua (PSML) continua a brotar o fluxo de boas notícias. É uma constante que, de vez em quando, me leva a partilhar convosco a satisfação de nos rendermos à evidência. Vamos, então, ao que, para mim, é o facto mais recente.
Desde já, vos direi que o acesso a este meu escrito estaria altamente facilitado se, no serão do passado domingo, os leitores tivessem assistido ao programa televisivo TVI Repórter. Na realidade, apesar de ninguém me ter alertado, ao tentar ser surpreendido por algo que me interessasse, tive a sorte de, ao saltar de canal, logo identificar imagens de cenários familiares. E, muito naturalmente, já dali não saí até terminar a reportagem.
Através de um trabalho escorreito, eficaz e sem rodriguinhos, o espectador acompanhou atitudes da PSML que, ao fim e ao cabo, são suscitadas pelos termos da responsabilidade social que determinadas empresas se obrigam relativamente à prática de acolhimento de trabalhadores com os mais diversos perfis de dificuldade de integração.
Por exemplo, veio a propósito o caso do protocolo de colaboração com a Direcção Geral dos Serviços Prisionais/Estabelecimento Prisional de Sintra, celebrado em 2007, que deu origem ao denominado projecto “Património Gera Inclusão” (PGI), compreendendo a selecção de reclusos por parte do EP Sintra, a formação para reforço das suas competências e, finalmente, a integração em equipas mistas de trabalho na PSML.
Há cerca de quatro anos, que o PGI tem sido uma extraordinária experiência de Responsabilidade Social e Ambiental, envolvendo nada mais nada menos que uma centena de reclusos em Regime Aberto ao Exterior (RAE) exercendo funções na PSML no âmbito da recuperação do Património Natural e Construído. Actualmente, vinte reclusos estão ao serviço na PSML em RAE – e, por favor, tomem nota – catorze ex-reclusos já trabalham com contrato na empresa.
Em Fevereiro de 2009, no âmbito dos Prémios Europeus de Iniciativa Empresarial, nada mais natural que, perante tão manifesta prova de capacidade empresarial neste específico domínio da reinserção social, o PGI tivesse sido distinguido, na fase nacional, com o primeiro lugar na categoria Iniciativa Empresarial Responsável e Inclusiva, e seleccionado para representar Portugal na final europeia.
Em Fevereiro de 2010, continuando ainda nesta vertente abrangida pelo Protocolo com a DGSP, iniciou-se a colaboração com o Estabelecimento Prisional de Tires, através da colocação na PSML de seis reclusas em RAE, nas áreas da jardinagem e da hotelaria, contribuindo para a não menos importante estratégia da igualdade de género.
Imparável...
Uma outra componente da intervenção, Património Reabilita, consiste na integração de pessoas com deficiência que, desde Abril de 2010, levou à criação de um centro de atendimento a visitantes, acolhendo três pessoas que, discreta e eficientemente, ali desenvolvem uma actividade a qual, tal como todas as anteriormente referidas, muito orgulha a PSML e todos os sintrenses que têm os olhos postos em tudo o que por ali se passa.
Como se tudo isto já não fosse absolutamente notável, meritório e tão gratificante, pois fiquem a saber que, ainda no âmbito do Património Reabilita, foi estabelecido um protocolo com Centro de Educação para o Cidadão Deficiente de Mira-Sintra visando a colocação de pessoas com deficiência, em actividades de jardinagem, nos jardins dos Parques da Pena e de Monserrate.
Exemplo de actividade enquadrada por este instrumento de colaboração, tem-se traduzido, desde Janeiro de 2011, na manutenção do Jardim Rainha D. Amélia, no Parque da Pena, assegurada por uma equipa de quatro pessoas com deficiência. E, demonstrando a dinâmica de toda esta iniciativa tão compósita, já foram iniciados mais dois estágios para jardineiros com deficiência nos jardins que tenho vindo a referir.
A PSML pretende vir a trabalhar, cada vez mais e com maior eficiência, na acessibilidade para todos, proporcionando uma fruição mais justa e solidária dos Parques Históricos de Sintra, através da criação de percursos mais acessíveis para pessoas com deficiência. É, de algum modo, a mesma lógica, a mesma estratégia a funcionar, em espaços onde o que se pretende é a integração de todos e, jamais, a exclusão seja de quem for.
Claro que, uma vez mais, a alma mater de tudo isto é o Prof. António Lamas. Como grande trunfo do sucesso que, ao longo dos últimos anos, a sua Administração vem evidenciando, conta ele com uma equipa de jovens técnicos, que tão bem soube incentivar, entre os quais se conta o Engº Jaime Ferreira, dando a cara pela Responsabilidade Social da PSML. Ao facultar-me a documentação imprescindível, foi Jaime Ferreira que, além do visionamento do TVI Repórter, me permitiu proporcionar-vos este texto. A ele, o meu e, espero bem, também o vosso reconhecimento.
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9 comentários:
Amigo e colega,
Esta gente é tão impecável que até parece mentira... A PSML é mesmo assim tão especial? Isto é claro que é rectórica porque eu sei
como o João Cachado costuma escrever que podemos estar
descansados com o que se passa por lá.
Pedro Soares
Prof. Cachado
Tudo o que se faça pela integração de pessoas com problemas destes merece o meu maior aplauso. Muito obrigado pela divulgação deste caso na Monte da Lua. Exemplar. Parabéns.
Lourdes Cabral
A PS Monte da Lua, como dizem no anúncio, é um "outro conforto" para os sintrenses.
Manuela Távares
Caro Dr. Cachado,
É talvez bom lembrar ao Presidente da Câmara que a medalha de ouro do Concelho fizeram-se para serem atribuídas a pessoas como o Prof. Lamas...
Cumprimentos,
Lopes Soares
Seria muito bom se todas as empresas cumprissem com o que estão obrigadas legalmente em relação a estes cidadãos que têm problemas de integração social de toda a ordem. Além da Monte da Lua há outras a cumprir mas também há muitas que ignoram e ninguém controla se cumprem ou não.
Conheço um dos integrados. Está num mundo novo. Sintra pode e deve agradecer ao Professor Lamas como sugeriu Lopes Soares no seu comentário.
Isabel Rodrigues
Estas acções de integração devem ser muito bem estudadas porque quando um ex-recluso é contratado há um jovem que pode não ser contratado... O ex-recluso tem direito mas o jovem não tem menos.
Só podemos estar satisfeitos se
não se praticarem injustiças.
Nuno Costa
allowDar Trabalho pode ser uma obra de cidadania apesar de o acesso ao trabalho ser um direito universal. Luís Cardoso
Sou totalmente a favor da integração destas pessoas no mundo profissional e social. Contudo não posso deixar de ficar indiferente ao comentário do Nuno Costa porque a realidade é mesmo essa.Desde que este protocolo entrou em vigor na empresa, que o número de pessoas civis contratadas com formação nestas áreas diminuiu substancialmente.Já para não falar que são os funcionários da casa que dão formação a algumas destas pessoas e não são valorizados como tal.Os vencimentos de uma pessoa que pertence à casa à 10 anos não pode ser igual ou menor que um ex-recluso acabado de chegar.São estas e outras injustiças que ninguém vê..
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