[sempre de acordo com a antiga ortografia]

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011



Sintra,
tempo de Natal


Este ano, em Sintra, não há luminárias natalícias. As ruas e os edifícios, desde os mais desinteressantes prédios aos conhecidos palácios do seu património, as árvores das alamedas, tudo permanece com o aspecto de todos os dias. Reina o sossego. Vive-se um espaço livre de arremedos, sem agressivas armações metálicas, sem pirosas decorações e sem a carga de milhões de lâmpadas que, durante anos e anos, queimaram, e não deviam, o dinheiro que escasseia para o essencial.

Desta vez, não cedendo a um habitual e estafado argumento, a Câmara Municipal de Sintra recusou alinhar na estratégia da aparente promoção comercial que, em sucessivas épocas natalícias, pouco ou nada terá beneficiado o comércio local. Aliás, se alguma vantagem houve, essa foi para a firma de Espinho, universal especialista do mau gosto em arranjos de urbana decoração em épocas festivas...

Se tão feliz decisão deve ser devidamente saudada, por outro lado, não se pode deixar de concluir que a autarquia foi obrigada a render-se à evidência de uma instalada crise, que não lhe concede a mínima hipótese de gastar um cêntimo para o boneco. Em qualquer dos casos, sinto-me particularmente confortado porque veio ao encontro da opinião que tenho evidenciado há anos a esta parte.

De facto, estamos a viver um momento particularmente exaltante uma vez que os efeitos da austeridade reinante estão a resultar, efectivamente, na supressão de atitudes despesistas que, ainda em tempos recentes, por se terem transformado em prática corrente, causavam o maior escândalo, contribuindo decisivamente para a situação de ruptura em que o país incorreu.

Livre de uma agressão que tanto me negativava, resta juntar a minha particular saudação à dos que agradecem ao Presidente da Câmara Municipal de Sintra por decisão tão acertada. Mais uma vez, também neste assunto, o Prof. Fernando Seara soube arrepiar um caminho que nada dignificava esta terra. Estamos todos de parabéns e coincidentes na conclusão de que, na realidade, só mesmo os burros é que teimam no erro...

Naturalmente, nos tempos que correm, é de esperar que as verbas poupadas em mise en scène tão criticável revertam em benefício dos munícipes mais carenciados. Se assim for, podemos ficar um pouco mais tranquilos, certos de que a comunidade sintrense viverá um tempo de Natal bem mais de acordo com o espírito da celebração do nascimento de Jesus Cristo.

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