[sempre de acordo com a antiga ortografia]

segunda-feira, 11 de março de 2013

 
 
Gulbenkian, concerto com
solistas da Gustav Mahler Jugendorchester
 
[publicado no facebook em 07.03.2013]

Do concerto desta tarde na Gulbenkian, pelos Solistas da Gustav Mahler Jugendorchester, cujo programa compreende os “Corais para metais” de J.S. Bach, a “Serenata em Dó m
enor KV 388 ‘Nachtmusik’”, de Mozart e o “Octeto em Fá Maior, D. 803” de Schubert – gostaria de partilhar convosco algumas notas, precisamente, acerca da última das obras referidas.

Trata-se de uma das mais célebres peças da música de câmara de todos os tempos que, nos seus seis andamentos, é algo longa mas, como acontece com todas as obras máximas, a noção do tempo físico dilui-se no próprio tempo da interpretação.

Obra de 1824, para clarinete, fagote, trompa, dois violinos, viola, violoncelo e contrabaixo, é indissociável do “Septeto” de Beethoven. Na realidade, Schubert compôs o Octeto em satisfação de um pedido de Troyer que, especificamente, lhe sugeria algo de semelhante. Acontece, inclusive, que alguns dos músicos, que tinham estreado a obra de Beethoven, também intervieram na primeira apresentação desta, no Palácio do Arquiduque Rudolfo, a mesma personagem a quem, por exemplo, Beethoven dedicou o famoso “Trio Arquiduque”.

A grelha dos andamentos - I. Adagio-allegro,II. Adagio, III.Allegro vivace-trio, IV. Andante con variazioni
V. Menuetto, allegretto - também é análoga à do Septeto bem como o são algumas das relações de tonalidade entre os andamentos e o tom principal, ou seja Mi bemol para o Septeto e Fá Maior do Octeto.

No que aos temas poderíamos salientar, de considerar que o do primeiro andamento tem origem no Lied de Schubert ‘Der Wanderer’ e que as variações do quarto se baseiam num tema do Singspiel ‘Die Freunde von Salamanka’ do mesmo autor.

Não tenho a menor dúvida de que teremos mais um excelente momento de música no final desta tarde e sei-o porque se trata de uma formação do mais alto nível, que tenho vindo a acompanhar, desde o princípio da sua constituição, projecto de Claudio Abbado.

Até mais logo, deixo-vos com uma versão que tem como intérpretes os solistas da Orquestra Filarmónica de Berlin: Saschko Gawriloff & Rainer Mehne, violinos, Wilfried Strehle, viola, Peter Steiner, violoncello, Rainer Zepperitz,contrabaixo, Gerd Seifert, trompa,Hans Lemke, fagote, Alois Brandhofer, clarinete.

Boa audição!


http://youtu.be/ZwLry7SV8I4
 

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