[sempre de acordo com a antiga ortografia]

segunda-feira, 14 de novembro de 2011



RDP2, programa da manhã,
no Império da asneira...



E eu, que fujo destes sujeitos como o diabo da Cruz, tenho de sintonizar a estação, também a esta hora, para ir vendo como param as modas. Só por isso, acreditem, é que me dou a este penoso trabalho que, imediatamente, tento compensar, procurando bons programas, como o da Rádio Bávara que, tudo leva a crer, esta gentinha ignora olimpicamente.

O Império dos sentidos, é quase intragável. Entre as sete e as dez da manhã, Paulo Guerra, locutor e responsável, faz o que sabe, isto é, vai metendo umas músicas, à mistura com o estado do tempo e notícias mais ou menos mal comentadas. Ainda não percebeu que, na RDP2, são transmitidas peças de Arte que, na realidade, quando carecem de introdução, merecem-na feita por quem sabe da poda e não por um qualquer curioso que lê umas informações, à frente do nariz, via internet, ou disponível nas capas dos CD.

De vez em quando, é João Almeida, o director da antena, tão ou mais ignorante que o precedente, quem, como hoje aconteceu, aparece ao microfone. Palavroso, adjectivoso, exprime-se num português pouco recomendável. Hoje mesmo, entre várias incorrecções relativas ao enquadramento das peças, no meio de outras pérolas que já esqueci, o apanhei dizendo «muitos poucos anos»… ». Então, não acham que, para director de estação de rádio, as funções estão muito bem atribuídas?…

É capaz de afirmar os maiores disparates, com particularíssima desenvoltura. Se quiserem aceder a uma gaffe das boas, consultem o texto Grossa asneira, aqui publicado em 13 de Janeiro de 2009. Hão-de verificar até que ponto chega o topete do piqueno… No entanto, devo assinalar que não confundo este programa, de qualidade tão duvidosa, com outros da responsabilidade de excelentes colaboradores como Rui Vieira Nery ou Alexandre Delgado.

A ignorância é muita e a arrogância ainda maior. Para que conste, tudo quanto aqui afirmo, já o escrevi, directamente, a João Almeida. Aliás, trocámos correspondência, como imaginam, muito expressiva, através de correio electrónico. Em termos de denúncia pública, pouco conto. Mas o Prof. Mário Vieira de Carvalho, a propósito deste assunto, chegou a escrever um bom artigo no jornal Público.


Também tentei que, em devido tempo, Adelino Gomes, Provedor do Ouvinte, interviesse no sentido de pôr o dedo na ferida. Coitado, ele bem tentou mas, como é patente e notório, passados anos, João Almeida continua a pôr em causa o lugar onde se sentaram homens de Cultura como João Paes que conheço pessoalmente, muito respeito e admiro, ou o meu bom amigo João Pereira Bastos.

A geral incultura, a impreparação, a todos os níveis e títulos, não reside apenas nos gabinetes ministeriais. É patologia que grassa e, preocupantemente, se transmite através de hierárquicas cadeias de natureza política, económica e, naturalmente, também cultural. Aconteceu em Portugal, infelizmente, o que de pior pode acontecer a um país, ou seja, ter deixado de contar com elites esclarecidas, cuja opinião e conselhos sejam acolhidos pelos decisores políticos. O resultado está à vista.

Assim sendo, bom é não perder a perspectiva global das coisas e perceber que o Império dos Sentidos, na RDP2, entre as sete e as dez da manhã, não passa de sintoma de síndrome muito mais abrangente desta lusa terra, que distinta gente qualificou como choldra ingovernável e piolheira. Enfim, império por império, permitam que acrescente o epíteto de império da asneira...





1 comentário:

Gomes Duarte disse...

Caro Prof. Cachado.

Óptimo texto. Subscrevo. Sou ouvinte da Antena dois mas evito essas horas matinais. Abraço,

Gomes Duarte