[sempre de acordo com a antiga ortografia]

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Thomas More, 7 de Fevereiro,
Efeméride esquecida

A vários títulos, não deixa de ser sintomático que, no dia de hoje, não tenham faltado as mais diferentes referências – aliás, justíssimas – ao duplo centenário do nascimento de Charles Dickens e que, pelo menos, até esta já adiantada hora, nada tenha percebido como lembrança mínima do aniversário de um outro cidadão inglês que, no meu entender, a.ém de figura máxima do Humanismo europeu, emparceira com os mais dignos homens de todos os tempos.

Na realidade, só podia estar a lembrar Thomas More. Ainda há poucos dias, devido a uma conotação da “Utopia” de More com a ópera “Utopia, Limited or the flowers of progress” de Gilbert & Sullivan, tive oportunidade de escrever meia dúzia de parágrafos a propósito de quem continua sendo apontado como paradigma de virtudes que, muito naturalmente, a Igreja Católica reconheceu elevando-o ao grau máximo da santidade.

m 28 de Fevereiro, num texto datado de Salzburg, considerava eu que “(…) Thomas More pisou e ultrapassou os limites da humana condição pagando com a vida a dignidade com que não transigiu perante o que não podia nem devia. Que magnífico exemplo! Como ele, também Giordano Bruno. Infelizmente, longe dele, Galileo Galilei que, para salvar a pele, não hesitou em negar a absoluta e radical verdade daquilo que a Ciência lhe tinha permitido descobrir… (…)”

Tenho, retenho e mantenho estas como palavras certas. Neste dia 7 de Fevereiro, apenas acrescentaria um concelho de leitura em relação à extensa obra da autoria de Thomas More. A “Utopia”? Pois claro, mas “Réplica a Martinho Lutero” e “Vida e Obra de Pico della Mirandola”, meus amigos, que páginas de belíssima leitura que estou a sugerir-vos. Tentem aceder nas boas bibliotecas das sedes dos concelhos onde residem. Não se preocupem logo com a compra.

Finalmente, mais uma curiosidade acerca deste santo. É que São Thomas More é, nem mais nem menos, do que patrono dos estadistas e políticos e bem se percebe a razão se nos lembrarmos de que ele foi Lord Chanceler do Reino, algo de coincidente com a figura de um Primeiro Ministro dos tempos modernos. Em Portugal, infelizmente, estadistas não há. Mas, quanto aos políticos, alguns afirmando-se tão católicos, bem podiam organizar umas peregrinações a Londres e fazer umas novenas...

PS:

Há muita documentação audiovisual inspirada na figura de Thomas More. Ainda hoje, costumo recorrer a "A man for all seasons" filme de Fred Zinnemann, inspirado na peça de teatro de Robert Bolt,em que o actor Paul Scolfield (falecido há quatro anos) desempenha um papel extraordinário. Aconselho vivamente. Ainda mais uma curiosidade cultural, esta do mundo da pintura, para referir que o mais célebre quadro retratando Thomas More é da autoria de Hans Holbein.

A propósito, um trailler do filme que, datado de 1966, continua perfeitamente acessível.

http://youtu.be/zbZfh-5QsAw
A Man for All Seasons - Trailer [1966] [39th Oscar Best Picture]



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