[sempre de acordo com a antiga ortografia]

terça-feira, 26 de junho de 2012



Festival de Sintra,
26 de Junho

Amanhã, o programa do festival de Sintra trará ao Centro Cultural Olga Cadaval a Orquestra Gulbenkian que, sob a direcção do maestro inglês Howard Shelley, interpreta obras dos três grandes expoentes da designada Primeira Escola de Viena, Haydn, Mozart e Beethoven. Do primeiro, a “Sinfonia Nº 96 em Ré Maior O Milagre”, de Mozart, o “Concerto para Piano em Ré menor, KV 466”, tendo como solista o próprio regente e, de Beethoven, a “Sinfonia
Nº 7 em Lá Maior, op.92”.

Gostaria de vos propor a audição completa da última das peças anunciadas já que se trata de uma das obras-primas da música erudita de todos os tempos, por alguns especialistas considerada a mais bela do conjunto das nove do grande mestre. Foi estreada no dia 8 de Dezembro de 1813, na aula magna da Universidade, no âmbito de um concerto organizado por Maelzel – o inventor do metrónomo – numa atitude de benemerência a favor dos soldados austríacos e bávaros feridos na batalha de Hanau.

Dirigiu o próprio Beethoven. Tenho lidos diferentes versões quanto à presença de conhecidos músicos durante o evento. Segundo alguns, terão estado presentes, apenas presentes, na audiência mas outros dão Salieri, Schuppanzigh, Spohr e Meyerbeer como tendo participado na execução da Sinfonia que se desenvolve em quatro andamentos, ‘Poco sostenuto. Vivace’, ‘Allegretto’, ´Presto’ e ‘Allegro com brio’.

Será precisamente deste último andamento, que destacarei a nota de poderosa feira dionisíaca, frenética, paroxística, com rasgos agressivamente dissonantes, em páginas que não são a expressão de uma vulgar alegria já que nelas se mistura um grito de revolta, em especial, no momento do desenvolvimento. A estridência dos metais e a violência do ritmo são mesmo alucinantes.

Wagner pretendeu ver a apoteose da dança nesta força sensual, telúrica. É escusado pretender encontrar o reflexo de acontecimentos da vida do compositor como a ‘carta à imortal bem-amada’, datada de Julho de 1812, altura em que a surdez aumenta gravemente. Esta música está isenta de um programa, não há qualquer confissão, ideologia alguma. Será por tudo isto que tão facilmente se impôs, desde a estreia absolutamente triunfal, apesar de todas as suas ousadias.

Na gravação que vos proponho, Bernstein dirige a Orquestra Filarmónica de Viena.

Boa audição!


http://youtu.be/AZUXn40ssYw

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