Monteverdi,
em Veneza, no Palácio Mocenigo
“Il Combatimento di Tancredi e Clorinda” é uma cantata dramática que Claudio Monteverdi compôs a partir de libretto de Torcato Tasso, baseado nos versos 52-68 do Canto XII de “Jerusalem Libertad...a”. Esta peça foi publicada em 1638, ou seja, quatorze anos depois de ter sido escrita para uma representação em Veneza, no palácio do seu mecenas Girolamo Mocenigo, que o compositor descreve na introdução da partitura.
Esta obra oferece-me a oportunidade de esclarecer que o referido palácio, continuando nas mãos de descendentes directos daquela família, teve como proprietária relativamente recente, nada mais nada menos do que D. Olga Maria Nicolis dei Conti di Robilant Alvares Pereira de Melo, senhora da mais alta aristocracia europeia - também parente de Frederico II da Prússia e de Catarina da Rússia, que, por casamento, se tornaria na nossa bem conhecida Marquesa de Cadaval, a quem Portugal tanto deve pelo seu desinteressado mecenato no domínio da música.
Sem entrar em quaisquer detalhes do enredo, baseando-me em indicações escritas pelo próprio Monteverdi, apenas adiantarei que enquanto o Narrador inicia o seu canto, Clorinda e Tancredi tocam ou dançam. A acção, meio bailado meio drama teatral, respeitaria escrupulosamente o ritmo imposto pelas palavras e pela música. O Narrador era suposto cantar com voz clara, firme e articular convenientemente.
No seu prefácio, admite o compositor que há três espécies principais de paixão humana: cólera [ira], a temperança [temperenza] e a humildade [humilità o supplicazione]. Escreve ele que a música representou a doçura, ‘molle’ e a temperança, mas não a excitação, ‘concitato’. Esperava ele compensar tal insuficiência através da sua invenção, o ‘tremolo’ de cordas, aplicando-o a um texto apropriado. Pela primeira vez, o novo recurso está associado ao ‘pizzicato’ que, hoje em dia, é tão vulgar como o próprio ‘tremolo’.
Só uma nota final para confirmar, sempre de acordo com o testemunho de Monteverdi que, por fim, a assistência estava perfeitamente rendida à emoção, em lágrimas, aplaudindo este novo tipo de divertimento.
A gravação que vos proponho consta de uma leitura, de excelente recorte, de Emmanuelle Haïm, na condução de Le Concert d’ Astrée, com as vozes de Patrizia Ciofi ,Topi Lehtipuu, Rolando Villazón.
Boa audição!
http://youtu.be/efNbLsLNQGw
em Veneza, no Palácio Mocenigo
“Il Combatimento di Tancredi e Clorinda” é uma cantata dramática que Claudio Monteverdi compôs a partir de libretto de Torcato Tasso, baseado nos versos 52-68 do Canto XII de “Jerusalem Libertad...a”. Esta peça foi publicada em 1638, ou seja, quatorze anos depois de ter sido escrita para uma representação em Veneza, no palácio do seu mecenas Girolamo Mocenigo, que o compositor descreve na introdução da partitura.
Esta obra oferece-me a oportunidade de esclarecer que o referido palácio, continuando nas mãos de descendentes directos daquela família, teve como proprietária relativamente recente, nada mais nada menos do que D. Olga Maria Nicolis dei Conti di Robilant Alvares Pereira de Melo, senhora da mais alta aristocracia europeia - também parente de Frederico II da Prússia e de Catarina da Rússia, que, por casamento, se tornaria na nossa bem conhecida Marquesa de Cadaval, a quem Portugal tanto deve pelo seu desinteressado mecenato no domínio da música.
Sem entrar em quaisquer detalhes do enredo, baseando-me em indicações escritas pelo próprio Monteverdi, apenas adiantarei que enquanto o Narrador inicia o seu canto, Clorinda e Tancredi tocam ou dançam. A acção, meio bailado meio drama teatral, respeitaria escrupulosamente o ritmo imposto pelas palavras e pela música. O Narrador era suposto cantar com voz clara, firme e articular convenientemente.
No seu prefácio, admite o compositor que há três espécies principais de paixão humana: cólera [ira], a temperança [temperenza] e a humildade [humilità o supplicazione]. Escreve ele que a música representou a doçura, ‘molle’ e a temperança, mas não a excitação, ‘concitato’. Esperava ele compensar tal insuficiência através da sua invenção, o ‘tremolo’ de cordas, aplicando-o a um texto apropriado. Pela primeira vez, o novo recurso está associado ao ‘pizzicato’ que, hoje em dia, é tão vulgar como o próprio ‘tremolo’.
Só uma nota final para confirmar, sempre de acordo com o testemunho de Monteverdi que, por fim, a assistência estava perfeitamente rendida à emoção, em lágrimas, aplaudindo este novo tipo de divertimento.
A gravação que vos proponho consta de uma leitura, de excelente recorte, de Emmanuelle Haïm, na condução de Le Concert d’ Astrée, com as vozes de Patrizia Ciofi ,Topi Lehtipuu, Rolando Villazón.
Boa audição!
http://youtu.be/efNbLsLNQGw
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