[sempre de acordo com a antiga ortografia]

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Seara,
nacional e local

“(…) Sabemos que temos em Vossa Excelência um porto de abrigo e uma muralha segura (...). O Guardião das expectativas de muitos de nós. Guardião contra aventuras insensatas ou medidas cegas e injustas (…)

Fernando Seara, 3 de Novembro de 2011, em Sintra, dirigindo-se ao Presidente da República.

Depois destas palavras do Prof. Fernando Seara, o Presidente da República ainda ficou mais encostado à parede do que já se havia colocado quando, referindo-se à supressão dos subsídios de Natal e de férias aos funcionários públicos e pensionistas, alertou para o facto de estarem feridas de falta de equidade fiscal as medidas constantes da proposta do Orçamento de Estado de 2012.

Ontem, circunstancialmente investido na função de anfitrião, Fernando Seara soube aproveitar a sua autoridade e notoriedade públicas, para lembrar ao PR como ficou e está amarrado ao compromisso que, formal e implicitamente, assumiu ao criticar a opção do executivo de discriminar um grupo de cidadãos, imputando-lhes a possibilidade de os afectar com uma carga insuportável de sacrifícios.

Ao inquilino de Belém ainda faltava vir a Sintra ouvir os mais directos e distintos ecos da caixa de Pandora que abriu. Nesse sentido, Fernando Seara não podia ter sido mais certeiro e pertinente. Ali, para além do autarca de um dos concelhos mais difíceis e populosos do país, falava o porta-voz de milhões de contribuintes portugueses que, maximamente indignados, ainda não saíram do torpor e do choque do anúncio das referidas medidas.

Portanto, desde já, é para agradecer. Por outro lado, não é preciso ser particularmente perspicaz para perceber que o alcance das palavras do Presidente da Câmara Municipal de Sintra ultrapassa este importante episódio que precedeu a discussão do Orçamento de Estado. De facto, sob a designação de aventuras insensatas e medidas cegas e injustas, o que está sob a mira do discurso de Seara, é todo um perigoso rol de intenções do Governo, em desenfreada fuga, à frente dos compromissos com a troika.

PS

Ontem, numa intervenção de carácter nacional, o autarca de Sintra distinguiu-se, de modo particularmente honroso. Uma especial e cordial saudação, com os meus sinceros parabéns. Entretanto, permita-me recordar-lhe que, em Sintra, mesmo em tempo de economia de guerra, adoptando soluções da maior austeridade, é imperioso acudir à resolução de problemas que o Prof. Fernando Seara bem conhece.




1 comentário:

Anónimo disse...

Se o PR «ainda ficou mais encostado à parede», quem encosta o Dr Seara?