Integração?
Que «integração»!...
"Agora que foi preso (bastante ferido) o segundo suspeito dos atentados de Boston (o primeiro, seu irmão, já tinha sido morto no dia anterior num tiroteio), perguntarei como o fez o Presidente Obama esta madrugada: como foi possível que dois jovens - que embora estrangeiros, viviam nos EUA há 11 anos - enveredassem pelo caminho de uma violência terrorista, mais "doméstica" do que "internacional"? Pelos vistos a sua "boa integração" era, tudo indica, apenas aparente sobretudo nos últimos tempos em que terá havido uma auto-radicalização ultra-"religiosa" - tal como acontecera em França, não há muito, com Mohammed Merah. Se o inimigo dos islamistas chechenos é a Rússia, porque atacaram nos EUA? Porque terá ele escrito no FB que "não tinha um único amigo norte-americano" (isto é que é estar bem integrado?) e que "queria fazer a diferença"? Perguntas, estas e outras, a que é preciso responder para tentar prevenir e evitar situações deste tipo."
José Manuel Anes [facebook, hoje, 20.04.2013, pelas 9,00 horas]
Em todas as latitudes, há imenso trabalho académico, no âmbito da sociologia e da antropologia, acerca da integração de cidadãos estrangeiros em comunidades nos países de acolhimento. Urge capitalizar esse trabalho e perceber que perspectivas dos problemas em presença têm estado a escapar e que favorecerão o aparecimento destes fenómenos.
Se é preciso responder a Obama, como Presidente da Federação, com a informação possível e disponível, dando satisfação a toda a nação, também é preciso responder ao Estado de Massachusetts, assim como à cidade de Boston. Porém, como cada caso é um caso, e porque integrar, por exemplo, cidadãos hispânicos ou de origem árabe, com as respectivas características, tradições, crenças religiosas, etc, é coisa bem diferente se acontecer na Califórnia ou em Rhode Island, é preciso «responder» quase a cada um dos Estados de uma Federação que, tradicionalmente, é terra aberta à radicação de quem a olha como terra prometida à realização do sonho da felicidade.
Portanto, esclarecer – ou seja, tornar claro, fazer luz – é urgente. Não dar por adquirido que um jovem estava tão «integrado» que até tinha sido considerado capaz de justificar o investimento da comunidade numa bolsa para a sua formação universitária… Até que ponto é que, por exemplo, foram bem trabalhados os problemas decorrentes da vivência, em crianças de tenra idade, destes jovens que, de um momento para o outro, se vêem a dezenas de milhar de quilómetros das suas terras de origem, e onde, aparentemente, tudo se revela propício…
Depois, não despicienda, também é a questão de trabalhar tais problemas individualmente e/ou em grupo. Se, em condições consideradas de um «normal» percurso de vida, em enquadramentos socioculturais favoráveis, em qualquer parte do mundo, cada pessoa é sempre um poço de contradições, como estar ou ficar descansado com a «integração» de indivíduos que, em momentos precoces mas cruciais das suas vidas, tiveram experiências tão consequentes e decisivas para a formação da sua personalidade?
Na realidade, toda esta problemática é demasiado complexa e tão compósita que me parece, isso sim, temos vivido pouco criteriosamente alheados, descomprometidos e descansados. Obama quer respostas? Todos os poderes instituídos, por todo o lado, deveriam seguir-lhe o exemplo. Por outro lado, também cada um de nós precisa de respostas. Julgo ser tempo de perceber que se trata de uma questão de sobrevivência e de respeito pelo outro, pelos direitos do outro.
Se é preciso responder a Obama, como Presidente da Federação, com a informação possível e disponível, dando satisfação a toda a nação, também é preciso responder ao Estado de Massachusetts, assim como à cidade de Boston. Porém, como cada caso é um caso, e porque integrar, por exemplo, cidadãos hispânicos ou de origem árabe, com as respectivas características, tradições, crenças religiosas, etc, é coisa bem diferente se acontecer na Califórnia ou em Rhode Island, é preciso «responder» quase a cada um dos Estados de uma Federação que, tradicionalmente, é terra aberta à radicação de quem a olha como terra prometida à realização do sonho da felicidade.
Portanto, esclarecer – ou seja, tornar claro, fazer luz – é urgente. Não dar por adquirido que um jovem estava tão «integrado» que até tinha sido considerado capaz de justificar o investimento da comunidade numa bolsa para a sua formação universitária… Até que ponto é que, por exemplo, foram bem trabalhados os problemas decorrentes da vivência, em crianças de tenra idade, destes jovens que, de um momento para o outro, se vêem a dezenas de milhar de quilómetros das suas terras de origem, e onde, aparentemente, tudo se revela propício…
Depois, não despicienda, também é a questão de trabalhar tais problemas individualmente e/ou em grupo. Se, em condições consideradas de um «normal» percurso de vida, em enquadramentos socioculturais favoráveis, em qualquer parte do mundo, cada pessoa é sempre um poço de contradições, como estar ou ficar descansado com a «integração» de indivíduos que, em momentos precoces mas cruciais das suas vidas, tiveram experiências tão consequentes e decisivas para a formação da sua personalidade?
Na realidade, toda esta problemática é demasiado complexa e tão compósita que me parece, isso sim, temos vivido pouco criteriosamente alheados, descomprometidos e descansados. Obama quer respostas? Todos os poderes instituídos, por todo o lado, deveriam seguir-lhe o exemplo. Por outro lado, também cada um de nós precisa de respostas. Julgo ser tempo de perceber que se trata de uma questão de sobrevivência e de respeito pelo outro, pelos direitos do outro.
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